III – MODELOS ATÔMICOS 3.1 - MODELO DE DEMÓCRITO Por volta de 400 anos a.C. filósofo grego Demócrito sugeriu que a matéria não é contínua, isto é, ela é feita de minúsculas partículas indivisíveis. Essas partículas foram chamadas de átomos (a palavra átomo significa, em grego, indivisível). Demócrito postulou que todas as variedades de matéria resultam da combinação de átomos de quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Demócrito baseou seu modelo na intuição e na lógica. No entanto foi rejeitado por um dos maiores lógicos de todos os tempos, o filosofo Aristóteles. Este reviveu e fortaleceu o modelo de matéria contínua, ou seja, a matéria como "um inteiro". Os argumentos de Aristóteles permaneceram até a Renascença. 1 3.2 - MODELO DE DALTON Todo modelo não deve ser somente lógico, mas também consistente com a experiência. No século XVII, experiências demonstraram que o comportamento das substâncias era inconsistente com a idéia de matéria contínua e o modelo de Aristóteles desmoronou. Em 1808, John Dalton, um professor inglês, propôs a idéia de que as propriedades da matéria podem ser explicadas em termos de comportamento de partículas finitas, unitárias. Dalton acreditou que o átomo seria a partícula elementar, a menor unidade de matéria. Surgiu assim o modelo de Dalton: átomos vistos como esferas minúsculas, rígidas e indestrutíveis. Todos os átomos de um elemento são idênticos. 2 Modelo de Thomsom Modelo de Rutherford Modelo de Bohr Modelo de Bohr- Sommerfeld Modelo atual Orbitais: s, p, d, f 3 3.3 - MODELO DE THOMSON Em 1987, o físico inglês J.J. Thomson demonstrou que os raios catódicos poderiam ser interpretados como um feixe de partículas carregadas que foram chamadas de elétrons. A atribuição de carga negativa aos elétrons foi arbitrária. Thomson concluiu que o elétron deveria ser um componente de toda matéria, pois observou que a relação e/m para os raios catódicos tinha o mesmo valor, qualquer que fosse o gás colocado na ampola de vidro. Em 1989, Thomson apresentou o seu modelo atômico: uma esfera de carga positiva na qual os elétrons, de carga negativa, estão distribuídos mais ou menos uniformemente. A carga positiva está distribuída, homogeneamente, por toda a esfera. 4 3.4 - MODELO DE RUTHERFORD Em 1911, Rutherford e colaboradores (Geiger e Marsden) bombardearam uma lâmina metálica delgada com um feixe de partículas alfa atravessava a lâmina metálica sem sofrer desvio na sua trajetória (para cada 10.000 partículas alfa que atravessam sem desviar, uma era desviada). Para explicar a experiência, Rutherford concluiu que o átomo não era uma bolinha maciça. Admitiu uma parte central positiva muito pequena mas de grande massa ("o núcleo") e uma parte envolvente negativa e relativamente enorme ("a eletrosfera ou coroa"). Se o átomo tivesse o tamanho do Estádio do Morumbi, o núcleo seria o tamanho de uma azeitona. Surgiu assim o modelo nuclear do átomo. O modelo de Rutherford é o modelo planetário do átomo, no qual os elétrons descrevem um movimento circular ao redor do núcleo, assim como os planetas se movem ao redor do sol. 5 3.5 - MODELO DE BOHR Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr expôs uma idéia que modificou o modelo planetário do átomo. Um elétron num átomo só pode ter certas energias específicas, e cada uma destas energias corresponde a uma órbita particular. Quanto maior a energia do elétron, mais afastada do núcleo se localiza a sua órbita. Se o elétron receber energia ele pula para uma órbita mais afastada do núcleo. Por irradiação de energia, o elétron pode cair numa órbita mais próxima do núcleo. No entanto, o elétron não pode cair abaixo de sua órbita normal estável. Mais tarde, Sommerfeld postulou a existência de órbitas não só circulares mas elípticas também. 