Fisiologia Biologia Daltro Fisiologia Animal Todo ser vivo, independente de qual seja, possui suas características funcionais próprias, sendo ele a mais simples bactéria ou a mais alta árvore. Todos possuem necessidades semelhantes, como energia obtida através dos alimentos consumidos (heterotrofismo) ou produzidos (autotrofismo), que garantem o crescimento e reparação do organismo; se forem aeróbios, precisam de oxigênio para a queima dos alimentos energéticos, liberando assim energia; precisam transportar substâncias por todo o organismo desde seu local de absorção até seu local de uso ou de eliminação e para que tudo ocorra de forma sincronizada, as funções devem ser ordenadas por um centro de coordenação. Para a sobrevivência da espécie, a reprodução é fundamental mas, diferente das outras funções citadas, ela não é vital. O nosso estudo está voltado para as características da fisiologia humana, que fazem dele um ser vivo, possuidor de características que o permite existir em condições variáveis mas, quando necessário, tentaremos aborda padrões de comparação entre outras espécies. Fisiologia da Digestão Todos os animais, como são heterótrofos, precisam retirar dos alimentos provenientes do meio externo substâncias essenciais para sua sobrevivência, como carboidratos, lipídios, proteínas, ácidos nucléicos, vitaminas, sais minerais e água. Destas moléculas, algumas podem ser absorvidas diretamente pela célula através da membrana celular, mas outras, pelo seu grande tamanho que faz delas macromoléculas, precisam ser quebradas em moléculas menores e geralmente solúveis em água para que possam ser assimiladas. Esse processo de transformação de moléculas de grande tamanho, por hidrólise enzimática, liberando moléculas menores solúveis em água que possam ser absorvidas e utilizadas pela célula constitui o que chamamos de digestão. Moléculas pequenas: .monossacarídeos .ácidos graxos e glicerol .aminoácidos .nucleotídeos .vitaminas .sais minerais .água Moléculas grandes: .dissacarídeos e polissacarídeos .gorduras .proteínas .ácidos nucléicos Dissacarídeos e Polissacarídeos monossacarídeos Gorduras ácidos graxos e glicerol aminoácidos Proteínas Ácidos nucléicos nucleotídeos Tipos de Digestão Em organismos onde não observamos a presença de tubo digestivo, as partículas alimentares deverão ser adquiridas por englobamento, formando-se vacúolos digestivos onde a digestão será processada. É a digestão intracelular, comum em alguns protozoários e metazoários como as esponjas, que retiram da água as partículas alimentares que penetram em seus poros ligados a uma cavidade interna onde estão localizadas células especiais conhecidas por coanócitos. Então, o alimento é digerido diretamente dentro das células, não havendo participação de cavidade digestiva. Caso exista um tubo digestivo, o alimento é digerido antes de ser absorvido pelas células, caracterizando a digestão extracelular. Animais como os celenterados e platelmintos possuem tubo digestivo com somente uma abertura – a boca – possuindo tubo digestivo incompleto. As tênias, platelmintos parasitas, não apresentam tubo digestivo, absorvendo pela superfície do corpo os alimentos já digeridos pelo hospedeiro. O ânus aparece a partir de vermes cilíndricos conhecidos por nematelmintos, como a lombriga, marcando o aparecimento do tubo digestivo completo. Vale ressaltar que alguns animais iniciam sua digestão fora do corpo, como as aranhas, que liquefazem as partes moles de suas vítimas por ação de um veneno composto de fluidos digestivos, completando a digestão dentro do corpo. Conhecemos este processo por digestão extracorpórea, comum em alguns equinodermos como a estrela-do-mar. A digestão no homem: O Tubo Digestivo A digestão consiste na quebra de grandes moléculas em moléculas pequenas que podem ser facilmente assimiladas pelo organismo. Todo processo acontece ao longo de um tubo que, em vertebrados e em alguns invertebrados, tem abertura nas suas duas extremidades, boca e ânus, sendo assim, um tubo digestivo completo. O alimento será propelido no interior desse tubo por movimentos involuntários conhecidos como peristálticos, próprios de musculatura lisa, encontrada na maior parte do tubo. Algumas glândulas participarão do processo, com seus hormônios e enzimas, essenciais para a digestão, que compreenderá fenômenos físicos como mastigação e deglutição, e fenômenos químicos como a insalivação, quimificação e quilificação. Podemos dividir nosso estudo em duas idéias