FELICIDADE E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA (1ª SÉRIE) FILOSOFIA

Propaganda
FELICIDADE E INTRODUÇÃO À FILOSOFIA (1ª SÉRIE)
FILOSOFIA: ETIMOLOGIA.
Philo (philia): amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais.
Sophia: sabedoria. E dela vem a palavra sóphos, sábio.
Filosofia: amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
FILOSOFIA: uma sabedoria que se desenvolve por meio do uso metódico da razão.
O ESPANTO (ESTRANHAMENTO, ADMIRAÇÃO)
A Filosofia nasce do espanto, admiração.
Mundo, fenômenos da natureza: mistério, desconhecido.
Ignorância diante do mundo: espanto que leva o homem a refletir.
Homem cria concepções que tentam explicar o mundo: Mitos, Religiões, Ciência, Filosofia.
FUNÇÃO DA FILOSOFIA
Abandonar a ingenuidade e preconceitos: ser crítico, cauteloso.
Romper com a submissão das ideias dominantes e aos poderes estabelecidos (ideologias): autonomia
intelectual.
Compreender a significação do mundo, cultura e história: compreender e agir melhor.
Filosofia: onde o humano explora sua humanidade. Exercício de Reflexão: pensar melhor, agir melhor.
EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA
1º Passo: Estranhamento, espanto, admiração: surpreende, rompe com o cotidiano, ver com outros olhos.
2º Questionamento: indagação, pergunta.
3º Resposta Filosófica: Clara, Coerente, Elucidativa e Não definitiva (eterna conversação).
FINALIDADE PRINCIPAL DA FILOSOFIA
“A filosofia é uma prática discursiva [...] que tem a vida por objeto, a razão por meio e a felicidade por
fim” (COMTE-SPONVILLE, Apresentação da Filosofia, 2002, p.15).
Finalidade Principal da Filosofia: Felicidade.
Pensar melhor, agir melhor, viver melhor, ser mais feliz.
FONTES DA FELICIDADE
Que elementos, condições, coisas tornam um indivíduo feliz?
Textos antigos apontam algum dos elementos mais desejados e perseguidos (pág.17):
Bens materiais e riqueza; Status social (poder, glória); Prazeres: sensoriais e corporais; Saúde: física e
mental; Amor e amizade.
A NOÇÃO DE FELICIDADE NA FILOSOFIA ANTIGA
EUDAIMONIA: Termo grego que designa FELICIDADE;
Etimologia: eu (bem, bom); daimon (poder divino);
Felicidade: bem ou poder concedido pelos deuses;
Manter a felicidade: conduzir a vida de forma que não cause irritação, aborrecimento ou ofensa aos
deuses;
A felicidade dependia da vontade dos deuses;
Felicidade como fortuna, acaso, sorte: algo instável que dependia da conduta pessoal e da boa vontade
dos deuses.
PLATÃO (427 – 347 a.C.)
O Mundo Material (Sensível) é enganoso.
Ele é instável e não pode haver a felicidade.
Caminho da felicidade: abandono das ilusões dos sentidos em direção ao Mundo das Ideias, até alcançar
o conhecimento supremo da realidade, correspondente à ideia do Bem.
A TEORIA DAS IDEIAS
Platão apresenta uma posição dualista da realidade: defende a oposição entre o Mundo Sensível e o
Mundo Inteligível (Mundo das Ideias).
Conhecimento verdadeiro: Mundo Inteligível (das Ideias).
Processo de conhecimento: passagem progressiva do Mundo Sensível para o Inteligível.
Conhecimento do Mundo Sensível é ilusório.
Somente quando ascendemos ao Mundo das Ideias é que alcançamos o conhecimento verdadeiro.
AS PARTES DA ALMA
Felicidade: subordinação e harmonia das 3 almas.
Alma concupiscente: cobiça ligada aos desejos;
Alma irascível: situada no peito, vinculada às paixões (sentimentos, emoções);
Alma racional: situada na cabeça e relacionada com o conhecimento.
