DAVID CHADID WARPECHOWSKI Mudança de hábitos de vida: a prática de exercícios físicos com grupo de hipertensos, uma proposta de intervenção CAMPO GRANDE – MS 2011 DAVID CHADID WARPECHOWSKI Mudança de hábitos de vida: a prática de exercícios físicos com grupo de hipertensos, uma proposta de intervenção Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do Curso de PósGraduação em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador (a): Prof. Ms. Cibele Bonfim de Rezende Zárate CAMPO GRANDE – MS 2011 7 RESUMO Warpechowski DC. Mudança de hábitos de vida: a prática de exercícios físicos com grupo de hipertensos, uma proposta de intervenção. A hipertensão arterial é caracterizada como uma síndrome multifatorial, comumente relacionada a hábitos de vida sedentários. Verificado que a pratica de exercícios tem efeito hipotensor e que o nível de informação que o individuo possui tem relação proporcional a taxa de adesão e permanência em tratamento é que se propôs um projeto de intervenção. Diante dos benefícios que podem ser incorporados pela mudança do estilo de vida da população atendida na Unidade Básica de Saúde da Família Dr. Olímpio Cavalheiro, localizada no bairro Cohab, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil planejou-se o cadastramento sistematizado dos pacientes hipertensos como forma para facilitar o acompanhamento e a criação de um grupo de caminhada com sessões educativas. Palavras-chave: Hipertensão, Exercício, Qualidade de vida. 8 ABSTRACT Warpechowski DC. Changing of lifestyle: the practice of physical exercises with a hypertensive group, a proposal for intervention. Hypertension is characterized as a multifactorial syndrome, commonly related to sedentary lifestyles. It was observed that the physical exercise has hypotensive effect and that there is a relation in the level of information that person has and the accession fee and remaining in treatment, so it was proposed an intervention project. Given the benefits that can be incorporated by changing the lifestyle of the population served in the Unidade Básica de Saúde da Família Dr. Olímpio Cavalheiro, in the district Cohab in Campo Grande, Mato Grosso do Sul Brazil, it was planned the systematic cadastration of hypertensive patients to facilitate the monitoring and also it has been proposed the creation of a weekly walking group with educational sessions. Keywords: Hypertension, Exercise, Quality of life. 9 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 6 2 OBJETIVO.................................................................................................. 9 3 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................... 10 4 RESULTADOS ESPERADOS.................................................................... 11 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 12 ANEXO........................................................................................................... 14 1 INTRODUÇÃO Na área de atuação da Unidade Básica de Saúde da Família Dr. Olímpio Cavalheiro – Cohab, observa-se um grande contingente de hipertensos. A hipertensão arterial (HA) é uma síndrome clínica caracterizada, em pelo menos duas 10 aferições subsequentes obtidas em dias distintos ou em repouso e em ambiente calmo, com a elevação dos níveis pressóricos superiores a 140 mm Hg, para sistólica, e 90 mm Hg, para a diastólica. Silenciosa, comumente quando são verificados sintomas já são observadas complicações, que podem estar associadas aos seguintes órgãos-alvo: cérebro, rins, coração e retina (SILVA e SOUZA, 2004). Segundo Andrade et al. (2002) a maioria dos fatores relacionados ao abandono do tratamento está associado à falta de informação por parte do paciente, os pacientes que seguem as orientações à risca conseguem manter o controle dos níveis pressóricos. Os autores identificaram razões para a não adesão ao tratamento tais como: efeitos colaterais da medicação, considerado de maior importância o efeito psicológico que físico, e a falta de comunicação entre paciente e profissional médico, sem que haja a resolução das dúvidas e principalmente da informação que o tratamento deve ser constante. Assim, seria de grande valia, dada a dificuldade de adesão ao tratamento farmacológico, relatada no estudo, a adoção de hábitos saudáveis e o abandono do sedentarismo, visto o seu efeito grande hipotensor. Observa-se aumento da prevalência de HA para todas as idades, Oliveira et al. (2004) sugeriram forte influência de fatores ambientais na alteração da pressão arterial e concluíram que o excesso de peso está associado a HA na infância, mencionando a importância fundamental do esclarecimento dos profissionais de saúde, pais e educadores acerca da mudança de estilo de vida das crianças para prevenção e tratamento para esse tipo de alteração. A doença cardiovascular, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2008, foi responsável pela morte de 17,3 milhões de pessoas no mundo, entre os fatores de risco apresentados estão a HA, a dieta inapropriada, a falta de exercícios, a obesidade, o uso do tabaco e o uso prejudicial de álcool. A prevalência de HA observada no Brasil, segundo a tabela fornecida pela organização, seria de 42,3%. Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) a HA tem incidência multifatorial, com riscos elevados associados às seguintes situações: idade avançada, consumo freqüente de álcool, sedentarismo, etnia, fatores socioeconômicos (hábitos dietéticos e cuidados com a saúde), consumo de sal, obesidade (aumentada com a obesidade central). Dentre os fatores associados à predisposição, controláveis, o sedentarismo pode aumentar em até 30% as chances 11 de um indivíduo desenvolver a HA. O mesmo documento também indica que o exercício aeróbico pode ter efeito hipotensor maior no grupo de pacientes hipertensos do que naqueles que não sofrem esse tipo de alteração. A ação de uma equipe multiprofissional lidando com esses pacientes garante maior eficácia e eficiência, além de promover uma adesão de maior número de pessoal nas atividades desenvolvidas. Um estudo realizado por Souza et al., em 2007, verificou que a prevalência de HA no município de Campo Grande – MS chegou a 41,44%, ultrapassando a média detectada em outros estudos pelo Brasil. Assim constata-se aumento progressivo da HA correlacionado ao aumento da longevidade da população. E embora haja a constante melhora no que tange ao desenvolvimento de medicamentos e terapias não se verifica melhora significativa dos índices observados em pacientes com controle medicamentoso diário, apontando para a necessidade de abordagem multifatorial. Araújo et al. (2008) ressaltaram, ao estudar a HA em crianças e adolescentes, a importância da prática de exercícios e que o controle da obesidade oferece benefícios diretos e indiretos no controle da pressão arterial. Considerando a multifatorialidade da hipertensão, seu tratamento deve compreender diferentes abordagens, requerendo o apoio de outros profissionais, alem do medico. Visto essas observações, tem grande importância e efetividade o controle não-farmacológico, por meio do equilíbrio alimentar, Magalhães et al. (2000) orientaram sobre a utilização de uma dieta com teores reduzidos de sódio, e controle de potássio, também sobre o cuidado com a utilização do álcool, tabaco e cafeína. Sobre a atividade física, para pacientes hipertensos, recomendaram a realização de exercícios de baixa intensidade e a verificação da condição de saúde para a realização dos mesmos. Giorgi (2006) concluiu que a ação de diversos profissionais e insubstituível pela sua essencialidade, podendo cada um contribuir de uma maneira com seus conhecimentos técnicos referentes à área de atuação, assim a trabalho dos atores e complementar. Por exemplo, em uma equipe, o assistente social identificaria e proporia soluções para barreiras situacionais; o nutricionista contribuiria com orientações sobre alimentação saudável e adequação da dieta ao padrão socioeconômico e cultural; o farmacêutico orientaria sobre utilização correta dos 12 medicamentos; o educador físico estimularia a adoção de hábitos de vida saudável e monitoraria exercícios. Também outros profissionais paramédicos têm capacidade de ajudar na construção de técnicas motivacionais e educacionais que melhoram a adesão ao tratamento, principalmente quando e lembrado que alguns pacientes não se sentem relaxados diante do medico para expor sua real situação devido ao modelo tradicionalista, e vertical de passar informações durante a consulta. Para Pozzan et al. (2003) durante o tratamento de um paciente hipertenso deve-se considerar todas as variáveis envolvidas, sendo necessário o controle de todos os fatores de risco reversíveis: o tabagismo, a dislipdemia, o diabetes, o sedentarismo e a obesidade. Ressalta também a necessidade de envolvimento de vários setores no combate a doença hipertensiva, principalmente pelos riscos cardiovasculares envolvidos e o numero crescente de mortes por esse motivo, assim esforços isolados não resultariam em uma abordagem efetiva e de impacto sobre esse problema no mundo. Já em 1996, Jardim et al. falavam sobre a importância e o beneficio da ação de uma equipe multiprofissional imbuída pelos mesmos objetivos no tratamento da HA, citando alguns benefícios: o numero superior de pessoas atingidas pelo trabalho e da adesão ao tratamento, maior quantidade de indivíduos com pressão controlada e a formação de multiplicadores de conhecimento. O grupo deve ter em mente que trabalhar em equipe não significa dividir o mesmo espaço físico, ao mesmo tempo, e sim saber articular a ação e a importância de cada membro. Para tanto a equipe deve organizar um plano de ação utilizando metas objetivas, uniformizar a linguagem e evitar idéias conflitantes que possam confundir o paciente. Propõem a organização de um fluxo para que o paciente seja atendido por toda a equipe, e a realização de caminhada e da formação de um clube do hipertenso para a participação da comunidade com a utilização de palestras e discussão. Ressaltaram a importância do comparecimento as consultas, do controle da medicação, e, principalmente da mudança do estilo de vida no tratamento da síndrome. Observando-se a importância da participação de equipe multiprofissional e como proposta dessa metodologia de trabalho, já existe na unidade em questão um grupo de idosos, que se reúnem três vezes por semana em uma igreja da comunidade, localizada a três quadras da unidade, para a prática da caminhada, no entanto, não se verifica a participação intensa