principais: o trajeto do alimento, que consiste no tubo digestivo propriamente dito e em órgãos anexos, estruturas que ajudarão na digestão com suas secreções e produtos. O tubo ou trato digestivo inicia sua porção alta com a boca, faringe e esôfago, chegando ao estômago na porção média do tubo, prosseguindo pelo intestino delgado, dividido em duodeno, jejuno e íleo. Na porção baixa, temos a continuidade do trajeto com o intestino grosso, dividido em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, curva sigmóide e reto, sendo o ânus a abertura de eliminação dos dejetos. Os órgãos anexos que participam do processo são em seqüência os dentes, língua, glândulas salivares, fígado, pâncreas e vesícula biliar. O início da digestão: Boca Na cavidade natural revestida por mucosa chamada boca os alimentos serão triturados pela ação dos dentes e misturado pela língua com a saliva, secreção proveniente das glândulas salivares, conhecidas por parótidas, submandibulares e sublinguais. A secreção de saliva é influenciada pela visão, cheiro, gosto ou pela expectativa do alimento, sendo composta por uma mistura de muco e por uma enzima, a amilase salivar ou ptialina, que atua em pH neutro ou ligeiramente alcalino, transformando parte do polissacarídeo amido em moléculas do dissacarídeo maltose, caracterizando o que chamamos de insalivação. Então: Amido (Polissacarídeo) Ptialina Maltose (Dissacarídeo) Pela deglutição, o alimento umedecido e lubrificado será comprimido pela língua contra o céu da boca passando para um canal musculomembranoso conhecido por faringe, órgão comum a dois sistemas, o digestivo e o respiratório. Através desse canal, o alimento segue para o esôfago e o ar para a laringe. Na deglutição, a abertura da laringe, conhecida como glote, é fechada por uma válvula cartilaginosa chamada epiglote, interrompendo os movimentos respiratórios e orientando a passagem do bolo alimentar para o esôfago, onde se iniciam movimentos de contração involuntária dos músculos lisos do tubo digestivo, chamados de movimentos peristálticos ou peristaltismo, conduzindo o alimento até uma dilatação do tubo digestivo em forma de bolsa, o estômago. Estômago: A digestão de proteínas Essa grande bolsa que se localiza no abdômen, logo abaixo do diafragma, corresponde a uma dilatação do tubo digestivo onde o alimento permanece por um certo tempo sofrendo a ação de um suco produzido por suas células parietais, o suco gástrico, cuja produção é regulada por um hormônio produzido pelo próprio órgão, a gastrina. O suco é composto pelo ácido clorídrico e por um zimogênio chamado pepsinogênio. Devido a acidez provocada por esse ácido, a digestão de amido é interrompida. Em função da presença desse ácido, o pH do estômago cai ( aproximadamente 2,0 ) e o pepsinogênio é convertido a pepsina, enzima ativa que digere proteínas em polipeptídeos menores ( proteoses e peptonas ). Então: Proteínas Pepsina Polipeptídeos menores É imprescindível a presença do ácido clorídrico para que ocorra a digestão. Quer dizer que uma deficiência dessa substância pode levar a prejuízos no processo digestivo, que atua ainda na coagulação do leite e tem relevante papel na destruição de bactérias, evitando que ocorra putrefação do bolo alimentar. Notamos ainda que a secreção do ácido é estimulada por mecanismos nervosos como o cheiro, a visão, o gosto do alimento e até mesmo pela ação mecânica e química que o alimento exerce na parede do estômago. Em crianças, o suco gástrico também contém renina, conhecida por labfermento, que transforma a proteína solúvel do leite (caseinogênio) em um precipitado chamado caseína, que facilita a ação da pepsina. O estômago ainda é protegido por um muco conhecido por mucina, que protege a parede estomacal da ação do ácido e da pepsina. Se houver falha desse mecanismo, partes do órgão serão digeridas, levando ao aparecimento de lesões conhecidas como úlceras. O bolo alimentar quando misturado ao suco gástrico e umedecido pelo muco secretado pela parede estomacal, forma uma pasta branca e ácida, o quimo (quimificação), que passa para a primeira porção do intestino delgado, o duodeno, por um anel conhecido por esfíncter pilórico, após uma média de duas a quatro horas de digestão nesse órgão. Intestino Delgado: digestão e absorção de nutrientes Devido ao ácido clorídrico pertencente ao suco gástrico, o quimo chega ácido, irritando a mucosa duodenal, fazendo com que alguns grupos de células secretem dois hormônios: a secretina e a colecistocina, ambos lançados na corrente sanguínea. Essa reação desencadeada pelo duodeno tem como objetivo final alcalinizar o intestino delgado, já que as enzimas atuantes nessa região do tubo digestivo só possuem ação em pH básico (aproximadamente 7,8). A secretina irá estimular o pâncreas a produzir suco pancreático que será descarregado no duodeno; a colecistocina tem atuação na vesícula biliar que armazena bile produzida pelo fígado, que também terá como destino o intestino. Por ser uma substância altamente alcalina, a bile começa a neutralizar a acidez provocada pelo quimo mas, além disso, por possuir sais biliares, atua emulsificando gorduras, como um sabão, diminuindo a tensão superficial das gorduras, transformandoas em inúmeras gotículas, cuja superfície aumentada favorece a ação das lípases. Por não conter enzimas, o efeito da bile não é químico, mas sim físico. O suco pancreático, rico em íons bicarbonato, permite o fim da neutralização da acidez do quimo, deixando o meio próprio para a ação das enzimas neste local. Desde o início da passagem do bolo alimentar ao intestino, o fato do pH tornar-se ácido nessa região faz com que o esfíncter pilórico sofra um espasmo, impedindo que maior quantidade de quimo passa ao duodeno. A medida que o interior duodenal se torna alcalino pela ação da bile e do suco pancreático, o estômago permite que maior quantidade de quimo seja projetada até o duodeno. Além disso, um terceiro hormônio, a enterogastrona, é liberado na corrente sanguínea por células da mucosa intestinal com a finalidade de inibir a produção de gastrina, levando assim à parada da produção do suco gástrico. Quer dizer que: “Enquanto a gastrina estimula, a enterogastrona inibe a produção do suco gástrico”. O duodeno com certeza é o local de maior digestão e absorção de nutrientes do organismo, pois além do papel exercido pela bile, o suco pancreático é o humor digestivo mais rico em enzimas, sendo elas proteolíticas, glicolíticas e lipolíticas. Como se não bastasse, o intestino colabora ainda com um suco de sua produção, o suco intestinal ou entérico, que finaliza a hidrólise das moléculas que transitam pelo intestino. Você deve estar atento ao fato de que a absorção no intestino delgado se faz ainda mais eficiente devido a presença de um epitélio em pregas denominado vilosidades, que possuem milhares de vasos sanguíneos responsáveis pelo transporte dos nutrientes, mas vale ressaltar que os ácidos graxos são levados por um único vaso linfático presente em cada vilosidade. As principais enzimas e seus substratos são: No suco pancreático: .Tripsina: secretada inicialmente na forma de tripsinogênio, ativada por uma enzima intestinal chamada enteroquinase, quebra proteínas em polipeptídeos menores, juntamente com a quimotripsina, que possue também proteínas como substrato. .amilase pancreática: realiza a hidrólise do amido ainda não digerido (pela ptialina), resultando assim em moléculas de maltose. .lipase pancreática: transforma lipídios em ácidos graxos e glicerol prontos para assimilação. .nuclease pancreática: realiza a hidrólise dos ácidos nucléicos em nucleotídeos. No suco entérico: .carboidrases: os dissacarídeos presentes serão hidrolisados em monossacarídeos pela maltase, sucrase e lactase. Veja: Maltose Sacarose Lactose maltase sucrase lactase glicose + glicose glicose + frutose glicose + galactose .Peptidases: quebram os polipeptídeos em aminoácidos. .lipase entérica: atuação semelhante à lípase pancreática, finalizando a hidrólise dos lipídios restantes. .nuclease entérica: quebram os nucleotídeos em suas subunidades (fosfato, ose e base nitrogenada). Quer dizer que: “Agiram no intestino a bile, o suco pancreático e o suco entérico na finalização da digestão dos alimentos”. Alguns componentes alimentares não foram quebrados, como a celulose, já que não possuímos enzimas específicas para tal finalidade. As fibras serão importantes para o bom funcionamento do intestino, pois com o aumento do volume das fezes, a defecação é estimulada. O que nos restou no jejuno-íleo é uma pasta agora escura, grossa, rica em dedritos não assimiláveis e em bactérias, chamado de quilo (quilificação), que já começa a sofrer putrefação, mas que ainda possue grande quantidade de uma molécula essencial à vida, a água, que será reabsorvida na porção final do tudo digestivo, o intestino grosso. O intestino grosso: Absorção de água e sais A primeira porção do intestino grosso é o ceco, uma dilatação onde se localiza o apêndice cecal, órgão em atrofia no homem que possui discreta função linfóide (produz leucócitos), mas que em alguns animais colabora com o processo digestivo, como em herbívoros e roedores. Ao longo desse canal, o bolo alimentar, agora chamado de quilo, é proferido pelo peristaltismo incentivado pelo nervo vago, integrante do sistema nervoso autônomo, promovendo ondas de forte contração, no sentido de expulsar o bolo alimentar pelo ânus, mas depois de toda a água contida nesta pasta ser absorvida, além de sais minerais que por ventura se encontram na forma de íons dissolvidos na mesma. A celulose presente no alimento, que não foi digerida pela ausência de enzimas específicas para esse fim, ajuda na contração rítmica do intestino.O esfíncter anal se relaxa, acontecendo então a defecação das fezes. Algumas adaptações de animais ao processo digestivo Cada vertebrado possui estruturas próprias e adaptadas ao seu processo digestivo. De forma geral, encontramos dentes nos mamíferos, mas notamos sua ausência em anfíbios. Nem todos possuem glândulas salivares adaptadas para a função digestiva. Assim, percebemos que cada ser vivo possue uma particularidade própria de sua espécie. Nos tubarões encontramos um intestino relativamente curto, mas bem adaptado devido a presença de uma prega helicoidal conhecida como válvula em espiral, que visa proporcionar ao animal uma boa superfície de absorção. Nas aves, percebemos um estômago dividido em duas partes: o pró-ventrículo, que corresponde ao estômago químico da ave, pois secreta o suco gástrico, e a moela, estômago físico, que tritura os alimentos. Notamos uma dilatação que antecede o estômago, o papo, que pode armazenar e amolecer o alimento, antes que siga em direção ao estômago. É interessante notar que peixes cartilaginosos, como o tubarão e as aves, além dos anfíbios e répteis, possuem o intestino que termina em uma abertura chamada cloaca, e não ânus. A diferença entre as duas aberturas limita-se em suas funções: enquanto o ânus é o local de eliminação das vias digestivas, a cloaca ainda recebe os produtos das vias urinárias e reprodutoras, todas em uma mesma abertura de eliminação. O grande enfoque é dado aos mamíferos que são capazes de digerir celulose: os ruminantes (boi, carneiro,camelo, girafa, veado), animais com estômago volumoso, dividido em quatro cavidades – pança ou rúmen, barrete ou retículo, folhoso ou omaso e coagulador ou abomaso. O alimento é deglutido inicialmente sem mastigação, indo em direção ao rúmen, onde bactérias simbiontes e alguns protozoários produzem enzimas capazes de digerir a celulose. No barrete, pequenas porções do alimento são preparadas, voltando à boca para uma mastigação prolongada (ruminação), separando as fibras de celulose para maior contato com as bactérias que acompanham o alimento ao longo do processo. Após o alimento ser reingerido, a água é absorvida no folhoso. No coagulador, enzimas digestivas produzidas pelo próprio animal entram em contato com o alimento, que finalmente é encaminhado ao intestino delgado. Além da ação das enzimas digestivas, as vitaminas também são indispensáveis ao organismo, pois intervem em diversas reações celulares. Seres autótrofos, como os vegetais, são capazes de sintetizar suas próprias vitaminas, mas o homem apenas algumas são produzidas ao adquiridas por bactérias que produzem tais elementos em nosso tubo digestivo. Vejamos algumas delas e sua importância: Vitaminas Fontes Vegetais como tomate, A mamão, cenoura, alface Antixeroftálmica e espinafre Efeitos da carência Cegueira noturna: deficiência v isual em ambientes de luz fraca Xeroftalmia: camada córnea do globo ocular seca D Anti-raquítica Óleo de fígado de cação e bacalhau, ovos, leite e manteiga Raquitismo: anomalias na dentição e deformações no esqueleto E Leguminosas, azeites e germe de trigo Anemias e esterilidade em alguns animais K Antihemorrágica Folhas verdes como Dificuldade na coagulação do espinafre, repolho, sangue Couve e alface, além de Óleos vegetais Germe de trigo, soja, Polineurite: lesões em B lêvedo, rins, coração, nervos periféricos. Diarréia, Anti-neurítica fígado, trigos, ovos e depressão e anemia.Pele seca Leite e áspera, além de distúrbios Nervosos Fritas cítricas como Escorbuto: inflamação da C laranja e limão; pele e mucosas, ocorrendo (ácido tomate,mamão, sangramento, além de ascórbico) abacaxi,morango e enfraquecimento geral, Anti-escorbútica verduras frescas ulceração nas gengivas e queda de dentes