UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Programa de Pós-Graduação em Biologia e Biotecnologia de Microorganismos AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E ANTIOXIDANTE DAS PLANTAS Cassia alata e Cajanus cajan Dissertação de Mestrado Tatiane Rocha Cardozo Ilhéus – Bahia - Brasil 2010 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Programa de Pós-Graduação em Biologia e Biotecnologia de Microorganismos AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E ANTIOXIDANTE DAS PLANTAS Cassia alata e Cajanus cajan Dissertação apresentada ao Programa de Pós–Graduação em Biologia e Biotecnologia de micro-organismos da Universidade Estadual de Santa Cruz, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia e Biotecnologia de microorganismos. Tatiane Rocha Cardozo Orientadora: Prof. Dra. Cristina Pungartnik Co-Orientador: Prof. Dr. Martin Brendel Ilhéus – Bahia - Brasil 2010 ii Tatiane Rocha Cardozo DISSERTAÇÃO AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E ANTIOXIDANTE DAS PLANTAS Cassia alata e Cajanus cajan Dissertação apresentada ao Programa de Pós–Graduação em Biologia e Biotecnologia de microorganismos da Universidade Estadual de Santa Cruz, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia e Biotecnologia de microorganismos. BANCA EXAMINADORA Aprovado 24 de fevereiro 2010 Dr. Rafael Roehrs Dr. João Carlos Teixeira Dias UFSM UESC Dra. Roueda Abou Said Dra. Cristina Pungartnik UESC UESC- orientadora Ilhéus – Bahia- Brasil 2010 iii Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Fungos do Centro de Biotecnologia e Genética desta Universidade (UESC) além da colaboração com o laboratório de Genotoxicidade, Instituto Royal do Centro de Biotecnologia (GENOTOX) da Universidade Federal do Rio grande do Sul (UFRGS). Este projeto foi financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). iv FICHA Catalográfica Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC Cardozo, Tatiane Rocha AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E ANTIOXIDANTE DAS PLANTAS Cassia alata e Cajanus cajan / Tatiane Rocha Cardozo – Ilhéus, 2010. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós–Graduação em Biologia e Biotecnologia de micro-organismos. Orientadora: Prof. Dra. Cristina Pungartnik Co-Orientador: Prof. Dr. Martin Brendel 1. Cassia alata 2. Cajanus Cajan 3. Genotóxico 4. Plantas medicinais 5. Antioxidante. v Meu Senhor... ...Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos débeis. Se me dás fortuna, não me tires a razão. Se me dás êxito, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me sempre a ver a outra face da medalha,não me deixes culpar de traição a outrem por não pensar como eu. Ensina-me a querer aos outros como a mim mesmo. Não me deixes cair no orgulho se triunfo, nem no desespero se fracasso. Mas antes recorda-me que o fracasso é a experiencia que precede o triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza. Se me tiras o êxito, deixa-me forças para aprender com o fracasso. Se eu ofender a alguém, dá-me energia para pedir desculpas se alguém me ofender, dá-me energia para perdoar Senhor...se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mi! Mahatma Gandhi vi Dedicatória Aos meus filhos Nychollas e Giulia meus grandes amores Aos meus pais Avelino e Rosa por tudo, meus grandes mestres, Ensinaram-me muito além da ciência, ensinaram-me o verdadeiro amor Obrigado pelo apoio incondicional vii Agradecimentos Especiais O sentimento de gratidão ajuda e vermos que sozinhos não somos nada, e que compartilhar as conquistas é mais saboroso. Por isso eu não poderia de deixar de agradecer a tantas pessoas que fizeram parte de minha vida nesta trajetória, ou de alguma forma, estiveram presentes seja em pensamento ou diretamente, nesta pequena etapa de minha vida, onde foi possível finalizar este trabalho. Ao meu Deus por ter me dado a oportunidade de estar neste caminho e aprender com as dificuldades, Por ter me dado forças, quando eu desisti; Por ter me dado paz nos meus momentos de tormenta; Por ter me dado esperança, nos momentos de desespero; Por ter me dado amigos verdadeiros quando eu mais precisei Agradeço de coração a muitas pessoas especiais que trilharam em meu caminho, algumas ficam e outras vão, mas mesmo longe sempre levo em meu coração... (puxa até rimou!) Em especial a minha família. Meus amados Pais, que agüentam minhas loucuras e principalmente a minha ausência, por todas as oportunidades. A toda minha família e que trago no coração, minha tias, meus primos, minha dinda, por sua força em especial tia Leofrida por suas orações. E todos os familiares que estão em minha vida, sempre me apoiando, muito obrigado por tudo. Aos meus tios Ruth e Adair que sempre, desde muito cedo, me incentivaram a estudar, e meus queridos primos que também sempre estiveram em coração e em minhas lutas. viii Também queria agradecer ao meu primo Anderson, pelo teu carinho de irmão, e nossas conversas alem deste plano. Minha eterna “ex-orientadora”, Dra. Vera Vargas por todos os ensinamentos que tive com você. Obrigado pela amizade e carinho ao longo de todos estes anos, sempre mostrando bondade e caráter acima de tudo, um grande exemplo de profissional e ser humano, uma pessoa sempre disposta a ajudar. Obrigado por tudo. A turma do laboratório de Mutagênese Ambiental da FEPAM, pessoas que levo em meu coração. A Dra. Roueda Said, em especial pela sua gentileza e valiosos ensinamentos neste curto tempo, mas que foram preciosos para a finalização deste trabalho, mas acima de tudo, pela sua pessoa generosa e iluminada. Minha grande amiga Dra. Márcia Moreira, uma pessoa iluminada sempre disposta a ajudar a todos principalmente os animais... Um grande exemplo pra mim, minha irmã, um ser humano de luz . A minha amiga de coração Dra. Tatiana Pereira, amiga pra todas as horas te adoro e obrigado por tudo, por tantas palavras amigas e ensinamentos e mesmo longe espero estar sempre perto. Minha antiga, mas sempre presente amiga Dra. Letícia Neves por seu apoio em todos os momentos e tuas palavras de sabedoria. ix Minhas amigas Biol. Raquel Oliveira e Dra. Simone Salamone vocês sempre serão uma voz amiga, que tenho saudade. Dra. Camila Both por sua confiança e amizade. Ao prof. Dr. Jose Luis Bezerra pela oportunidade dos seus preciosos ensinamentos e sempre com um sorriso no rosto e amizade no coração; A Dra. Edna Dora, por suas aulas tão agradáveis e por sua pessoa tão iluminada, sua serenidade. Vocês Edna e Bezerra foram e sempre serão grandes mestres para mim, exemplos de grandeza e humildade. (Só por vocês valeu apena vir de tão longe) Obrigado por tudo! Aos meus irmãos de coração Bianca Cintra Gomes (Bi) e Samuelzinho, Samuel Carvalho! E suas famílias tão especiais. Vocês dois, meus parceiros companheiros de viagem... em todas as horas... Adoro vocês do fundo da alma! Vou levar vocês para sempre no coração, pessoas tão iluminadas e especiais! Agradeço do fundo do coração por tudo que vocês fizeram!e por Deus ter colocado vocês em minha vida. Ao centro Messiânico – Johrei Center de Ilhéus, que me receberam com muito carinho, principalmente na pessoa da Ministra Meire, com sua luz divina e palavras de sabedoria. Ao Centro Espírita Lar de Jesus de Porto Alegre, pelo apoio em orações, principalmente ao Diretor da Casa Sr. Jose que sempre com suas sabias palavras e carinho. Ao Grupo de estudos Holístico- Centro Luxor de PoA , aos amigos Marion, Daniel , Marcelo e Carla, Clair e Letícia por sua valiosas orações e carinho. x Enfim ao meu companheiro Dr. Mirco Solé pelo apoio e amizade e por ter ficado com a Giulia aos finais de semana enquanto eu vinha para o laboratório e tantas outras loucuras que me ensinaram muito, mas principalmente por te me trazido a Ilhéus, afinal aqui fiz grandes amizades . Muito obrigado por tudo. Também não poderia deixar de agradecer aqueles amigos que sempre estiveram em meu lado, fies e companheiros, me aceitando do jeito que sou por sua infinita bondade estes animaizinhos que tem tanto a nos ensinar... Amos vocês BIBI, BINDI e POPO. E novamente obrigada infinitamente! A todos os amigos que trago no coração! xi Agradecimentos A UESC e ao Programa de Pós-graduação de Biologia e Biotecnologia de Microrganismos pela oportunidade; A FAPESB pela concessão da bolsa de mestrado; Aos meus orientadores Dra. Cristina Pungartnik e Dr. Martin Brendel, pelo convite em trabalhar com vocês e oportunidade. Ao grupo do laboratório GENOTOX ROYAL da UFRGS que me receberam muito bem, obrigado por tudo mesmo, Miriam, Jaqueline, Izabel, Dinara, Márcia e ao Prof. Dr. João Antonio Pegas Henriques em especial por ótimos conselhos. Meus sinceros Agradecimentos a Banca Examinadora, Dra. Roueda Said, Dr. João Dias e Dr. Rafael Roehrs pelas importantes contribuições na melhoria e finalização deste trabalhos. A Dra. Aline Silva pela amizade e ótimos conselhos, pelo apoio em todas as horas. À Dra. Ana Paula T. Uetanabaro pela amizade, ensinamentos e pela gentileza do dia a dia obrigado mesmo pela força e a Dra. Raquel Rezende e Dra. Carla Romano pelo apoio aos nossos projetos pela disponibilidade sempre. A minha querida amiga a Dra. Maisa por nossas conversas incansáveis, pela amizade verdadeira e banhos de cachoeira gelado! Aos meus colegas do Laboratório de Fungos, pelo dia a dia, das semanas de lavagem e as brincadeiras do final do dia. A Rebeca, Givaldo, Gabi, Samuel, Neide, Sonia, Diego, Aninha, valeu a parceria. Em especial a minha colega Ingrid, tantas conversas obrigado pela amizade e carinho. xii A todos os meus colegas do PPGBBM pelo companheirismo, Adriane, Cintia e Tercia, em especial minha queridas amigas Gilvia e Renata e Flamélia companheiras sempre ali para ouvir, obrigado. . Em especial a Gilvia grande amiga um ser iluminado que tive a honra de conhecer, obrigado por tudo. Aos meninos do PPGGBM, pois, queridos amigos e companheiros também nos momento de descontração, beijão pra vocês Pedrinho, Lucas, Leo... Aos meus amigos dos outros laboratórios, sempre tão queridos Andre, Juliano, Gileno,Tiago valeu a descontração nos corredores, a todos A minha querida amiga Cristiane Souza que mais que uma técnica, foi sempre uma pessoa prestativa comigo, uma amigona, valeu querida. Aos funcionários da Gerlab e também do centro de Biotecnologia! Principalmente Katinha. Ao pessoal de todos os laboratórios do Centro de Biotecnologia, pelo convívio o “Bom dia” mais um dia para a chibata! Em especial Fabiana e Heliana que sempre tão queridas comigo! As meninas Dai, Sarinha, Marla, Dani e a todas, valeu mesmo o apoio. Aos meus vizinhos de laboratório do lab. de Biotecnologia de Micro-organimos, Bianca, Ricardo, Ana e a todos valeu a troca de sais, e as conversas descontraídas. A Cacilda (Cacá) que foi sempre uma pessoa maravilhosa e fazendo sua comidinha tão boa, as meninas do café e o tio Sandro do bar, sempre tão gentis. Ao NBCGB aos professores que nos cederam às salas, aos funcionários! Muito obrigado mesmo! Em especial ao Duca que sempre me socorreu com estas maquininhas e a Janete, sempre querida e disposta. A secretaria, Rose por sua dedicação e paciência e acima de tudo por sua gentileza mesmo em dias estressantes, muito obrigado. xiii Ao pessoal da consultoria e trabalhos em campo, valeu às conversas descontraídas e as emoções de andar no mato a noite e ver os tamanduás! Também aos ex-colegas de inglês Iuri e Deyna, valeu as conversas e a amizade. Aos amigos recentes que fiz nesta cidade a Natacha, pela amizade sincera. Aos professores Martin Alvarez, Ana Schilling, Márcia Rocca, Daniela Talora, Erminda, Helena Costa, Romari , Alexandre S. , Marcio Costa, Fabio F. e tantos outros a qual me receberem tão bem nesta terrinha, muito obrigado. E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma, Perdoem-me... se esqueci de citar alguém , mas sintam-se agradecidos! MUITO OBRIGADO DE CORAÇÃO A TODOS... xiv SUMARIO LISTA DE FIGURA xx LISTA DE TABELAS xxii LISTAS DE ABREVIATURAS xxiii I - RESUMO xxiv II - ABSTRACT xxvi 1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA 1.1 2 PLANTAS MEDICINAIS E SEU USO TRADICIONAL 4 Conceitos e legislação aplicados as plantas medicinais 1.2 FAMILIA FABACEAE ( LEGUMINOSAE) 8 1.2.1. A PLANTA Cassia alata 8 Nomes e origem; Composição química; Uso medicinal tradicional; Atividade antibacteriana, antifúngica, antiinflamatória e antioxidante de extratos e compostos isolados da C. alata; 1.2.2. A PLANTA Cajanus cajan 13 Nomes e origem; Composição química; Uso medicinal tradicional; Atividade antioxidante e outras aplicações 1.3. POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PRINCÍPIOS ATIVOS 16 1.3.1 17 ESTRESSE OXIDATIVO E DEFESAS ANTIOXIDANTES RADICAIS LIVRES; Espécies reativas de Oxigênio (ERO); Estresse oxidativo; Lipoperoxidação; Doenças associadas aos radicais livres; Antioxidante. 1.3.2. SISTEMAS DE DEFESA ANTIOXIDANTES ENZIMÁTICOS E NÃO ENZIMÁTICOS 23 Defesas antioxidantes enzimáticos; Enzima Superóxido Dismutase (SOD); Enzima Catalase (CAT); Enzima Ascorbato Peroxidase (APX); Glutationa peroxidase (GPx) Defesas antioxidantes não enzimáticos: Glutationa (GSH) e Glutationa Redutase (GR); Vitaminas; Ubiquinonas 1.4 AVALIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS ATIVOS DE ORIGEM EM PLANTAS 1.4.1 ENSAIOS BIOLÓGICOS 1.4.2 ENSAIOS BIOLÓGICOS UTILIZANDO O ORGANISMO PROCARIOTO Salmonella typhimurium: O TESTE SALMONELLA/MICROSSOMA 1.4.3 ENSAIOS BIOLÓGICOS UTILIZANDO O ORGANISMO 29 30 34 37 EUCARIOTO Saccharomyces cerevisiae 41 2. OBJETIVOS 43 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 MATERIAL VEGETAL: PREPARAÇÃO DOS EXTRATOS DAS PLANTAS 3.2 MEIOS DE CULTURA, SOLUÇÕES E TAMPÕES 3.3 Atividade antioxidante usando levedura SACCHAROMYCES CEREVISIAE 3.4 Avaliação de seguridade via ensaio de genotoxicidade e Mutagenicidade 3.4.1 Avaliação da Atividade Mutagênica e citotóxica - Teste de Ames - Bactéria SALMONELLA TYPHIMURIUM xviii 3.4.2 Avaliação da MUTAGENICIDADE E genotoxicidade com Levedura SACCHAROMYCES CEREVISIAE – XV185-14c 4. RESULTADOS 59 4.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE COM Saccharomyces cerevisiae 4.1.2 Experimentos de Sobrevivência e Avaliação do Potencial Antioxidante com Saccharomyces cerevisiae 4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MUTAGÊNICA E GENOTÓXICA 4.2.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MUTAGÊNICA PELO ENSASIO Salmonella/microssoma – Teste de Ames 4.2.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GENOTOXICA E ANTIGENOTOXICA COM Saccharomyces cerevisiae XV 5. DISCUSSAO 78 6. CONCLUSÃO 92 7. PERSPECTIVAS 95 8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97 9. ANEXOS 121 Ensaio atividade antimutagênica utilizando o teste de Ames com extrato da Cassia alata xix LISTA DE FIGURA Introdução Figura 1: Naples Dioscurides, manuscrito de Dioscurides ''De Matéria Medica'',1480. 5 Figura 2: Foto da flor da Cassia alata (foto de H. Joseph). 8 Figura 3: Foto do feijão da Cajanus cajan (www. Tropicalforages.html). 13 Figura 4: Foto da flor do Cajanus cajan (foto de Andre Benedito). 14 Figura 5: Fonte geradoras de EROs (modificado de Younger, Healthier Skin, 1998). 20 Figura 6: Formação de radicais livres e mecanismos antioxidantes biológicos. Fonte: http://quimica.fe.usp.br/global/ca8/radica.htm 21 Figura 7: Esquema representativo dos mecanismos de defesa e fontes de EROS (Bioquímica 2005). 24 Figura 8: Foto placa de petry com Colônia de bactéria S. typhimurium 34 Figura 9: Foto das células em divisão da levedura S. cerevisiae (foto Dennis Kukel, 2004). 37 Figura 10: Crescimento celular da levedura S. cerevisiae (Adaptado de FUGE e WERNER,1997). 39 Material e Métodos Figura 11: Representação esquemática da seqüência do teste em gota ou teste de sobrevivência. 52 Figura 12: Representação esquemática do teste de Ames (modificado pelo autor, baseado em MARON & AMES, 1983; MORTELMANS & ZEIGER, 2000). 55 Figura 13: Representação esquemática do teste de mutagênese e antimutagênese utilizando a linhagem XV da levedura S. cerevisiae 57 Resultados Figura 14: Foto das placas do Ensaio em Gota- sensibilidade das linhagens XV 18514c, XS 2316, By10.000, W303 e N123 frente ao extrato aquoso de C. alata das folhas extrato galhos (adicionado ao meio de cultura em xx 60 concentrações de B- 50 mg/mL, C- 100 mg/mL e D- 200 mg/mL Figura 15: Foto das placas, Teste em Gota- sensibilidade das linhagens XV 185-14c, XS 2316, By10.000, W303 e N123 frente ao peróxido de hidrogênio. Acontrole sem peróxido de hidrogênio; B- com adição de peróxido de hidrogênio a 1mM; C- peróxido de hidrogênio a 2mM e D- peróxido de hidrogênio a 4mM. 61 Figura 16: Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré-tratamento. 64 65 Figura 17: Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré-tratamento. Figura 18: Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E,F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré- tratamento. 66 Figura 19:. Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E,F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré-tratamento. 67 Figura 20 Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E,F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ pré-tratamento com extrato ; □ sem pré-tratamento. 68 Figura 21: Citotoxicidade do extrato de Cajanus cajan; linhagem de S. cerevisiae (WT), WT s/t : sem tratamento do extrato; WT c/t: com tratamento do extrato nas dosagens (50mg/mL, 40mg/mL, 30mg/mL, 15mg/mL, 10mg/mL, 5mg/mL) frente ao peróxido de hidrogênio (Controle,2,3,4,5,6,7mM); ensaios e triplicata de 3experimentos independentes. 70 xxi LISTA DE TABELAS Material e métodos Tabela 1: Linhagens da bactéria S. typhimurium utilizadas neste trabalho 48 (MARON & AMES, 1973). Tabela 2: Linhagens de S. cerevisiae utilizadas neste estudo 53 Resultados Tabela 3: Avaliação da Atividade mutagênica do extrato de C. alata (folha) sem 72 metabolização (-S9). Tabela 4: Avaliação da Atividade mutagênica do extrato de C. alata (folha) com 72 metabolização (+S9). Tabela 5: Avaliação da Atividade mutagênica do extrato de C. alata (galho) sem 73 metabolização (-S9). Tabela 6: Avaliação da Atividade mutagênica do extrato de C. alata (galho) com 74 metabolização (+ S9). Tabela 7: Avaliação da Atividade mutagênica do extrato de C cajan sem 75 metabolização (-S9). Tabela 8: Avaliação da Atividade mutagênica do extrato de C cajan sem 76 metabolização (+S9). Tabela 9: Efeito do pré-tratamento com extrato da Cassia alata (folha) e (galho), frente ao H2O2 nas linhagens de S. cerevisiae XS xxii 77 LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 1 O2 oxigênio singlete APCI-MS. espectrometria de massa APX ascorbato peroxidase APX Enzima Ascorbato Peroxidase CAT Cd Cu DC ERO Fe GPX (GSH) catalases cadmo cobre dicotiledônea Espécies reativas de Oxigênio ferro glutationa peroxidase Glutationa GR glutationa redutase H2O2 Hg HO2● HOCL HPLC-UV (peróxido de hidrogênio) mercurio radical hidroperóxido ácido hipocloro cromatografia líquida de alto desempenho acoplada a luz ultravioleta manganês níquel Oxido nítrico radical óxido nítrico radical dióxido de nitrogênio MOLECULA DE OXIGENIO ânion superóxido Ozônio radical hidroxila radical peroxinitrito chumbo o radical alcoxil o radical peroxil superóxido dismutase zinco Mn Ni NO NO● NO2● O2 O2 O3 OH● ONOO Pb RO ROO SOD Zn WTs xxiii Universidade Estadual de Santa Cruz Dissertação, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia e Biotecnologia de microorganismos. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO E ANTIOXIDANTE DAS PLANTAS Cassia alata E Cajanus cajan CARDOZO, T. R.; PUNGARTNIK C.;BRENDEL, M. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito mutagênico, genotóxico e antioxidante, de duas espécies de plantas da família das Fabaceae Cassia alata e Cajanus cajan, conhecidas por sua atividade medicinal. Investigou-se a ação do efeito dos extratos aquoso de Cassia alata (folhas e galhos) e o extrato metanólico das folhas do Cajanus cajan, no potencial de induzirem mutação e citotoxicidade ou atuarem como pro-oxidantes, contra danos induzidos ao DNA, utilizando levedura S. cerevisiae deficientes e proficientes em mecanismos de defesa antioxidante, (sod1∆, sod2∆,yap1∆, cat1∆, ctt1∆, sod1∆/ctt1∆, sod1∆/cat1∆, cat1∆ ctt1∆, WT, N123, XV and W303) usadas para comparar a ação de agentes que atuem no sistema redox da célula, e linhagem haplóide para avaliar o perfil mutagênico e antimutagênico dos extratos; e a mutagênese e citotoxicidade com Salmonella typhimurium no ensaio Salmonella/microssoma. As concentrações dos extratos nas dosagens maiores as plantas mostraram efeito citotóxico. Os extratos da Cassia alata mostraram efeito protetor em células pré-tratadas com extrato em linhagens de S. cerevisiae deficientes em sistemas antioxidantes, reduzindo o efeito da peroxidação induzida pela ação do peróxido de hidrogênio. O extrato de C. cajan também mostrou efeito protetor em células pré-tratadas para a linhagem selvagem em dosagens menores. Nos ensaios com a linhagem haplóide XV, o extrato de C. alata diminui a taxa de mutagênese induzida pelo peróxido e melhorou a sobrevivência. No teste Ames o extrato de C. alata não induziu mutação para as linhagens TA98, TA1535, TA98 e TA100, em ensaios sem e com metabolização hepática, e o extrato de C. cajan somente mostrou atividade positiva para mutagênese nas linhagens TA97 e TA1535 sem metabolização hepática. Com estes dados pode-se concluir que os extratos xxiv possuem propriedades antioxidantes que podem estar relacionadas aos seus metabólitos como flavonóides e polifenóis que estejam agindo e interagindo como protetores de danos oxidativos as moléculas e ao DNA. Palavra chave: Teste Ames, Salmonella/microssoma, Salmonella typhimurium, Saccharomyces cerevisiae, plantas medicinais, mutagenecidade xxv Universidade Estadual de Santa Cruz Dissertação, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia e Biotecnologia de microorganismos. EVALUATION OF THE GENOTOXIC AND ANTIOXIDANT POTENTIAL OF THE PLANTS Cassia alata AND Cajanus cajan CARDOZO, T. R.; PUNGARTNIK C.;BRENDEL, M. ABSTRACT The present study evaluated the antioxidant, cytotoxic and mutagenic properties of Cassia alata and Cajanus cajan, both belonging to the Fabaceae family. We analyzed aqueous extracts of C. alata (branches and leaves) and metanolic extracts of Cajanus cajan. The potential mutagenic and recombinogenic effects and cytotoxic and antioxidative properties were tested by using Saccharomyces cerevisiae strains proficient and deficient in antioxidant defenses, sod1∆, sod2∆, yap1∆, cat1∆, ctt1∆, sod1∆/ctt1∆, sod1∆/cat1∆, cat1∆ ctt1∆, WT, N123, XV and W303, when exposed to H2O2 [Ø,2,3,4,5,6,7 mM ]. We also analyzed the mutagenic activity using the Salmonella typhimurium assay TA100 ,TA98, TA 1535 and TA97a strains. Results showed that the extract of C. alata in strains haploid S. cerevisiae had a protective effect against H2O2, as the double mutants sod1∆ ctt1∆ and sod1∆ cat1∆ were more sensitive when compared to the respective WT. This suggested a role in plant oxidative stress responses. C. cajan showed cytotoxic effects in highest dose and antioxidant effects. It was also shown that none of the aqueous fractions was mutagenic in Salmonella typhimurium strains TA98, TA100, TA 1535 and TA 97, with or without metabolic activation; although both in highest dose had cytotoxic effects. Cajanus cajan extracts showed mutagenic effects in strains TA 97a and TA1535 in highest doses without metabolic activation. The nature of the protective effect of these extracts may result from their antioxidant activity and by stimulating DNA repair as observed in genotoxic assays. In conclusion, the extracts showed excellent antioxidant effects against H2O2-induced oxidative DNA damage, which could be correlated with various antioxidant compounds xxvi present in the plant, molecules like flavonoids and polyphonies which could be involved in these effects. Key works: Ames Test, Salmonella/microssoma, Salmonella typhimurium, Saccharomyces cerevisiae, medicinal plants, mutagenicity xxvii INTRODUÇÃO 1 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. INTRODUÇÃO Desde os primórdios dos tempos a sociedade humana tem se utilizado das plantas para diferentes propósitos, sendo um deles o uso terapêutico. Ao longo dos tempos, a informação do potencial das plantas como fonte alternativa para diversos fins têm sido passada por gerações (SIMÕES, 1999). No Brasil, a utilização das plantas medicinais teve influência dos povos indígenas e dos primeiros colonizadores do continente (SIMÕES, 1999, LOPES et al., 2000). Visando o desenvolvimento de novos fármacos (antibacterianos, antifúngicos e anticarcinogênico) advindo de plantas, pesquisas buscam isolar e purificar os compostos responsáveis pelas atividades terapêuticas (LOPES et al., 2000; MACIEL et al.,2002). A partir desta identificação, há a possibilidade de que estes compostos sirvam como modelo para o desenvolvimento de novas moléculas (FARNSWORTH et al., 1985; CALIXTO et al., 2000; MACIEL et al., 2002; ELISABETSKY et al., 2003; BUTLER, 2004). A busca por novos compostos pelas indústrias vem da necessidade de descobrir substâncias mais eficientes para o combate a um numero de diferentes doenças ou de amenizar os efeitos colaterais observados na substância primária (VORAVUTHIKUNCHAI et al., 2005). Devido à grande biodiversidade de espécies de plantas e biomas, ainda pouco se sabe sobre o aspecto fitoquímico e o potencial farmacológico das espécies botânicas do Brasil. (LOPES et al., 2000), Mais de 100.000 espécies vegetais estão catalogadas, mas somente 8% dessas plantas foram estudadas quanto as suas propriedades químicas e terapêuticas (ALVES et al., 2000; SUZUKI et al., 2002). A utilização de plantas medicinais no Brasil tem aumentado, no entanto informações sobre seus mecanismos farmacológicos ainda é escassa, e o fato das florestas ou biomas estarem continuamente sendo devastados coloca em risco estes conhecimentos (SCHULTES, 1962). Tem se verificado o potencial dos metabólitos ou princípios ativos como flavonóides, polifenoís, fenóis, antraquinonas, ácidos fenólicos, carotenóides, taninos, alcalóides e sua aplicabilidade para atividades antimicrobianas, antifúngica 2 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA e antioxidante (SCALBERT,1991; HANASAKI et al.,1994; CAO et al., 1997; ARUOMA ,1998, 2003; CAI et al., 2004; CUSHNIE et al., 2005). A ação antimutagênica destes compostos, metabolitos também são reportados que podem atuar como protetores de danos celulares, diminuindo a freqüência de danos moleculares e aumentando a eficiência dos mecanismos de reparo do DNA, (MARON & AMES, 1983; BEUDOT et al.,1998; MANN, 2002; KRISETHERTON et al., 2002; SURH & FERGUSON, 2003); assim como o potencial anticarcinogênico (GOGGELMANN, et at., 1986; MACGREGOR & WILSON,1988; CRAGG & NEWMAN, 1999; LIAO et al., 2004). Mesmo plantas que apresentam substâncias tóxicas em seus constituintes, podem ter potencial benéfico ou protetor aos danos moleculares, a depender da dose (antimutagênico-antigenotóxico) (MACGREGOR & FRIEDMAN, 1977; MACGREGOR, 1984; 1986; MACGREGOR et al., 1989; YEN & CHEN, 1995). Vários modelos têm sido propostos para avaliar a atividade biológica de uma substância teste. Ensaios biológicos in vitro foram incorporados junto aos modelos in vivo utilizados nos ensaios toxicológicos. Estes ensaios in vitro possibilitaram uma primeira perspectiva das amostras em curto período de tempo, fornecendo os primeiros indícios da potencialidade dos compostos ou princípios ativos (NISBET et al., 1997; HOUGHTON, 2000). Ensaios genotóxicos e mutagênicos utilizando diferentes organismos (procariotos, como as bactérias, e eucariotos, como as leveduras) têm auxiliado a elucidar o potencial carcinogênico e citotóxico das substâncias, efeito dose-resposta (MARON & AMES, 1983; MOODY et al., 1999; MORTELMANS & ZEIGER, 2000; HARTMANN et al., 2001; HARTMANN et al., 2003). O presente estudo objetivou analisar a atividade mutagênica, citotóxica, genotóxica e antioxidante das plantas medicinais Cassia alata e Cajanus cajan., Estas plantas, utilizadas para o tratamento de várias enfermidades e também para finalidades alimentícias, como o caso do Cajanus cajan. Exemplifica-se a importância de estudos com plantas medicinais envolvendo a etnobotânica e a aplicabilidade em ensaios biológicos, como ferramenta na análise para a segurança de seu uso como um fitoterápico. Verifica-se 3 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA dessa forma, a importância dos estudos sobre os riscos e benefícios do uso das plantas medicinais e suas futuras aplicações. 1.1 PLANTAS MEDICINAIS E SEU USO TRADICIONAL Uma das primeiras descrições da utilização das plantas com fins medicinais vêm do primeiro tratado médico egípcio, o famoso papiro desde os tempos de Ramsés II, da XVIII dinastia, descoberto, decifrado e publicado em 1873 pelo egiptólogo alemão Georg Ebers (VILELA, 1977). Em 1895, Harshberger conceituou o termo etnobotânica como sendo o estudo de plantas usadas por povos primitivos e aborígines, veio a acrescentar o conhecimento e a importância das plantas nas diferentes culturas. Este conceito veio a ser ampliado por JAIN et al.(1991) e MING et al.(2002), abrangendo os aspectos da relação do ser humano com as plantas, seu uso material, uso cultural como símbolos de culto, folclore, tabus e plantas sagradas ( Figura 1). Um dos trabalhos a relatar a utilização de espécies de plantas por antigas civilizações foi o estudo de MONTELLANO (1975). Este autor reporta a utilização da espécie Cassia alata por povos Astecas, evidenciando a utilização das plantas como medicamento fitoterápico desde os primórdios das primeiras civilizações das Américas. Também foi descrita a utilização da Cassia alata e Cajanus cajan ao longo dos séculos na medicina tradicional chinesa e indiana (CHOPRA et al.,1986;KIM et al., 1994). O conhecimento popular de plantas medicinais tem sido consolidado através de diferentes literaturas (PESSINI et al., 2003). No século XX, o conhecimento das farmacopéias tradicionais como fonte de tratamentos acessíveis e eficientes impulsionou a farmacognosia (ELVIN-LEWIS, 2001). 4 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FIGURA 1: Naples Dioscurides, manuscrito de Dioscurides ''De Matéria Medica'‘, 1480 (Dioskurides: codex neapolitanus: Napoli, Biblioteca nazionale) A farmacognosia abrange uma larga série de estudos envolvendo princípios biologicamente ativos obtidos a partir de plantas, fungos ou outros animais, incluindo o uso etnobotânico, até o isolamento de princípios ativos. Procura-se a elucidação da estrutura dos princípios ativos, e seus mecanismos de ação de biologicamente ativos. Conceitua-se Farmacognosia como "o estudo das matérias-primas e substâncias com propriedades terapêuticas obtidas de vegetais, animais ou por fermentação a partir de microrganismos“ onde Cordell (1993) resume a Farmacognosia numa simples frase, "O estudo dos produtos naturais biologicamente ativos" (CORDELL, 1993). Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO), cerca de 60-80% da população dos países em desenvolvimento, utiliza de plantas como alternativa de tratamento para cuidar de sua saúde, devido à pobreza e falta de acesso à medicina alopática (WHO, 2006). Além do uso pela medicina tradicional, as propriedades terapêuticas das plantas medicinais também despertam interesse entre as indústrias farmacêuticas. 5 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Segundo dados do Departamento de Comércio Exterior, em 1998 o Brasil tornou-se um bom fornecedor de matéria prima exportando mais de 2.842 toneladas de plantas medicinais, sendo os estados do Paraná, São Paulo, Bahia. Maranhão, Amazonas, Pará e Mato Grosso os maiores exportadores, para diferentes países europeus, asiáticos e EUA. A indústria de produtos fitoterápicos tem apresentado, em geral, um crescimento anual de 25% em seus lucros (FETROW & AVILA, 2000). Além disso, o desenvolvimento de um fitoterápico pode ser obtido com custos menores que um fármaco sintético (YUNES et al., 2001). Nos EUA, por exemplo, aproximadamente 25% das prescrições contêm compostos originados de plantas (YAMADA, 1998). Em Cuba, a rica flora do país permite vasta tradição no uso de fitoterápicos (VIZOSO et al., 2002). Na Alemanha vem mantendo sua posição como um dos s maiores mercados mundiais de drogas de origem vegetal (FETROW & AVILA, 2000). No Brasil em 2000 as vendas de fitoterápicos aumentaram 15%, em comparação a 4% dos medicamentos sintéticos (IBAMA, 2003). Conceitos e legislação aplicados as plantas medicinais Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão regulamentador e responsável pela normatização dos medicamentos fitoterápicos no Brasil definiu-se como fitoterápico “todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico, com benefício para o usuário”. (ANVISA, 1995). A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou como planta medicinal, sendo “todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos. Fitofármaco seria a substância ativa, isolada de matérias-primas vegetais ou mesmo, mistura de substâncias ativas de origem vegetal (SCHENKEL et al.,2000). 6 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Esta diferença entre fitoterápico e planta medicinal é caracterizada pelo conhecimento da eficácia e dos riscos do seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (SCHENKEL et al.,2000). No Brasil, a legislação vem sendo modificada em relação aos medicamentos fitoterápicos. A Portaria n. 6 de 1995, estabeleceu normas e diretrizes para a regulamentação destes medicamentos para as indústrias. Em 2004, uma nova portaria intensificou os requisitos para a seguridade destes fitos medicamentos (ANVISA 2004). O reconhecimento da farmacopéia tradicional, como alternativa de tratamento acessível e eficiente, comparado aos tratamentos com medicamentos alopáticos, tornou a sociedade consumidora mais exigente e até mesmo consciente de que, em muitos casos, os medicamentos alopáticos são de alguma forma baseados em produtos naturais ou derivados de diferentes espécies vegetais ( VEIGA et al., 1997). Neste sentido, 50 % das novas moléculas introduzidas no mercado farmacêutico, entre 1981 e 2000, foram oriundas de produtos naturais, ou análogos (NEWMAN et al., 2000). Mundialmente 11% dos 252 medicamentos considerados essenciais pela OMS são derivados exclusivamente de plantas (RATES, 2001), sendo de grande valia estudos com plantas medicinais e a identificação de substâncias bioativas, para a saúde pública. A organização Internacional de Conservação da Natureza, a International Union for Conservation of Nature and Natural Resourses (IUCN) e a World Wide Found for Nature (WWF) divulgou que cerca de sessenta mil espécies de plantas superiores estarão extintas, até a metade desse século. Fato que demonstra que muitas dessas espécies vegetais poderão ser perdidas antes mesmo de terem suas propriedades químicas e biológicas estudadas (ETKIN, 1998). 7 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.2 FAMILIA FABACEAE ( LEGUMINOSAE) No Brasil, a maior parte das espécies da família Fabaceae é conhecida por ser utilizada com finalidade terapêutica e como alimento. Desse modo, há uma crescente necessidade de mais estudos fitoquímicos com essas espécies (DAVID & SANTOS, 2003). As plantas Cassia alata e Cajanus cajan pertencem a família Fabaceae, que possui distribuição cosmopolita, e possui 3 subfamílias, 650 gêneros, e aproximadamente 1800 espécies, representando uma das maiores famílias das Angiospermas e uma das principais no sentido econômico, sendo que no Brasil há registro de 200 gêneros e 1500 espécies ( IRWIN, 1964; SILVA, 1976; BASTOS, 1996). 1.2.1. A PLANTA Cassia alata A planta Cassia alata utilizada neste estudo pode ser caracterizada segundo alguns aspectos referentes a sua nomenclatura e origem, bem como sua utilização na medicina popular e sua características referentes ao seus compostos ativos e suas aplicabilidades em diferentes estudos. FIGURA 2. Foto da flor da Cassia alata (fotógrafo H. Joseph). 8 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NOMES E ORIGEM A Cassia alata descrita por Linneus em 1780, (Linn) também conhecida pelo sinônimo cientifico Senna alata (L.) Roxb. (Fig. 2) pertence a família Fabaceae, subfamília Caesalpinioideae. Nativa da América Central é originária e cultivada desde os Estados Unidos da América até a Argentina (IRWIN & BARNEBY, 1982). Introduzida em diversos países tropicais, estabeleceu-se com sucesso, possuindo mais de 500 espécies descritas (JOLY, 2002). Conhecida popularmente como candelabro, fedegoso, fedegoso gigante, sene ou mata pasto, está distribuída em todo o território brasileiro (JOLY, 2002). COMPOSIÇÃO QUIMICA HAUPTMANN & NAZARIÔ, em 1950 foram uns dos primeiros pesquisadores a avaliar o extrato metanólico e aquoso das folhas da espécie Cassia alata, relataram a predominância de antraquinonas e o metabólito Rhein. Os compostos químicos predominantes em diferentes partes dessa plantas são as antraquinonas e flavonóides, bem com alcalóides, lecitinas, saponinas, glicosídeos e estrogênios (VILLAROYA & BERNAL-SANTOS 1976; SMITH et. al. 1979; LEEUWENBERG, 1987;CLEMENT et al., 2007). O óleo essencial das folhas da C. alata, quando submetido a cromatografia gasosa (GC/MS) possui diferentes componentes: 23.0% linalol, 8.6% borneol, 9.3% também chamado de álcool bornílico, penta decanol e 5.9% de α-terpineol (AGNANIET et al., 2005). As substâncias rhein e Aloe-emodina, camferol, quecertina também foram reportadas nos trabalhos de MORIYAMA (2001, 2003) e FERNAND et al. (2008), estes compostos estão representados a sua formulação química abaixo . 9 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Rhein Aloe-emodina FERNAND et al., (2008), isolaram compostos menores como cássia xantonas, dalbergia e 2,6-dimetox benzoquinona por cromatografia líquida de alto desempenho acoplada a luz ultravioleta (HPLC-UV) e espectrometria de massa APCI- MS USO MEDICINAL TRADICIONAL Diferentes autores reportam a sua utilização para tratar diversas enfermidades (SINGH, 1986). Suas folhas são usadas para tratar problemas no sistema digestório como, constipação, problemas hepáticos (GIRÓN et al., 1991; CLEMENT et al., 2007), e tratar infecções estomacais (GIRÓN et al., 1991; MAGASSOUBA et al., 2007). Também são utilizadas para casos de dermatites micóticas e herpéticas (GUPTA & SINGH, 1991; GIRÓN et al., 1991, LONGUEFOSSE & NOSSIN, 1996; AJIBESIN et al., 2008), para combater Malária (GIRÓN et al., 1991), além de ser utilizado como anti-séptico e contra problemas de diabete (HENNEBELLE et al. 2009), como tônico (KIRTIKAR & BASU, 1975). Atualmente, existem diferentes patentes registradas para extratos da Cassia alata por pesquisadores americanos e europeus, para aplicabilidades cosméticas, antifúngicas e antibacterianas, sendo utilizadas partes diferentes da planta para o isolamento de compostos ativos como camferol, o a que vêm fortalecer estudos mais aplicados com plantas no intuito de verificar diferentes utilizações na 10 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA indústria farmacêutica e cosmética (WAKABAYASHI et al., 2002 ; BARDEY et al., 2004). Essas substâncias são de interesse para a indústria farmacêutica dada sua atividade antiinflamatória e antifúngica (PALANICHAMY & NAGARAJAN, 1990). ATIVIDADE ANTIBACTERIANA, ANTIFÚNGICA, ANTIINFLAMATÓRIA E ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS E COMPOSTOS ISOLADOS DA C. alata Vêm sendo relatado por alguns autores o potencial antifúngico e antibacteriano (IBRAHIM & OSMAN, 1995; RANGANATHAN & BALAJEE, 2000; SOMCHIT et al., 2003; CHOMNAWANG et al., 2005). A atividade de antraquinonas, em especial Aloe-emodina foi relatado a eficácia como antifúngico para dermatófitos (Trichophyton rubrum, Trichophyton mentagrophytes e Epidermophyton floccosum) por FUZELLIER et al., (1982) e PALANICHAMY et al. (1990). ALI-EMMANUEL et al., (2003) testou a eficiência dos extratos nas lesões crônicas e agudas de dermatofitose bovina (Dermatophilus congolensis), utilizando extratos etanólicos das folhas junto com as folhas de Lantana camara e Mitracarpus scaber no tratamento das lesões. Os resultados mostraram diminuição das lesões severas e a erradicação total das lesões menos graves. ALI et al.