6 O modelo planetário de Rutherford apresenta duas falhas: Uma carga negativa, colocada em movimento ao redor de uma carga positiva estacionária, adquire movimento espiralado em sua direção acabando por colidir com ela. Essa carga em movimento perde energia, emitindo radiação. Ora, o átomo no seu estado normal não emite radiação. 7 3.6 - Modelo Atômico Bohr-Sommerfeld Para a elipse: onde: n = número quântico principal k = número quântico azimutal (secundário) (k = 1, 2, 3, ............n) 8 3.7 - MODELO DE SCHRÖDINGER 3.7.1- A equação de Schrödinger Nas seções anteriores mostramos a necessidade de se construir uma nova mecânica para os sistemas atômicos e moleculares, para os quais a teoria de Newton ou mecânica Newtoniana não se aplicava. Devido a fatos tais como, a quantização da radiação emitida por um corpo negro, a quantização do átomo de Bohr, a dualidade onda corpúsculo tanto para a luz quanto para o elétron, assim como o princípio da incerteza de Heizenberg a nova mecânica deveria ter uma formulação compatível com estes fatos. A primeira formulação para esta nova teoria foi proposta pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1926. 9 De acordo com Schrödinger devido a dualidade onda-corpúsculo da matéria, mesmo que uma partícula se mova em uma trajetória definida ela estará distribuída em todo o espaço como uma onda. Neste sentido, uma onda na nova mecânica (mecânica quântica) equivaleria ao conceito de trajetória na mecânica clássica e seria representada por uma função denominada função de onda, y (psi). Nesta mesma época Schrödinger propôs uma equação diferencial, nas coordenadas espaciais e no tempo cuja solução era a função de onda. 10 Esta equação ficou conhecida como equação de Schrödinger, que para uma partícula de massa m se movendo em uma dimensão e sob a ação de um potencial V(x) tem a seguinte forma: No caso de um movimento tri-dimensional tem-se que; ou onde o operador diferencial é denominado de Laplaciano. 11 Se o movimento da partícula é dependente do tempo a equação de Schrödinger assume a forma ou de forma simplificada, O operador H é denominado de operador Hamiltoniano. Observe, na equação de Schrödinger, que a energia (uma observável física) é representada por um operador diferencial. 12 3.7.2- Soluções da equação de Schrödinger Vimos que a equação de Schrödinger é uma equação diferencial cuja solução é uma função de onda. No caso de uma partícula de massa m se movendo em uma dimensão e sobre a ação de um potencial constante (V) a equação de Schrödinger tem a forma; Sendo o potencial constante uma possível solução para esta equação, a qual pode ser obtida por diferentes métodos dentro da teoria das equações diferenciais, é da forma: onde i é um número complexo imaginário. 13 Vemos com isto que a solução da equação de Schrödinger é uma função de onda complexa. Como y é uma função complexa (imaginária) ela não deve ter significado físico e, portanto não pode ser medida em laboratório. Apenas as grandezas observáveis reais têm significado físico e podem ser medidas em laboratório. O módulo da função de onda ao quadrado é uma grandeza não complexa, portanto ele deve ter significado físico que, de acordo com Max Born, mede a probabilidade de se encontrar uma partícula na região do espaço delimitada pelo elemento de volume t e t + dt. 14 Pode-se mostrar que existem outras soluções mais gerais para a equação de Schrödinger acima. Uma dessas soluções é a função formada por combinações lineares de funções complexas: Esta equação é uma combinação linear de duas ondas planas que se propagam em uma dimensão nas direções +x e –x. A e B são constantes representando as amplitudes de cada uma das ondas. Para verificar se realmente esta função é solução da equação de onda, vamos aplicá-la na equação de Schrödinger para resolver o problema de uma partícula livre, e com isto calcular a energia total do sistema. 