FELICIDADE EM PLATÃO: A ALMA RACIONAL
Vida feliz: alma racional regula a irascível, e esta controla a concupiscente;
Primazia da parte racional sobre as demais;
Preparação corporal e intelectual:
Ginástica: atividade física por meio da qual a pessoa dominaria as inclinações negativas do corpo;
Dialética: investigação dialógica (baseada no diálogo), uma técnica de investigação conjunta, feita através
da colaboração de duas ou mais pessoas, um instrumento de busca do conhecimento verdadeiro.
A ENTRADA DA ALMA NO MUNDO INTELIGÍVEL
Por meio dessas práticas (ginástica e dialética) a alma humana conheceria o Mundo Inteligível (Mundo
das Ideias).
Contemplar as ideias perfeitas até atingir a ideia suprema: a ideia do BEM.
Supremacia do Bem: o Bem é a causa de todas as coisas justas e belas que existem (e outras ideias
perfeitas como JUSTIÇA, BELEZA, CORAGEM, FELICIDADE).
Platão: felicidade como resultado de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo até se atingir a
ideia do BEM.
Conhecimento = Bondade = Felicidade.
ARISTÓTELES (384 – 322 a.C.)
Felicidade: finalidade de todos os indivíduos;
Um ser só alcançar o seu fim quando cumpre a função ou faculdade que lhe é própria, aquilo que lhe
distingue dos demais seres.
Para chegar à felicidade o homem precisa cumprir, desenvolver a faculdade que lhe distingue dos demais
animais, isto é, a sua virtude.
FELICIDADE ARISTOTÉLICA: DESENVOLVIMENTO DA VIRTUDE
Virtude essencial humana: o pensamento, a racionalidade;
O homem só alcança seu fim (felicidade) se atuar conforme a sua virtude (o pensar, a razão);
Felicidade verdadeira: aprimoramento intelectual;
Intelectual, afetivo (família, amigos) e econômico;
Econômico: promover, garantir o bem-estar (alimentação, conforto etc.).
EPICURO (341 – 271 a.C.): INGREDIENTES DA FELICIDADE EPICURISTA
Todos podem achar um meio de sermos felizes, o problema é que procuramos a felicidade nos lugares
errados;
Vida humana: busca pelo prazer: o estado de aponia (bem-estar), que era a ausência da dor física.
1º Ter amigos: amigos trazem a felicidade;
2º Liberdade: independência financeira, ser autossuficiente (sem depender de chefes);
3º Vida bem analisada: reservar tempo para a reflexão.
EPICURO: FELICIDADE SENSUALISTA (SENSAÇÕES)
Felicidade: prazer resultante da satisfação de alguns desejos.
Todos os seres buscam o prazer e fogem da dor: para sermos felizes devemos gerar as condições materiais
e psicológicas que nos permitam experimentar o prazer e evitar a dor.
Prazer: ausência de dor ou perturbação (física e mental).
Sentir prazer: satisfação, moderação e eliminação de alguns desejos.
EPICURO E O PRAZER: ELIMINAR CAUSAS DAS ANGÚSTIAS
Causas de angústia e infelicidade: temor, medo dos deuses.
Gregos: temiam ofender seus deuses e serem terrivelmente punidos; tinham o pavor de que forças divinas
interferissem em suas vidas, mudando sua sorte ou tirando-lhes os seres queridos.
Evitar esse sofrimento: compreender que o universo inteiro é constituído de matéria, e o que acontece é
causado pelo movimento aleatório dos átomos, que produz forças cegas e indiferentes ao destino
humano.
Medo da Morte: “[...] quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a
morte está presente, nós é que não estamos” (EPICURO, Carta sobre a felicidade).
OS TIPOS DE PRAZER
Naturais e necessários: prazeres ligados à conservação do individuo; fazem parte de nossos desejos
naturais e são necessários para a nossa sobrevivência. Exemplo: comer, beber, repousar.