(1999) analisaram a eficiência dos extratos metanólico e extratos hexânicos, em inibir o crescimento de dez microorganismos (Bacillus cereus, Corynebacterium diptheriae, Escherichia coli, Shigella sonii, Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhi, Shigella boydii., Staphylococcus aureus, Staphylococcus pyogenes) e verificaram em seu trabalho que o extrato metanólico foi mais eficiente, inibindo 100% o crescimento do Staphylococcus pyogenes e Corynebacterium diptheriae. KHAN et al., (2001), analisaram a atividade antimicrobiana de vários extratos da planta (flores, folha, casca do caule e casca da raiz) em 28 microorganismos (Bacillus cereus, B. coagulans, B. megaterium, B. subtilis, Lactobacillus casei, Micrococcus luteus, M. roseus, Staphylococcus albus, S. aureus, S. epidermidis, Streptococcus faecalis, S. pneumoniae, S. mutans, Agrobacterium tumefaciens, Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes, Escherichia coli, 11 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Klebsiella pneumoniae, Neisseria gonorrhoeae, Proteus mirabilis, P. vulgaris, Pseudômonas aeruginosa, Salmonella typhi, S. typhymurium, Serratia marcescens e Trichomonas vaginalis), mostrando mais eficiência nos extratos das folhas e casca no teste de difusão em disco. Entretanto, IBRAHIM & OSMAN (1995) e PALANICHAMY et al., (1990) utilizando extratos etanólicos das folhas desta planta, não verificaram inibição do crescimento de bactérias (Staphylococcus aureus, Staphylococcus aureus ATCC 25922, Staphylococcus epidermidis, Escherichia coli (entopatogênica) , Escherichia coli ATCC 25923, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris, Klebsiella pneumoniae); leveduras (Candida albicans, Cryptococcus neoformans, Rhodotorula rubra), e fungos (Fusarium solani, Aspergillus niger, Cladosporium werneckii e Penicillium sp.). Foi verificada a ação fungicida para dermatófitos (Trichophyton mentagrophytes var. interdigitale, Trichophyton rubrum, Microsporum canis e Mcrosporum gypseum). MORIYAMA et al., (2003) avaliaram a atividade antiinflamatória dos extratos das folhas de C. alata utilizando ensaios com células de ratos Wistar. Em seus estudos observaram a inibição da entrada da concanavalina A, 5-lipooxigenase e (COX-1 e COX-2), mostrando que o extrato inibe a coagulação plaquetária. PANICHAYUPAKARANANT & KAEWSUWAN (2004) também acharam 9,99) nos extratos das folhas e flores de C. alata, utilizando atividade oxidante (ED 50 o ensaio de DPPH. SUGIHARA et al., (1999) mostraram que o camferol, um metabólito secundário, possui alta atividade antioxidante. Desta forma, devido à concentração de camferol ser maior na C. alata torna-se promissora a utilização desses extratos em doenças relacionadas aos danos vasculares. Para outras espécies do gênero Cassia (C. occidentalis, C. fistula, C. sophera, C. italica e C. pumila) também foram relatadas atividade ansiolítica (ALI et al., 1997) além de antiinflamatória e hepato-protetora (JAFRI et al., 1999). 12 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.2.2. A PLANTA Cajanus cajan A planta Cajanus cajan também está caracterizada segundo alguns aspectos referentes a sua nomenclatura e origem, a utilização na medicina popular e alimentícia, seus compostos ativos e suas aplicabilidades em diferentes estudos. FIGURA 3 : Foto do feijão de Cajanus cajan (www. tropicalforages) NOMES E ORIGEM A espécie Cajanus cajan (L.) Millsp1900, (Fig. 3 A e B e Fig. 4) também é conhecida por seus sinônimos Cajanus bicolour (DC), Cajanus indicus (Spreng), Cajanus flavus (DC) e Cytisus cajan (L.) [basionimia]. Ela é conhecida popularmente como guando, feijão-andu, andu, feijão guandu, guandeiro (Brasil), quinchoncho (Venezuela), frijol de árbol (México) ou Cumandái (Paraguai). Dentro da classificação botânica está inserida na família Fabaceae (alt. Leguminosae) subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae subtribo Cajaninae, gênero Cajanus. 13 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Originaria da África do Sul, está bem distribuída no território brasileiro, e pode ser encontrada também em outros países como Argentina, México, China, Cuba, Haiti, Índia, Malásia e Peru (SALUNKHE et al.,1986). Possui ampla adaptação a diferentes ambientes. São espécies arbustivas, com flores amarelas ou amareloavermelhadas, folhas trifoliadas, preferindo os climas quentes e úmidos, resistente à seca e ao frio (NENE et al., 1990). FIGURA 4: Foto da flor do Cajanus cajan (André Benedito) COMPOSIÇÂO QUIMICA LIN et al., (1990) e DUKER-ESHUN et al., (2002) avaliaram os constituintes químicos da planta Cajanus cajan, mostrando que é constituída principalmente por compostos polifenólicos, especialmente flavonóides, confirmado posteriormente por ZU et al., (2006) e luteína e epigenina (FU et al., 2006, 2008). USO MEDICINAL TRADICIONAL Esta planta é utilizada na medicina popular para o tratamento de diabetes, disenteria, hepatite e como antipirético (NENE et al., 1990; GROVER, et al., 2002), 14 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA contra afta e malária (LI et al., 2001) e em casos de doenças cardiovasculares (GHOSH & BISWAS, 1973). Esta planta também usada na alimentação humana, sendo nestes casos utilizado os grãos, que são fonte protéica, de cálcio, ferro, manganês e fósforo.Na alimentação animal onde é utilizada, é chamada de verde picado, fenação, silagem e pastejo, e também usada como adubo devido a sua capacidade de fixar o nitrogênio (SEIFFERT & THIAGO, 1983). ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E OUTRAS APLICAÇÕES RAO et al., (2000), experimento, avaliaram fatores em respostas ao estresse oxidativo em plantas de C. cajan expostas às altas concentrações dos metais zinco (Zn) e níquel (Ni), e verificaram que os íons dos metais induziram a altas concentrações enzimáticas de superóxido dismutase, alterando concentrações enzimáticas processos metabólicos, mas mostrando que a planta possui constituintes com capacidade antioxidantes, que a protegeram dos danos oxidativos pelo estresse causado por estes metais. Anteriormente RAO & SRESTY, (2000) verificaram as alterações das ultraestruturas das células, com a mobilização e translocação de suas reservas devido a exposição aos metais. WU et al., (2009) analisaram o potencial antioxidante dos extratos aquoso e etanólico das folhas e diferentes frações de flavonóides (ácido cajaninstilbene, pinostrobine, vitexine e orientine) com ensaio DPPH (ensaio fotocolorimétrico - 2,2difenil-1-picril-hidrazila) mostraram alta atividade antioxidante para as frações ácido cajaninstilbene e orientine. As frações etanólicas foram mais eficientes para análise de flavonóides totais. ESPOSITO AVELLA et al., (1991) submeteu ratos hiperglicêmicos ao tratamento com extrato aquoso de folhas e obteve diminuição dos níveis de glicose. Constatado posteriormente por AMALRAJ & IGNACIMUTHU (1998). 15 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.3. POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PRINCÍPIOS ATIVOS A biotecnologia é baseada na busca e descoberta de recursos biológicos industrialmente exploráveis, que tem em seu ápice o desenvolvimento de um produto comercial ou processo industrial (BULL et al., 2000). Avanços científicos e tecnológicos nos últimos anos, desencadeados pelos avanços em biologia molecular, genômica e bioinformática, vem proporcionando a exploração de recursos biológicos (BRUGGEMAN et al.,1998; BULL et al., 2000). Na biotecnologia as forças indutoras de desenvolvimento são a demanda econômica, direcionada pela indústria, políticas nacionais e internacionais, e a promessa de desenvolvimento industrial sustentável e utilização de recursos renováveis, ‘tecnologia limpa’ (BULL et al., 1998). Visando a prospecção e a validação terapêutica de novas substâncias que potencialmente possam colaborar no tratamento de doenças, estudos vêm sendo realizados na perspectiva de achar novos compostos mais eficientes, e transformar estas novas descobertas (moléculas) em um produto aplicável e com a possibilidade de sua patente (FARNSWORTH et al., 1985). A identificação dos constituintes químicos de uma planta medicinal constitui um passo indispensável para a compreensão do mecanismo de ação do princípio ativo. Aproveitado o conhecimento empírico da medicina popular, na escolha de plantas, que possam ter compostos promissores, estes conhecimentos vêm sendo um ótimo indicativo de espécies de plantas com potentes bio-ativos (ELISABETSKY, 2001; HOLETZ et al., 2002). Atualmente vêm se investigando antioxidantes naturais, como agentes protetores contra diversas doenças, principalmente a neurodegenerativas (MACHLIN et al., 1987; YEN et al., 1995; RICE-EVANS et al., 2001). As enzimas ou compostos antioxidante produzidos pelas plantas atuam como agentes protetores celulares e representam um importante papel contra espécies reativas de oxigênio (MACHLIN et al., 1987; CAI et al., 2004; BAYLIAK et al., 2006). 16 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.3.1 ESTRESSE OXIDATIVO E DEFESAS ANTIOXIDANTES RADICAIS LIVRES Para tentar compreender o potencial antioxidante das plantas, precisamos resgatar alguns conceitos e entendimentos dos radicais livres. Que são moléculas produzidas continuamente endogenamente durante os processos metabólicos e estão muito relacionados ao mecanismo de envelhecimento celular (HARMAN, 1995). Em organismos aeróbicos a produção de radicais livres podem ocorrer em diferentes etapas do metabolismo e principalmente durante a transferência de elétrons no processo de respiração intracelular,mais precisamente na mitocôndria (HALLIWEL & GUTTERIDGE, 2000). Os radicais livres são moléculas orgânicas e inorgânicas, molecular mente são átomos que contêm um ou mais par de elétrons que não estão emparelhados na última camada quântica eletrônica. Este fato de existir uma única molécula desemparelhada, classifica–o sendo um radical livre, que lhe confere alta reatividade química, como agente oxidante pela tendência em adquirir o segundo elétron para estabilizar o seu ultimo orbital (HALLIWELL et al., 1995) ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO (ERO) Apesar do oxigênio (O2) ser uma molécula extremamente importante na manutenção da vida e do metabolismo celular, 95% transforma-se em energia e 5% e transforma em espécies reativas de oxigênio (HALLIWELL, 2002). Devido à molécula de O2 ser altamente reativa, pode formar compostos quimicamente reativos as ERO. As ERO são moléculas altamente instáveis e atuam na transferência de elétrons em várias reações bioquímicas, onde estão incluídos o: ânion superóxido (O2●-); o radical hidroxila (OH●); o radical hidroperóxido (HO2●); o radical óxido nítrico 17 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA (NO●); e o radical dióxido de nitrogênio (NO2●); o radical alcoxil (RO); o radical peroxil (ROO); o radical peroxinitrito (ONOO) (JAMIESON et al., 1994). O ácido hipocloroso (HOCL), o oxigênio singlete (1O2), peróxido de hidrogênio (H2O2) e o ozônio (O3) não são considerados radicais livres. O H2O2 não possui elétrons desemparelhados na ultima camada, mas por participar da reação que produz OH● e H2O2 mesmo não sendo um radical livre, atua como um intermediário de reativos de oxigênio (HALLIWELL, 2001). O H2O2 pode migrar para áreas importantes da célula, alterando a conformação bioquímica (IZAWA et al., 1995), também está envolvido na resposta inflamatória, sendo produzido extracelularmente como parte da resposta imunitária inata, através da dismutação do anion superóxido, produzido via enzimática pela enzima NADPH oxidase (HALLIWELL, 2001). Em decorrência da desestabilização na ultima camada de elétrons do oxigênio (O2), formando desta maneira, radicais O2●- ; H2O2 e OH● inseridos na ativação de endonucleases podem gerar lesões em ácidos nucléicos bem como alterando as proteínas (HALLIWELL, 2001). Existem espécies reativas de nitrogênio (ERN) que participam da estrutura dos radicais livres como oxido nítrico (NO) (CANTERLE, 2005). O radical peroxil é um peróxido orgânico e reage com biomoléculas igualmente como o radical ٠OH, pode ser formado pela decomposição de peróxidos orgânicos (ROOH) (HALLIWELL, 2001). A difusão do radical OH●, está relacionada diretamente com seu tempo de reação, onde é facilmente formado a partir do H2O2, pela reação de Fenton, considerado altamente reativo em sistemas biológicos (FRIDOVICH, 1998). Um sistema contendo H2O2 e um sal de Fe (II) é capaz de oxidar diversas moléculas orgânicas, tendo sido o pesquisador Henry Fenton, o primeiro a notar seu comportamento frente à amostras de ácido tartárico. A oxidação de moléculas orgânicas pelo sistema de Fenton, onde diversas espécies oxidantes, entre elas estão envolvidas, principalmente o radical hidroxil, conforme a equação 1: 18 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A reação de Fenton ocorre quando o radical hidroxil é formado no momento que H2O2, reage com os íons de ferro (Fe) e cobre (Cu). Atuando paralelamente à reação de Fenton, traços de Fe (III) podem reagir com peróxido de hidrogênio especialmente se estiverem ligados a certos quelantes, embora esta seja uma reação mais lenta que aquela com Fe(II), conforme a equação 2: Na reação de Haber-Weiss, os íons de metais podem catalisar a reação entre o H2O2, e os superóxidos (SCHNEIDER et al., 2004). ESTRESSE OXIDATIVO O estresse oxidativo termo utilizado genericamente para associar estresse celular devido a geração excessiva de ERO em decorrência de algum desequilíbrio no sistema celular (CYRNE et al., 2003). E existências de diferentes fontes de ERO advêm de diferentes meios, sendo estes endógenos ou exógenos (Fig. 5). Nas células também pode ocorrer a produção de espécies reativas de oxigênio nos diferentes compartimentos celulares como mitocôndrias, reticulo endoplasmático, membrana plasmática, citosol e peroxissomos (ARUOMA, 1999). As ERO podem induzir danos nas biomoléculas, em ácidos graxos insaturados podem ocorrer a lipoperoxidação levando a quebra da cadeia carbônica e formação de aldeídos (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1990), sendo que as 19 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA proteínas podem sofrer oxidação e agregação protéica, e quebra de cadeias nos aminoácidos (HOFFMANN & MENEGHINI, 1979). Na mitocôndria a formação de ERO pode alterar o complexo I - NADHubiquinona e o complexo III - citocromo c, devido à perda natural de um elétron que ocorre nos complexos I e III da cadeia respiratória e no reticulo endoplasmático liso, quando ocorre a biotransformação de xenobióticos e a metabolização de compostos endógenos onde temos a formação das ERO (GRALLA & KOSMAN, 1992). A cadeia respiratória é a maior fonte de geração das ERO, estando a molécula do DNA mitocondrial (DNAmt) vulnerável aos danos mediados por estas moléculas, sendo a mitocôndria relacionada à carcinogênese devido ao seu papel na sinalização para o processo de apoptose através da geração de ERO (BIRCHMACHIN, 2006). FIGURA 5: Fontes geradoras das ERO (modificado de VAN DER HAGEN et al. 1993). LIPOPEROXIDAÇÃO Os componentes celulares estão continuamente expostos a diferentes ERO, sendo a membrana celular a mais afetada pela peroxidação lipídica, onde ocorre a alteração estrutural da membrana, afetando sua permeabilidade, alterando as trocas iônicas e a liberação das organelas, e ocorrendo a formação de produtos 20 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA citotóxicos que podem ocasionar a morte celular. A peroxidação lipídica é o processo através do qual as ERO agridem os ácidos graxos poliinsaturados dos fosfolipídeos das membranas das células, desintegrando-as e permitindo, desta feita, a entrada dessas espécies nas estruturas intracelulares (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1989). A fosfolipase, ativada pelas espécies tóxicas desintegra os fosfolipídeos, liberando os ácidos graxos não saturados resultando a ruptura das membranas celulares (bombas NA/K e Ca/Mg) e ate mutações do DNA (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1989). Os peróxidos lipídicos possuem poder de ação maior do que as outras espécies tóxicas primárias de O2 (O2· -, H2O2, OH·, O2), atingindo facilmente alvos mais distantes. A lipoperoxidação deve ter também, um papel muito importante na proliferação celular, especialmente em células tumorais. Há autores que sugerem que os produtos da lipoperoxidação estão envolvidos no controle da divisão celular, sendo que a peroxidação de lipídeos está inversamente relacionada com o crescimento tumoral (GONZALEZ, 1992). O ferro é liberado na peroxidação lipídica da membrana e como conseqüência ocorre hemólise, como mostra a FIGURA 6 (COMPORTI, 2002). FIGURA 6: Formação de radicais livres e mecanismos antioxidantes biológicos. Fonte: http://quimica.fe.usp.br/global/ca8/radica.htm 21 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo A lipoperoxidação 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA também esta associada a mecanismos de envelhecimento celular e a doenças como câncer, o radical hidroxila é freqüentemente reconhecido como a espécie iniciadora da peroxidação lipídica (GUTTERIDGE, 1988). DOENÇAS ASSOCIADAS AOS RADICAIS LIVRES Sabemos que alguns metais pesados também podem ocasionar estresse, dito que sua presença proporciona maior numero de espécies reativas de oxigênio (O2, H2O2 e OH) a qual afetam vários processos celulares, bem como o funcionamento da membrana celular (FOYER & LELANDAIS, 1996). Os metais como, por exemplo, Cd, Pb, Hg, Cu, Zn e Ni em altas concentrações podem afetar o crescimento e o seu desenvolvimento nas plantas (WOOLHOUSE, 1983). Assim com o estresse oxidativo, a peroxidação lipídica é causada inicialmente pelo radical hidrogênio, causando danos nas para macromoléculas, alterando seus receptores de membrana (HALLIWEL, 2001). Este desequilíbrio na produção e nos sistemas de defesa contra as ERO estão entre os fatores que predispõe a ocorrência de diversas patologias como doenças cardiovasculares, artrite reumatóide, hipertensão, arteriosclerose, lesão por isquemia, doenças pulmonares como asma e fibrose, lesão hepática (alcoolismo), lesão renal, diabetes Mellitus, Síndrome de Down e doenças neurodegenerativas como Parkinson, envelhecimento celular, aumento da expressão e replicação do HIV e câncer (CROSS et al., 1987;LEE et al., 2002, ). Lesões teciduais associadas a sangramentos podem liberar hemoglobina e ferro, que também podem estar favorecendo reações oxirredutoras, como tumores e artrite reumatóide (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1990). Apesar das ERO estarem relacionadas a diversas doenças, sua formação às vezes serve como defesa contra infecções, em presença de bactérias ocorre o estimulo das células, mais precisamente dos neutrófilos para produzirem espécies reativas para combater os microorganismos (HATHERILL et al., 1991). 22 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ANTIOXIDANTE O termo antioxidante é utilizado para definir o conjunto sistemas enzimáticos ou não enzimáticos que protegem as macromoléculas, estruturas celulares, previne a oxidação dos ácidos nucléicos e lipídios e inibem a peroxidação lipídica. Os antioxidantes podem ser naturais, presentes no organismo e compostos sintéticos com atividade antioxidante (HALLIWELL, 2001). 1.3.2. SISTEMAS DE DEFESA ANTIOXIDANTES ENZIMÁTICOS E NÃO ENZIMÁTICOS As ERO podem desencadear processos degenerativos para as células, sendo o papel dos antioxidantes é neutralizar este efeito através de algumas enzimas (HALLIWELL, 2001). As existências de mecanismos de defesa, sistemas antioxidantes são responsáveis pela regulação e a modulação dos níveis adequados de defesa contra as espécies reativas de oxigênio (PACKER et al., 1999). Em geral, a resposta ao estresse é caracterizada pela expressão de vários genes que são induzidos, por sinais das alterações como estresse osmótico e estresse oxidativo. Quando ocorre estresse oxidativo a nível celular, são enviados sinais para sítios específicos de genes que codificam a regulação das enzimas antioxidante, aumentando a sua produção, e a proteção celular. (SCHULLER et al., 1994). Os sistemas de reparo agem como defesa de forma ordenada para tentar manter a integridade celular, acionando mecanismos que tentam prever, interceptar e reparar os danos causados pela formação de ERO. A existência de diferentes vias de reparo são especificas para cada tipo de dano (FRIEDBERG et al., 1995). O aumento dos níveis das ERO consiste na ativação de enzimas préexistentes e na indução da expressão de genes de proteção (COSTA & FERREIRA, 2001). As existências de sistemas de defesa podem ser caracterizadas por enzimáticos e não enzimáticos (Fig. 7). 23 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA MECANISMO DE DEFESAS ANTIOXIDANTES SISTEMAS ENZIMATICOS (SOD, CAT, APx , GPx) SISTEMAS NÃO ENZIMATICOS ( vitaminas, carotoneos, glutationa) FIGURA 7: Esquema representativo dos mecanismos de defesa e fontes de EROS (Bioquímica, 2005) DEFESAS ANTIOXIDANTES ENZIMÁTICOS O sistema de defesa antioxidante teve como um dos percussores o entendimento da enzima SOD, por Fridovich na década de 60 (McCORD & FRIDOVICH, 1969). Para o funcionamento dos sistemas antioxidantes, são necessárias as enzimas que atuam contra danos celulares, atuando como detoxificadora do agente antes que ele cause lesão, sendo as enzimas superóxido dismutase (SOD), catalases (CAT), ascorbato peroxidase (APX), e glutationa peroxidase (GPX) responsáveis por este trabalho (MICHIELS et al., 1998). 