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Moeda virtual| 29 de julho de 2015 | 7h 07
Bitcoin ainda não ajuda o empresário brasileiro
Existem mais de 150 negócios no País aptos a receber a moeda, mas são raros os casos de quem já
faz transações.
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RENATO JAKITAS, ESTADÃO PME
O risco de colapso da economia na Grécia e a recente ameaça de calote do país europeu voltaram a
despertar a atenção do mercado internacional para o bitcoin. Em meio ao fechamento de bancos para
o atendimento ao público e aos limites imposto por Atenas aos saques em dinheiro, os gregos se
apressaram a comprar a primeira moeda digital e descentralizada do mundo, o que fez a procura e
consequentemente o preço do ativo dispararem.
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No Brasil, dados coletados pelo site Bitvalor apontam para uma alta expressiva de quase 20% na
cotação da moeda de maio para julho deste ano (de R$ 768,98, na média ponderada de maio, para R$
922,43 na cotação registrada em 19 de julho).
Isso certamente impactou positivamente o ecossistema local de empreendedores e usuários que
gravitam em torno do tema. Ainda distante da Europa ou dos Estados Unidos, onde o bitcoin circula
com mais intensidade dentro do mercado de consumo, no Brasil o movimento esta restrito a,
basicamente, o interesse dos investidores, que querem faturar especulando com a variação nervosa
da moeda, e aos cyberativistas, geralmente membros da comunidade geek.
Apesar dos mapas colaborativos à disposição na internet apontarem para uma concentração com mais
de 150 estabelecimentos pequenos e médios cadastrados para transações comerciais por meio do
bitcoin no País, é raro identificar dentro dessa oferta empresários que efetivamente já tenham
contabilizado um único centavo da moeda no fluxo de caixa de seus empreendimentos.
Para se ter uma ideia do marasmo no que tange as transações comerciais em bitcoin no Brasil, dos
cerca de 25 negócios da área de comércio ou de serviços que constam com estrutura para
recebimento da moeda na Grande São Paulo, segundo o site Coinmap, apenas um deles afirma ter
recebido, mais de uma vez e com certa regularidade, sua fatura via moeda virtual. A empresa em
questão é o bar e bicicletaria Las Magrelas, localizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
A empresa aderiu ao sistema em maio de 2013, dois anos após a moeda ganhar um pouco de escala
e chamar a atenção no mundo todo. De lá para cá, o Las Magrelas soma mais de 20 transações, boa
parte delas atribuída a mesma pessoa. “Temos um cliente argentino, ele trabalha com tecnologia e é o
que mais vezes usou o sistema conosco. Sempre que ele vem, procura pagar as contas com bitcoin”,
afirma Talita Noguchi, uma das proprietárias.
A empresária afirma ter aderido ao bitcoin por representar um movimento de ruptura com o modelo
financeiro atual. “Nós nos interessamos pela moeda porque acreditamos, é um conceito simples, que
nos interessa e faz parte de uma nova economia. Mas a adesão das pessoas ainda é baixa”, conta a
empreendedora.
A explicação para essa demanda reduzida, afirmam os envolvidos no segmento, tem raízes em um
fenômeno que, ao contrário do bitcoin, não tem nada de novo no mercado financeiro: o
entesouramento de uma moeda que vem se demonstrando líquida e bastante valorizada nos últimos
tempos.
“Ainda é uma moeda para investidor. Quem tem, não se desfaz porque é um ativo muito interessante
do ponto (de vista) do retorno financeiro”, destaca Safiri Felix, que atua na corretora CoinBR. “É por
isso que a maioria das pessoas que empregam o bitcoin para o consumo, aqui no Brasil, são
entusiastas da tecnologia e da filosofia da moeda virtual, que não usa a estrutura bancária e nem está
sujeita ao controle de um banco central, por exemplo.
É uma operação criptografada e segura de uma pessoa ou empresa para outra”, afirma o especialista,
que mantém em operação dentro de um coworking, em São Paulo, o primeiro caixa eletrônico de
bitcoins do Brasil.
:: Como opera o mercado de bitcoins? ::
Acompanhar o que as outras empresas têm feito para obter bons resultados, aqui e fora do País, pode
direcionar o seu negócio ao sucesso
Virtual
O bitcoin nasceu na internet e não deve sair de lá. Criada a partir de uma ideia lançada em 2008,
estreou em 2009 e apenas em 2011 ganhou escala.
Controle
A moeda é descentralizada, ou seja, não conta com um provedor, como o banco central. Assim, ela se
propõe global, sem estar sujeita a governos.
Sem bancos
As transações são realizadas por meio de dados criptografados de usuário para usuário. Assim, o
bitcoin dispensa a intermediação bancária.
Mineração
Quem ‘imprime’ bitcoins são os minerados, dotados de computadores potentes que conseguem
quebrar dados complexos lançados na internet.
Limitado
O limite de bitcoins será de 21 milhões da moeda. A cada ano, o número de blocos de mineração cai
pela metade, até zerar um dia.
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