Naturais e desnecessários: excessos, variações supérfluas dos naturais e necessários; fazem parte de
nossos desejos naturais, mas são dispensáveis, podemos viver sem eles, sem esses excessos. Exemplo:
comer exageradamente, consumir bebidas alcoólicas.
Não naturais e desnecessários: não fazem parte de nossa natureza, eles são implantados pela sociedade
e, portanto, não são fundamentais para a nossa sobrevivência. Para Epicuro, eles devem ser evitados, pois
trazem perturbação da alma. Exemplo: desejos ligados a busca incessante por riqueza, poder e honras.
PRAZER: MOMENTÂNEO X DURADOURO
Prazer Momentâneo: prazer breve e passageiro que traz efeitos colaterais ao corpo e à alma;
Ex.: empanturrar-se com comida, embriagar-se;
Prazer Duradouro: prazer estável que proporciona uma sensação de bem-estar (aponia), a ausência da dor,
perturbação (física ou psíquica). (EX. MÚSICA, LEITURA);
Evitar o prazer que trará consequências negativas (dor, sofrimento, perturbação);
Cálculo para escolha dos prazeres: o prazer momentâneo deve ser trocado pelo duradouro;
Utilizar a razão como critério de escolha.
FELICIDADE EPICURISTA
Prazer: ausência de dor (perturbações físicas ou psíquicas);
Prudência Racional: avaliar as consequências dos prazeres;
Evitar prazeres que trazem consequências negativas;
Ser feliz: escolher os prazeres de forma racional.
Se interiormente estamos bem, livres de perturbações, de dores (não só as físicas como também as
psíquicas), teremos uma vida mais prazerosa, moderada, sem exageros, uma vida mais feliz!
ZENÃO DE CÍCIO (335 – 264 a.C.)
Felicidade: viver de acordo com a ordem Cósmica, aceitando e amando o próprio destino.
Kósmos (universo ordenado e harmonioso) composto por:
Princípio passivo: a matéria;
Princípio ativo, racional, inteligente: lógos, que permeia, anima e conecta todas as coisas.
Inteligência que rege o mundo: Providência (Deus);
Tudo o que acontece tem um objetivo;
Kósmos: todos os eventos são predeterminado (destino).
FELICIDADE: ESTOICISMO
Não podemos ter tudo o que desejamos;
Há coisas que dependem de nós;
Ex. elaborar um bom trabalho, ser bom, generoso;
E outras que não dependem de nós, ou só de nós.
Ex. ganhar na loteria.
Se nossa vida já está determinada, e se há coisas que não dependem de mim, da minha vontade, então,
como ser feliz?
FELICIDADE: ESTOICISMO
Felicidade: usar a vontade para querer, desejar apenas aquilo sobre o que temos poder, o que depende de
mim;
Tipos de coisas: boas, más indiferentes;
Boas: dependem apenas de nós para acontecer, e para sermos felizes devemos querer e buscá-las;
Ex. ser prudente, honesto, justo;
Más: dependem de nós, mas devemos evitá-las;
Ex. ser imprudente, desonesto, injusto;
Indiferentes: não dependem de nós, não devemos nos preocupar com elas;
Ex. morte, doença, poder, riqueza.
AMOR FATI (AMOR AOS FATOS)
Estoicismo: tudo é determinado pelos princípios racionais que governam o universo.
Tudo o que acontece e não depende de mim é necessário e bom.
A pessoa deve não apenas aceitar o seu destino, mas também querê-lo, isto é, amar o que é, o que tem e o
que vive.
OS ESTOICOS E A INFELICIDADE
Infelicidade: ocorre quando não conduzimos corretamente nossos pensamentos e não evitamos as
chamadas coisas más (coisas que só dependem de nós para acontecer, mas devemos evitá-las);
Ou quando nos preocupamos com as coisas indiferentes (coisas que não dependem da nossa vontade para
acontecer, não as controlamos).
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A FELICIDADE ESTOICA
Evitar coisas más;
Não se preocupar com as indiferentes;
Querer e praticar coisas boas;
Amar ao destino.
Download