15 Se a função de onda y é expressa como uma combinação linear de ondas planas como a seguir, pode-se determinar a energia do sistema resolvendo a equação de Schrödinger, isto é, 3.7.2.1 - Caso de uma Partícula Livre No caso de uma partícula livre temos que o operador energia, ou operador Hamiltoniano é descrito pela derivada segunda da função onda em relação à coordenada x, 16 Neste caso V(x) = 0, já que a partícula é livre e, portanto ela não está sobre a ação de qualquer tipo de potencial externo. Substituindo a equação da combinação linear de ondas planas temos que: 17 reordenando o lado direito da equação acima, temos que; que pode ser rescrita por, Então, podemos concluir que a função de onda é uma autofunção do operador Hamiltoniano para uma partícula livre, cujo valor da energia é igual a: onde k é o número de ondas. 18 3.7.2.2 – O oscilador harmônico O estudo do oscilador harmônico para sistemas microscópicos é igualmente importante ao estudo de sistemas oscilatórios macroscópicos. Em particular o movimento vibracional de dois átomos numa molécula diatômica é bem representado por um oscilador harmônico. A análise do oscilador harmônico em mecânica quântica envolve a determinação das soluções da equação de Schrödinger para uma partícula de massa m e coordenadas x movendo-se numa região onde a energia potencial V(x) tem a forma do oscilador harmônico dada pela equação: (1) 19 Fig.3.1 – Energia potencial do oscilador esboçada em função do deslocamento das partículas 20 No caso macroscópico, a constante k define a dureza da mola do oscilador. Num sistema macroscópico a “mola” pode envolver forças elétricas ou nucleares, cuja “dureza” pode ser expressa pelo valor da constante k. Mas, como a equação de Schrödinger envolve a energia potencial do sistema, e não a força agindo sobre a partícula, é melhor pensar em k como uma constante que descreve quão bruscamente a energia potencial do sistema aumenta do seu valor de referência V = 0 na posição de equilíbrio x = 0, à medida que a partícula se fasta do ponto de equilíbrio. A equação de Schrödinger para o oscilador harmônico pode ser re-escrita agora usando a eq. (1); (2) 21 Esta é uma equação diferencial que, segundo a mecânica quântica, rege o comportamento do mesmo sistema que a mecânica newtoniana afirma ser regido por: (3) Agora veremos que as duas equações levam à soluções correspondentes quando elas são aplicadas a osciladores macroscópicos. Para os osciladores microscópicos, as previsões das duas equações são divergentes, e a experiência mostra que somente aquelas feitas através da equação de Schrödinger são corretas. Uma forma mais simples de resolver esta equação é fazendo algumas mudanças de variáveis, como a seguir: (4) 22 Substituindo as equações (4) em (2), a equação de Schrödinger assume a forma, (5) Fazendo a mudança de variável , tem-se que, (6) Usando este resultado a equação de Schrödinger pode ser re-escrita em função da nova variável s, como a seguir, (7) ou (8) 23 onde A equação (8) é a equação de Schrödinger para o oscilador harmônico. O termo é a freqüência de um oscilador macroscópico e conseqüentemente é uma quantidade adimensional. Lembre-se também que, de acordo com o postulado de Born, representa a densidade de probabilidade que neste caso é a densidade de probabilidade por unidade de comprimento. Um truque para achar a solução desta equação diferencial é obter inicialmente a solução assintótica, ou seja, a solução para valores muito grandes de s e depois adaptar esta solução para que seja válida para todo valor de s, isto é O