Trabalho Submetido para Avaliação - 25/05/2012 23:14:07 CONFORMIDADE DOS PROCEDIMENTOS DE PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS ÀS BOAS PRÁTICAS PARA SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO EM RESTAURANTES COMERCIAIS DO MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES, RS JUAN MARCEL FRIGHETTO ([email protected]) / Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS FABIANA ECKHARDT ([email protected]) / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves, RS CARLA CRISTINA BAUERMANN BRASIL ([email protected]) / Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS LÚCIA DE MORAES BATISTA ([email protected]) / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves, RS Palavras-Chave: Vigilância Sanitária, Boas Práticas de Manipulação, Contaminação Cruzada A rápida urbanização e a concentração das grandes cidades vêm contribuindo para substanciais mudanças na alimentação da população brasileira. Entre elas, destaca-se o consumo de refeições em restaurantes e lancherias, por influência de hábitos culturais estrangeiros ou por outros fatores relevantes, como as dificuldades impostas pelos longos deslocamentos e a extensa jornada de trabalho, que tornam os serviços de alimentação uma alternativa bastante viável para uma expressiva camada da população. Entretanto, esses serviços representam locais que têm se destacado na epidemiologia dos surtos de doenças transmitidas por alimentos (PALÚ, 2002). Assim, para assegurar que os alimentos sejam preparados de modo a garantir a segurança do consumidor, devem ser adotadas medidas de prevenção e controle em todas as etapas da cadeia produtiva. As Boas Práticas são um conjunto de princípios baseados no correto manuseio de alimentos, que abrange desde a recepção das matérias-primas até a comercialização do produto final, sendo o seu principal objetivo garantir a integridade do alimento e a saúde do consumidor (NASCIMENTO & BARBOSA, 2007). O objetivo deste trabalho foi verificar a conformidade dos procedimentos de preparação de alimentos às Boas Práticas para Serviços de Alimentação em restaurantes comerciais do município de Bento Gonçalves, RS. Durante o período de julho à dezembro de 2009, com a colaboração da Vigilância Sanitária de Bento Gonçalves, RS, foram avaliados os procedimentos de preparação de alimentos de 36 restaurantes comerciais do município, selecionados aleatoriamente, utilizando como ferramenta o Item 9 “Preparação de Alimentos” da Lista de Verificação em Boas Práticas para Serviços de Alimentação, integrante da Portaria Estadual nº. 78, de 30 de janeiro de 2009 (RIO GRANDE DO SUL, 2009). Os resultados foram obtidos através de observações "in loco" e informações prestadas pelo proprietário e colaboradores dos estabelecimentos. Observou-se que 22% dos estabelecimentos utilizavam matérias-primas e ingredientes de origem animal desprovidos de registro de inspeção. É imprescindível destacar que os produtos perecíveis proteicos, representados principalmente pelos derivados de origem animal, merecem atenção especial em relação ao controle higiênico-sanitário, devido aos seus fatores intrínsecos que favorecem o crescimento e metabolismo microbiano (FRANCO & LANDGRAF, 2002; SILVA JR., 2005). Dentre os restaurantes vistoriados, 58% adotavam medidas a fim de minimizar o risco de contaminação cruzada. Entende-se por contaminação cruzada, a transferência de contaminantes de uma área ou produto para áreas ou produtos anteriormente não contaminados. Essa contaminação ocorre do modo indireto, através de superfícies de contato, mãos, utensílios, etc. (SILVA JR., 2005). Em contrapartida, o mesmo percentual de restaurantes mantinha produtos perecíveis expostos à temperatura ambiente por tempo superior à 30 minutos. Os itens relacionados às atividades de monitoramento e/ou registro de temperaturas foram ignorados em 100% dos estabelecimentos. Segundo Franco & Landgraf (2002), a temperatura é o fator ambiental de maior importância, que afeta a multiplicação de micro-organismos. Desta forma, o controle das temperaturas ambiental, de refrigeração e de congelamento consiste em uma ação preventiva diretamente relacionada à eficiência da conservação de alimentos. Inadequações relacionadas às questões de acondicionamento, embalagem e identificação de alimentos apresentaram-se em 42% dos estabelecimentos, destacando-se a exposição de alimentos à agentes contaminantes e ausência de identificação da data de abertura das embalagens. Enfim, desconsiderando as atividades de monitoramento e registro de temperaturas, irregulares em todos os estabelecimentos, os itens avaliados obtiveram conformidade em mais de 50% dos restaurantes vistoriados. Cabe destacar que independentemente do índice de não-conformidade, os restaurantes comerciais necessitam se adequar imediatamente à legislação vigente , que estabelece procedimentos de boas práticas para serviços de alimentação e permite aos serviços de inspeção e vigilância sanitária aplicar notificações e multas aos estabelecimentos que não atendam aos dispositivos legais. REFERÊNCIAS: FRANCO, B. D. G. M. & LANDGRAF, M.; Microbiologia dos alimentos; Porto Alegre; Atheneu; 2002. NASCIMENTO, G. A. & BARBOSA, J. S.; BPF: Boas Práticas de Fabricação: Uma revisão; Higiene Alimentar; 21; 24-30; 2007. PALÚ, A. P.; TIBANA, A.; TEIXEIRA, L. M.; MIGUEL, M. A. L.; PYRRHO, A. S. & LOPES, H. R.; Avaliação microbiológica de frutas e hortaliças frescas, servidas em restaurantes self-sevrice privados, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Higiene Alimentar; 16; 67-74; 2002. RIO GRANDE DO SUL; Portaria nº 78, de 30 de janeiro de 2009; http://www.sinurgs.org.br/port_78.php; Maio-2012. SILVA JR., E. A. ; Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos; São Paulo; Varela; 2005.