Ceticismo (Luciano Caldas Camerino)

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CETICISMO
O Ceticismo é uma das principais abordagens filosóficas do nosso tempo, em que se
desconfia de verdades eternas e duradouras.
Nossa cultura ocidental, de maneira geral, é democrática e liberal, o que favorece o
pluralismo e a tolerância, ambiente propício ao desenvolvimento da mentalidade cética.
Tradicionalmente, a filosofia se empenhou em encontrar a verdade, o ser ou o “logos”.
O ceticismo, no entanto, não se constitui em uma doutrina ou conjunto de teses sobre a
realidade. Sua característica principal é desconfiar das certezas, mantendo uma atitude crítica
diante de qualquer afirmação dogmática.
Desde a Grécia Clássica, os filósofos céticos consideravam que qualquer afirmação
pode ser contradita por outra, de igual capacidade de persuasão. Diante da incapacidade de se
decidir, os céticos propõem a suspensão do juízo, uma equidistância entre as ideias colocadas
em debate.
O ceticismo não combate o conhecimento comum, seu foco é o pensamento
dogmático. O cético pretende ser um homem trivial, que observa os costumes e tradições de
seu tempo; o que ele rejeita é a pretensão das correntes filosóficas dogmáticas, que tentam
desvalorizar a vida cotidiana em prol de verdades que os céticos consideram duvidosas.
Na antiguidade, o ceticismo levava à ataraxia, uma oposição de distanciamento e
ausência de compromisso ou adesão à qualquer ideia. Hoje, ao contrário, na ausência de
verdades indubitáveis, a atitude geral é a de acreditar em tudo, sem nada rejeitar. Tal como se
dizia na Antiga Roma, o povo acredita que todas as religiões são boas, os magistrados
consideram que todas são úteis, e os filósofos as têm como falsas.
Luciano Caldas Camerino
Professor no Departamento de. Filosofia da UFJF
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