que implica em (9) 24 Uma possível solução desta equação é, (10) onde n é um número inteiro positivo. Derivando duas vezes a equação acima com respeito a variável s, tem-se (11) Com isto vimos que a equação (9) é a forma assintótica da solução procurada, a qual sugere que uma solução geral para a equação (8), válida para todos os valores de s, deve ser igual a (12) 25 onde H(s) é uma função a ser determinada. Substituindo a equação (12) em (8), obtém-se, (13) onde a aspa indica a derivada em relação a s. Agora, escrevemos H na forma de série de potência: (14) Note que potências negativas não são permitidas neste caso, pois esta gera pontos fisicamente não aceitáveis para s=0. Então, (15) 26 e (16) devido ao fato de que os dois primeiros termos do somatório são identicamente nulos. Substituindo as equações (14), (15) e (16) em (13), obtemos (17) Esta equação é válida para qualquer valor de s somente se o coeficiente de cada potência de s for nulo. Assim, obtém-se as seguintes relações de recorrência, (18) 27 Assim, por repetidas aplicações da equação (18) pode-se expressar os coeficientes de como função de multiplicado pelas constantes a0 ou a1 dependendo se p é par ou impar, respectivamente. Com isto temos as seguintes condições de soluções fisicamente aceitáveis: Para achar a solução da equação completa multiplica-se a solução da parte assintótica por um polinômio H(s) . 28 Fazendo a substituição desta solução na equação diferencial do oscilador chegamos a uma equação diferencial bem conhecida em matemática: A equação diferencial de Hermite. As soluções desta equação diferencial são os polinômios de Hermite Hv(x), que serão discutidos em outras seções. Para que as soluções sejam aceitáveis . Neste ponto aparece o número quântico característico do oscilador harmônico n. Portanto, 29 A diferença de energia entre dois níveis adjacentes para n muito grande é dada por: cujo valor não é suficientemente grande para ser mensurável para números quânticos grandes, que são característicos dos osciladores harmônicos macroscópicos. Fig.3.2- Curvas de energia potencial e digramas de níveis de energia para (a) oscilador harmônico e (b) átomo de hidrogênio 30 3.9 – Postulados Básicos da Mecânica Quântica Vimos que a partir de dois postulados, o princípio da incerteza e o princípio da correspondência, constrói-se a mecânica quântica. A mecânica quântica, em particular, está baseada em cinco postulados; o primeiro deles refere-se a existência de uma função de onda denominada y, o segundo estabelece a equação que governa y, o terceiro e o quarto estabelecem as restrições que devem ser obedecidas pela função y e o quinto estabelece as regras de uso de y na determinação das variáveis dinâmicas em um dado sistema físico, os quais são discutidos a seguir, Postulado I Para cada partícula de massa m existe uma função de onda y(x). 31 Postulado II Para uma partícula de massa m cuja energia total clássica é constante (E) e cuja energia potencial é dada por uma função V(x,y,z), a função de onda satisfaz a equação de Schrödinger, dada por; (1) Postulado III A função de onda y e sua derivada dy/dx deve ser finita, unicamente determinada e contínua para todos os valores de x. 32 Postulado IV A função de onda deve conter informações sobre a localização da partícula, isto é a partícula deve estar em algum lugar do espaço: (2) Postulado V Se vários experimentos idênticos são realizados para determinar a energia, posição ou o momento de um número grande de sistemas quânticos independentes, a seguinte expressão denominada valor esperado, dá o valor médio das grandezas medidas em todos os sistemas, como por exemplo; 33 a)- O valor esperado da energia é igual a: (3) b)- O valor esperado da posição é dado por: (4) e o