12-04-2005 FHM2/P Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde Nota Informativa Febre Hemorrágica de Marburgo em Angola Desde Outubro de 2004 que têm sido detectados casos de febre hemorrágica na província Angolana do Uíge. Em 21 de Março de 2005 foi identificado o vírus de Marburgo como o agente responsável por esta epidemia. Entre 13 de Outubro de 2004 e 9 de Abril de 2005, o Ministério de Saúde de Angola e a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificaram 214 casos de Febre Hemorrágica de Marburgo dos quais 194 foram fatais. Estes casos foram detectados em sete províncias de Angola, mas todos tiveram origem na província do Uíge (onde foram detectados cerca de 90% dos casos). Em Portugal já foram detectados 3 casos suspeitos, os quais foram todos excluídos após resultados laboratoriais negativos para vírus Marburgo. O vírus Marburgo já provocou surtos de febre hemorrágica em 5 ocasiões, todas originadas em África, desconhecendo-se ainda o seu reservatório na natureza. A Febre Hemorrágica de Marburgo é uma doença rara e mortal, em 25 a 80% das situações, tem um período médio de incubação de 2 a 9 dias, podendo prolongar-se até 21 dias. As manifestações iniciais desta doença são: febre elevada de início súbito, mal-estar, dores musculares e dores de cabeça, os quais são seguidos por dor de garganta, erupção cutânea, diarreia, dores abdominais, náuseas, vómitos e dores no peito. Cinco a sete dias após o início destes sintomas, uma elevada proporção de doentes pode apresentar perdas de sangue através do nariz ou gengivas, pele, tubo digestivo (vómitos e diarreia com sangue), pulmões, rins e genitais. O contacto com um indivíduo durante o período de incubação da doença de Marburgo não representa risco. A doença de Marburgo é contagiosa após o aparecimento dos primeiros sintomas e não antes do início da febre. A contagiosidade aumenta com a evolução da situação clínica. A transmissão desta doença é extremamente rara por contactos casuais entre as pessoas, exigindo um contacto directo, sem protecção adequada, com: • pessoa doente; • órgãos ou produtos biológicos (sangue, urina, fezes, sémen, etc) de uma pessoa ou animal infectados por aquele vírus; • qualquer material ou objectos utilizados no tratamento dos doentes; • cadáveres,durante a sua preparação e cerimónias fúnebres. 1 12-04-2005 FHM2/P Informação mais detalhada sobre esta doença está disponível em www.who.int/en ou www.dgsaude.pt (“Febre Hemorrágica de Marburgo Resumo de informações”). Os passageiros que viajem para Angola devem ter em atenção estas informações e evitar o contacto com doentes. Os passageiros que regressem de Angola deverão ler o folheto informativo disponível no aeroporto e no site www.dgsaude.pt (“Informação para os viajantes provenientes de Angola”). Os Serviços da Direcção-Geral da Saúde acompanham atentamente a situação em Angola através de canais de comunicação com o Ministério da Saúde Angolano, da Embaixada de Portugal em Angola e com a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outros. A Direcção-Geral da Saúde integra o Sistema de Alerta e Resposta da Rede de Vigilância das Doenças Transmissíveis da União Europeia, através do qual fornece e recebe informações sobre a evolução da epidemia em Angola e das medidas adoptadas em Portugal e nos outros países. As medidas adoptadas em Portugal vão sendo actualizadas e adequadas em função da avaliação do risco que é feita relativamente à situação em Angola e têm em atenção as características do agente infeccioso e as suas formas de transmissão. Até à data foram tomadas as seguintes medidas: • Informação aos passageiros provenientes de Angola através de folhetos informativos disponíveis nos aeroportos internacionais do País e de informação lida a bordo dos aviões provenientes de Angola; • Disponibilização do folheto informativo à Embaixada de Portugal em Luanda para a distribuição a cidadãos portugueses que viagem para Portugal e contactem a Embaixada; • Contacto diário com Angola para actualizar a situação; • Disponibilização, 24 horas por dia, da Linha Saúde Pública (808 211 311) para informar o público e identificar situações suspeitas; • Os casos suspeitos identificados são internados num hospital de referência; • Activação dos 4 hospitais de referência que podem receber doentes potencialmente infectados com vírus Marburgo – nomeadamente o Hospital de São João no Porto, os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), o Hospital Curry Cabral em Lisboa e o Hospital D. Estefânia (Hospital Pediátrico em Lisboa); • Activação, em colaboração com o INEM, do sistema de transporte dos casos suspeitos para os hospitais de referência; • Definição, com a colaboração do INSA, de um sistema de envio de amostras de produtos biológicos para o Bernhard-Nocht-Institut für 2 12-04-2005 FHM2/P Tropenmedizin, em Hamburgo (Laboratório de Referência da OMS para febres hemorrágicas), para diagnóstico laboratorial do vírus; • Identificação dos contactos de um caso suspeito no sentido de, se necessário, virem a ficar sob vigilância e, eventualmente, serem internados se manifestarem sintomas da doença; • Promoção de reuniões para caracterização da situação e informação aos participantes; • Actualização de Orientações Técnicas para profissionais; • Divulgação de informação em geral, recomendações e orientações técnicas, para o público e para profissionais de saúde e outros, no site de Internet da Direcção-Geral da Saúde (www.dgsaude.pt). Direcção-Geral da Saúde, 12 de Abril de 2005 3