Com Junho 2008 • ano 5 • nº 20 editorial Envelhecer com saúde E m recente estudo* divulgado pela revista Exame, dentre as várias tendências que estão alterando os hábitos de consumo do brasileiro, chama a atenção o envelhecimento da população. Atualmente há no Brasil 19 milhões de pessoas acima dos 60 anos. Em 2020 serão 30 milhões, mais de 50% de crescimento. O aumento dessa faixa etária é um fato novo e, certamente, irá trazer mais ajustes e mudanças em produtos e serviços. Os dados do estudo mostram que a população vive mais e melhor. A expectativa de vida atual é de 73 anos e a projeção para quem nasce hoje é chegar aos 81 anos. Essa mudança é resultado do avanço da medicina e da ciência ocorrido nos últimos anos, além da melhoria do acesso à saúde. Por isso, nós, da AxisMed, pioneiros em inovação, dedicamos esta edição à arte de envelhecer. Chegar aos 80 anos depende não somente da medicina, mas também de cada um de nós, do que queremos para o futuro. Quem pratica atividades físicas com freqüência exercita ao mesmo tempo corpo e mente. E você pode comprovar isso na entrevista com o médico geriatra Alexandre L. Busse, um de nossos colaboradores. Nela, ele explica de que forma a musculação pode ser benéfica para a memória. Temos também outra entrevista com a neuropsicóloga Gislaine Gil, contendo excelentes dicas para estimular a memória. Boa leitura! Exercício para a memória O cérebro precisa de organização A pós praticar musculação durante nove meses, duas vezes por semana, um grupo de pacientes acima de 60 anos mostrou melhorias no desempenho do cérebro. O médico geriatra Alexandre L. Busse (foto) explica em sua tese de doutorado que a musculação, assim como a caminhada ou a corrida, também ajuda a melhorar a memória, além de proporc ionar mais disposição para viver. Pág. 2 Fábio de Souza Abreu Diretor-executivo da AxisMed * Realizado pelas consultorias Bain & Company e Euromonitor. E squecer o nome de alguém conhecido, datas de aniversário importantes ou onde estacionou o carro, entre outros exemplos, são fatos comuns não só na terceira idade. A neuropsicóloga Gislaine Gil (foto) explica também que participar de associações e de outras atividades ajuda a diminuir as falhas do cérebro. Ela diz que o ser humano é competitivo por natureza e que estar entre amigos faz bem para o ego, além de exigir que cada um dê o melhor de si. “Quem ganha é o cérebro, que fica estimulado”, comenta. Pág. 4 palavra de médico A musculação melhora a memória Tese mostra que o exercício estimula o cérebro A sempenho do cérebro. No outro grupo, que se manteve sedentário, o resultado permaneceu igual ao inicio do estudo, e em alguns casos piorou. lém de ser benéfica para todos, a musculação estimula também a memória na terceira idade, fato devidamente comprovado. O responsável por essa afirmativa é o geriatra Alexandre Leopold Busse, médico do Hospital das Clínicas e integrante da equipe multidisciplinar da AxisMed, que em maio defendeu sua tese de doutorado. O trabalho aborda os resultados de um programa de exercícios resistidos em idosos com comprometimento da memória. Nesta entrevista, ele conta como realizou a pesquisa e dá dicas de como a musculação muda o dia a dia das pessoas. Confira. O ganho com a atividade física é grande? Sem dúvida. A atividade física anaeróbica, em que utilizamos mais oxigênio e de duração mais longa, como a caminhada ou a corrida, também ajuda a manter a memória, além de dar mais disposição para viver. Auxilia ainda no controle do diabetes e da hipertensão, aumenta a força muscular, diminuindo os riscos de doenças ósseas e nos músculos e melhora a circulação sangüínea, especialmente no coração. A memória em idosos melhora para aqueles que praticam exercícios físicos? É verdade que dá prazer praticar exercícios freqüentemente? Fiz testes de memória em pacientes acima de 60 anos. Perguntei àqueles em quem diagnostiquei problemas se tinham vida sedentária ou não e convidei-os a começar a praticar exercícios por nove meses, duas vezes por semana, monitorados por mim. Aos que aceitaram, passei seis tipos de exercícios anaeróbicos, ou seja, de alta intensidade