valor esperado do quadrado da posição é igual a: (5) c)- O valor esperado do momento é dado por: (6) e o valor esperado do quadro do momento linear é igual a: (7) 34 3.10-TEORIA DAS PROBABILIDADES 3.10.1 - Axiomas da Probabilidade Para qualquer evento A, associa-se um numero P(A), chamado de probabilidade do evento A. Este número satisfaz as seguintes três condições denominadas de axiomas da probabilidade. (i) P( A) 0 (Probabilidade é um númeronão negativo) (ii) P() 1 (Probabilidade do espaçode amostrasé unitário) (iii) Se A B , então P( A B) P( A) P( B). Note que (iii) estabelece que se A e B são eventos mutuamente exclusivos, a probabilidade da união é igual a soma de suas probabilidades) 35 3.10.2 - Variáveis Aleatórias Seja (, F, P) o modelo probabilístico para um dado experimento e X uma função que mapeia os pontos amostras , em um conjunto de números reais x R. Se B é um subconjunto de R, então pode-se determinar a probabilidade de “ X ( ) B ”. Para determinar essa probabilidade pode-se olhar para o conjunto A X 1 ( B) que contém todos os pontos que são mapeados em B pela função X. X ( ) x. X ( ) x A B R Probabilidade do evento " X ( ) B " P( X 1 ( B)). 36 Variável Aleatória (v.a.): É uma função X( . ) que mapeia o conjunto de todos os pontos do espaço de amostras em um conjunto de números reais R, tal que o subconjunto { | X ( ) £ x } { X £ x } é um evento para qualquer x R. O que dizer sobre { a < X £ b }, { X a } ? são também eventos? De fato se b > a então { X £ a} e {X { X £ a }c { X > a } é um evento, e { X £b } são eventos. E ainda > a } { X £ b } {a < X £ b} é portanto um evento. Desta forma, 1 ì ü a < X £ a ý í n î þ Consequentemente, é um evento para qualquer n. ¥ 1 ì ü a < X £ a í ý { X a} Iî n þ n 1 é um evento. 2 37 3.10.3 - Função Distribuição de Probabilidade - FDP Como a todo evento será atribuída uma probabilidade, então a probabilidade do evento { | X ( ) £ x } { X £ x } dependerá de x. Definindo P{ | X ( ) £ x } P{X £ x} FX ( x) 0. onde FX (x) é chamada de Função Distribuição de Probabilidade (FDP) da variável aleatória X. Exemplo 1: Seja X uma v.a. tal que X ( ) c, . Encontre Solução: Para x < c, Para x > c, FX (x). { X ( ) £ x } { X £ x } { }, então, P{X £ x} FX (x) 0 {X ( ) £ x} {X £ x} , então, P{X £ x} FX (x) 1 FX (x ) 1 c x 38 3.10.4 - Propriedades da Função Distribuição de Probabilidade 1 . FX(x) é não decrescente, contínua pela direita e satisfaz as seguintes condições: FX (¥ ) P{ X £ ¥ } P() 1 FX (¥ ) P{X £ ¥ } P( ) 0. 2. Se x1 < x2 , então FX ( x1 ) £ FX ( x2 ), Se x1 < x2 , Portanto, (¥, x1 ) (¥, x2 ). então {X £ x1 } {X £ x2 }, FX ( x1 ) P X £ x1 £ P X £ x2 FX ( x2 ), 3. FX ( x ) FX ( x), para todo x. Demonstração: Seja x < xn < xn1 < < x2 < x1, e Ak um evento dado por Ak { x < X £ xk } então {x < X £ xk } { X £ x} { X £ xk }, 39 Usando a propriedade de eventos mutuamente exclusivos P( Ak ) Px < X ( ) £ xk FX ( xk ) FX ( x). Mas Ak 1 Ak Ak 1 , e então ¥ lim Ak k ¥ Assim IA k k 1 e então lim P( Ak ) 0. k ¥ lim P( Ak ) lim FX ( xk ) FX ( x) 0. k ¥ k ¥ Mas lim xk x , o limite à direita de x, e portanto k ¥ FX ( x ) FX ( x), isto é, FX (x) é contínua pela direita, 40 Propriedades da FDP 4. Se FX ( x0 ) 0 para algum x0 então, FX ( x) 0, x £ x0 . Demonstração: Dado que FX ( x0 ) P X £ x0 0 , então {X £ x0 } será um subconjunto vazio para qualquer x £ x0 , { X £ x } será um evento nulo e portanto, FX ( x) 0, x £ x0 . 5. P{ X > x } 1 FX ( x). Decorre do fato de que { X £ x } { X > x } , e de que os dois eventos serem mutuamente exclusivos. 6. P{ x1 < X £ x2 } FX ( x2 ) FX ( x1 ), x2 > x1. Os eventos { X £ x1 } e {x1 < X £ x2 } são mutuamente exclusivos e a união dos dois representa o evento { X £ x2 }. 