24 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Enzima Superóxido Dismutase (SOD) Uma metalo-enzima, que está diferenciada em diferentes tipos de isoenzimas, presentes em muitos organismos e abundante em células aeróbicas. É a primeira enzima requisitada para atuar no mecanismo de proteção – sistema antioxidante (MCCORD & FRIDOVICH, 1969), onde os radicais superóxidos, presentes em diferentes compartimentos celulares, são catalisados pelas enzimas SOD que destrói os radicais O2●- convertendo-o em oxigênio e H2O2 . As SOD estão representada por três classes: (Mn/SOD; Fe/SOD; Cu/ZnSOD), as SODsCu/Zn são abundante no citosol de células eucariótas; SODs/Mn com manganês são abundantes nas plantas, animais, bactérias e leveduras; FeSOD encontrada em bactérias, algas, plantas superiores e na matriz celular (MICHIELS et al., 1998). Em células de levedura os mutantes de sod1 que são deficientes nesta enzima, apresentam problemas de crescimento em condições aeróbias (que codifica para a superóxido dismutase citossólica – Cu,Zn-SOD (SHINYASHIKI et al., 2000). As mutantes SOD2 são hipersensíveis ao oxigênio e crescem mal ou não crescem em fontes de carbono não fermentáveis, que codifica para Mn-SOD superóxido dismutase mitocondrial, uma molécula considerada sensor de oxigênio em leveduras (KWAST et al., 1999). O duplo mutante sod1 sod2, apresentam uma característica singular em que os níveis de ferro são superiores ao encontrado para as linhagens selvagens em condições aeróbias de crescimento (GRALLA & VALENTINE, 1991). O dano induzido, por agentes oxidantes como o H2O2, por exemplo, compara-se a sensibilidade de mutantes deficientes em enzimas como SODs e CATs e GSHs e enzimas antioxidantes como as linhagens selvagens (WTs), que possuem este tipo de defesa em seu gene, o resultado da viabilidade celular mostrará o efeito da substância teste, como protetor, efeito antioxidante ou genotóxico. (HENRIQUES et al., 2001). 25 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Enzima Catalase (CAT) Está presente em organismos superiores. Em S. cerevisiae são estudados os genes, isoenzimas conhecidas cat 1 e cat 2 têm a função de remover o H2O2, através da β-oxidação de ácidos graxos, localizados nos peroxissomas e no citosol, convertendo as moléculas em água (H2O) e oxigênio (O2) e sendo sua atividade dependente diretamente do NADPH (COHEN et al.,1998; MICHIELS et al.,1998). São eficientes, tem um papel de proteger contra danos oxidativos, as leveduras mutantes ctt1 e cta1 são sensíveis ao estresse pelo peróxido de hidrogênio, uma citosólica e outra perixossomal (GRALLA & KOSMAN, 1992), genes induzidos por estresse a ctt1 codifica para catalase citosólica e UBI4, o qual codifica para ubiquitina, são reprimidos por glicose, outros genes do mecanismo antioxidantes são regulados por fatores de transcrição sensíveis à fonte de carbono (WERNER-WASHBURNE et al., 1993). Enzima Ascorbato Peroxidase (APX) Uma hemeproteína que possui um papel fundamental na célula, transformando a molécula do H2O2 em dehidroascorbato e água através da reação do ascorbato (DIZDAROGLU, 1991). Glutationa peroxidase (GPx) Principal defesa contra o H2O2 transformando em água e oxigênio, além de reduzir os alquilhidroperóxido e seus respectivos alcoóis, esta enzima é encontrada nas mitocôndrias de mamíferos, sua ação é baseada na oxidação da glutationa (GSH), sendo que a glutationa age em ciclos entre sua forma oxidada e sua forma reduzida. Esta enzima não esta presente em bactérias e plantas superiores, a atividade desta enzima pode ser promovida pela suplementação de dietas com selênio, a presença do selênio na enzima selenocisteína atua como antioxidante (HALLIWELL, 2001) 26 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DEFESAS ANTIOXIDANTES NÃO ENZIMÁTICOS São moléculas que atuam como protetora nas diferentes formas de ERO, podendo agir como quelantes de metais, seqüestradora e estabilizadora, podendo ainda ser hidrossolúveis e lipossolúveis. (LISOWSKY, 1993; MCCALL & FREI, 1999). Podemos caracterizar em diferentes compostos como: Vitamina C, vitamina E, carotenóides, glutationa, tocoferóis, coenzima Q10, flavonóides naturais (MCCALL & FREI, 1999). Glutationa (GSH) e Glutationa Redutase (GR) Um antioxidante não enzimático que atua nas moléculas de H2O2 e O2●▬; através da reação do ciclo Halliwel–Asada, a glutationa peroxidase também retira o H2O2 liberado na célula. O sistema de defesa na levedura Saccharomyces cerevisiae, apresenta algumas enzimas que atuam diretamente no sistema de defesa antioxidante como a enzima GHS, sendo o gene GSH1 que codifica a enzima que atua diretamente na síntese do tri peptídeo glutationa e o GSH2 codifica a glutationa sintetáse, tem como função proteger a célula de danos oxidativos (LISOWSKY, 1993). VITAMINAS A vitamina C ou ácido ascórbico atua como quelante dos oxidantes, produzidos na lipoperoxidação, encontrado em nosso organismo na forma de ascorbato atua como agente redutor de metais em transição nos sítios ativos das enzimas, o ascorbato sendo hidrossolúvel pode atuar contra a peroxidação de lipídios de duas formas, no plasma sanguíneo agindo na prevenção da reação com as ERO ou na restauração doando hidrogênio ao radical lipídio (ROSS et al., 1991; McCALL& FREI, 1999). 27 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As vitaminas A e E são caracterizadas por ser lipossolúveis, agem como redutor de metais (Fe e Cu), neutralizam os efeitos das ERO, são consideradas como co-fator de enzimas de reparação. A Vitamina E é constituída por quatro tocotrienóis sendo α- tocoferol o mais ativo eficiente inibidor da peroxidação de lipídios. Dentre os carotenóides o βcaroteno é a mais importante fonte de vitamina A, atuam no oxigênio singleto desativando-os e também como seqüestradores de radicais peroxila, reduzindo a oxidação do DNA e lipídios. O β- caroteno e o licopeno são os mais regeneradores combatendo os radicais no interior da membrana (ROSS et al., 1991; McCALL& FREI, 1999). UBIQUINONAS A coenzima Q10 é uma importante ubiquinona lipossolúvel, importantes componente das mitocôndrias, atuam como antioxidantes (LAND & SWALLOW, 1970). Compostos lipofílicos atuam como redox do sistema de transporte de elétrons na cadeia respiratória mitocondrial. As desidrogenasse oxidam os NADH e transferem prótons e elétrons para a ubiquinonas, convertendo-as em sua forma reduzida ubiquinol, que transfere elétrons para os citocromos. A ubiquinona atua como antioxidante seqüestrando radicais livres (KARAGEUZYAN, 2005). 28 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.4 AVALIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS ATIVOS DE ORIGEM EM PLANTAS Algumas substâncias encontradas nas plantas, frutos e vegetais são conhecidamente tóxicos como apiol, safrol, ligninas e alcalóides pirrolizidínicos, além de terpenos e saponinas (RAVANEL et al.,1987; CAPASSO et al., 2000). As plantas usadas como fitoterápicos carecem de um maior controle de qualidade, uma vez que, seu potencial farmacológico pode ser desconhecido, como o confrei (Symphytum officinale L.), tido como cicatrizante, mas possui propriedades hepatotóxicas e carcinogênicas, pois possui alcalóide pirrolizidínico, substância química não atropínica, produzida por determinadas plantas venenosas. Podemos citar inúmeras espécies que são comprovadamente tóxicas como o gênero Sinésio, jurubeba, (Solanum paniculatum L.), arnica (Arnica montana L.), arruda (Ruta graveolens), cambará (Lantana camara L.) e ipeca (Cephaelis ipecacuanha (Brot.) (SIMÕES, 1999; STICKEL et al., 2000). Outra planta conhecida popularmente por “marcela” (A. satureoides) usada no sul do Brasil para problemas digestivos VARGAS et. al, (1989) avaliaram sua potencialidade mutagênica, e verificou que o extrato desta planta possui atividade genotoxica pelo ensaio Salmonella/microssoma. FERREIRA & VARGAS (1999) verificaram que os extratos de algumas plantas usadas na medicina popular do Sul do Brasil apresentaram atividade mutagênica. Nesses extratos foram encontrados flavonóides, taninos e antraquinonas. Na planta Aloe vera Lom., também foi observada atividade mutagênica na linhagem TA1537, das três estudas (TA1537, TA98 e TA100). Um estudo genotóxico com plantas nativas e tradicionais da áfrica do Sul, escolhidas com base em conhecimentos etnobotânica da medicina tradicional, descobriu através do método MARON & AMES (1983) atividade mutagênica para os extratos de cinco plantas (Crinum macowanii, Diospyros whyteana, Catharanthus roseus, Ziziphus mucronata, Combretum mkhzense) causando mutações nas linhagens TA 98 e TA 100 em Salmonella typhimurium (ELGORASHI et al. ,2003). MARQUES et al. (2003), analisaram o extrato hidroalcoólico das plantas conhecidas como “louro-de-cheiro” (Ocotea duckei), e yangambina, (Vattimo lignana), atividade mutagênica foi positiva para mutação nas linhagens TA97a, 29 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA TA100 e TA102. SANTOS et al., (2006), trabalharam com a planta, S. pseudoquina que possui propriedade anti-ulcera gástrica. Os resultados mostraram que o extrato induziu mutações gênicas e quebras no DNA e mutagenicidade positiva. Os trabalhos citados demonstraram efeitos adversos de plantas utilizadas na medicina popular, provenientes de diferentes localidades e características etnobotânicas, sendo que muitos dessas apresentaram efeitos citotóxicos e mutagênicos. Tenta avaliar com o emprego de diferentes metodologias, ensaios que possam ajudar a ilucidar o potencial dos riscos e benefícios de princípios ativos isolados, ouriundo de diferentes espécies de plantas bem como a caracterização biológica dos seus efeitos colaterais, sejam intensificados para melhor entendimento (ELBLING et al., 2005). O aumento do consumo de algumas plantas e vegetais tem se dado devido a descobertas sobre o seu potencial protetor para diferentes enfermidades (RICEEVANS et al., 1996, 1997, 2001). Serão necessários muitos estudos sobre eficácia e segurança dos compostos das plantas de modo que os benefícios do uso de novas moléculas superem os efeitos colaterais. Sabendo-se que algumas substâncias promissoras podem ser citotóxicas, portanto a avaliação do potencial genotóxico representa um papel importante no desenvolvimento de novos fármacos (HARTMANN et al., 2001). 1.4.1 ENSAIOS BIOLÓGICOS Os ensaios biológicos de toxicidade celular fornecem as primeiras informações sobre a segurança dos novos compostos, sendo que a análise da genotoxicidade deve ser realizada nos estágios iniciais do desenvolvimento de novos fármacos (ELISABETSKY, 2001). Com base nas pesquisas de genotoxicidade in vitro e in vivo as indústrias farmacêuticas investem em novos agentes terapêuticos. Utilizando metodologias para melhorar o potencial terapêutico e diminuir a toxicidade, modificando estruturas ativas (SIMÕES, 1999). 30 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Ensaios biológicos têm sido empregados como ferramentas iniciais na analise do potencial dos compostos, tais como: ensaio Salmonella/microssoma (MARON et al.1983) ensaio genotóxico com S. cerevisiae; ensaio cometa, ensaio com cultura de células de mamíferos V79, ensaio SOS cromoteste, testes do micronúcleo ou aberrações cromossômicas (VAN GOETHEM et al., 1997). Estes testes ajudam, a avaliar atividades existentes dos compostos, como uma ferramenta preditiva do potencial antioxidante, genotóxica, citotóxica e mutagênico dos compostos ou moléculas das plantas. O fato de ensaios in vitro e in vivo nem sempre representarem a realidade de da assimilação de um composto e suas vias diferentes vias de metabolização, quando comparada com a complexidade do organismo do homem ao se expor a diferentes agente tóxicos (GOLD et al., 1998) . Os ensaios de genotoxicidade in vitro ou in vivo são ferramentas sensíveis na detecção de substâncias potencialmente mutagênicas ou cancerígenas ou xenobióticos (AMES et al., 1973a; 1973b; 1993; MARON & AMES, 1983). Pesquisas relacionam os efeitos biológicos de infusões vegetais com, mecanismos biológicos de proteção a mutagenicidade e a genotoxicidade a inibição de marcadores bioquímicos, iniciadores e promotores de tumores, efeitos sobre as enzimas, captação de metabólitos ativos de carcinógenos, e atividade antioxidante, detectada por sua ação captadora de espécies reativas de oxigênio (KITCHIN & AHMAD, 2003). Sendo que as mutações gênicas atuam nas etapas da carcinogênese e que os ensaios que detectam componentes genotóxicos permitem identificar substâncias com risco potencial à saúde humana. Alguns ensaios mais específicos utilizam organismos procariontes como um biomarcador de dano molecular. (JIMÉNEZ et al., 2005) Desde a década de 70 diversos estudos tem sido empregado utilizando o teste de mutagenicidade com Salmonella typhimurium, também conhecido como Salmonella/microssomo, ou Teste de Ames, é uma das metodologias mais utilizadas atualmente para detectar substâncias genotóxicas (VARELLA et al., 2004), sendo validado em larga escala por diversos laboratórios (MORTELMANS & ZEIGER, 2000; RIBEIRO et al., 2004). Avalia substâncias com atividade citotóxica, 31 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA genotóxica, mutagênica e antimutagênica. Este ensaio utiliza as bactérias Salmonella typhimurium geneticamente modificadas na avaliação do potencial dos extratos das plantas ou ambientais de induzir mutações frente a diferentes linhagens (AMES et al., 1973a, 1973b). A utilização de microorganismos eucariotos, como a levedura Saccharomyces cerevisiae, são modelos consolidados para estudos genéticos e de genotoxicidade (SCHULLER et al., 1994). Este organismo que apresenta características fáceis de manutenção possibilita uma investigação sistemática da expressão gênica, devido ao seqüenciamento completo do seu genoma (cerca de 6000 genes) proporcionando diversas informações sobre os mecanismos regulatórios, além de ser uma ferramenta para a análise da expressão gênica (GOFFEAU et al., 1996). Estudos que relacionam a utilização do modelo com levedura e com estresse oxidativo, utilizando linhagens relacionadas aos danos oxidativos, são capazes de detectar o aumento de oxidação, causado pelas ERO (CYRNE et. al., 2003) e desencadear respostas dos sistemas de defesa antioxidante: o enzimático e não-enzimático (SANTORO & THIELE, 1997; COSTA & FERREIRA, 2001). Alguns conceitos são importantes como genotoxicidade, em que seu estudo possibilita analise das alterações na base genética e considera-se mutagênica quando há alteração na forma da estrutura físico-química do DNA, que difere de alterações relacionadas com malformações, doenças congênitas, genéticas degenerativas, envelhecimento celular e do corpo, e o câncer designadas carcinogênica e teratogênica (SILVA et al., 2003). A mutagênese, no sentido evolutivo, possibilitou a variabilidade genética das espécies. A mutação pode ocorrer de forma aleatória, causando alterações no DNA, devido aos processos físico-químicos, e está continuamente ocorrendo nos organismos vivos. A mutação pode ser definida como uma alteração do genótipo, podendo esta ser transmitida. Diversas proteínas estão implicadas em funções específicas e fundamentais no organismo, a versão mutada das proteínas pode, por sua vez, originar uma doença. Alterações do material genético denominam-se por mutantes. 32 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Porem nem sempre as mutações têm efeitos drásticos, pois podem contribuir para a evolução do organismo que sintetiza a “nova” proteína. Estas modificações quando são deletérias ao DNA, podem levar a desenvolver diferentes doenças como câncer e arteriosclerose (MACGREGOR, 1986). Mutação gênica pode ocorrer devido a fatores exógenos (ambiental) ou endógenos (erro de replicação), alterando a molécula do DNA e conseqüentemente podendo alterar o seu funcionamento, que estão constantemente sendo corrigidas pelos mecanismos de reparo. Na mutação pontual ha alteração de um único par de nucleotídeos por perda, ganho ou substituição. Na mutação ou rearranjo temos genes que translocam, invertem da sua posição inicial ou são deletados. Mutação cromossômica ocorre uma reorganização dos cromossomos, por translocação, inversão, ou perda/ganho de parte dos cromossomos (CARRANO & NATARAJAN, 1988; SILVA et al., 2003). O interesse na identificação de produtos naturais ou sintéticos que possam ter propriedades antimutagênica ou anticarcinogênica tem aumentado, pois o conhecimento de tais produtos pode ser útil como medida preventiva para o tratamento no combate a vários males (WATTEMBERG, 1983; RAMEL et al, 1986). 33 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.4.2 ENSAIOS BIOLÓGICOS UTILIZANDO O ORGANISMO PROCARIOTO Salmonella typhimurium: O TESTE SALMONELLA/MICROSSOMA As bactérias (Fig.8) organismos são unicelulares, procariontes, cujo seu material genético não está envolto por uma membrana nuclear. Sua parede celular é uma estrutura complexa, composta proteínas, bicamada por carboidratos e (peptideoglicana) lipídica (LEHNINGER, 1986). FIGURA 8: Colônia de bactéria S. typhimurium Os estudos de genotoxicidade e anti-genotoxicidade com plantas têm crescido juntamente com o aumento da sua utilização de forma terapêutica. O interesse em comprovar a eficácia, nas diversas finalidades farmacológicas de diferentes plantas. Propondo a retomada da importância de se analisar suas propriedades farmacológicas, e verificando a possibilidade de estarem causando alterações no DNA (MARQUES et al. 2003;JIMÉNEZ et al., 2005). O ensaio Salmonella/microssoma ou Teste de Ames foi desenvolvido por Bruce Ames e colaboradores na década de 70, padronizado internacionalmente vem a ajudar a responder estas questões sobre a potencialidade dos compostos utilizados por nos (MORTELMANS & ZEIGER, 2000). Utilizando a bactéria Salmonella typhimurium, modificada geneticamente, este ensaio biológico avalia atividade mutagênica e antimutagênica de diferentes substâncias puras, misturas complexas e amostras ambientais (MARON & AMES, 1983). O teste de mutação reversa em Salmonella typhimurium – Teste de Ames fornece a possibilidade de analisar se a substância teste induz mutações gênicas 34 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA (AMES et al., 1973; MARON & AMES 1983). Este ensaio Salmonella/microssoma detecta compostos mutagênicos indiretos, que quando metabolizados, geram compostos oxidados que são genotóxico (MORTELMANS & ZEIGER, 2000). A maioria das linhagens bacterianas utilizadas no teste apresenta características que as tornam mais sensíveis para detecção de mutações, sítios específicos no DNA. Na presença de agentes mutagênicos, a bactéria reverte seu caráter de auxotrofia para a síntese de histidina e passam a formar colônias em meio desprovido desse aminoácido. A habilidade de sintetizar histidina e de crescer no meio de cultura específico indicam que a substância teste, provocou mutações nas bactérias, considerada então mutagênica ou e genotóxica (MARON & AMES, 1983; MORTELMANS & ZEIGER, 2000), e a especificidade de cada linhagem fornece informações sobre os tipos de danos causados pelo agente mutagênico em teste (AMES et al., 1973). As cepas detectam mutações de ponto (ocasionadas pela substituição de bases) ou de deslocamento do quadro de leitura (´frameshift`, mutações decorrentes da adição ou deleção de um ou mais pares de bases). As linhagens de S. typhimurium possuem modificações genéticas, como mutação rfa (que elimina a parte polissacarídica da parede bacteriana, tornando as bactérias que a possuem mais permeáveis e completamente não patogênicas); mutação uvrB (deleção do gene responsável pelo reparo do DNA por excisão, o aduto formado pela ligação da substância química com o DNA não é retirado por este mecanismo de reparo intensificando o processo de mutagênese (AMES et al., 1973) . O plasmídeo pKM101, introduzido nas cepas utilizadas no teste, carreia o gene que confere resistência à ampicilina. O pKM101 aumenta a susceptibilidade das bactérias à mutagênese espontânea e a induzida por uma variedade de agentes e pela luz ultravioleta, uma vez que aumenta a eficiência do sistema de reparo, normalmente presente nas células bacterianas (MARON & AMES, 1983). Apesar de semelhanças com sistema de mamíferos, as bactérias não apresentam a maioria das enzimas envolvidas nos processos de biotransformação que ocorrem nos mamíferos. Portanto, para que estes ensaios em procariotos sejam 35 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA preditivos, isto é, possam detectar substâncias potencialmente mutagênicas para o homem, é importante que um sistema extrínseco de ativação metabólica (fração S9) seja adicionado ao meio de incubação (ZEIGER, 1998). A fração S9 é um homogeneizado de células fígado de rato liofilizado que possuem enzimas do complexo citocromo P-450 retida do fígado. Utiliza-se a fração S9 para a determinação da ocorrência de fenômenos como a indução ou inibição enzimática por ação de xenobióticos (MARON & AMES, 1983; MORTELMANS & ZEIGER, 2000). 