e curta duração, como musculação. O resultado foi surpreendente. Acompanhei também outro grupo que não fez atividades e comparei as duas turmas. Após os nove meses, foram feitos novos testes de memória. Aqueles que passaram a praticar os exercícios indicados melhoraram o deJoão Cestari Sim. No meio da atividade há a produção de endorfina. É uma substância que traz vários benefícios: melhora a auto-estima, a memória, a resistência e está ligada diretamente ao prazer. Quanto mais você praticar exercícios, mais endorfina o cérebro vai produzir. No entanto, é preciso ir com calma, pois existe um período de adaptação. O exagero pode trazer dor muscular. Quais as dicas para quem quer começar e já está na terceira idade? A atividade física é recomendável para qualquer idade. Tem de começar devagar e com metas. A primeira pergunta é: “O que gosto de fazer?”. Caminhar, correr ou jogar bola, não importa. Comece pouco a pouco, de preferência na companhia de amigos. Eles o incentivarão e é sempre muito bom estar ao lado de pessoas de quem a gente gosta. Só que vale um alerta: quem não está acostumado a praticar exercício não pode sair correndo de uma hora para outra. O ideal é procurar um médico, fazer o exame ergométrico e verificar quais os melhores esportes para praticar. Dr. Alexandre na apresentação de sua tese expediente Conselho editorial: Fábio de Souza Abreu, Luciana Lauretti, Dra. Ana Paula Zurita, Andréa Castelli e Adriana Mazarino. Endereço: Av. das Nações Unidas, 13.797 – Bloco II – 18º andar – Morumbi, São Paulo, SP – 04794-000 – Tel.: 55 11 3513-2900. Jornalista responsável: Marcelo Picolo - MTb 26.665 • Produção editorial: Terra Comunicação. Impresso em papel reciclado. novos horizontes Associados encontram na atividade física a fonte para a juventude Iva, Arlette, Miquelina e Benedito têm um dia a dia muito ativo E les não cansam de se mexer e a saúde dessas pessoas não pára de melhorar. Alguns associados da AxisMed, já na terceira idade, encontraram na prática freqüente de exercícios físicos uma das fórmulas para melhorar a saúde e a qualidade de vida. Iva dos Santos Nogueira, de 78 anos, tem o dia repleto de atividades. Faz dança de salão há sete anos e, sempre que pode, não perde a oportunidade de mostrar seu talento. Suas apresentações ocorrem em Mauá, cidade onde mora, no ABC paulista, em sessões especiais da Associação dos Aposentados Pensionistas do município e nos teatros locais. “Adoro forró, samba e chachachá”, afirma. A aposentada também toca pandeiro. “Cheguei a batucar Brasileirinho em um cruzeiro que fiz recentemente. Fui aplaudida de pé e me senti uma artista”, conta, orgulhosa. Arlette Deolinda Pilão Felix, de 71 anos, é jogadora de bocha. Ela treina pelo menos duas vezes por semana no Clube Atlético Ypiranga, na Zona Sul de São Paulo. Aos sábados ou domingos, disputa torneios. “Minha vida sempre foi ativa”, diz. “Dirijo, viajo, caminho e me exercito muito. Tudo isso faz com que eu tenha disposição e mais saúde”, ensina Arlette. “Um dia eu comecei e pude perceber o quanto foi bom”, lembra a associada Miquelina Bortman, de 71 anos. Ela conta que sua vida melhorou Iva: “Gosto de dançar” com a prática de atividade física, como a hidroginástica, e desta forma, consegue também manter o peso. “Consigo controlar as doenças crônicas com os exercícios na água”, ressalta. Benedito Martins Pires, de 67 anos, está de vida nova. Foi internado em 2007 com inflamação no pâncreas. “Depois do susto, decidi cuidar de mim”, afirma. Hoje, ele faz ginástica e caminhada com um grupo de amigos. Sua esposa ainda o ajuda a cuidar da alimentação. Com mais disposição, ele acredita que as pessoas precisam começar a se “exercitar para ver o quanto faz bem”. Segundo o associado, a “vida geralmente muda da água para o vinho”. Arlette: “Aqui faço parte de um grupo” Gestoras confirmam melhora da saúde Maíra Franchin, monitora de Iva, Esmeralda R. Raposo, responsável por Arlette e Miquelina e Carolina Moreira Silva, que acompanha a saúde de Benedito, são unânimes em relação à prática de atividades físicas pelos “atletas” que acompanham. Todas elas notaram que a qualidade