41 7. P X x FX ( x) FX ( x ). Seja x1 x , > 0, e x2 x. Então lim P{ x < X £ x } FX ( x) lim FX ( x ), 0 ou 0 P{ X x } FX ( x) FX ( x ). Quando x x0 pode-se escrever: P{ X x0 } FX ( x0 ) FX ( x0 ) > 0. {H ,T }. Exemplo 2: Lançamento de uma moeda. Seja Define-se uma v.a. X tal que X (T ) 0, X ( H ) 1. Encontre FX (x). Solução: Para x < 0, { X £ x } { }, 0 £ x < 1, x 1, FX (x) FX ( x) 0. { X £ x } { T }, então { X £ x } { H , T } , FX ( x) P{ T } 1 p, então FX ( x) 1. 1 q 1 x 42 3.10.5 - Tipos de Variáveis Aleatórias • X é chamada de variável aleatória do tipo contínua se a sua função distribuição de probabilidade FX (x) é contínua. Neste caso FX ( x ) FX ( x) para todo x. Portanto P{X x} 0. • Se FX (x) é constante, exceto para um número finito de descontinuidades, do tipo degrau, então X é chamada de variável aleatória do tipo discreta. Neste caso tem-se: pi P{X xi } FX ( xi ) FX ( xi ). FX (x) 1 q 1 Ex: x xi P{ X 0 } FX (0) FX (0 ) q 0 q. 43 Exemplo3- Uma moeda é lançada duas vezes. Define-se uma v.a. X para representar o espaço de amostras: { HH , HT , TH , TT }, X ( HH ) 2, X ( HT ) 1, X (TH ) 1, X (TT ) 0. Determine FX( x ). Solução: x < 0, P( X £ x) FX ( x) {X £ x} FX ( x) 0, 1 0 £ x < 1, {X £ x} { TT } FX ( x) P{ TT } P (T ) P (T ) , 4 1 £ x < 2, {X £ x} { TT , HT , TH } FX ( x ) P{ TT , HT , TH } x 2, {X £ x} FX ( x) 1. 3 , 4 P{X 1} FX (1) FX (1 ) 3 / 4 1 / 4 1 / 2. FX (x) 1 3/ 4 1/ 4 1 x 2 44 3.10.6 - Função densidade de Probabilidade (f.d.p) A derivada da função distribuição de probabilidade FX (x) é chamada de função densidade de probabilidade f X (x) definida por: dFX ( x) f X ( x) . dx da natureza monotônica não decrescente de FX (x ), tem-se: dFX ( x ) F ( x x ) FX ( x ) lim X 0, x 0 dx x Daí segue que: 1. f X ( x) 0 Para todo x. 2. f X (x) será uma função contínua se X é uma v.a. contínua. 3. Se X é uma v.a.o tipo discreta a f.d.p. é por: f X ( x) pi ( x xi ), i x 4. FX ( x) ¥ f x (u )du. 5. FX (¥) 6. ¥ ¥ P{ x1 < X ( ) £ x2 f X (x ) f x ( x)dx 1, } FX ( x2 ) FX ( x1 ) x x2 1 pi xi f X ( x )dx. x 45 3.10.7 - Variáveis aleatórias do tipo contínuas 1. Normal (Gaussiana): X é dito ser uma v.a. normal ou Gaussiana se f X ( x) 1 2 2 e ( x ) 2 / 2 2 . A curva apresenta uma simetria em relação um parâmetro , e sua distribuição é dada por: x 1 ¥ 2 FX ( x) 2 e ( y ) 2 / 2 2 x dy G , onde G( x) 1 e dy é tabelado. Uma vez que f X (x) 2 depende de dois parâmetros e 2 , anotação X N ( , 2 ) será usada para representa-la. f (x) x y2 / 2 ¥ X x 46 X U (a, b), a < b, 2. Uniforme: ì 1 ï , a £ x £ b, f X ( x) í b a ï î 0, outros valores X ( ) 3. Exponencial: ì 1 x / ï e , x 0, fX ( x ) í ï î 0, outros valores. f X (x ) f X (x ) 1 ba a b x x 47 4. Gamma: X G( , ) se ( > 0, > 0) f X (x ) 1 ì x x / ï e , x 0, f X ( x ) í ( ) ï 0, otherwise. î x se n um inteiro (n) (n 1)!. f X (x ) 5. Beta: X (a, b) if (a > 0, b > 0) 0 1 x 1 ì x a 1 (1 x )b1 , 0 < x < 1, ï f X ( x ) í ( a , b) ï 0, otherwise. î onde a função beta (a, b) é definida como 1 (a, b) u a 1 (1 u)b1 du. 0 48 6. Chi-Square: X 2 (n), f X (x ) 1 ì x n / 21e x / 2 , x 0, ï n/2 f X ( x ) í 2 ( n / 2) ï 0, otherwise. î Note que 2 (n) é a mesma Gamma x (n / 2, 2). 7. Rayleigh: X R( 2 ), x x 2 / 2 2 ì ï e , x 0, f X ( x ) í 2 ï î 0, otherwise. f X (x ) x 8. Nakagami – m distribuição: ì 2 m m 2 m 1 mx2 / x e , x0 ï f X ( x ) í ( m ) ï 0 otherwise î 49 3.10.8 - Variáveis aleatórias do tipo discretas 1. Bernoulli: X toma os valores (0,1), e P( X 0) q, 2. Binomial: X B(n, p), P( X 1) p. n k nk P( X k ) , k 0,1,2, , n. k p q 3. Poisson: X P( ) , P( X k ) e k k! , k 0,1,2,, ¥. P( X k ) P( X k ) k n 12 Binomial Poisson 50 4. Hipergeométrica: P( X k ) m k N m n k , N n max(0, m n N ) £ k £ min( m, n ) ) 5. Geométrica: X g ( p) P( X k ) pqk , k 0,1,2,, ¥, q 1 p. 6. Binomial: Negativa X ~ NB (r, p), k 1 r k r P( X k ) p q , r 1 k r, r 1, . 