36 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.4.3 ENSAIOS BIOLÓGICOS UTILIZANDO O ORGANISMO EUCARIOTO Saccharomyces cerevisiae A levedura é um micro-organismo são fungos unicelulares, pertencentes ao filo Ascomycete, Reino Fungi. Apresentam as mais variadas aplicações (panificação, bebidas industriais alcoólicas, suplementos alimentares, etc.) tendo nos últimos anos vindo a ganhar um forte papel como um sistema modelo de excelência para o estudo de FIGURA 9: Foto das células em divisão da fenômenos biológicos (SHERMAN, levedura S. cerevisiae. (foto Dennis Kukel, 2004) 2002). Estes microrganismos possuem características importantes que incluem rápido crescimento a capacidade de crescer em condições muito variáveis, a facilidade de obter e isolar mutantes ou células transformantes, um genoma seqüenciado e baixo custo associado à manutenção e crescimento destes microrganismos quando comparando com outros modelos biológicos eucariotas (SHERMAN, 2002; GOFFEAU et al., 1996). A levedura Saccharomyces cerevisiae (Fig. 9) tem sido utilizada em diferentes estudos como modelo, na elucidação para os diferentes mecanismos de reparo do DNA, mecanismos de proteção celular, regulação do metabolismo e expressão gênica devido a sua habilidade em adaptarem-se as mudanças (MARIS et al., 2000; PUNGARTNIK et al., 2002). A utilização como modelo biológico é devido à observação de que as células possuem características típicas dos eucariotas superiores, onde a conservação de mecanismos metabólicos e celulares existentes nos eucariotos mais complexos possibilita a esta extrapolação (WINZELER et al., 1999; SHERMAN, 2002). 37 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A levedura é anaeróbica facultativa, sendo que fermenta glicose e frutose em condições aeróbicas e anaeróbicas. Sendo a glicose fonte preferencial de carbono, processo que se denomina repressão catabólica, onde vários genes e proteínas são ativados para a mediação da glicose, que poderá reprimir os genes que codificam enzimas do ciclo de Krebes, (cadeia respiratória (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Na via anaeróbica temos a formação do etanol, na presença de oxigênio e diminuição da glicose, os genes não serão reprimidos e o piruvato irá para a via aeróbica, a direção do piruvato vai depender do metabolismo e das condições do meio (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000). Em condições aeróbicas, o piruvato é descarboxilado e transformado a Acetil-CoA que entra no ciclo de Krebs, sendo oxidada em H2O e CO2. Em meio anaeróbio ou com baixos níveis de O2 as leveduras passam a realizar fermentação alcoólica de forma a regenerar o NAD+, com libertação de CO2. Onde a glicose é capaz de induzir mudanças drásticas no padrão de expressão gênica das leveduras. A repressão por glicose (catabólica) acontece devido à ação de vias sinalizadoras (via Rãs-cAMP- PKA), que estão sendo consideradas como sinalizador transitório, causada pelas concentrações altas de glicose. Esta via é ativada durante o período de adaptação da S. cerevisiae a uma nova fase de crescimento, onde a expressão gênica sofre o ajuste e as células passam novamente para a via de repressão de glicose (THEVELEIN, 1984; 1994). As fases do ciclo celular da levedura S. cerevisiae apresentam fases distintas do ponto de vista metabólico e cinético (Fig.10), a qual podem se caracterizar por diferentes fases do seu ciclo celular e com respostas fisiológicas , sendo elas: Fase “LAG”, - fase de adaptação fisiológica - alta taxa metabólica, mas a célula ainda não está se dividindo, seu metabolismo está sintetizando enzimas e coenzimas; Fase “LOG” - fase exponencial, ou em que a maquinaria transcricional e traducional está bastante ativa, o número de células aumenta exponencialmente, com a energia da fermentação; 38 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Fase diáuxica – ao diminuir a disponibilidade de glicose no meio, ocorre a desrepressão catabolica, fase de transição e as células são preparadas para o metabolismo respiratório, também ocorre a parada na divisão celular. Após a divisão celular é retomada, seria a fase pos-diáuxica onde a utilização do etanol como fonte de carbono (FUGE et al., 1997). Fase STAT - fase estacionária, se caracteriza quando todas as fontes de carbono produzidas durante a fermentação são exauridas e as células são privadas de nutrientes, ocorrendo um decréscimo no crescimento, ocorrendo progressiva redução na transcrição e tradução. Trabalhos sugerem que na fase estacionarias as células são mais resistentes a degradação enzimática, pois seriam mais termotolerantes (PRINGLE et al.,1982; FUGE et al., 1997; LONGO et al.,1999). FIGURA 10: Crescimento celular da levedura S. cerevisiae (Adaptado de Fuge e Werner, 1997). Porém alguns padrões de controles das células de mamíferos em tipos de estresse estejam mais relacionados com a linhagem S. pombe do que S. cerevisiae.A levedura isogênica deficientes em mecanismos de defesa antioxidante são usadas em estudos para comparar a ação de agentes (substâncias testes) que atuem no sistema redox da célula (BRENNAN & SCHIESTL, 1998). 39 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 1- INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As linhagens de S. cerevisiae com a expressão para as catalases, como ctt 1 e cta 1, mostram–se ser mais sensíveis ao peróxido de hidrogênio (IZAWA et al., 1996). A linhagem yap1 também correlacionada com as catalases estão relacionadas com defesa contra oxidantes como o peróxido de hidrogênio, pertencem a família AP-1. Células deficientes em yAP-1 são hipersensíveis à H2O2, e oxidantes de tióis, e metais como Cd e Zn , a qual regulam a expressão de GSH1. Células deficientes em yAP-2, tem fenótipo semelhante ao de células deficientes em yAP-1, exceto sensibilidade para o Cd (WU & MOYE-ROWLEY, 1994). Os ensaios com levedura Saccharomyces cerevisiae tem sido de grande valia, pois tem permitido avaliar compostos mutagênicos, complementando ensaios de mutagenicidade realizados com a bactéria Salmonella typhimurium. A levedura por possuir um sistema endógeno de ativação metabólica (complexo enzimático citocromo P-450) e detoxificação, não necessita a adição, de um sistema exógeno de ativação metabólica, apresentam uma variedade de mecanismos de defesa antioxidante (MORENO et al., 1991;GRALLA et al., 1992). Os tipos de mutação detectados pelas as linhagens de S. cerevisiae são: Detecção de mutação induzida: Utiliza-se a linhagem haplóide XV 185-14c de S. cerevisiae, que permite a detecção de mutação reversa, lócus específico: reversões do alelo ocre lys1-1 (alteração no códon UAA de término de cadeia), supressor do gene metionina a mutação para o locus lys1-1 é diferenciada de acordo com SCHULLER et al., (1994); e o alelo missense his1-7 (códon alterado codifica um aminoácido diferente), sua reversão resulta da mutação de somente um lócus; a reversões pelo lócus hom3-10 detecta deslocamento do quadro de leitura do DNA - Frameshift (FRIEDBERG et al.,1995); Detecção do tipo de mutação por recombinação mitótica utiliza a linhagem de S. cerevisiae diplóide XS 2316 que permite a detecção da recombinação intragênica mitótica e recombinação por “crossing-over” dos lócus de mutação, - leu (leucina) e + cyh (ciclohaximedina), sendo o resultando da reversão do lócus CYH2 (MACHIDA & NAKAI, 1980). 40 Objetivos 2. OBJETIVOS ¾ Este projeto visa a avaliar o potencial genotóxico, citotóxico, mutagênico e antioxidante dos extratos das plantas Cassia alata e Cajanus cajan ¾ Verificar se os extratos possuem potencialidade para futuras aplicações biotecnologicas, visando melhoramento da qualidade de vida. ¾ Objetivos específicos ¾ Avaliar a habilidade dos extratos em induzir ou diminuir a mutações reversas nas diferentes linhagens utilizando um organismo procarionte a bactéria Salmonella typhimurium com biomarcador As linhagens empregadas neste estudo: TA 98, TA 100, TA 97 e TA 1535 em ensaios com e sem metabolização hepática. ¾ Avaliar a resposta citotóxica e genotóxica utilizando organismo eucarionte, leveduras Saccharomyces cerevisiae em diferentes linhagens; ¾ Para verificar o potencial antioxidante as linhagens deficientes e proficientes em sistemas oxidantes: sod1∆, sod2∆, sod1∆sod2∆, cat1∆, ctt1∆, yap1∆, sod1∆cat1∆ e cat1∆ctt1∆ e demais linhagens W303, XS2316, XV185-14c, N123, BY10000. 42 MATERIAL E MÉTODOS Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. MATERIAL VEGETAL: PREPARAÇÃO DOS EXTRATOS DAS PLANTAS As plantas foram coletadas na região de Ilhéus nas imediações próximas a Universidade Estadual de Santa Cruz – BA, no período de abril de 2008. As plantas foram separadas em suas respectivas partes folhas e galho e armazenadas. Preparo do material vegetal Para obtenção do extrato liofilizado, as plantas foram pesadas e desidratadas, previamente rasuradas manualmente submetidas à maceração em erlenmeyer. Foi adicionada água e aquecida a 80 oC e manteve-se sob agitação mecânica por 20 minutos em chapa de aquecimento, com variação de temperatura de ± 2 oC. Os extratos foram concentrados em aparelho de evaporação rotatória (rota vapor). Para a obtenção do extrato aquoso da planta Cassia alata foi necessário 5 gramas de folhas e 25 gramas de galhos para 250 mL de água. Para a planta Cajanus cajan foram necessários 5,0 gramas do folhas e 250mL de etanol 70% extrato etanólico das folhas, seguindo a metodologia descrita por HENNEBELLE et al. (2000). O extrato após liofilizado foi dissolvido em com DMSO a Os extratos foram feitos em colaboração com o discente de doutorado Samuel Saito do laboratório de fungos da Universidade Estadual Santa Cruz – Bahia. 44 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS 3.2. MEIOS DE CULTURA, SOLUÇÕES E TAMPÕES Meios de cultura para levedura Meio YEL O meio líquido completo (YEL) foi utilizado no crescimento das células de levedura. Em um frasco autoclavável, adicionou-se 1000 mL água destilada, 10 g/L de extrato de levedura ( Difco) ; 20 g/L de Bacto peptona ( Difco); 20 g/L de dextrose (Synth); dissolveu-se e foi autoclavado por 20 minutos, e conservados em temperatura ambiente. Meio YEPD O meio YEPD, meio completo solidificado, utilizado no plaqueamento para a determinação do número de células viáveis de levedura, nos testes de sobrevivência. Foi utilizado para análise da genotoxicidade ou teste em gota. Verteu-se 25-30 mL deste meio em placas de Petri. Para a confecção do meio foi necessário água destilada, 10 g/L de extrato de levedura ( Difco) ; 20 g/L de Bacto peptona ( Difco); 20 g/L de dextrose (Synth); 20 g/L de Bactor-Ágar (Difco), após da homogeneização foi autoclavado por 20 minutos. Meio Sintético (SC) Para o meio sintético completo (SC) foi necessários o suplemento de aminoácidos, diferenciado para cada linhagem. O meio SC foi composto de 1,7 g/L Base nitrogenada para leveduras sem aminoácidos e sem sulfato de amônia (Difco) ; 5 g/L Sulfato de amônia (Synth); 20 g/L Dextrose (Synth); 0,04 g/L Glutationa reduzida ;Hemisulfato de adenina (Sigma); 0,02 g/L L-Histidina (Sigma); L-Leucina (Sigma); 0,03 g/L L-Lisina(Sigma); 0,04 g/L L-Triptofanio (Sigma); 0,02 g/L Uracil (Sigma) . Meio seletivo Meio sintético completo os quais foram omitidos os seguintes aminoácidos: Para a linhagem XV185-14c foram necessárias a omissão de aminoácidos (SC-histidina, SC-lisina e SC-homoserina) segundo AUSUBEL et al. (1989). 45 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS Solução Salina As células de levedura foram lavadas, ressuspendidas e diluídas em solução salina 0,9%. Acrescentou-se cloreto de sódio 0,9 gramas (NaCl) a 100mL de água destilada, e a solução foi autoclavada e mantida em temperatura ambiente. Meio Sulfato de Amônia 5% Foi adicionado a 300 mL de água destilada 15 gramas de sulfato de amônia (Nuclear) autoclavado por 15 minutos e mantido em refrigeração. Meio Base nitrogenada de aminoácidos 0,17% Para a solução concentrada ou solução estoque de 10X, foi necessário 5,1g de YNB, (Yest Nitrogen Base, Difco) diluídos em 300 mL de água destilada e autoclados por 15 minutos e mantidos em refrigeração. Meios de cultura para Bactéria Foram seguidos segundo a metodologia descrita por MORTELMAN & ZEIGER (2000). 3.3. ATIVIDADE ANTIOXIDANTE USANDO LEVEDURA Saccharomyces cerevisiae Para os ensaios de análise da atividade antioxidante e genotóxica foram utilizadas as linhagens de S. cerevisiae proficientes e deficientes em sistema de defesa antioxidante (sod1∆, sod2∆, WT, cat1∆, ctt1∆, yap1∆, sod1∆ cat1∆, sod1 ∆ ctt1∆, SOD (WT)) e demais linhagens XS2316, XV185-14c, W303, N123, BY10000, conforme descrito na Tabela 1. CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DAS LINHAGENS DE S. cerevisiae. Os experimentos foram realizados com as células em fase estacionária de crescimento. As colônias foram crescidas em frasco de Erlenmeyer contendo 46 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS 30 mL de meio YEL e colocadas para crescer em ‘shaker’ (incubadora com agitação orbital) a 180 rpm (rotação por minuto). As cepas ficaram sob agitação por um período de 48 horas a uma temperatura de 30 graus Celsius até atingir a concentração de 2-4 x108 células/mL e fase estacionária padrão, quando então as colônias foram selecionadas a partir de colônias isoladas. As células foram colocadas em um tubo falcon de 15 mL e centrifugadas a 5000 rpm por 3 min e lavadas com NaCl a 0,9% por três vezes. Ao final, o pellet foi ressuspendido com 5,0 mL de NaCl a 0,9%. Uma alíquota de 1,0 mL desta suspensão celular foi colocada juntamente com o extrato da planta em diferentes concentrações, em um volume final de 1500 μL. Nos experimentos, as células de diferentes linhagens foram submetidas a um pré-tratamento que consiste colocar as cepas crescidas (fase estacionária) em tratamento com extratos das respectivas plantas, incubados por 3 h a 30 ºC sob agitação de 180 rpm. 47 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS TABELA 1. linhagens de S. cerevisiae com seus respectivos genótipos utilizadas nos testes para avaliação da citotoxicidade e genotoxicidade das plantas Cassia alata e Cajanus cajan Linhagens Genótipo Origem Edith Gralla EG103(SOD-WT) MATa leu2D0his3-D1trp1-289ura3-52 Edith Gralla EG118(sod1∆) Como EG103, exceto sod1::URA3 sod2 ∆ Como EG103, exceto sod2::TRP1 cta1 ∆ MAT leu2, arg1, ura3,trp1,Ctt1::Pcta ctt1 ∆ Como EG103, exceto ctt1::TRP1 EG213(sod1∆ctt1∆) Como EG103, exceto sod1::URA3 e ctt1::TRP1 Edith Gralla Edith Gralla Edith Gralla Edith Gralla Edith Gralla sod1 ∆ cat1∆ MAT leu2, arg1, ura3,trp1, sod1::URA3Cta1-2, ctt1-1 Yap 1∆ MATa, ade2-1, try1-1, can1-100,leu2-3,112,his311,ura3,yap1::TRP! cat1∆ ctt1∆ MAT leu2, arg1, ura3,trp1,Cta1-2, ctt1-1 Edith Gralla Edith Gralla MATa ade2-2 arg4-17 his1-7 lys1-1 trp5-48 hom3-10 Von Borstel MATa/MATα ADE6/ade6leu1-1/leu1-12 trp5-48/TRP5; CYH2/cyh2 MET13/met 13;LYS5/lys5-1 his1-1 /his1-1 Machida I. XV 185-14c XS2316 Morgan er al 1997 W303 (MATa, ade2-1,try1-1,can1-100,leu2-3,112,his3-11,ura3) N123 MATa his1-7 gsh1-leaky BY10000 supE44 hsdR17 Martin Brendel EUROSCARF 48 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DAS LINHAGENS DE S. cerevisiae. Os experimentos foram realizados com as células em fase estacionária de crescimento. As colônias foram crescidas em frasco de Erlenmeyer contendo 30 mL de meio YEL e colocadas para crescer em ‘shaker’ (incubadora com agitação orbital) a 180 rpm (rotação por minuto). As cepas ficaram sob agitação por um período de 48 horas a uma temperatura de 30 graus Celsius até atingir a concentração de 2-4 x108 células/mL e fase estacionária padrão, quando então as colônias foram selecionadas a partir de colônias isoladas. As células foram colocadas em um tubo falcon de 15 mL e centrifugadas a 5000 rpm por 3 min e lavadas com NaCl a 0,9% por três vezes. Ao final, o pellet foi ressuspendido com 5,0 mL de NaCl a 0,9%. Uma alíquota de 1,0 mL desta suspensão celular foi colocada juntamente com o extrato da planta em diferentes concentrações, em um volume final de 1500 μL. Nos experimentos, as células de diferentes linhagens foram submetidas a um pré-tratamento que consiste colocar as cepas crescidas (fase estacionária) em tratamento com extratos das respectivas plantas, incubados por 3 h a 30 ºC sob agitação de 180 rpm. Experimentos de sensibilidade (teste em Gota) Inicialmente foram realizados diferentes ensaios de sensibilidade com diferentes linhagens S. cerevisiae para verificar a resistência das cepas frente ao peróxido de hidrogênio em diferentes moralidades. Após foram realizados ensaios com os extratos para verificar a existência de citotoxicidade junto às diferentes linhagens de S. cerevisiae, frentes a diferentes concentrações do extrato. Primeiramente foi realizado Teste em Gota com as linhagens de S. cerevisiae BY 10.000, W303, N123, XS 2316 e XV185 14c linhagens selvagens, em fase estacionária. 49 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS Ensaio A- O extrato aquoso da planta C. alata tanto para as folhas como para os galhos foram adicionado ao meio YEPD mais ágar e posteriormente plaqueado e após sua solidificação, as linhagens foram diluídas e colocadas 5ul das cepas em seqüência serial de diluição em cada quadrado, e crescidas por dois dias em estufa a 30 °C, com este tipo de ensaio foi possível verificar se os extratos da planta eram potencialmente tóxico para as linhagens de levedura (Fig. 14). Ensaio B- Foram adicionadas ao meio liquido YEPD + ágar , inicialmente em quatro diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio. Este ensaio teve a finalidade de estabelecer a concentração tóxica para as linhagens, estabelecendo desta forma, o seu limite de resistência ao peróxido de hidrogênio (Fig. 15). Ensaio C- Foram adicionadas ao meio liquido YEPD + ágar o extrato aquoso das folhas e também para os extrato dos galhos da planta Cassia alata em diferentes concentrações. Estes extratos foram adicionados conjuntamente ao meios com peróxido de hidrogênio, em diferentes concentrações. Os extratos aquoso da planta C. alata também foram testados para diferentes concentrações. Ensaio D- Foi estabelecido para neste ensaio, que as linhagens de levedura crescida nas fase estacionaria seriam pré-tratadas com o extrato das plantas em meio YEL, por um período de 3 horas metodologia descrita na figura 11 , e não mais adicionadas ao meio solido YEPD mais ágar nas placas. Foram realizados ensaios com concentrações do extrato da planta Cassia alata tanto para extratos aquoso de folhas como para os extratos aquoso dos galhos a partir de 200mg/mL até 30mg/mL. Desta forma, estabeleceu-se que para os ensaios de sobrevivência posteriores seria utilizada a concentração de 30mg de extratos da planta Cassia alata e posteriormente para extratos da planta Cajanus cajan. 50 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS CONDIÇÃO DE EXPOSIÇÃO (CRÔNICA) DO EXTRATO. Após o período de pré-tratamento do extrato da planta com a suspensão celular, uma alíquota foi retirada do tubo falcon e colocada em um microtubo. Esta suspensão celular foi diluída em 0,9 mL de NaCl 0,9% e 0,1 mL da suspensão celular com o extrato da planta do pré-tratamento. Em seqüência, a suspensão celular foi diluída nos tubos em uma concentração de 10-7 a 10-3 células. Na planta C. alata as linhagens foram prétratadas com extrato tanto de folhas quanto de galhos a 30 mg/mL; no extrato C.cajan as linhagens foram pré-tratadas nas concentrações 50 mg,40 mg,30 mg,15 mg,10 mg, 3mg/mL. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE Para avaliar a atividade antioxidante utilizaram-se as linhagens de S. cerevisiae, verificando-se inicialmente pelo teste em gota a sensibilidade das linhagens frente ao peróxido de hidrogênio. Após a verificação da dosagem mais tóxica do peróxido de hidrogênio, para as linhagens verificado através do crescimento da colônia no teste em gota, as linhagens foram submetidas novamente ao ensaio para a verificação da sobrevivência, diluídas e plaqueadas para através da contagem das unidades de colônias por placa, estabeleces números referentes a porcentagem de sobrevivência para linhagens tratadas e não tratadas com o extrato. Procedimento do teste: As linhagens foram cultivadas em meios sólidos, tanto para meios YEPD quanto meios SC. Foram acrescidos a estes meios solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) em concentrações 2.0 mM, 3.0 mM, 4.0 mM, 5.0 mM, 6.0 mM e 7.0 mM, diluídos e distribuídos em aproximadamente 25 mL do meio em placas de Petri, em que foram adicionadas a suspensão celular a ser testada. 51 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS As células foram plaqueadas em meios sólidos específicos para sobrevivência e mutagenicidade, acrescidos de peróxido de hidrogênio. Determinou-se a sobrevivência através de semeadura em meio YEPD. Após 3 dias de crescimento em estufa a 30 oC, as colônias foram contadas manualmente na lupa (Figura 11). Teste em Gota – Teste Sensibilidade e Sobrevivência extrato Cultura em crescimento 48h - 30ºC Meio YEL + C-Cepas com pré tratamento de do extrato placas com H2O2 Diluição serial - Céls. 10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 cepas A-Controle B-Placas com H2O2 Préincubação 3 horas 2- Teste sobrevivência Após a verificação da sensibilidade. Adicionado em cada placa 100ul da diluição 10-3 – resposta (numero de colônia/placa ) Incubar 30ºC por 48h Contagem das colônias 1-Teste em gota – Verifica a sensibilidade ou toxicidade da substância Cada quadrado 5ul de diferentes diluições em placas meio YEPD A resposta se da pela diferença do tamanho da colônia FIGURA 11: Representação esquemática da seqüência do teste em gota ou teste de sobrevivência(Cardozo, 2010). 52 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS 3.4 AVALIAÇÃO DE SEGURIDADE VIA ENSAIO DE GENOTOXICIDADE E MUTAGENICIDADE 3.4.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MUTAGENICA E CITOTÓXICA - TESTE DE AMES - BACTÉRIA Salmonella typhimurium Para avaliação mutagênica e citotóxica foi utilizada a metodologia de Maron e Ames (1983) e Mortelman & Zeiger (2000), sendo empregadas diferentes linhagens de Salmonella typhimurium, com seus respectivos genótipos conforme descrito na tabela 2. TABELA 2: Linhagens da bactéria S. typhimurium utilizadas para avaliação mutagênica e citotóxica das plantas das plantas Cassia alata e Cajanus cajan. Tipo de dano Linhagens Alvo da mutação Genótipo mutação his 1 TA 100 gene G46 - codifica o gene para a primeira enzima de sua biossíntese- substituição da leucina (GAG/CTC) por prolina(GGG/CCC) detectado Substituições de pares de base, principalmente em pares G-C bio chlD uvrB gal, rfa, pKM101 mutação his 1 TA 98 gene D (hisD3052)- codifica o gene para histidinol desidrogenase bio chlD uvrB gal, rfa, pKM101 mutação his 1 TA 1535 geneG46 – codifica o gene para a primeira enzima de sua biossíntese -substituição da leucina (GAG/CTC) por prolina( GGG/CCC) Deslocamento no quadro de leitura principalmente em G-C Substituições pares de base principalmente em G-C bio chlD uvrB gal, rfa, mutação his 1 TA 97a mutação no gene hisD6610 bio chlD uvrB gal, rfa, pKM101 Deslocamento no quadro de leitura – principalmente em G-C Fonte: MARON & AMES, 1983; MORTELMANS & ZEIGER, 2000 53 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio seguiu as etapas: 1 - Crescimento das linhagens: as linhagens foram crescidas em tubos erlenmeyer contendo 20 mL de meio NB, a cultura foi colocada para crescer em Banho-Maria a 37 °C, com agitação de 100 rpm por 12 h até obter uma densidade bacteriana de 1-2 x 109 células/mL. Após este processo, avaliou-se a densidade das culturas utilizando espectrofotômetro – no comprimento de onda de 650 nm, em que a absorbância da cultura deve estar entre 0,36 a 0,40. 2 - Teste de com pré-incubação: com e sem ativação metabólica (S9), - Os extratos das plantas foram diluídos em diferentes concentrações para cada planta e misturados a 0,1 mL de cultura de bactérias e 0,5 mL de tampão fosfato pH 7,4 (ou 0,5 mL da mistura S9 em ensaios com ativação metabólica) e incubadas por 20 min a 37 °C. Após o tempo de incubação, adicionou-se 2 mL de ágar superfície (“top agar”) suplementado com traços de histidina e biotina, sendo homogeneizados e plaqueados em meio mínimo. 3 - Analise dos resultados: depois da solidificação, as placas foram incubadas por 48 horas a 37 °C, e posteriormente foi realizada a contagem do número de colônias revertentes por placa, em contador manual, sendo o ensaio realizado em triplicata, para cada linhagem, conforme representação esquemática da figura 12. Verificação da Toxicidade: Foi verificado a toxicidade da amostra, pelo crescimento de fundo das colônias na placa teste, visualizado por microscópio óptico, em aumento de 40x. Controles positivos e negativos As linhagens obedeceram a um padrão de mutação espontânea, em condições diferenciadas para ausência de metabolização hepática (-S9) e presença de fração metabólica de fígado de rato (+S9). Os valores referenciados foram descritos em MORTELMANS & ZEIGER (2000). 54 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS Ensaio Representação esquemática Salmonella/microssoma – Teste de Ames MARON & AMES (1983). 3. Diferentes diluições da amostra 1. Amostra Ensaios em triplicata de 3 experimentos independentes filtragem 2. Cultura das cepas Leitura 650nm 9. Analise estatística Programa Salanal A- Com metabolização Hepática -fração S9 B- Sem metabolização 37 °C- overnight Salmonella typhimurium 4. Ensaios Controles Positivo Negativo 8. Contador manual de UFC 5. Sistema de préincubação 20 min. a 37 °C banho-maria 6. Plaquear: Amostra + Agar de superfície + Cepas 7. BODIncubar por 48 horas 37° C Índice de Mutagenicidade (IM) = 1 = CN ≤ 2 = Positivo FIGURA 12: REPRESENTAÇÃO ESQUEMATICA DO TESTE DE AMES ( MODIFICADO POR CARDOZO, 2010 BASEADO MARON & AMES, 1983; MORTELMANS & ZEIGER, 2000). Doses e Solventes Nos ensaios in vitro (Teste de Ames) os extratos aquoso da planta Cássia alata folhas e galhos, foram diluídos a partir da solução mãe (SM) 90 mg/mL, em cinco concentrações iniciais. As doses foram determinadas em estudos de triagem empregando-se a linhagens TA98 e TA100, testando-se doses decrescentes obtidas a partir do limite de solubilidade (maior concentração possível), com doses iniciais 8, 40, 100, 1000 e 5000 μg e após se estipulou dosagens de 1000, 2000, 3000, 4000 e 5000 μg/placa respectivamente. Na planta Cajanus cajan, foi utilizado o extrato etanólico das frações das folhas a qual foi liofilizadas e diluídas em DMSO. As diluições do extrato inicialmente foram de 5, 80, 100, 150, 200 e 500 mg respectivamente, apos 55 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS estipulou-se dosagens de 5, 25, 50,100, 200 e 250mg/placa. O DMSO foi adicionado aos controles negativos de nos experimentos, já que todos os extratos, foram solubilizados nesse solvente, e seria importante avaliar se o mesmo não estaria interferindo na promoção da mutação reversa. 3.4.2. AVALIAÇÃO DA MUTAGENICIDADE E GENOTOXICIDADE COM LEVEDURA Saccharomyces cerevisiae – XV185-14C No experimento foi utilizada a linhagem XV185-14c na fase estacionária de crescimento para a detecção da mutação reversa: Utilizou-se os extrato aquoso da planta Cassia alata, sendo extrato bruto das folhas e extrato bruto dos galhos, no pré tratamento de 30 mg/mL com a linhagem e para a visualização de colônias mutantes foi necessária a omissão dos aminoácidos (LYS, HIS ou HOM) no meios sintético SC e incubadas por um período de 7 dias a 30 ºC. Para a detecção de mutação induzida, após o pré-tratamento de 3 horas, sob agitação, as células juntamente com o extrato da planta foram diluídas conforme a seqüência descrita na figura 10, e adicionada uma alíquota de 100 μL nas placas com meio mínimo seletivo sólido, e incubado por um período de sete dias a 30 °C. Todos estes experimentos foram feitos em triplicata para cada dose testada, em 3 experimentos independentes. Na figura 13 está a representação esquemática do ensaio de mutagênese com levedura. 56 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS – Teste Mutagenicidade e Antimutagenicidade extrato Solução Diluição serial - Céls. 10-7 10-6 10-5 Prétratamento 3 horas + Cultura em crescimento 48h - 30ºC Meio YEL Fase estacionaria 10-4 10 -3 Meio celular 1-Controle da linhagem - placas meio YAPD 0,9 ml de NaCl 0,9% + 0,1 ml solução celular Após 5 -7 dias em crescimento em estufa a 30ºC Contagem manual 2- Placas com tratamento de H2O2 (concentração de 2mM a 7mM) - células de levedura sem pré-tratamento do extrato da planta 3- Placas com tratamento de H2O2 (concentração 2mM a 7mM) - células de levedura com pré-tratamento do extrato da planta Placas em Meio SC - especifico para cada aminoácido Ensaio Mutagênico Ensaio antimutagênico FIGURA 13. Representação esquemática do teste de Mutagênese e antimutagênese utilizando a linhagem XV da levedura S. cerevisiae (Cardozo, 2010). 4.5. Análise estatística Análise estatística para o Teste de Ames Para os resultados obtidos foram calculados a razão de mutagenicidade (RM) ou Índice mutagênico (IM) em cada dose analisada, em que calcula-se a média do número de revertentes/colônias contadas em triplicata para cada dose testada, dividido pela média do número de revertentes por placa do controle negativo (reversões espontâneas), permitindo comparação de resultados entre diferentes linhagens. As amostras foram consideradas segundo o Índice de mutagenicidade: 57 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5. MATERIAL E MÉTODOS POSITIVAS quando o resultado foi maior ou igual ou dobro em pelo menos uma das doses testadas, quando houver uma relação dose resposta entre as concentrações testadas e o número de revertentes induzidos; e NEGATIVA para mutagenicidade quando o resultado no número de revertentes não induziu aumento, e seu IM é menor ou igual a 2. Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico Salanal elaborado pelo Dr. L. Myers do Research Triangle Institute, RTP, Carolina do Norte, USA. O programa avaliou o efeito dose resposta do ensaio, em que o cálculo da análise de variância (ANOVA – teste F) é obtido entre as médias do número de revertentes nas diferentes doses testadas e o controle, seguido de regressão linear. A potencia da amostra é expressa pela inclinação da parte linear da curva dose resposta, no gráfico do programa. Para formulação dos gráficos e estatísticas posteriores para o ensaios com levedura, foram utilizados o programa Graph Pad Prism 4. 58 RESULTADOS Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS 4. RESULTADOS 4.1. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE COM Saccharomyces cerevisiae. Ensaio de Sensibilidade /Teste em Gota Foram realizados experimentos para verificar a sensibilidade da amostra, também conhecido como Teste em Gota. Utilizando diferentes linhagens de Saccharomyces cerevisiae, como indicador da citotoxicidade, foram testados extrato aquoso da planta Cassia alata de folhas e de galhos, e extrato da Cajanus cajan. XV XS By 10.000 W303 N123 A - Controle B-Extrato de C. alata (folhas) 50mg/mL C- Extrato de C. alata (folha)- 100mg/mL D- Extrato de C. alata (folha)- 200mg/mL FIGURA 14: Foto das placas do Ensaio em Gota- sensibilidade das linhagens XV 185-14c, XS 2316, By10.000, W303 e N123 frente ao extrato aquoso de C. alata das folhas extrato galhos (adicionado ao meio de cultura em concentrações de B- 50 mg/mL, C- 100 mg/mL e D- 200 mg/mL 60 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Na figura 14, mostra as figuras do Teste em gota, onde as .fotos tiradas com câmera fotografica digital das placas de petri, após tempo de incubação. O ensaios, com os extratos referentes a sensibilidade e citotoxicidade frente a cinco linhagens. mostrou que o extrato não foi citotóxico para todas as linhagens testadas inicialmente, de acordo com o tamanho visualizado para o crescimento da unidade formadora de colônia, comparado ao controle. Sendo igualmente observado para os extratos de galhos testados posteriormente. Para o extrato etanolico da planta Cajanus cajan, liofilizado, neste mesmo ensaio, foi observado citotoxicidade do extrato em concentrações de 50, 40 e 30 mg/mL. A - Controle B – 2 mM H2O2 C – 2 mM H2O2 D – 4 mM H2O2 FIGURA 15: Foto das placas, Teste em Gota- sensibilidade das linhagens XV 185-14c, XS 2316, By10.000, W303 e N123 frente ao peróxido de hidrogênio. A- controle sem peróxido de hidrogênio; Bcom adição de peróxido de hidrogênio a 1mM; C- peróxido de hidrogênio a 2mM e D- peróxido de hidrogênio a 4mM. 61 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Os resultados da figura 15 demonstraram que a sensibilidade das linhagens testadas inicialmente, frente ao peróxido de hidrogênio nas diferentes concentrações, foram menos resistentes a partir da concentração de 4 mM do H2O2. Este resultado foi analisado que através da visualização do tamanho das colônias, sendo pela diminuição ou ausência das mesmas, estes dados possibilitaram estipular concentrações de maior sensibilidade da linhagem frente ao peróxido de hidrogênio. Foram realizados ensaios com concentrações do extrato da planta Cassia alata extrato bruto aquoso de folhas e extrato dos galhos, a partir de 200mg/mL até 30mg/mL. Estabeleceu-se que para os ensaios de sobrevivência posteriores seria utilizada a concentração de 30mg/mL de extrato aquoso para a planta Cassia alata tanto para o extrato de folhas quanto para o extrato de galhos. Também foi estipulado que as linhagens seriam submetidas a um prétratamento com o extrato sob agitação por um período de 3 horas, metodologia descrita na figura 11. Na segundo etapa foram feitos ensaios de sobrevivência a partir das dosagens estabelecidas de 30mg/mL. Posteriormente também foi utilizado este mesmo ensaio para o extrato etanolico liofilizado da planta Cajanus cajan. 62 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS 4.1.2 Experimentos de Sobrevivência e Avaliação do Potencial Antioxidante com Saccharomyces cerevisiae Resultados para extrato aquoso de folhas e de galhos da planta Cassia alata As Figuras 16, 17, 18, 19 e 20, mostram os resultados dos experimentos nos gráficos para as linhagens de S. cerevisiae proficientes e deficientes em sistemas oxidante, pré- incubadas com 30 mg/mL do extrato aquoso de folhas e o extrato aquoso dos galhos da planta Cassia alata, estipulado anteriormente no ensaio de sensibilidade. Foram observados que todas as linhagens mostraram atividade protetora quando pré-tratadas com o extrato das folhas e galhos, comparada com as linhagens sem tratamento. As linhagens sod1∆ e sod2∆ gráficos representados na figura 16 mostraram mais resistência frente ao peróxido de hidrogênio. Os duplo mutante da linhagem S. cerevisiae, gráficos representados na figura 17 e 18 sod1∆ cta1∆ e sod1∆ ctt1∆ , também mostraram resistência quando expostas ao H2O2. As linhagens cta1∆ e ctt1∆, gráficos mostrados na figura 17 mostraram mais sensíveis frente ao H2O2., porem igualmente como nas outras linhagens mostraram maios sobrevivência, após ao pré-tratamento das linhagens com ambos extratos de folhas e extratos de galhos da C. alata. Na figura 18 o gráfico para a linhagem yap1, mostrou sensibilidade bastante significativa frente ao peróxido de hidrogênio, no ensaio sem pré-tratamento dos extratos e maior efeito protetor quando a linhagem foi pré-tratadas com ambos os extratos. 63 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS FOLHAS GALHOS A D sod1Δ 100 sobrevivência % sobrevivencia % 100 sod1Δ 10 10 1 1 0 1 2 3 4 5 6 0 7 1 2 3 sod 2 Δ B E sobrevivencia% sobrevivência % 5 6 7 sod 2Δ 100 100 10 10 1 1 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 H2O2 [mM] C F (WT) 5 6 7 ( WT ) 100 sobrevivencia% 10 1 4 H2O2[mM] 100 sobrevivencia% 4 H2O2[mM] H2O2[mM] 0 1 2 3 4 5 6 7 10 1 0 H2O2[mM] 1 2 3 4 5 6 7 H2O2[mM] Figura 16: Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré-tratamento 64 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS FOLHAS A GALHOS D cta1Δ sobrevivencia % sobrevivência% cta1Δ 100 100 10 1 10 1 0.1 0.1 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 B E ctt 1Δ sobrevivnecia% 100 5 6 7 ctt 1Δ 100 10 10 1 1 0.1 0 1 2 3 4 5 6 7 0.1 H2O2[mM] C 0 2 3 F 4 5 6 7 sod1Δ cta1Δ sobrevivência% 100 10 1 0.1 1 sod1Δ cta1Δ 100 sobrevivência% 4 H2O2[mM] H2O2 [mM] 0 1 2 3 4 5 6 7 10 1 0.1 0 H2O2 [mM] 1 2 3 4 5 6 7 H2O2[mM] Figura 17: Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré-tratamento 65 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS FOLHAS A GALHOS D SOD-(WT) 100 sobrevivência% sobrevivência% 100 SOD ( WT) 10 10 1 1 0 1 2 3 4 5 6 0 7 1 2 B 5 6 7 sod1Δ ctt 1Δ 100 100 sobrevivência% sobrevivência% 4 E sod1Δ ctt1Δ 10 1 0 1 2 3 4 5 6 10 1 7 H2O2 [mM] 0 1 2 3 4 5 6 7 H2O2[mM] yap1 Δ F yap1Δ C 100 sobrevivência% 100 sobrevivência% 3 H2O2[mM] H2O2 [mM] 10 10 1 1 0 1 2 3 4 H2O2[mM] 5 6 7 0.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 H2O2[mM] Figura 18: Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E,F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré- tratamento 66 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS FOLHAS A GALHOS D BY 10.000 100 sobrevivência% sobrevivência% 100 10 1 0.1 BY 10.000 0 1 2 3 4 5 6 10 1 0.1 7 0 1 2 H2O2 [mM] B 3 4 5 6 7 H2O2[mM] E W 303 W 303 100 sobrevivência% sobrevivência% 100 10 1 0.1 10 1 0.1 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 C F N 123 100 4 5 6 7 5 6 7 N123 100 sobrevivência% sobrevivência% 3 H2O2[mM] H2O2[mM] 10 1 0.1 0 1 2 3 4 5 6 7 10 1 0.1 H2O2 [mM] 0 1 2 3 4 H2O2 [mM] Figura 19:. Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E,F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ com pré-tratamento do extrato ; □ sem pré-tratamento 67 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS FOLHAS A GALHOS C XS-2316 100 sobrevivência% 100 sobrevivência% XS-2316 10 10 1 1 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 D XV185-14c 5 6 7 5 6 7 XV185-14c 100 sobrevivência% sobrevivência% 100 10 1 4 H2O2mM H2O2 [mM] B 3 0 1 2 3 4 5 6 7 10 1 0 H2O2[mM] 1 2 3 4 H2O2mM Figura 20 Diferentes linhagens de S. cerevisiae incubadas com 30mg/mL do extrato aquoso da planta Cassia alata (folha A,B,C e galho D,E,F) e frente ao H2O2 em diferentes concentrações, (3 amostras de 3 experimentos independentes); ■ pré-tratamento com extrato ; □ sem pré-tratamento 68 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Resultados para planta Cajanus cajan A Figura 21 mostra os gráficos da atividade citotóxica do extrato de Cajanus cajan (concentrações de 50 mg/mL,40 mg/mL,30 mg/mL,15 mg/mL, 10 mg/mL, e 3 mg/mL), submetidos ao tratamento crônico com H2O2, em diferentes concentrações mM/placa. Os resultados mostram atividade citotóxica do extrato nas doses de 50 mg/mL a 15 mg/mL, quando comparada ao controle. A dosagem de 15mg/ mL apresentou inicialmente o efeito protetor das linhagens pré-tratadas. As doses do extrato de 10 mg/ mL apresentaram para as concentrações de 2, 3 e 4 mM de H2O2 respectivamente valores de P < 0.05 P<0.001 *, ***,P<0.001 ***. Para a dose de 3 mg/mL, não mostraram atividade citotóxica e mostrou atividade protetora, diminuindo aumentando a sobrevivência, quando comparada ao controle das linhagem submetidas ao H2O2 . Mostrando significância na analise estatística onde P foi significativo para linhagens tratadas com o extrato, onde os resultados são ; 2mM P<0.01 **,3mM P<0.001***, 4mM P<0.001***, 5mM P<0.01 **, 6mM P<0.001***, 7mM P<0.001***. 69 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS s o b r e v iv ê n c ia % 100 10 co nt ro l 2 3 4 5 6 co 7 nt ro l 2 3 4 5 6 co 7 nt ro l 2 3 4 5 6 co 7 nt ro l 2 3 4 5 6 co 7 nt ro l 2 3 4 5 6 co 7 nt ro l 2 3 4 5 6 co 7 nt ro l 2 3 4 5 6 7 1 WTs/t 3mg 15mg 10mg 30mg 40mg 50mg H2O2mM FIGURA 21: Citotoxicidade do extrato de Cajanus cajan; linhagem de S. cerevisiae (WT), WT s/t: sem tratamento do extrato; WT c/t: com tratamento do extrato nas dosagens (50mg/mL, 40mg/mL, 30mg/mL, 15mg/mL, 10mg/mL, 5mg/mL) frente ao peróxido de hidrogênio (Controle,2,3,4,5,6,7mM); ensaios e triplicata de 3 experimentos independentes. 70 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS 4.2. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MUTAGÊNICA E GENOTÓXICA 4.2.