CAPÍTULO 03 – OS SERES VIVOS SE REPRODUZEM... E EVOLUEM 7ª Série Evolução Observando os fósseis, os cientistas perceberam que muitas espécies de seres vivos do passado não existem mais. Os atuais organismos apresentam algumas semelhanças com esses ancestrais que, por alguma razão, desapareceram do nosso planeta, ou seja, foram extintos. Os muitos fósseis que já foram encontrados e estudados contêm evidências de que, com o passar de milhares de gerações, os seres vivos foram sofrendo graduais modificações até chegar aos que hoje povoam a Terra. Esse demorado processo de sucessivas modificações ao longo do tempo, que deu origem aos seres atualmente existentes, é chamado evolução. A explicação lamarckista para a evolução Em 1809, Jean Baptiste de Lamarck sugeriu que a explicação para as evidências presentes nos fósseis seria o fato de os seres vivos evoluírem ao longo de muitas e muitas gerações. Lamarck propôs que, quando um organismo usa algumas de suas partes, elas se desenvolvem mais do que aquelas que não são usadas e que essas novas características adquiridas passariam para os descendentes. Com base nesse raciocínio, vejamos como seria uma explicação para o longo pescoço das girafas. Elas seriam descendentes de ancestrais com pescoço curto, que, buscando alcançar as folhas altas, teriam passado a vida toda tentando esticar o pescoço, conseguindo torná-lo um pouco mais longo. Essas girafas teriam passado para seus descendentes um pescoço um pouco maior. Ao longo de milhares de gerações, elas já teriam um pescoço significativamente mais comprido. O grande mérito de Lamarck foi admitir, em sua época, que os seres vivos evoluem. No entanto a sua explicação de como acontece essa evolução não é aceita pelos cientistas atuais. A explicação darwinista para a evolução No ano em que Lamarck publicou suas idéias, nascia na Inglaterra Charles Darwin. Em dezembro de 1831, com 22 anos, ele se juntou à tripulação do navio Beagle, cuja missão era mapear o litoral da América do Sul, pouco conhecido naquela época. Em cinco anos de viagem, Darwin ocupou muito de seu tempo coletando amostras de fósseis, observando espécies animais e vegetais, seu comportamento e suas adaptações. Terminada a jornada, ele pode elaborar sua proposta de explicação para a evolução dos seres vivos, que publicou em 1859 no livro intitulado A origem das espécies por meio da seleção natural. Darwin percebeu que os seres vivos em geral têm grande facilidade para gerar descendentes, mas, dentre esses, nem todos conseguem sobreviver até que possam produzir seus próprios descendentes. Ele também notou que os descendentes de um ser vivo não são todos exatamente iguais. Ao contrário, sempre apresentam pequenas diferenças individuais. Segundo as idéias darwinistas, dentro de qualquer espécie de seres vivos, alguns indivíduos possuem características que os tornam mais aptos a sobreviver do que outros. Os indivíduos mais aptos têm maiores chances de chegar à vida adulta e, consequentemente, de transmitir essas características aos seus descendentes. Esse processo, atuando ao longo de milhares de anos sobre muitas e muitas gerações, permitiria a vida dos indivíduos cujas características fossem mais adequadas à sobrevivência. Nesse processo, a seleção natural, o ambiente, com seus fatores vivos e fatores não-vivos, favorece os organismos mais aptos a enfrenta-lo. Com base nas idéias darwinistas, o caso do pescoço das girafas pode ser explicado como resultado da seleção natural. Nem todas as girafas nascidas numa mesma época têm o pescoço do mesmo tamanho. Aquelas com pescoço mais curto teriam, por exemplo, maior dificuldade em obter alimento no alto de árvores e, consequentemente, suas chances de sobrevivência seriam menores. As de pescoço mais longo chegariam à idade adulta e poderiam se reproduzir. Das novas girafas, cujos pescoços também não seriam do mesmo tamanho, aquelas que possuíssem os mais compridos sobreviveriam. Assim, depois de muitas e muitas gerações, as girafas em geral teriam pescoços mais longos. Houve uma seleção natural dos indivíduos com uma característica que favorece a sobrevivência nesse ambiente: o pescoço longo. Exercícios: 1) Existe diferença entre evolução e seleção natural? Explique com suas palavras cada um desses conceitos. 2) Determinada espécie de inseto verde vive sobre folhas verdes, alimentando-se delas. Dos diversos descendentes de um casal de insetos, um deles apresentou a cor vermelha. a) Esse indivíduo apresenta uma característica que favorece ou atrapalha sua sobrevivência? b) Você acha que a seleção natural vai favorecer esse indivíduo? Gabarito: 1) Sim. Evolução é um processo lento, que ocorre ao longo de muitas gerações e modifica as características de uma espécie, tornando-a mais adaptada ao ambiente. Seleção natural é um mecanismo que explica a evolução. Os vários membros de uma espécie não estão igualmente aptos a enfrentar o ambiente. E os mais aptos têm mais chance de sobreviver e de se reproduzirem, passando aos descendentes suas características. 2) a) Atrapalha, pois é mais facilmente visto pelos predadores. b) Não ele provavelmente morrerá antes de chegar à idade adulta e de se reproduzir. Fontes: Canto, Eduardo Leite do. Ciências Naturais – Aprendendo com o cotidiano. 2ª. Ed. São Paulo, Moderna, 2004. www.curlygirl.no.sapo.pt/imagens/lamarck.jpg