7. Discreta-Uniforme: 1 P( X k ) , k 1,2,, N . N 51 3.10.9 - Média, Variância e Momentos A função densidade de probabilidade de uma v.a X, f X (x). representa uma informação complete a respeito da v.a. X e e de todo subconjunto B mapeado sobre o eixo- x P X ( ) B f X ( x )dx. B Se é desejado representar-se alguma informação mais detalhada ou caracterizar, por exemplo, o comportamento médio de uma v.a. X, então é necessário introduzir neste contexto dois importante parâmetros que são: média e variância, que são usados para caracterizar todas as propriedades de uma v.a. X e de sua função densidade de probabilidade, f (x). X 52 A Média ou Valor Esperado de uma v.a. X é definido como: ¥ X X E( X ) ¥ x f X ( x )dx. Se X é uma v.a. do tipo discreta, então X X E( X ) x p ( x x )dx x p (x x )dx i i i i i i x p x P( X x ) . i i i i i 1 i i Portanto, a média representa o valor de uma v.a. mais provável de ocorrer, quando um número muito grande de um dado experimento é repetido. Por exemplo, se X é uma v.a. uniformemente distribuída no intervalo (a,b), o valor médio é dado por: E( X ) b a 2 b x 1 x dx ba ba 2 a b2 a 2 ab 2(b a ) 2 53 Quando X é uma v.a. gaussiana, E( X ) 1 2 1 2 2 2 ¥ ¥ ¥ xe ( x ) 2 / 2 2 1 dx dy ye y 2 / 2 2 ¥ 0 2 1 2 ¥ ¥ ¥ ( y )e y 2 / 2 2 e dy . 2 2 y 2 / 2 2 ¥ 1 Se Y g ( X ) representa uma nova v.a. com f.d.p. fY ( y )., então o valor médio de y é dado por: Y E (Y ) ¥ ¥ y fY ( y )dy. Mas, para calcular E (Y ), é necessário determinar fY ( y ). Relembrando que, para qualquer y, P y < Y £ y y Pxi < X £ xi xi , y > 0 i onde xi representa as múltiplas soluções de y g ( x ). i 54 dy fY ( y )y f X ( xi )xi , Pode -se escrever que onde xi , xi xi são intervalos i que não se sobrepõe, então y fY ( y )y y f X ( xi )xi g ( xi ) f X ( xi )xi , i Então fazendo y 0, tem-se: E (Y ) E g ( X ) ¥ ¥ i y fY ( y )dy ¥ ¥ g ( x ) f X ( x )dx. Para o caso discreto a expressão reduz-se a: E (Y ) g ( xi )P( X xi ). i Exemplo: Se X é uma v.a. de Poisson, determine o valor médio de Y X 2 . E (Y ) E ( g ( X )) E ( X 2 ) 55 ¥ ¥ k k 0 k 0 k! E X 2 k 2 P ( X k ) k 2 e ¥ e k k 1 k ( k 1)! ¥ k k 1 k! e k 2 ¥ i 1 i 0 i! e (i 1) i i i ¥ ¥ ¥ e i e i e i 0 i! i 0 i! i 1 i! i m 1 ¥ ¥ e e e e i 1 (i 1)! m 0 m! e e e 2 . Em geral, v.a. X. E X k é conhecido como o k-ésimo momento da E (X 2 ) 2 é o segundo momento da v.a. de Poisson. 56 Momentos: o momento de uma v.a. X é definido como: ___ n mn X E ( X n ), n 1 e n E[( X )n ] é conhecido como momento central da v.a. X (momento em relação a média). Assim m1e 2 2 . Relação entre n e m n n n k n n k n E [( X ) ] E X ( ) k 0 k n k n k E X ( ) k k 0 n n n k m ( ) . k k k 0 n Em geral a quantidade E[( X a)n ]é conhecida como momento generalizado de X em relação a a e E[| X |n ] é conhecida como momento absoluto de X. 57 3.11 – Partícula confinada numa caixa Um exemplo da aplicação da equação de Schrödinger onde estes postulados são requisitados é o caso de uma partícula de massa m, confinada em uma caixa, com paredes infinitas. A parede da caixa é definida por um potencial V(x) infinito, como mostra a Fig.3.3. Fig.3.3 - Potencial com barreiras infinitas A equação de Schrödinger para a região entre as paredes, isto é no interior da caixa, o potencial é nulo (V(x)=0) que é o mesmo para uma partícula livre. Assim a solução geral para a equação de Schrödinger é igual a uma combinação funções de ondas planas como a seguir: (8) 58 Para verificar se realmente esta função de onda é solução da equação de Schrödinger basta substituí-la na eq (1) e fazer as derivadas. Daí, tira-se que a energia total da partícula (E) é igual a energia cinética, já que a energia potencial (V) é igual a zero no interior da caixa. Isto é, (9) Resolvendo a derivada do lado esquerdo da equação acima tem-se que, de onde tiramos o seguinte valor para a energia, (11) É necessário ressaltar que esta solução deve satisfazer aos postulados básicos da mecânica quântica assim como as condições de contorno do problema em questão. 