de pacientes hipertensos nesse 13 programa, além do que há a necessidade de acompanhamento para avaliação qualitativa do efeito hipotensor dos exercícios físicos para controle da pressão arterial, o que poderia ser alcançado por meio da reavaliação, a cada encontro, de peso e pressão arterial, formulando-se tabelas de registro. Diante do exposto, a intenção desse projeto de intervenção e criar um grupo de caminhada para pacientes hipertensos, estimulando a participação de todas as faixas etárias, com a atuação conjunta dos profissionais de saúde e com vistas às condições disponíveis na unidade, objetivando a melhora da qualidade de vida e o conseqüente controle de níveis pressóricos dessa população. De tal modo perscrutou-se a necessidade de utilizar uma equipe multiprofissional envolvida com o controle da HA dos pacientes da UBSF em questão, e proporcionar aos adeptos do programa proposto informação sobre os vários aspectos relacionados à síndrome e avaliação constantes, visto que o efeito alcançado por meio do combate ao sedentarismo e de grande importância. 2 OBJETIVO a) Estimular a participação e adesão de pacientes em qualquer faixa etária acometidos de síndrome de hipertensão arterial nas caminhadas e a prática de exercícios em grupo, b) Facilitar o acompanhamento e melhora do quadro clinico visto que as atividades têm grande efeito hipotensor tornando-se essenciais no controle dos níveis da pressão arterial e melhoria da qualidade de vida. 3 MATERIAS E MÉTODOS Foi levantado o número exato de pacientes hipertensos da área de atuação da equipe, por cada agente comunitário de saúde (ACS) em sua micro-área. Assim têm-se pacientes hipertensos e pacientes com diabetes e hipertensão arterial 313 14 (trezentos e treze), o equivalente a 12,6% da população acima de 15 anos atendida na unidade (SIAB, 2011). Após a verificação dos horários da caminhada e análise da possibilidade de inclusão de novos horários, opção excluída devido a não concessão de professor para essa finalidade pela SESAU, foi decidido em reunião multidisciplinar, que por meio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), se faca o convite para que esses pacientes hipertensos participem da caminhada que os idosos já realizam. De tal modo, a proposta principal e aproveitar a estrutura já elaborada para idosos e recrutar não só esses, mas pacientes de qualquer faixa etária que apresentam hipertensão para que participem do grupo de caminhada, buscando reduzir o sedentarismo, fator de grande influência nos índices da HA. Nas reuniões multidisciplinares que se seguiram para implementação deste projeto, foi acordado que a equipe deve levantar alguns dados: realizar registro em planilha da condição inicial da pressão arterial (PA) e da massa corpórea (MA) de cada participante, e que o controle será realizado pela repetição dessas aferições em cada dia de caminhada; também que serão realizadas palestras abordando temas variados - “Alimentação adequada”, “A importância da incorporação de hábitos de vida saudáveis”, “Importância da saúde bucal para o corpo”, “Exercícios físicos um ponto determinante no controle da HA”. Os profissionais devem se alternar nesse momento, de modo que o trabalho desenvolvido seja interdisciplinar, almejando a melhoria do serviço prestado a população, dada a importância do envolvimento de toda a equipe. O projeto esta em desenvolvimento e o dia de interesse para realizar as caminhadas e a quarta-feira, pela manhã, com freqüência semanal e reunião inicial no salão de festas da igreja católica situada a três quadras da unidade de saúde. 4 RESULTADOS ESPERADOS - Há muita dificuldade quando mudanças nos hábitos de vida interferem no curso de uma doença, pois, comumente, esses hábitos se relacionam a atividades prazerosas em um contexto em que as oportunidades de satisfação são mínimas, assim interferências são encaradas com descontentamento. A transformação de 15 algumas atitudes requer um esforço grandioso das pessoas envolvidas: paciente, família, profissionais. Por isso deve-se escolher trabalhar com a promoção de saúde, que aumenta o entendimento sobre saúde das pessoas, e assim a própria população intensifica sua habilidade de resolver problemas próprios, isso explica o fato de o nível de conhecimento estar diretamente relacionado a adesão ao tratamento. Sessões educativas realizadas em grupo, e a caminhada e um momento que deve ser aproveitado para isso, são eficazes porque possibilitam também a construção de conhecimento a partir da socialização de experiências. - Implementação de um programa de atuação específico aos hipertensos, inicialmente voltado para o fator sedentarismo, aproveitando o programa com os idosos já existente. - Solidificação do projeto por meio do cadastramento dos participantes, e conscientização da importância da adoção de hábitos de vida saudáveis para população hipertensa. - Promover integralidade do atendimento oferecido aos pacientes que procuram a Unidade de Saúde, e a integração da equipepor meio da participação de vários profissionais da unidade: educador físico, enfermeiro, médico, cirurgiãodentista, entre outros. - Melhora da qualidade de vida e do quadro de hipertensão dos participantes do programa. 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