UMA INTRODUÇAO À TEORIA DA ESCOLHA SOCIAL: TEOREMA DA IMPOSSIBILIDADE DE KENETH ARROW. MARILDA SOTOMAYOR Departamento de Economia Universidade de São Paulo/SP e-mail: [email protected] RESUMO O nosso objetivo é ilustrar uma aplicação de Matemática às Ciências Sociais. Tendo por base o seguinte problema de decisão: Como uma sociedade deve efetuar escolhas racionais, levando em conta as escolhas dos individuos? Keneth Arrow lançou os rudimentos da Teoria da Escolha Social - ramo da Teoria dos Jogos de influência considerável em vários ramos da Economia - no livro seminal (1951, 1963). Arrow foi prêmio Nobel de Economia em 1972, juntamente com Sir John Hicks. O modelo matemático que descreve um problema de escolha social é expresso pelos seguintes elementos: uma sociedade, isto é, um conjunto de indivíduos; um conjunto de alternativas X; um conjunto de relações de preferências sobre X (pré-ordens: relações binárias completas e transitivas) para cada indivíduo da sociedade; um conjunto de relações de preferências da sociedade sobre X (relações binárias completas e transitivas). As escolhas sociais são uma função das escolhas individuais segundo a qual as preferências racionais individuais são agregadas numa única preferência para a sociedade. Uma tal regra foi chamada por Arrow de Função do bem estar social. As escolhas individuais são racionais se são consistentes com uma relação de preferências. Entretanto, Arrow observou que o critério de racionalidade individual não é suficiente para definir racionalidade social. Isto é, para que uma Função do bem estar social expresse racionalmente as escolhas de uma sociedade não basta produzir relações binárias e completas. Ela deve também não considerar alternativas irrelevantes para a decisão (A-1- Independência das alternativas irrelevantes), respeitar a unanimidade (A2 - Unanimidade ou princípio de Pareto), estar definida para todo perfil de preferências racionais dos indivíduos (A-3 - Domínio irrestrito) e não dar todo o poder a um único indivíduo (A-4 – não ditatorial). O problema é portanto encontrar uma regra, função do bem estar social, que para qualquer perfil de relações de preferências dos indivíduos produza sempre uma relação de preferência para a sociedade, a qual possa ser usada racionalmente para representar as escolhas sociais. Arrow provou que se o número de alternativas é superior a dois, não existe nenhuma função do bem estar social que expresse racionalmente as escolhas sociais.