59 Fisicamente é impossível encontrar a partícula em qualquer região fora da caixa já que o potencial nesta região é infinitamente grande. Neste caso a função deve ser nula nesta região. Isto é, (12) Aplicando a primeira condição de contorno estabelecida na eq. (12), a função de onda (eq.8) deve ter o coeficiente D igual a zero (D = 0), pois sen(0) = 0 e cos(0) = 1, para x = 0. Isto é, (13) Assim, a função de onda fica simplificada por; (14) Aplicando a segunda condição de contorno temos que; (15) a função seno é igual zero sempre que o seu argumento for um múltiplo inteiro de , isto significa que; (16) 60 O valor de n = 0 é descartado, pois ele implica que a partícula y(x) = 0 em todos os pontos do espaço, o que significa que não se tem nenhuma informação sobre a posição da partícula. Valores negativos de n implicaria apenas na mudança de sinal da função de onda já que a função seno é uma função impar: sen(-x)= -sen(x). Com base nestas condições de contorno a função de onda assume a seguinte forma; (17) Observamos também, que neste caso, existem vários estados possíveis para a partícula, cujas energias são dadas em função do número quântico n; (18) Vimos assim que as condições de contorno restringem os tipos de funções de ondas que são aceitáveis para este problema especifico. Um resultado muito importante obtido nesta aplicação é que a energia tem valores quantizados como mostra a eq.18 e a Fig.3.4. 61 3.11.1- Sobre a Normalização da Função de Onda Vimos anteriormente que nem todas as soluções da equação de Schrödinger são autofunções adequadas ao problema em estudo, pois ela deve satisfazer, no mínimo aos postulados da mecânica quântica, discutidos anteriormente. Em particular, ela deve satisfazer ao postulado IV, isto é; (19) Com este postulado foi possível, então determinar o valor da constante C e assim a função de onda assume a seguinte forma; (20) Variando o número quântico n, a função de onda assume as seguintes formas: 62 Fig. 3.4 - Movimento quantizado da partícula 63 3.11.2 - Sobre a Ortogonalidade da Função de Onda Vimos anteriormente que a função de onda obtida para o caso de uma partícula confinada em uma caixa e com paredes infinitas, define vários estados possíveis em que a partícula pode existir. Estes estados podem ser determinados variando o número quântico n. Um fato interessante é que estes estados são descritos por funções ortogonais, isto é; (21) Que em particular para os estados n = 1 e m = 3, tem-se que (22) Cujo caso geral é dado pela seguinte equação : (23) 64 3.11.3 - Movimento em duas dimensões Vamos tratar a seguir o caso do movimento de uma partícula em uma caixa de duas dimensões. Neste caso a equação de Schrödinger é igual a: (24) Supondo que o movimento da partícula nas duas direções são independentes, a função de onda y(x,y) pode ser decomposta em duas funções; uma em função de x e outra em função y, isto é; (25) Substituindo esta função na equação de Schrödinger, tem-se que; (26) de onde se tira que; (27) 65 Sendo a energia total igual a soma das energia devido aos movimentos nas duas direções; (28) As soluções das duas equações de Schrödinger, assumem a forma; (29) Como a função de onda total é igual ao produto das duas funções, tem-se que; (30) Cuja energia total é igual a; (31) 3.11.4 - Degenerescência da Solução No caso em que as dimensões da caixa são idênticas, isto é L1 = L2 = L, temos que; (32) 66 e a energia (33) Caso n1 = 1 e n2 = 1 Caso n1 = 1 e n2 = 2 67 Caso n1 = 2 e n2 = 2 68