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MUTAGÊNICA PELO ENSASIO Salmonella/microssoma – Teste de Ames Foram utilizados as linhagens da bactéria Salmonella typhimurium TA100, TA 98, TA1535 e TA97a. O índice de mutagenicidade (IM) é calculado a partir da contagem de UFC de cada amostra, dividido pelo controle. O (IM) iguais a 1 indicativo de mutação espontânea; valores de IM abaixo de 0,7 é indicativo citotoxicidade; IM 2,0 ou maior indicativo de mutagenicidade . RESULTADOS DA PLANTA Cassia alata Tabelas 3 e 4 apresentam resultados da atividade mutagênica nas quatro linhagens e os IM, ensaios sem metabolização hepática (-S9) e com metabolização (+S9) de extrato aquoso das folhas. Os resultados mostrados na TABELA 3 evidenciam que não houve atividade mutagênica do extrato das folhas para as quatro linhagens testadas sem metabolização. Observou-se atividade citotóxica do extrato na concentração de 5 mg/mL, nas linhagens TA 98 e TA97a. Nos resultados estatísticos utilizando o programa SALANAL não foi verificado P-dose resposta atividade mutagênica para nenhuma das linhagens. A linhagem TA 98 o modelo utilizado na analise estatística foi Bernstein = 0.978; e o valor de P-value foi de 0.007. Para TA 1535 e TA 97 o modelo foi Linear. A linhagem TA100 apresentou modelo Lintox2 = 0.553 onde representa que amostra possui toxicidade, P-value dose response < .001 Na TABELA 4, semelhante ao resultado anterior o extrato aquoso das folhas de C. alata não exerceu atividade mutagênica nas quatro linhagens testadas com metabolização, mas mostrou citotoxicidade linhagem TA1535 na dosagem mais alta.Não foi verificada diferença significativa da atividade mutagênica deste extrato 71 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS mas evidência de sua toxicidade pelos resultados estatístico as linhagens TA1535 modelo Lintox2 pval = 0.179 e TA98 modelo Lintox2 pval = 0.109 Tabela 3– Avaliação da Atividade mutagênica utilizando o ensaio Salmonella/microssoma extrato de C. alata (folha) sem metabolização (-S9). Extrato (mg/pl) CN 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 CP TA98 Rev/placa* IM 37,06 ± 2,20 1 33,66 ± 3,21 0,91 39,43 ± 6,27 1,07 42,66 ± 1,15 1,16 27,86 ± 2,13 0,75 20,10 ± 1,65 0,54 952,83 ± 74,44 TA100 Rev/placa* 142,4 ± 3,15 1 144,96 ± 6,31 1,03 163,15 ± 7,2 1,14 163,80 ± 0,28 1,14 138,95 ± 0,91 0,97 106,86 ± 11,03 0,74 a 5,78 824,1 ± 44,01 25,9 IM TA97a Rev/placa* IM TA1535 Rev/placa* IM 86,65 ± 27,36 1 38,33 ± 8,01 1 74,41 ± 19,91 0,82 29,58 ± 1,30 0,78 73,55 ± 38,11 0,83 26,40 ± 8,34 0,72 74,75 ± 43,48 0,77 28,75 ± 3,18 0,77 110,25 ± 0,35 0,78 28,15 ± 7,28 0,77 67,75 ± 30,75 0,69 31,30 ± 1,83 0,82 691,50 ± 174,65 7,62 1582,50 ± 449,01 44,0 *Revertentes/placa (média ± desvio padrão) de 3 replicas de 3 experimentos independentes ; IM=índice de mutagenicidade; CN = controle negativo: DMSO=100 µL/placa; CP = controle positivo: a azida sódica (1.25 µg/placa); b 2-antramine (0,125 µg/placa); c 4NQo 0,5ug/placa; Tabela 4– Avaliação da Atividade mutagênica utilizando o ensaio Salmonella/microssoma do extrato de C. alata (folha) com metabolização (+S9). Extrato (mg/pl) CN 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 CP TA98 TA100 Rev/placa* IM 36,15 ± 2,61 1 34,00 ± 1,41 0,94 35,40 ± 4,10 0,97 39,30 ± 2,82 1,08 29,25 ± 1,06 0,80 23,15 ± 4,45 0,63 TA1535 Rev/placa* IM Rev/placa* IM 140,63 ± 25,57 1 140,63 ± 25,57 1 138,09 ± 28,76 0,93 138,09 ± 28,76 0,93 153,15 ± 32,73 1,01 153,15 ± 32,73 1,01 147,95 ± 19,30 0,89 147,95 ± 19,30 0,89 131,80 ± 12,44 0,84 131,80 ± 12,44 0,84 114,30 ± 19,96 0,71 114,30 ± 19,96 0,71 b 795,00 ± 156,27 21,45 TA97a 671,93 ± 298,42 5,42 c 671,93 ± 298,42 5,42 Rev/placa* IM 45,65 ± 2,33 1 32,50 ± 2,12 0,71 38,00 ± 0,5 0,84 39,10 ± 7,77 0,85 39,50 ± 0,70 0,86 30,95 ± 1,90 0,67 271,50 ± 195,16 5,86 *Revertentes/placa (média ± desvio padrão) de 3 replicas de 3 experimentos independentes ; IM=índice de mutagenicidade; CN = controle negativo: DMSO=100 µL/placa; CP = controle positivo: a azida sódica (1.25 µg/placa); b 2-antramine (0,125 µg/placa); c 4NQo 0,5ug/placa; 72 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Os resultados da TABELAS 5 e 6 avaliaram a atividade mutagênica do extrato aquoso de galhos que não mostraram atividade mutagênica para as quatro linhagens testadas com e sem metabolização hepática. Na TABELA 5 foi possível observar atividade citotóxica pelo IM nas linhagens TA 97, TA 1535 e TA 98 na dosagem de 5mg/placa. Observamos atividade citotóxica em diferentes concentrações do extrato, sendo esta significativa na concentração de 5 mg/pl. Foi verificada atividade citotóxica significativa na analise estatística do extrato, na linhagem TA 98 o modelo Lintox2 pval = 0.203 , para linhagem TA 1535 foi utilizado o modelo que mais se adequou, Lintox2 pval = 0.179. Na TABELA 6 foi verificado para a linhagem TA 98 na analise estatística a utilização do modelo Bernstein pval = 0.728 achando valores preditivos de P- dose 0.001. Para a linhagem TA 1535 foi observado atividade citotóxica pólo modelo estatístico, Lintox2 pval = 0.179 Tabela 5– Avaliação da Atividade mutagênica utilizando o ensaio Salmonella/microssoma do extrato de C. alata (galho) sem metabolização (-S9). Extrato (mg/pl) CN 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 CP TA98 Rev/placa* IM TA100 Rev/placa* TA97a Rev/placa* IM 35,80 ± 0,28 1 111,19 ± 37,83 1 94,40 ± 17,11 1 38,33 ± 8,01 1 32,45 ± 1,62 0,92 103,21 ± 41,44 0,85 84,80 ± 0,28 0,91 24,75 ± 6,01 0,67 36,80 ± 3,11 1,02 90,31 ± 50,89 0,81 75,66 ± 4,71 0,80 20,25 ± 15,20 0,58 50,30 ± 19,79 1,39 79,48 ± 52,06 0,69 75,50 ± 19,09 0,79 20,15 ± 10,11 0,56 28,80 ± 1,69 0,82 69,00 ± 46,66 0,60 75,55 ± 33,87 0,77 16,40 ± 4,10 0,44 16,95 ± 6,15 0,35 61,63 ± 58,78 0,80 63,58 ± 21,10 0,66 20,90 ± 1,97 0,56 995,50 ± 12,72 27,75 633,55 ± 200,69 5,81 691,75 ± 175,00 7,62 1582,50 ± 449,01 43,85 IM TA1535 Rev/placa* IM *Revertentes/placa (média ± desvio padrão) de 3 replicas de 3 experimentos independentes ; IM=índice de mutagenicidade; CN = controle negativo: DMSO=100 µL/placa; CP = controle positivo: a azida sódica (1.25 µg/placa); b 2-antramine (0,125 µg/placa); c 4NQo 0,5ug/placa; 73 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Tabela 6– Avaliação da Atividade mutagênica utilizando o ensaio Salmonella/microssoma do extrato de C. alata (galho) com metabolização (+ S9). Extrato (mg/pl) CN 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 CP TA98 Rev/placa* IM TA100 Rev/placa* TA97a Rev/placa* IM 36,15 ± 2,61 1 135,42 ± 31,17 1 91,00 ± 5,65 1 43,65 ± 5,16 34,75 ± 2,47 0,96 140,41 ± 12,60 0,96 98,00 ± 5,65 0,91 37,75 ± 5,30 0,97 42,25 ± 4,59 1,16 144,98 ± 10,86 0,94 91,00 ± 5,65 0,90 43,00 ± 7,07 0,98 45,00 ± 4,24 1,24 150,15 ± 4,03 0,98 81,50 ± 6,36 1,12 50,80 ± 8,76 1,22 25,65 ± 3,74 0,68 132,50 ± 0,70 0,86 76,00 ± 8,48 0,90 39,00 ± 0,5 0,92 25,65 ± 3,74 0,70 121,15 ± 18,17 0,88 67,00 ± 9,89 0,64 27,80 ± 2,54 0,64 795,00 ± 156,27 21,45 458,5 ± 275,83 3,38 445,00 ± 1,00 5,42 358,50 ± 72,12 8,17 IM TA1535 Rev/placa* IM 1 *Revertentes/placa (média ± desvio padrão) de 3 replicas de 3 experimentos independentes ; IM=índice de mutagenicidade; CN = controle negativo: DMSO=100 µL/placa; CP = controle positivo: a azida sódica (1.25 µg/placa); b 2-antramine (0,125 µg/placa); c 4NQo 0,5ug/placa; RESULTADOS DA PLANTA Cajanus cajan Foram avaliados a da atividade mutagênica do extrato metanólico da planta Cajanus cajan em seis concentrações que estão representadas nas Tabelas 7 (sem ativação metabólica) e 8 (com ativação metabólica). Na TABELA 7 as linhagens TA 1535 e TA 97a, mostraram atividade mutagênica positiva, pelo cálculo do IM, comparada ao número de revertentes/placa dos controles. Observou-se valor de IM de 2.1 para a linhagem TA 97, na concentração de 250mg/pl; e na linhagem TA 1535, o IM foi de 6,10 e 7,26 nas concentrações de 200 e 250mg/placa. Estes dados representam um aumento de 3 vezes, em comparação ao controle. Nas linhagens TA 98 e TA 100 não se observaram atividade mutagênica, 74 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS mas foi verificada atividade citotóxica (linhagem TA 98) nas maiores concentrações testadas . Pelo programa SANALAL, os valores de P-dose resposta na linhagem TA 1535 não foram significativos, pois os valores achados foram maiores que o valore de P0,005 a qual representaria ser significativo. Porem para a linhagem TA 97 os valores encontrados para P-dose resposta, foram significativos, sendo de 0,001 utilizou o modelo Linear = 0.143 Estes valores representam atividade positiva para mutagenicidade. Na TABELA 8 nos ensaios com metabolização hepática (+ S9) o extrato da C. cajan não induziu mutação nas linhagens testadas, porém mostrou atividade citotóxica pelo IM nas concentrações do extratos maiores em todas as linhagens testadas. Tabela 7– Avaliação da Atividade mutagênica utilizando o ensaio Salmonella/microssoma do extrato de C cajan sem metabolização (-S9). Extrato (mg/pl) TA98 Rev/placa* IM TA100 Rev/placa* IM TA97a Rev/placa* IM TA1535 Rev/placa* IM CN 37,88±2,60 1 158,22 ± 11,70 1 97,27±13,0 1 35,33±8,50 1 5 29,72±6,10 0,78 115,55 ± 11,10 0,73 97,05±12,17 0,99 29,4±6,28 0,82 25 33,61±4,15 0,88 140,61 ± 18,70 0,89 324,55±6,0 0,84 27,76±10,85 0,78 50 37,33±7,37 0,97 151,44 ± 4,99 0,96 83,88±15,7 0,85 29,2±14,57 0,82 100 27,11±3,46 0,70 129,80 ± 4,19 0,82 110,16±11,98 1,13 40±26,87 1,13 200 20,88±2,11 0,55 103,10 ± 4,76 0,65 166,66±18,9 1,71 215,6±32,52 6,10 250 15,88±1,51 0,41 0,65 206±44,3 2,10 256,5±97,77 7,26 CP 918,5±101,60 24,14 101,33 ± 34,38 1145,83 ± 406,74 7,35 813±243,5 8,49 1704,16±858,78 48,68 *Revertentes/placa (média ± desvio padrão) de 3 replicas de 3 experimentos independentes ; IM=índice de mutagenicidade; CN = controle negativo: DMSO=100 µL/placa; CP = controle positivo: a azida sódica (1.25 µg/placa); b 2-antramine (0,125 µg/placa); c 4NQo 0,5ug/placa; 75 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Tabela 8– Avaliação da Atividade mutagênica utilizando o ensaio Salmonella/microssoma do extrato de C cajan com metabolização (+S9). Extrato (mg/pl) TA98 Rev/placa* IM CN 36,16 ± 2,59 1 5 35,00 ± 2,12 25 IM TA97a Rev/placa* IM 136,10 ± 41,0 1 82,00 ± 12,37 1 33,75 ± 4,84 1 0,97 149,88 ± 13,76 1,17 1,23 44,11 ± 11,40 1,33 34,75 ± 1,76 0,95 146,50 ± 8,26 1,15 161,08 ± 18,90 * 1,96 32,22 ± 13,10 0,93 50 31,25 ± 3,88 0,87 120,11 ± 17,15 0,91 158,75 ± 30,00 1,92 29,77 ± 4,22 0,87 100 21,75 ± 3,88 0,60 77,38 ± 40,72 0,57 113,75 ± 40,65 1,36 22,00 ± 3,78 0,64 200 16,00 ± 3,53 0,44 47,70 ± 33,83 0,34 74,91 ± 17,79 0,90 15,66 ± 7,85 0,44 250 12,25 ± 2,47 0,33 38,88 ± 32,88 0,27 19,66 ± 18,85 0,22 13,20 ± 1,53 0,39 795,00 ± 156,27 21,44 673,00 ± 99,87 5,11 408,75 ± 51,20 4,94 278,30 ± 94,25 8,11 CP TA100 Rev/placa* 101,75 ± 12,30 TA1535 Rev/placa* IM *Revertentes/placa (média ± desvio padrão) de 3 replicas de 3 experimentos independentes ; IM=índice de mutagenicidade; CN = controle negativo: DMSO=100 µL/placa; CP = controle positivo: a azida sódica (1.25 µg/placa); b 2-antramine (0,125 µg/placa); c 4NQO 0,5ug/placa; 4.2.2. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GENOTOXICA E ANTIGENOTOXICA COM Saccharomyces cerevisiae XV Foi utilizada a levedura Saccharomyces cerevisiae, como modelo para a análise do potencial mutagênico e antimutagênico do extrato aquoso da Cassia alata ( folhas e galhos) frente ao H2O2 .Não foram detectadas mutações induzidas pelos os extratos (folha e galho) para a linhagem XV 185-14c - haplóide (Tabela 9). A linhagem, quando pré-tratada com os extratos, mostrou atividade protetora frente à indução pelo peróxido de hidrogênio, quando comparada com a linhagem sem prétratamento. 76 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 4. RESULTADOS Tabela 9: Efeito do pré-tratamento com extrato da Cassia alata (folha) e (galho), frente ao H2O2 nas linhagens de S. cerevisiae XV Saccharomyces cerevisiae XV 185 14c Tratamento Sobrevivência (%) His 1/107 Mutagenese Lys1/107 CN 100 11,26 ± 0,86 2,96 ± 0,75 2,27 ± 0,21 2 H2O2mM 97 31,50 ± 3,7 3,00 ± 0,75 2,60 ± 0,14 3 H2O2mM 86 27,50 ± 7,5 4,40 ± 1,83 2,85 ±0,21 4 H2O2mM 69 34,00 ± 3,0 4,75 ± 1,62 3,00 ± 0,28 5 H2O2mM 40 30,00 ± 5,0 5,25 ± 1,06 3,22 ± 0,45 6 H2O2mM 25 31,00 ± 8,0 6,20 ± 1,80 3,65 ± 0,35 EF 30mg/mL 100 8,35 ± 1,76 2,43 ± 0,47 2,26 ± 0,41 EF 30mg/mL + 2 H2O2mM 100 5,80 ± 4,7 2,33 ± 0,50 2,06 ± 0,40 EF 30mg/mL + 3 H2O2mM 98 5,30 ± 2,31 2,26 ± 0,41 1,86 ± 0,23 EF 30mg/mL + 4 H2O2mM 95 3,60 ± 0,62 2,10 ± 0,40 1,83 ± 0,20 EF 30mg/mL + 5 H2O2mM 80 2,60 ± 1,63 1,93 ± 0,25 1,53 ± 0,23 EF 30mg/mL + 6 H2O2mM 45 1,53 ± 0,86 1,87 ± 0,20 1,26 ± 0,20 EG 30mg/mL 100 11,85 ± 0,55 2,80 ± 0,98 2,60 ± 0,14 EG 30mg/mL + 2 H2O2mM 100 5,50 ± 0,5 2,50 ± 0,55 2,65 ± 0,07 EG 30mg/mL + 3 H2O2mM 95 3,55 ±0,77 2,40 ± 0,50 2,68 ± 0,06 EG 30mg/mL + 4 H2O2mM 85 2,80 ± 0,30 2,30 ± 0,62 2,60 ± 0,14 EG 30mg/mL + 5 H2O2mM 79 2,50 ± 0,70 2,10 ± 0,51 2,60 ± 0,28 EG 30mg/mL + 6 H2O2mM 55 1,55 ± 0,30 1,96 ± 0,42 2,50 ± 0,40 CP 35,5 65,5±13,0 64,5 ± 20,70 75,30 ±29, 27 Hom3/107 CN: controle negativo (NB 100µl); CP: controle positivo 4NQO 0.5µg; (EF) extrato aquoso folha Cassia alata; (EG) extrato aquoso galho Cassia alata; (Media ± desvio de três experimentos independentes 77 DISCUSSÃO Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO 5. DISCUSSÃO Estima-se que cerca de um terço da população ocidental utilize de plantas medicinais de diferentes formas. Em geral, plantas medicinais contêm inúmeras classes de compostos químicos que conferem propriedades antimutagênica, antioxidante, anticarcinogênica e/ou imunomodulatória, caracterizando o potencial farmacológico das mesmas no tratamento de muitas doenças, (LOPES et al., 2004). Estudos buscando a composição química das plantas, e avaliada por ensaios biológicos, nos fornecem a base para estudos mais aplicados, já que muitos desses compostos apresentam atividade citotóxica ou genotóxica. Uma vez que muitos extratos vegetais podem produzir efeitos colaterais como qualquer droga industrializada (AMES et al., 1973; MARON & AMES et al., 1983; RAVANEL et al.,1987; SIMÕES,1999; CAPASSO et al., 2000;STICKEL et al., 2000). Visto que os fitoterápicos utilizados em tratamentos de longa duração, devem passar por uma bateria de ensaios, sendo a analise da genotoxicidade fundamental. A ANVISA órgão responsável pela liberação e fiscalização dos fitoterápicos, estabeleceu que produtos de origem vegetal (fitoterápicos) devem ser avaliados quanto à sua toxicidade. Onde ensaios de toxicidade aguda devem fazer parte dos ensaios biológicos aplicáveis para a sua analise, bem como analise mutagênica o através dos testes de Ames e do Micronúcleo. A família Fabaceae com ampla distribuição no Brasil apresenta varias espécies de grande importância econômica, representando uma das maiores famílias das Angiospermas (IRWIN, 1964; SILVA, 1976; BASTOS, 1996) onde a espécie Cassia alata e a espécie Cajanus cajan são bem conhecidas por sua utilização na medicina tradicional para o tratamento de diversas enfermidades e 79 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO como alimento (NENE et al., 1990; LI et al., 2001; GROVER, et al., 2002; MAGASSOUBA et al., 2007; AJIBESIN et al., 2008; ABO et al., 2008). A planta Cassia alata nativa da América encontra-se distribuída em diferentes locais que lhe confere a facilidade e o uso para diferentes problemas de saúde (GIRÓN et al., 1991, LONGUEFOSSE & NOSSIN et al., 1996; MAGASSOUBA et al., 2007; AJIBESIN et al., 2008; ABO et al., 2008). E a planta Cajanus cajan nativa da África do Sul, aonde seu uso vem sido reportado para diferentes aplicações por ser bem distribuído no território brasileiro (NENE et al., 1990). Com o intuito de ampliar o conhecimento sobre estas plantas, o objetivo deste trabalho foi verificar se os extratos das plantas Cassia alata e Cajanus cajan em induzir a metagênese e seu potencial genotoxico bem como analisar seu efeito antioxidante e efeito protetor. Utilizando sistemas in vitro com a bactéria Salmonella typhimurium através do Teste de Ames e em sistema eucarioto, com a levedura Saccharomyces cerevisiae, modelos biológicas conhecidos na literatura e relativamente rápidos e de alta reprodutibilidade para detectar substâncias genotóxica (MORTELMANS & ZEIGER, 2000; RIBEIRO et al., 2004). Atividade antioxidante e genotóxica da planta Cassia alata com teste de Ames e em leveduras. Neste estudo, foi realizado a avaliação da atividade antioxidante e o potencial genotoxico dos extratos aquoso da planta Cassia alata tanto para parte folhas como galhos. Foram utilizadas diferentes linhagens de levedura com características distintas, sendo proficientes e deficientes no sistema de defesa antioxidante frente a um agente oxidante o peróxido de hidrogênio (MACHIDA & NAKAI, 1980; GRALLA & KOSMAN, 1992; FRIEDBERG et al.,1995). 80 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO Foram bem reportadas anteriormente que lesões oxidativas, podem gerar modificações nas bases no DNA, ocasionando diferentes doenças neuro degenerativas e o câncer (AMES et al.,1991) neste intuito foram avaliados o potencial dos extratos contra um agente oxidante, bastante conhecido na literaturas o peróxido de hidrogênio. Para analise da atividade antioxidante dos extratos as células foram pré-tratadas como demonstradas nas figuras 14 e 15 utilizando os ensaios de sensibilidade, também chamado Teste em Gota como pré indicador da dosanges a ser utilizada. Este ensaio forneceu as primeiras indicações da dosagem e condições experimentais a serem trabalhadas num segundo momento. Este modelo, teste em gota fornece uma resposta do potencial citotóxico da substancia em teste para as linhagens de S. cerevisiae, através da inibição de crescimento, esta é uma estratégia simples e sensível para avaliação do efeito biológico de diferentes substâncias naturais em tratamentos diversos (ROSA et al., 2004). Os dados mostraram inicialmente reportados na figuras 14 e 15, que a sensibilidade das linhagens frente ao agente oxidantes, utilizando a metodologia do teste em gota, foram suficientes para avaliar que as linhagens foram mais sensíveis a partir da concentração inicial de 4 mM de peróxido de hidrogênio, agente oxidante utilizado. Sendo estabelecidos as dosagens do agente oxidante e também dos extratos utilizados para os ensaios de sobrevivência, onde a menor dosagem respondeu protetora para atividade antioxidante, sendo estipulado 30mg/mL para o ensaios , modelo do ensaios esta representado na figura 11. Posteriormente foram realizados os ensaios com varias linhagens de levedura na verificação da sobrevivência, sendo estas sod1∆, sod2∆, WT, cat1∆, ctt1∆, yap1∆, sod1∆cat1∆ e sod1 ∆ ctt1∆, SOD (WT), XS2316, XV18514c, W303, N123, e BY10000, frente ao agente oxidante. 