CETICISMO O Ceticismo é uma das principais abordagens filosóficas do nosso tempo, em que se desconfia de verdades eternas e duradouras. Nossa cultura ocidental, de maneira geral, é democrática e liberal, o que favorece o pluralismo e a tolerância, ambiente propício ao desenvolvimento da mentalidade cética. Tradicionalmente, a filosofia se empenhou em encontrar a verdade, o ser ou o “logos”. O ceticismo, no entanto, não se constitui em uma doutrina ou conjunto de teses sobre a realidade. Sua característica principal é desconfiar das certezas, mantendo uma atitude crítica diante de qualquer afirmação dogmática. Desde a Grécia Clássica, os filósofos céticos consideravam que qualquer afirmação pode ser contradita por outra, de igual capacidade de persuasão. Diante da incapacidade de se decidir, os céticos propõem a suspensão do juízo, uma equidistância entre as ideias colocadas em debate. O ceticismo não combate o conhecimento comum, seu foco é o pensamento dogmático. O cético pretende ser um homem trivial, que observa os costumes e tradições de seu tempo; o que ele rejeita é a pretensão das correntes filosóficas dogmáticas, que tentam desvalorizar a vida cotidiana em prol de verdades que os céticos consideram duvidosas. Na antiguidade, o ceticismo levava à ataraxia, uma oposição de distanciamento e ausência de compromisso ou adesão à qualquer ideia. Hoje, ao contrário, na ausência de verdades indubitáveis, a atitude geral é a de acreditar em tudo, sem nada rejeitar. Tal como se dizia na Antiga Roma, o povo acredita que todas as religiões são boas, os magistrados consideram que todas são úteis, e os filósofos as têm como falsas. Luciano Caldas Camerino Depto. Filosofia – ICH / UFJF