51º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 51º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2005 Hotel Monte Real • Águas de Lindóia • São Paulo • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-05-4 [email protected] Palavras-chave: Passiflora alata, marcadores moleculares, espécies invasoras Koehler-Santos, P1; Lorenz-Lemke, AP1; Muschner, VC1; Bonatto, SL2; Salzano, FM1; Freitas, LB1 Laboratório de Evolução Molecular, Departamento de Genética, UFRGS, Porto Alegre, RS; 2Centro de Biologia Genômica e Molecular, Faculdade de Biociências, PUCRS, Porto Alegre, RS. 1 Evidências ecológicas e moleculares em Passiflora alata (Passifloraceae): um caso de invasão recente no Rio Grande do Sul Muitas espécies de plantas têm sido introduzidas em diferentes localidades devido às ações humanas, determinadas pelo aumento do comércio global e das atividades turísticas. Um exemplo deste processo é o que ocorreu com P. alata, uma espécie nativa do Brasil, mas introduzida no Rio Grande do Sul por volta de 1934; atualmente ela é reconhecida como subespontânea por apresentar uma ampla distribuição natural nesta região, o que a caracteriza como um possível caso de táxon em processo ativo de colonização de espaços abertos. Além disso, a espécie apresenta uma ampla distribuição desde a região amazônica até a porção sul do estado do Rio Grande do Sul, e nenhuma investigação genética foi realizada até o momento; também as populações estudadas podem representar um bom modelo de espécies que vivem nos limites de sua distribuição geográfica. O presente estudo, portanto, foi desenvolvido na tentativa de responder às seguintes questões: (a) plantas de diferentes regiões (não-nativa e nativa) apresentam diferentes composições genéticas? (b) o padrão de distribuição dos polimorfismos é diferente em cada grupo e depende do marcador genético analisado? e (c) os resultados moleculares poderão fornecer alguma evidência sobre o processo de invasão inferido pelas observações ecológicas? Inicialmente foram realizadas coletas e observações em todo o território riograndense e em porções selecionadas da distribuição geográfica da espécie. Posteriormente, a composição genética de um total de 85 plantas foi estudada com o espaçador interno transcrito do DNA ribossomal nuclear (nrITS). Destas, 32 plantas também foram investigadas com outros dois sistemas nucleares (G3pdh e LEAFY) e oito sistemas plastidiais. Uma alta variabilidade intraindividual foi encontrada nos três sistemas nucleares e nenhuma variabilidade nos sistemas plastidiais. A maior parte da diversidade molecular nuclear ocorreu no nível intrapopulacional, indicando uma clara expansão populacional e baixa estruturação geográfica. Os altos índices desta variabilidade intrapopulacional encontrados na região que está sendo colonizada foram similares aos encontrados em áreas onde a espécie é nativa. A espécie foi encontrada habitando os mesmos tipos de ambientes em que ocorre nos outros Estados brasileiros e apresentou características ecológicas similares às de espécimes nativos de outras partes do Brasil. Não foi encontrada nenhuma variante morfológica, associação com qualquer tipo específico de vegetação ou casos de co-existência com outras espécies nativas de Passiflora. P. alata, portanto, pode ser caracterizada como uma espécie que tem colonizado ativamente áreas no sul do Brasil, e múltiplas introduções, a estrutura genética da espécie e a interferência humana podem explicar estas descobertas. Apoio financeiro: PRONEX, CNPq, FAPERGS, PROPESQ-UFRGS. 467