(25 de maio), instituído pelo Projeto de Lei nº 829/2007, de autoria

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O SR. DR. JORGE SILVA (PROS – ES) pronuncia o
seguinte
discurso:
Senhor
Presidente,
Senhoras
e
Senhores Deputados, minha formação médica sempre me
aproxima da temática da saúde, embora, evidentemente,
minha atuação parlamentar a ela não se restrinja.
Neste pronunciamento, desejo chamar a atenção
desta Casa, e do País, para epidemia que avança em
nosso território de maneira insidiosa, revelando nossa frágil
estrutura
ante
doenças
que, se entendia,
estavam
erradicadas ou, pelo menos, controladas.
Refiro-me à epidemia de sífilis, doença que, não
tratada, compromete o sistema nervoso central e também o
sistema cardiovascular. A maioria dos casos se dá em
decorrência do contato sexual – a chamada sífilis adquirida
–, mas também pode ser congênita, pois bebês são
contaminados ainda na gestação.
E a tragédia, como já apontamos, está em que grande
parte dos infectados nem sabe que está atuando como
agente de transmissão, pois lesões, surgidas cerca de três
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semanas após a contaminação, desaparecem e, por isso,
não são associadas a outros quase imperceptíveis
sintomas que se seguem. E o diagnóstico correto só se
dará por meio de exame de sangue específico.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde de
São Paulo, cerca de sete pessoas são infectadas
diariamente pela bactéria causadora da sífilis. Os dados
apontam ainda que, em seis anos, o número de adultos
contaminados aumentou mais de 600%!
Entre as grávidas, a alta também atinge nível
desesperador: enquanto, em 2005, houve registro de 1.863
casos, em 2013, foram 21.382 deles. Em oito anos, o
quantitativo de mulheres infectadas cresceu mais de
1.000%! No mesmo período, a sífilis congênita aumentou
mais de 130% – de 5.832 para 13.705 casos.
Há quem argumente que esses amargos números se
devem à extensão da notificação compulsória de todos os
casos desde 2010, registro que se fazia apenas quanto às
ocorrências de sífilis em gestantes e em recém-nascidos.
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Isso pode ser parte da resposta. Mas, segundo
especialistas da área, o verdadeiro motor da explosão de
casos reside no descuido quanto ao uso de preservativo
nas relações sexuais.
Infectologistas afirmam que a preocupação com a
Aids encontrou alívio no emprego do coquetel anti-HIV e,
em consequência, a camisinha tem sido posta de lado, o
que abre a porta para outras doenças sexualmente
transmissíveis, entre elas a sífilis, que, apesar de possuir
alto índice de cura, não gera imunidade.
Da sífilis congênita, a falta de diagnóstico precoce e
de tratamento adequado da gestante infectada faz com que
os bebês de até um ano de idade sejam contaminados,
durante
a
gravidez,
no
parto
e
até
mesmo
na
amamentação.
Nobres Colegas, considerando que apenas uma dose
de antibiótico pode reduzir em até 90% o contágio de mãe
para filho, o quadro se revela tenebroso se considerarmos
que a transmissão vertical eleva o risco de aborto/morte do
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feto a 40% e que cegueira, surdez e retardo mental podem
afetar bebês de até um mês de vida não tratados.
Como o Brasil, em pleno século XXI, chegou a essa
situação, Senhoras e Senhores Deputados? Pesquisas em
nível acadêmico revelam que duas estratégias precisam
andar
de
mãos
dadas:
melhoria
na
condição
socioeconômica das pessoas e emprego de medidas de
saúde pública eficazes.
Dos governos espera-se, pois, grandes e sérios
investimentos em políticas públicas que conversem entre
si, notadamente as de saúde pública, contemplando o
cidadão não apenas de modo curativo, como tem ocorrido,
mas, sobretudo, de modo preventivo.
Registro aqui, como médico, como cidadão e como
parlamentar, minha preocupação com a epidemia de sífilis,
em especial a congênita, que furtivamente assola o Brasil.
2015_15417
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