de vida dos seus monitorados melhorou com a prática de atividades físicas. “O mais bacana é quando conseguimos constatar a evolução da saúde dos associados a cada exame”, afirma Carolina. “É muito gratificante perceber a cada exame dos associados a melhora na qualidade de vida deles”, completa. painel Dica de junho Ao ver um copo com água pode-se pensar: está quase cheio ou meio vazio? Se estiver estressado, a tendência é encarar as coisas de maneira negativa, ressaltando as faltas, não exaltando o que há de bom. Ao dar-se conta de que está agindo assim, fale com alguém de confiança. Não deixe o estresse tomar conta de você. Dica de julho O frio intensifica-se e nossa tendência é a de mexermos pouco o nosso corpo. Espreguiçar-se é uma maneira de alongarmos os nossos músculos. Sempre que lembrar, estique seus braços, suas pernas e tente alcançar os pés com as mãos. qualidade de vida Lapsos de memória são amenizados com avaliação e estimulação A neuropsicóloga Gislaine Gil dá dicas para melhorar o desempenho do cérebro e evitar esquecimentos Para quem não está acos- Terra P essoas de qualquer idade que começa- tumado, evitar trabalhar com a ram a ter lapsos de me- TV ou rádio ligados ajuda na mória devem procurar um concentração. A dica não vale, médico. A atenção deve ser porém, para um tipo específico ainda maior para quem já de música. “Quem estuda com estiver na terceira idade, canções clássicas barrocas devido ao risco maior de apresenta ainda um melhor desenvolver doença de- desempenho que os que estão generativa, como o mal em silêncio”, ressalta. “Isso é de Alzheimer. Neste caso, comprovado cientificamente”. é melhor relatar o fato a Esse tipo de música estimula o um geriatra que, se houver processo de aprendizagem. Os lapsos de memória necessidade, encaminhará o paciente a uma avaliação Gislaine: “Os exercícios variam de pessoa para pessoa” são comuns também a pes- soas que não estão na terceira idade. A partir dos 40 anos neuropsicológica detalhada. – até mesmo aos 30 – já é Os problemas freqüentemente relatados por todas as faixas etárias incluem: o esquecimento de comum ocorrerem proble- nomes, de datas de eventos importantes; não se lem- mas desse tipo. Com o brar em que vaga do estacionamento está o carro; não tempo, sem exercí- se recordar em qual lugar guardou as chaves de casa; cios de estimulação esquecer de pagar uma conta. cerebral específica Sem o auxílio de um profissional e exames ade- para a memória e quados, não há como fazer um diagnóstico preciso. cuidados médicos, Porém, vale a lembrança de que geralmente as falhas de a tendência é que memória podem ser secundárias ao quadro de depres- eles se agravem. são ou ansiedade, do uso excessivo de medicamentos, Dica de livro ou do simples estilo de vida do paciente. Esse último fator é o mais comum e também o que temos maior condição de exercer o controle e minimizar os riscos para a memória, pois há dicas para isso. “A memória necessita muito de organização”, afirma a neuropsicóloga Gislaine Gil, pós-graduada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Quem mantém ordem no armário, ou seja, documentos e objetos sempre nos mesmos lugares, vai direto ao local em que eles estão; é automático”, ensina a neuropsicóloga. Atividade física e envelhecimento saudável Autor: Wilson Jacob Filho (Ed. Atheneu, 84 págs.) Especialista valoriza os exercícios praticados pelos idosos e adverte sobre o estilo de vida sedentário. Afirma também que a atividade física não deve ser considerada como algo extraordinário no cotidiano das pessoas. Dica de filme Elza e Fred Uma tocante história de amor, vivida por um Outra sugestão para evitar o declínio da memória é casal de 80 anos, mostra a redescoberta do estimulá-la com atividades prazerosas. Por exemplo, se a prazer de viver, a cumplicidade e amizade. pessoa gosta de assistir a programas de culinária, anote a Fred e Elza superam suas diferenças e vivem juntos momentos de receita e, posteriormente, faça-a e comente o resultado com ótimo senso de humor e inúmeras lições de vida. - Em DVD nas locadoras. outra pessoa, enquanto se delicia com o novo prato.