81 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO A escolha e utilização do peróxido de hidrogênio como sinalizador de atividade oxidante vem de sua estabilidade e por apresentar maior concentração in vivo do que outras espécies reativas de oxigênio, reforçando a idéia que os organismos possuem mecanismos de eliminação desta espécie química (GIORGIO et al.,2007). Estas linhagens foram pré-tratadas na dose de 30mg/mL com extrato aquoso da planta Cassia alata, três horas sob agitação, tanto para extrato aquoso bruto de galhos como o de folhas, os quais demonstraram um significativo aumento da sobrevivência comparado ao controle para as dosagens mais altas, dados apresentados nas figuras 17, 18, 19, 20 e 21, frente à ação do peróxido de hidrogênio. Ficando mais evidente o efeito protetor das células tratadas com o extrato, quando submetidas as concentrações mais altas de peróxido de hidrogênio, revelando a ação antioxidante dos extratos. A linhagem yap 1 , uma das importantes mediadoras das respostas adaptativas, induzindo genes de defesa a agentes oxidantes (DALAUNAY et al., 2000). Onde foi observado que na linhagem yap1 (figura 19), onde a levedura sem tratamento com o extrato da Cássia alata frente ao peróxido de hidrogênio, foi mais sensível. Apresentando baixa sobrevivência comparada as outras linhagens, demonstrando que esta linhagem é muito sensível ao estresse oxidativo (COLEMAN et al., 1999). Quando esta linhagem a yap1 foi submetida ao pré-tratamento com o extrato, observou-se aumento de sua sobrevivência, demonstrando que os constituintes das plantas testadas em questão os extratos C. alata, têm uma ação direta sobre as diferentes espécies reativas de oxigênio induzindo a defesas antioxidantes e não por ação a indução de sistema adaptativos da levedura. Observa-se maior sensibilidade das linhagens cta1 e ctt1, no gráfico apresentado na figura 18. Onde as linhagens frente ao peróxido de hidrogênio, mostraram ser mais sensíveis ao agente oxidante sem o pré tratamento com o extrato. Sendo que a sobrevivência nesse experimento foi maior após o pré82 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO tratamento com os extratos aquosos, tanto para o estrato de folhas como para o de galhos. As enzimas CTA1 e CAT2 também têm a função de remover o H2O2, através da β-oxidação de ácidos graxos e converte-las em moléculas de água e oxigênio (MICHIELS et al.,1998; GRALLA & KOSMAN,1992). O gene SOD esta envolvido na defesa ao radical superoxido e homeostase de metais (MARIS, et al, 1999). Os mutantes sod, não possuem essa defesa, sendo que os dados apresentados nas figuras 18 e 19 para os duplos mutantes de sod mostraram um significante aumento em sua sobrevivência para as leveduras pré-tratadas com ambos os extratos para folhas e galhos, Um dos mecanismos que pode envolver o efeito protetor visualizado para as linhagens de S. cerevisiae, pré-tratadas com os extratos, frente ao peróxido de hidrogênio, pode ser explicado pela presença de determinados constituintes da amostra, ou da misturas deles e também flavonóides no extrato dessa planta, já relatado em outros trabalhos (ALI et al.,1999; MORIYAMA (2001, 2003; FERNAND et al. 2008). Os flavonóides possuem um potencial quimiopreventivo e antioxidante, com capacidade de seqüestrar diretamente radicais hidroxila e eliminar os ERO gerado pelo peróxido de hidrogênio (MIDDLETON et al., 2000). Os resultados aqui apresentados demonstram efeito antagônico dos extratos. Pois os mesmos apresentam efeito antioxidante e citotóxico, reforçando a idéia de que mistura complexas podem exercer diferentes dosesrespostas. Ou mesmo possam ser responsáveis pela modulação do estado redox intracelulares da levedura S. cerevisiae, ou também o efeito protetor pode estar relacionado, com a integridade proporcionada para as estruturas celulares do ataque de ERO. 83 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO No presente trabalho, foi verificado que o extrato bruto aquoso de folhas e também de galhos da espécie Cassia alata, não induziram danos mutagênicos, avaliados pelos ensaios com a bactéria Salmonella typhimurium no ensaio Salmonella/microssoma (Teste de Ames). Utilizamos nestes ensaios as linhagens TA98, TA97 a, TA100 e TA1535, capazes de promover uma triagem abrangente de diferente compostos mutagênicos primários ou secundários, com vários mecanismos de ação (CHUNG et al., 2005). Os resultados apresentados nas tabelas 3, 4, 5 e 6 mostraram que os revertentes e o índice de mutagenicidade (IM), observados não foram mutagênicos nas cinco dosagens testadas dos extratos de folhas e também do extrato de galhos, nos ensaios com e sem metabolização hepática. Para verificar a possível atividade citotóxica, além da verificação pelo IM e análises estatísticas, as linhagens também foram avaliadas visualmente em microscópio ótico verificando através do tapete celular, quanto a sua mortalidade. Foram verificadas atividades citotóxicas para as células expostas às concentrações mais altas do extrato aquoso de folhas e também de galhos da Cassia alata. Nos ensaios sem metabolização a citotoxicidade foi verificada para o extrato de folhas, na linhagem S. typhimurium TA100, dados apresentados na tabela 3, e também analisados estatisticamente pelo programa SALANAL. Seu potencial tóxico foi verificado, também pela a expressão dos valores apresentados e pelo modelo escolhido pelo programa que mais se adquou com os resultados expressões para a analise estatística, a qual foi Lintox2 = 0.553. No extrato aquoso de galhos, em ensaios sem metabolização, também foi verificado atividade citotóxica para a linhagem TA 98, verificada na tabela 5. As linhagens TA100 e TA98 estão relacionadas a diferentes tipos danos moleculares. Estas linhagens conseguem verificar danos moleculares que 84 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO correspondem a mutações do tipo substituição no quadro de leitura e deslocamento no quadro de leitura (MARON & AMES, 1983). Entretanto, as linhagens bacterianas não apresentam enzimas de metabolização, desta forma, ocorrendo identificação de agentes mutagênicos de ação direta. Acredita-se que estas linhagens, detectam grande número de compostos indutores de mutagenicidade e também citotoxicidade, e sejam as primeiras a detectar o potencial mutagênico e genotóxico de uma substância teste AMES et al., 1973; MARON & AMES 1983. Nos ensaios com metabolização hepática, resultados demonstrados na tabela 4 e tabela 6. O extrato aquoso bruto das folhas, nos ensaios com metabolização a citotoxicidade ficou evidenciada para as linhagens e TA1535 e TA 98. A ausência de observação dos efeitos mutagênicos em associação à atividade citotóxica dos extratos testados indica cautela em sua interpretação, uma vez que resultado citotóxico pode mascarar a atividade mutagênica de amostras biológicas. Os compostos químicos encontrados na planta C. alata reportado por diversos autores como FERNAND, et al. (2008), citam vários compostos químicos conhecidos quanto sua potencialidade e resultarem em citotoxicidade para as bactérias, como já reportado em outros trabalhos que verificaram sua atividade antifúngica e antibacteriana (GUPTA & SINGH, 1991; GIRÓN et al., 1991, LONGUEFOSSE & NOSSIN et al., 1996; AJIBESIN et al., 2008). Algumas substâncias conhecidas na literatura como quercetina e antraquinona, são compostos já foram descritos na literatura como sendo, os metabólitos majoritários em extratos da planta C. alata. Estas substâncias também apresentam atividade genotóxica conhecida (MACGREGOR, 1986; PATRINELI et al., 1996), e podem atuar como citotóxicas para as bactérias e leveduras (IBRAHIM & OSMAN, 1994). 85 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO Frente aos dados obtidos nos ensaios de mutagenicidade, veio a necessidade de verificar o potencial protetor dos extratos em sistemas mais complexos utilizando as leveduras como indicadores da possível atividade antioxidante. O grande interesse sobre os efeitos biológicos de antioxidantes naturais na proteção contra danos ao DNA oriundo de plantas revela que alimentos ricos em antioxidantes naturais têm um papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares (KRIS–ETHERTON et al.,2002). Estudos mostram que diferentes doenças também está associada com o aumento de estresse oxidativo (ABOU-SEIF & YOUSSEF, 2004), bem como as complicações vasculares (JANDELEIT-DAHM et al.,2000), além da arteriosclerose, doenças neurodegenerativas que estão também relacionadas com espécies reativas de oxigênio e radicais livres (MOSKOVITZ et al., 2002), o que reforça a necessidade de estudos com plantas medicinais. Também utilizamos neste estudo, a linhagem haplóide XV185 14c de S. cerevisiae, a qual possibilitou analisar atividade mutagênica para três tipos de ação mutagênica, frente ao peróxido de hidrogênio como um agente mutagênico (tabela 9). As linhagens pré-tratadas com o extrato bruto aquoso da C. alata das folhas e de galhos mostraram atividade protetora frente à exposição ao peróxido de hidrogênio. Muitos compostos antimutagênicos encontrados nos alimentos são agentes antioxidantes e atuam seqüestrando os radicais livres de oxigênio, quando administrados como pré-tratamento ou nos tratamentos simultâneos com o agente que induz as mutações no DNA (SASAKI et al., 1988). Desta forma também foi verificado que os extratos não induziram atividade mutagênica nos ensaios, mostrando que estes extratos não têm potencial mutagênico para esta linhagem. 86 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO Estes dados revelaram o seu potencial protetor nas três mutações especificam testadas, sendo mais expressiva para a mutação lócus específica His1-7 tipo de dano sendo reversão do alelo missence, códon alterado que codifica para um aminoácido diferente, no DNA. O agente antimutagênico,em questão os extratos, no caso seja com pré-tratamento ou tratamento, podem atuar como agentes desmutagênicos, fato que estes estejam atuando em mecanismos de bio-antimutagênese, este processo esta relacionado com mecanismo de reparo das mutações (SASAKI & KODAMA, 1987). Os compostos presentes no extrato aquoso bruto tanto das folhas como dos galhos da Cassia alata podem estar quelando espécies reativas de oxigênio, por interação direta podendo agir substituindo e/ou reforçando algumas defesas antioxidantes celulares e protegendo as organelas celulares. Atividade antioxidante e genotóxica da planta Cajanus cajan com teste de Ames e em levedura. Nos ensaios de atividade mutagênica foi verificado o potencial do extrato da planta Cajanus cajan em induzir mutações pelo teste de Ames. Os resultados apresentados na tabelas 7 e 8 mostraram que não houve atividade mutagênica para as linhagens TA 100 e TA 98 com e sem metabolização hepática. E nas linhagens TA 1535 e TA97 foram observadas atividade mutagênica positiva, somente em ensaios sem metabolização hepática. Os ensaios foram realizados com o DMSO, por que os extratos foram inicialmente solubilizados nesse solvente sendo que as diluições não ultrapassaram a um limite de 2% de DMSO, com a finalidade de evitar interferências nos ensaios. Concentrações crescentes de extratos foram testadas, com a finalidade de determinar a maior concentração não tóxica. A determinação da maior concentração não tóxica baseou-se na viabilidade celular, ou seja, uma 87 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO concentração foi considerada atóxica quando se verificou viabilidade celular acima de 90%. Mediante estes resultados, pode-se inferir que a substância teste não necessita de ativação de enzimas relacionadas ao citrocromo 450 para serem metabolizadas e biotransformadas. Nos ensaios os extratos foram realizados foram dissolvidos com DMSO, nesse solvente sendo que a diluição não ultrapassou a um limite de 2%, com a finalidade de evitar interferências nos ensaios. Concentrações crescentes de extratos foram testadas, com a finalidade de determinar a maior concentração não tóxica, determinada pela viabilidade celular. Segundo GASPAR et al. (1993) a substancia quercetina é o agente responsável pela mutagenicidade do vinho tinto e essa mutagenicidade é causada provavelmente pela formação de espécies reativas de oxigênio num processo de auto-oxidação. Posteriormente também foram realizados ensaios com a linhagem de S. cerevisiae no intuito de verificar a sua potencialidade antioxidante frente a um agente oxidante, o peróxido de hidrogênio. No ensaio com S. cerevisiae a linhagem selvagem WT, resultados apresentados na figura 22, onde o gráfico mostra as seis concentrações dos extratos utilizadas. Para o ensaio com o extrato Cajanus cajan os resultados mostraram atividade citotóxica nas dosagens mais altas do extrato bruto etanólico testado. A levedura quando foi pré-tratada com o extrato em concentrações acima de 30mg/mL mostrou sobrevivência menor comparada com o controle onde a levedura não foi tratada. Para a dose de 3,0 mg/mL, mostrou significância onde P foi significativo para todas as dosagens frente ao agente oxidante peróxido de hidrogênio 2mM P<0.01 **,3mM P<0.001***, 4mM P<0.001***, 5mM P<0.01 **, 6mM P<0.001***, 7mM P<0.001***, mostrando efetivo efeito protetor do extrato. 88 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO Reforçando a idéia de que misturas complexas possuem constituintes que podem agir antagonicamente. Pois ao mesmo tempo em que o extrato de Cajanus cajan, apresentou características citotóxicas também mostrou efeito protetor contra agente oxidante. Novamente pode-se atribuir que ação protetora do extrato foi mais evidente nas concentrações menores dos extratos, mesmo que na maior dose desse extrato tenha sido extremante citotóxico, verificando um comportamento pró-oxidante, o qual se manifesta através da potencialização da citotoxicidade do agente oxidante na dose mais alta do extrato. Estes dados sugerem que apesar da maior parte dos constituintes da planta C. cajan estar representada por flavonóides (LIN et al., 1990; DUKERESHUN et al.,2002) e que estes são reconhecidamente antioxidantes potentes (HASSIG et al.,1999; OHSHIMA et al.,1998; VINSON,1998), podem também estar interagindo com outros constituintes que atuam com toxicidade para as leveduras, quando em grande concentrações do extrato. Agentes antioxidantes pode também agir como agente citotóxico, pro oxidante a depender de sua concentração, podendo destruir biomoléculas (CHEN et al., 2003). Autores relacionam a atividade mutagênica e antimutagênica com a concentração e presença de diversas substâncias fitoquímicas encontradas nas plantas (BROWN & DIETVICH, 1979; RAVANEL et al., 1987; MACGREGOR & WILSON ,1988; BEUDOT et al., 1998). Diversos estudos com plantas e chas, como o chá verde, foram verificados por diferentes autores, que em sua constituição na planta, na maioria é representada por polifenóis e outros compostos como galate Epigalacatequin (EGCG), visto que este composto é considerado o principal antioxidante e que confere a tão falada propriedades benéfica (AHMAD et al., 2002.). O EGCG possui efeito antigenotóxico (ARIMOTO & KOBAYASHI , 89 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO 2003) e também foi demonstrada a redução de carcinógenos químicos em animais expostos, porém em altas concentrações esta substância mostrou efeito genotóxico. Outra substância que possui efeito antagônico é o ácido ascórbico (AA) um antioxidante bem estudado (SMIRNOFF, 1996; NOCTOR & FOYER, 1998) detectado na maioria das plantas (FOYER & LELANDAIS, 1996). Têm o papel de reduzir o peróxido de hidrogênio via peroxidação, agindo nas ERO, mas em altas doses também pode ter efeito adverso (NOCTOR & FOYER, 1998). Destacamos a importância dos ensaios de mutagenicidade com os compostos isolados, uma vez que os resultados nos direcionaram para a substância possivelmente responsável por esses efeitos, embora a atividade de um composto nem sempre podem ser potencialmente tão eficazes. Este trabalho é o primeiro a reportar a atividade genotóxica, e atividade mutagênica pelo Teste de Ames para extrato da planta Cajanus cajan em modelo in vitro. Na analise dos extratos da planta Cassia alata, este trabalho vem a contribuir por se tratar de um trabalho a analisar a atividade antioxidante in vitro, utilizando quatorze linhagens de levedura S. cerevisiae como modelo frente a um agente oxidante conhecido. E ainda submeter os mesmos extratos de folhas e extrato dos galhos, em ensaios de mutagênese utilizando o ensaio clássico o Teste de Ames, em quatro linhagens. Este trabalho possibilitou uma idéia inicial da potencialidade destas plantas para promissoras aplicações, torna-se necessários novos estudos avaliando diferentes parâmetros. Ensaios com levedura e bactéria permitiram neste trabalho uma avaliação da atividade mutagênica, citotóxica e genotóxica bem como seus mecanismos protetores, das plantas Cassia alata e Cajanus cajan e revelaram 90 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 5.DISCUSSÃO que deve haver diferentes rotas de agentes protetores que interagem entre si, substâncias diversas encontradas nestas plantas que lhe conferem seu potencial antioxidante e antigenotóxico. Estes dados remetem a frase “todas substâncias são venenos, a dose correta diferencia um remédio de um veneno” (Paracelso, 1493-1541). 91 CONCLUSÃO Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 6.CONCLUSÃO 6. CONCLUSÃO Os extratos das plantas Cassia alata e Cajanus cajan possuem propriedades antioxidantes, e provavelmente estes resultados são atribuídos aos seus constituintes como moléculas de flavonóides e antraquinonas que e luteolina e quecertina que também podem atuar no reparo ao dano no DNA, e na peroxidação lipídica. Os resultados neste estudo fornecem as seguintes evidências para a planta: Cassia alata • Nos ensaios com a bactéria Salmonella typhimurium os extratos aquosos das folhas e de galhos não foram capazes de induzirem atividade mutagênica nas linhagens TA 100, TA 98, TA 1535 e TA 97a em presença e ausência de metabolização (fração S9), no entanto mostraram uma citotoxicidade nas concentrações mais altas testadas; • Nos ensaios com a levedura Saccharomyces cerevisiae em ensaios antioxidantes com as linhagens deficientes em sistemas antioxidantes (SOD-WT; cat1 ∆; ctt1 ∆; sod1∆ctt1∆; sod1 ∆ cat1∆; sod1∆; sod2 ∆; Yap 1∆; cat1∆ ctt1∆. • Proficientes (N123, W303; XS 2316; XV185 14c, BY10000 ) frente a diferentes concentrações de H2O2; Nos extratos aquosos de galho e folha, mostraram atividade protetora (antioxidante) em todas as linhagens testadas em diferentes concentrações de H2O2. • Nos ensaios com a levedura Saccharomyces cerevisiae em ensaios mutagênico e genotóxico com as linhagens XV 185-14c O extrato mostrou atividade protetora comparado aos controles. 93 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 6.CONCLUSÃO Cajanus cajan • Nos ensaios com a bactéria Salmonella typhimurium os extratos metanólico das folhas não foram capazes de induzirem atividade mutagênica nas linhagens TA 100, TA 98 em presença e ausência de metabolização (fração S9); • No entanto mostraram atividade mutagênica positiva para as linhagens TA 1535 e TA 97a sem metabolização nas dosagens mais altas testadas e negativas para Mutagenicidade nos ensaios com metabolização; • No ensaio com a levedura- Saccharomyces cerevisiae em ensaios antioxidantes e genotóxico com a linhagem WT frente a diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio; O extrato mostrou Citotóxicidade em concentrações mais altas do extrato; e atividade Protetora (antioxidante) na concentração mais baixa testadas, frente às diferentes concentrações de H2O2 94 PERSPECTIVAS Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 7-PERSPECTIVAS 7. PERSPECTIVAS 9 Realizar estudos do potencial antimutagênico e antitumoral em células de fibroblastos humano, teste cometa e ensaio de micronúcleo com os extratos das plantas Cassia alata e Cajanus cajan; 9 Realizar Estudo do potencial antimutagênico dos extratos em ensaios com a bactéria Salmonella typhimurium frente a diferentes mutágenos conhecidos; 9 Submeter as frações dos extratos aos ensaios mutagênicos e antimutagênicos o ensaio Salmonella/microssoma e ensaios com diferentes linhagens da levedura S. cerevisiae. 96 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dissertação Tatiane Rocha Cardozo 8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABO, K. A.; FRED-JAIYESIMI, A. A.; JAIYESIMI, A. E. A. Ethnobotanical studies of medicinal plants used in the management of diabetes mellitus in South Western Nigeria. Journal of Ethnopharmacology, 115(1): 67-71, 2008. ABOU-SEIF, M. A.; YOUSSED, A -A. Evaluation of some biochemical changes in diabetic patients. 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Organização Mundial de Saúde, 1999. 120 Anexos Resultados Experimentos Salmonella/microssoma (Teste de Ames) Planta Cassia alata Folhas Atividade Antimutagênica Dissertação Tatiane Rocha Cardozo ANEXOS Avaliação da atividade Antimutagênica Dados referentes aos experimentos de antimutagênese com o extrato aquoso da Cassia alata, parte folha, utilizando a linhagem de S. typhimurium TA 100 com e sem ativação metabólica, frente ao mutagênico 4NQO. Em um ensaio piloto, avaliamos a atividade antimutagênica do extrato de Cassia alata frente a um mutagênico conhecido 4NQO. Os resultados encontrados foram promissores, mostrando atividade protetora do extrato frente ao mutagênico. A habilidade antimutagênica do extrato de Cassia alata tem efeito anti-genotóxico, pois preveniu a indução por 4NQO. A análise da atividade antimutagênica também é vista por outros autores em extratos de plantas. MELO-CAVALCANTE et al., (2005; 2008), registraram a atividade protetora para o extrato da planta Anacardium occidentale, frente a mutagênicos conhecidos. UENOBE et al., (1997) avaliaram o extrato da planta Yucca schidigera quanto a sua atividade antimutagênica frente a três mutagênicos conhecidos da literatura e observaram atividade protetora na fração isolada da planta, o resveratrol. 122 Dissertação Tatiane Rocha Cardozo ANEXOS Atividade antimutagênica Tratamento extrato Cassia alata folhas negative control 4nqo( 0,5µg /plate) 1,0mg extract (l)+ 4nqo 2,0mg extract (l)+ 4nqo 3,0mg extract (l)+ 4nqo 4,0mg extract (l)+ 4nqo 5,0mg extract (l)+ 4nqo positive control TA 100 Rev /pl ( media ± desvio) -S9 +S9 210,5±4,94 1281±84,85 401±16,97 399±14,14 384±98,99 199±106,06 191,5±7,77 995±113,13 168±11,31 1258±62,22 662±42,57 510±75,62 306,66±39,80 475,5±105,3 278±28,2 1105,5±133,6 Rev/pl: número de revertentes por placa; media ± desvio de três replicas de 2 experimentos independentes. 123 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo