efeitos da abertura econômica sobre a indústria

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EFEITOS DA ABERTURA ECONÔMICA SOBRE A INDÚSTRIA
METALÚRGICA BRASILEIRA (1)
Rubney Carrion Antunes2, Debora Nayar Hoff3
(1)
Estudo executado a partir do trabalho de conclusão de curso “ A inflexão econômica brasileira da década de 1990 e
seus impactos sobre o nível de inovação da indústria metalúrgica nacional”, produzido na Universidade Federal do
Pampa, campus de Santana do Livramento, curso de ciências econômicas. De autoria de Rubney Carrion Antunes.
(2)
Estudante do 8º semestre do curso de Ciências Econômicas pela UNIPAMPA, Santana do Livramento. E-mail:
[email protected].
(3)
Orientadora; Professora Adjunta na UNIPAMPA, Santana do Livramento. E-mail: [email protected].
RESUMO: Reconhecendo que a década de 1990 representou um momento de inflexão na estrutura
industrial brasileira devido ao processo de abertura econômica, o presente estudo visa analisar como a
indústria metalúrgica brasileira reagiu a estes acontecimentos quanto a aspectos de sua estrutura produtiva.
Metodologicamente utilizou-se o método qualitativo por meio da revisão bibliográfica. Como resultado podese elencar que a exposição à concorrência internacional forçou uma reestruturação da indústria quanto a
suas principais características, obrigando uma readaptação das firmas para sobreviver à nova lógica.
Palavras-Chave: abertura econômica, indústria metalúrgica, concorrência internacional.
INTRODUÇÃO
No início da década de 1990, a economia brasileira passou por um momento de inflexão na lógica
que se apresentava até o momento. Durante mais de sessenta anos (1930-1990), a indústria nacional teve
algum tipo de proteção estatal para manter-se, Suzigan (1989) destaca que desde 1950 a política industrial
nacional centrava-se em um protecionismo exacerbado contra a concorrência internacional. Tal
comportamento teve como fruto a consolidação de uma indústria que sofria de maneira crônica com o
atraso tecnológico e a baixa capacidade de competir a nível internacional.
A falta de concorrência devido ao fechamento econômico, portanto, foi fator decisivo para que o
empresariado nacional não investisse na constante melhoria da capacidade produtiva das firmas, o que
para Suzigan (1989) resultou na consolidação de uma indústria atrasada e incapaz de competir a nível
internacional. Embora nas décadas de 1970 e 1980, tenha ocorrido um perceptível aumento da participação
industrial no PIB (Produto Interno Bruto), pouco pode ser observado quanto ao melhoramento intencional na
linha de produção ou quanto aos produtos finais, como apontam Mancuso & Oliveira (2006).
Com o fim da proteção estatal durante o governo de Fernando Collor, a base de proteção da indústria
foi abruptamente retirada, dando início à abertura econômica, que para Mancuso & Oliveira (2006) alterou
de forma contundente a lógica vigente para a indústria metalúrgica. As firmas do setor foram em sua maioria
privatizadas, e expostas à concorrência internacional, simbolizando assim o marco final de uma era de
proteção e gerência estatal sobre a indústria nacional.
Para Feijó & Carvalho (2006), o processo de abertura, seguido pela privatização, produziu um
impacto significativo na estrutura da indústria, forçando a reestruturação da concorrência, dos
investimentos, e da competitividade industrial. O que é apontado como sendo uma resposta à necessidade
de readaptação produtiva da metalurgia brasileira, que levou ao desencadeamento de um processo de
melhoria constante das firmas nacionais para fazer frente à nova realidade.
METODOLOGIA
O presente estudo pode ser caracterizado como qualitativo. A pesquisa qualitativa trabalha com
aspectos subjetivos e amplos, e como característica essencial explora com profundidade os detalhes
podendo levar a resultados objetivos, claros e precisos (MINAYO; SANCHES, 1993). Como técnica, o
estudo contou com a revisão bibliográfica, buscando um arsenal de artigos, textos e dissertações que
abordassem a questão da abertura econômica e seus impactos sobre a indústria metalúrgica brasileira.
OS EFEITOS DA ABERTURA ECONÔMICA NA INDÚSTRIA METALÚRGICA.
Desde a década de 1930 o Brasil adotava para si uma política de incentivo a industrialização.
Segundo Suzigan (1989), o processo de industrialização que o país adotou entre 1930-1980 foi de forte
participação do Estado nas atividades industriais. Durante os anos do “milagre econômico” (1967-1973),
houve uma grande busca por financiamento internacional para consolidar a “indústria estatal”, com os
choques do petróleo em 1973 e 1979 e posteriormente o choque dos juros do governo americano, o
endividamento no país passou a ser um grave problema, como apresenta Carneiro (2002). A indústria
brasileira, portanto vivenciou entre 1950 e 1980 um crescimento continuo consideravelmente mais vigoroso
Anais do VIII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
entre 1967 e 1973, durante o “milagre econômico”, onde a taxa de crescimento industrial foi de 13,3% ao
ano, como aponta Soares (2000). Porém, a década de 1980 representa um momento de retração dos
resultados industriais.
Nesse contexto a indústria metalúrgica segue essencialmente o modelo tradicional da indústria
brasileira, e teve o seu auge na década de 1970, principalmente durante os anos do “milagre” (1967-1973),
onde segundo Soares (2000), a produção de peças metalúrgicas atingiu o seu máximo histórico, 1,75
milhões de toneladas. Entretanto, no inicio da década de 1980 a situação inverteu-se em decorrência da
crise econômica, levando a abrupta queda da produção metalúrgica nacional em 1983, onde o produto foi
inferior a um milhão de toneladas.
A produtividade da indústria metalúrgica brasileira pode ser abordada utilizando os padrões
indicados por Júnior & Ferreira (1999) e Feijó & Carvalho (2006), que utilizam como variáveis de medições
do nível de produtividade o valor da produção e o valor da transformação industrial. Analisando-se os itens
listados, através da observação dos seus resultados, pode-se notar que nos anos que antecederam a
abertura econômica os resultados do valor da produção e da transformação estavam em 8,6 milhões de
unidades e 3,9 milhões respectivamente, representando mínimas históricas. Nos anos que se seguiram, à
abertura, os valores da produção e transformação passaram a ser de 18,4 milhões e 13,8 milhões
respectivamente. Os dados simbolizam o que o Júnior & Ferreira (1999) definem como sendo o resultado da
reação das firmas nacionais a exposição à concorrência internacional, que as forçou a investir em melhorias
de seus produtos para que pudessem sobreviver a nova realidade.
Segundo Júnior & Ferreira (1999), há entre os estudiosos do tema a ideia de que o início da década
de 1990 simboliza uma ruptura das taxas decrescentes dos resultados das indústrias nacionais, dentre as
quais a metalúrgica. Para Feijó & Carvalho (2006), a inflexão da conjuntura existente até 1990, com as
privatizações do setor, exposição à concorrência internacional, adoção de programas de qualidade e
desregulação da economia ocasionou uma alteração do sistema produtivo interrompendo as sequências de
quedas dos resultados industriais. Assim, Júnior & Ferreira (1999) argumentam que tais alterações levaram
a ganhos generalizados de produtividade no que tange um novo paradigma “tecnológico-gerencial” que se
disseminou por toda a indústria e não apenas pelos setores mais expostos a concorrência internacional.
Todo o desenvolvimento e modernização que a indústria metalúrgica desfrutou a partir de 1989,
segundo Júnior & Ferreira (1999), deveu-se assim a abertura economia que propiciou vantagens estruturais,
ao obrigá-la a se modernizar para enfrentar a concorrência internacional. Para Feijó & Carvalho (2006), um
dos melhores indicadores para comprovar este aumento é que a importação de bens de capital a partir de
1990 tem um crescimento de 90% em apenas cinco anos. Assim, os autores passam a concordar com a
ideia de que ocorreu na economia brasileira uma ruptura de paradigmas. O sustento para tal afirmação está
no fato de que o crescimento econômico, e subsequentemente da produtividade, continuou vigoroso após
1992. Quando o período de recuperação da recessão do fim da década de 1980 passou, logo, os
incrementos na indústria nacional foram duradouros.
CONCLUSÕES
O processo de abertura econômica pelo qual o Brasil passou no início da década de 1990 impactou a
estrutura da indústria nacional. Dentre as indústrias que foram obrigadas a readaptar a lógica na qual se
sustentavam está a indústria metalúrgica, que até 1989 era predominantemente formada por capital estatal
e apresentava baixo índice de produtividade.
Com o advento da concorrência internacional através do processo de abertura, a indústria metalúrgica
foi obrigada a alterar a sua estrutura produtiva e adotar políticas de investimentos constantes na melhoria da
planta produtiva instalada no país. Tais medidas resultaram em um processo de crescimento e
melhoramento da produção metalúrgica nacional, tornando as firmas brasileiras aptas a concorrer
internacionalmente.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, R. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São
Paulo: UNESP, 2002.
FEIJÓ, C., CARVALHO P. Notas sobre a produtividade industrial. Niterói, 2006.
JÚNIOR, J., FERREIRA, P.. Evolução da produtividade industrial brasileira e abertura comercial.
Textos para discussão Nº 651, Rio de Janeiro: IPEA, 1999.
MANCUSO, P., OLIVEIRA, A.. “Abertura econômica, empresarial e política: os planos domésticos e
internacionais”. Revista Lua Nova, p. 147-172, 2006.
MINAYO, M.C., SANCHES, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? .Caderno de
Saúde Pública, V. 9, N.3, p.239-262, 1993.
SOARES, A. Fundição: mercado, processos e metalurgia. Rio de Janeiro, 2000.
SUZIGAN, W. “Estado e industrialização no Brasil.” Revista de Economia Política, p. 50-62, 1988.
Anais do VIII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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