Novembro de 2010 III – EVOLUÇÃO DOS INDICADORES MACROECONÓMICOS 3.1 - Contexto Macroeconómico Segundo o Relatório Anual do Banco de Moçambique, referente ao ano de 2009, depois do pessimismo e incerteza que caracterizaram a primeira parte do ano em referência, no final desse mesmo ano assistiu-se a um maior optimismo nas previsões de recuperação da economia mundial a médio prazo, justificado pelo abrandamento da contracção da actividade económica, em particular nas economias mais desenvolvidas, acompanhado por um comportamento misto da inflação, manutenção de níveis de crescimento económico robustos nas economias de mercados emergentes, aumento dos preços das principais mercadorias nas praças internacionais, fortalecimento do Dólar Norte-Americano face às principais moedas internacionais e melhorias assinaláveis no desempenho dos principais índices bolsistas do mundo. Contudo, em termos anuais e globais, a conjuntura económica mundial voltou a ser marcada pela continuação da crise despoletada em 2007, que levou a que governos e bancos centrais das economias desenvolvidas e de mercados emergentes adoptassem medidas de estímulo, visando amortecer os efeitos da crise na economia real. Efectivamente, assistiu-se à desaceleração do crescimento económico mundial, determinada, principalmente, pelo desempenho negativo das principais economias. Ao nível das economias da África Subsahariana e da região da SADC, a crise financeira teve reflexos na actividade produtiva e, sobretudo, ao nível do sector externo. Com efeito, assistiu-se ao (i) abrandamento do ritmo de crescimento para 1,6% em 2009, com a África do Sul e o Botswana a observarem contracções no nível de produção total, (ii) redução dos fluxos de ajuda externa, (iii) agravamento dos défices fiscais, (iv) redução das receitas de exportação e (v) retracção das taxas de inflação em quase todos os países. Para a economia moçambicana, a segunda vaga da crise financeira teve efeitos notórios, sobretudo a nível das variáveis do sector externo, que se traduziram, essencialmente, na queda das exportações de bens em cerca de 30%, o que, perante uma queda menos pronunciada das importações (11%), resultou no agravamento do défice da conta parcial de bens em 40,4%, o que concorreu para que o défice da conta corrente, antes de donativos, fosse de USD 1.935,8 milhões. Apesar de todas as adversidades, os principais indicadores macroeconómicos evoluíram em linha com as previsões iniciais. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu, em termos reais, em 6,3%, impulsionado, em grande medida, pelo sector terciário, o qual, por seu turno, foi dinamizado pelos serviços de administração pública e financeiros, cujas taxas de variação anual aceleraram para 15,1% e 14%, respectivamente. A inflação anual, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Cidade de Maputo, situou-se em 4,2%, o equivalente a uma redução de 1,9 pontos percentuais relativamente à cifra de 2008, ao passo que a inflação média anual desacelerou para 3,25%, menos 7,1 pontos percentuais que o valor observado em 2008. A evolução dos preços dos produtos alimentares, particularmente, fruta, vegetais, cereais e seus derivados foi o que contribuiu para a variação positiva do índice geral de preços, em 2009. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-1 Novembro de 2010 A informação contida na Conta Geral do Estado (CGE) de 2009, mostra que a arrecadação de receitas públicas no exercício económico de 2009 atingiu 47.565 milhões de Meticais, valor que corresponde a um crescimento nominal anual de 21,4%, representando 18,1% do PIB, enquanto a despesa total, incluindo empréstimos líquidos às empresas públicas, totalizou 84.876 milhões de Meticais, equivalente a 33,3% do PIB, traduzindo-se num acréscimo anual de 30,1%, tendo estas sido cobertas, em 55%, pelas receitas correntes e o remanescente através de fundos externos. Com estes fluxos, em 2009, o défice global antes de donativos agravou-se em 2,6 pontos percentuais face ao de 2008, situando-se em 13,7% do PIB, nível que reduz para 5,4% do PIB (mais 2,9 pontos percentuais em relação a 2008) quando incorporados os donativos. No seu Plano Económico e Social para 2009, o Governo fixou, de entre outros, os seguintes objectivos: • Alcançar um crescimento económico de cerca de 6,7%; • Conter a taxa de inflação média anual a um dígito (8%); • Manter estável a taxa de câmbio; • Atingir um nível de 2.926 milhões de Dólares Norte-Americanos, em exportações de bens, o que representará um crescimento em 8,9%, comparativamente ao valor projectado para finais de 2008; • Atingir um nível de reservas internacionais líquidas que financiem cerca de 5,4 meses de importações de bens e serviços não factoriais, excluindo os mega-projectos; • Melhorar o ambiente de negócios no País, por forma a atrair Investimento. Na Conta Geral do Estado de 2009, o Governo reportou os seguintes resultados: • Crescimento de 6,3% do PIB; • Taxa de inflação média anual de 3,25%; • Depreciação, no ano, de 9,65% do Metical face ao Dólar Norte-Americano e 45,6% relativamente ao Rand sul-africano; • As exportações totais de bens situaram-se em 1.852,6 milhões de Dólares NorteAmericanos (realização de 63,3%); • As Reservas Internacionais Líquidas com capacidade de cobrir 5,6 meses de importações de bens e serviços não-factoriais. Foi neste contexto que se executou o Orçamento do Estado de 2009, aprovado pela Lei n.º1/2009, de 8 de Janeiro, em cujo preâmbulo se lê que “(...) o Governo definiu como prioridade a garantia da estabilidade macroeconómica e a criação de condições que reforcem os padrões de acumulação interna e do crescimento económico, a realização das despesas nos programas com potencial para reduzir os níveis de pobreza absoluta (...) o incremento da qualidade na oferta de bens e serviços públicos básicos através de uma maior racionalidade e selectividade na realização dos gastos, bem como o reforço dos padrões de economia, eficácia e eficiência na utilização dos recursos públicos”. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-2 Novembro de 2010 No presente capítulo, é analisada a evolução da arrecadação da receita, bem como a execução da despesa, face ao Produto Interno Bruto (PIB) e em termos reais, no período 2005-2009, apresentando-se, igualmente, o resultado de cada exercício. 3.2 – Evolução da Receita 3.2.1- Evolução da Receita em Termos Nominais As receitas correntes apresentaram um crescimento nominal de 131,3%, no quinquénio 20052009, passando de 19.818,1 milhões de Meticais, em 2005, para 45.849,7 milhões de Meticais, em 2009. No exercício de 2009, contribuíram para esta evolução, as medidas de Política Fiscal, no âmbito do Sistema Tributário e Incentivos Fiscais, nomeadamente: • Abertura de 26 novos postos de cobrança; • Implementação do Projecto da Janela Única Electrónica (JUE), para a tramitação do despacho aduaneiro e interacção electrónica com os utentes e administrações vizinhas; • Atribuição de 188.215 novos Número Único de Identificação Tributária (NUIT), visando maior controlo dos contribuintes e alargamento da base tributária; • Início da implementação do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC) nas zonas rural e urbana; • Implementação do Código dos Benefícios Fiscais, com os incentivos fiscais racionalizados. No ano em apreço, foram arrecadados 47.565 milhões de Meticais, dos quais as Receitas Fiscais contribuíram com 41.761 milhões de Meticais, 87,8%1. Os Impostos Sobre Bens e Serviços tiveram uma participação de 23.880 milhões de Meticais, 24,2 pontos percentuais superior em relação à do ano anterior, seguidos dos Impostos Sobre o Rendimento, com 13.727 milhões de Meticais, superando, em 17,1 pontos percentuais, o montante arrecadado em 2008. Os Outros Impostos contribuíram, igualmente, para o crescimento das Receitas Fiscais, de forma significativa, com uma variação na ordem dos 184,4%, conforme se apresenta no Quadro n.º III.1. 1 (41.761,1/47.565) *100=87,8% TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-3 Novembro de 2010 Quadro n.º III.1 - Evolução da Receita 2006 Código Designação 2005 2007 19.818 16.796 4.431 26.579 22.142 6.351 Var. % 34,1 31,8 43,3 Imposto s/ o Rend. Pessoas Colectivas 1.493 2.536 11112 Imposto s/ o Rend. Pessoas Singulares 2.909 3.784 11113 Imposto Especial s/ o Jogo 112 Imposto s/ Bens e Serviços 11122 11123 1 11 111 Receitas Correntes Receitas Fiscais Imposto s/ o Rendimento 11111 Valor 2008 (Em milhões de Meticais) 2009 Var. Var. Valor % % 15,0 45.850 22,2 15,9 41.761 28,8 26,4 13.727 17,1 32.624 27.965 9.271 Var. % 22,7 26,3 46,0 69,9 4.365 72,2 5.722 31,1 7.338 28,3 30,1 4.859 28,4 5.957 22,6 6.342 6,5 Valor Valor 37.516 32.415 11.723 29 32 7,1 48 50,8 44 -7,4 47 7,7 11.199 14.490 29,4 17.225 18,9 19.232 11,7 23.880 24,2 Imposto s/ o Cons. de Produto Nacional 984 1.122 14,1 1.341 19,5 1.633 21,8 1.794 9,8 Imposto s/ o Cons. Produtos Importados 569 696 22,3 735 5,5 1.001 36,2 973 -2,7 11124 Imposto s/ o Comércio Externo 2.816 3.286 16,7 3.835 16,7 3.628 -5,4 4.138 14,0 11121 Imposto Sobre Valor Acrescentado 6.829 9.385 37,4 11.314 20,6 12.970 14,6 16.975 30,9 113 11131 Outros Impostos Imposto do Selo Imposto s/ Veículos Licenças de Pesca Taxa s/ os Combustíveis 1.166 286 1.301 214 563 11,6 -25,1 -1,1 1.469 322 713 12,9 50,3 26,7 1.461 322 47 31 719 -0,5 0,0 0,8 4.154 440 56 56 3.273 184,4 36,5 18,3 80,2 355,4 15 -71,3 6 -57,8 111312 569 Impostos Directos e Indirectos Extintos 111314 12 13 14 2 2 -66,8 Royalties e Imposto de superficie - - - - - 57 - 126 121,6 Imposto de Reconstrução Nacional - - - - - 8 - 6 -18,7 194 3.034 1.055 1.508 1.715 47.565 -28,1 26,4 -60,9 22,6 2,5 21,4 Outros Receitas Não Fiscais Receitas Consignadas Receitas Próprias Receitas de Capital TOTAL Fonte: CGE (2005-2009) 50 260 1.496 1.527 707 1.124 20.942 53 470 2.670 1.767 1.612 1.215 27.794 6,6 80,5 78,5 15,8 128,0 8,1 32,7 418 2.457 2.201 1.111 1.850 34.474 -11,0 -8,0 24,5 -31,1 52,3 24,0 270 2.401 2.700 1.230 1.674 39.190 -35,4 -2,3 22,6 10,7 -9,5 13,7 Ainda do mesmo quadro, observa-se que, em 2009, as Receitas Não Fiscais e as de Capital também registaram um crescimento, ao contrário de 2008, à taxa de 26,4% e 2,5%, respectivamente. As Receitas Próprias registaram, igualmente, um crescimento (22,6%), enquanto as Consignadas decresceram de forma acentuada, no mesmo período, na ordem de 60,9%. No global, as Receitas Totais cresceram 21,4%, comparativamente ao exercício de 2008, isto é, arrecadou-se 47.565 milhões de Meticais, em 2009, contra 39.190 milhões de Meticais, em 2008. Relativamente às Receitas Não Fiscais, estas registaram uma queda acentuada de 2006 a 2007, passando de 78,5% para uma taxa negativa de 8%, só voltando a crescer no exercício em análise (26,4). As Receitas de Capital apresentam uma tendência crescente de 2006 a 2007, interrompida em 2008 (-9,5%) voltando a crescer em 2009 (2,5%). No que tange às Receitas Próprias, estas registaram uma variação positiva de 128% em 2006, para, em 2007, apresentar uma queda de 31,1%, passando para positiva de 22,6%, em 2009. O gráfico seguinte mostra a evolução e tendência das Receitas Correntes e de Capital. Espelha, igualmente, a evolução das Receitas Fiscais e Não Fiscais ao longo do quinquénio. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-4 Novembro de 2010 Gráfico n.º III. 1. – Evolução da Receita 50000 45000 40000 35000 Receitas Fiscais 30000 Receitas não Fiscais 25000 Receitas Correntes 20000 Receitas de Capital 15000 10000 5000 0 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CGE (2005-2009) Constata-se, no Gráfico n.º III.1, que, no período em análise, as Receitas Correntes registaram taxas de crescimento substanciais, influenciadas pelo crescimento das Receitas Fiscais. No que tange às Receitas Correntes, estas desagregam-se em Receitas Fiscais, Não Fiscais, Próprias e Consignadas. Dentro deste grupo verifica-se que, no quinquénio, as Receitas Fiscais são as que tiveram maior peso. 3.2.2 - Evolução da Receita face ao PIB A Conta Geral do Estado de 2008 indica um valor do PIB (de 2008) de 239.249,1 mil Meticais e a de 2009 apresenta 239.775,0 mil Meticais para o ano anterior, o que não permite a análise e comparabilidade, na mesma base, dos indicadores macroeconómicos. O Governo, no exercício do direito ao contraditório, esclareceu que “no momento da elaboração da Conta Geral do Estado de 2008, o Instituto Nacional de Estatística ainda não tinha concluido o apuramento das estatísticas, razão pela qual foi considerado um PIB provisório, que veio a ser actualizado em 2009”. O Tribunal Administrativo entende que pelo imperativo de que a Conta Geral do Estado deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, por forma a permitir a sua análise económica e financeira, o Governo deveria evidenciar que os dados constantes nela são provisórios e que carecem de ajustes, após o apuramento final das estatísticas. Segundo o Relatório Anual do Banco de Moçambique (2009), na conjuntura interna, o destaque vai para o crescimento de 6,3%, do PIB real, liderado pelo sector terciário com uma contribuição de 3,6 pontos percentuais, a redução da inflação anual para 4,2%, em Dezembro de 2009, nível TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-5 Novembro de 2010 mais baixo dos últimos cinco anos, menos 1,97 pontos percentuais em relação ao nível observado em 2008. Comportamento semelhante teve a inflação média anual que reduziu de 10,3%, em Dezembro de 2008, para 3,3%, em Dezembro de 2009, o equivalente a uma queda de 7,1 pontos percentuais. No quinquénio em consideração, o PIB nominal cresceu à taxa anual mais elevada, de 22,9%, em 2006, e registou a mais baixa, de 4,2%, em 2007, como se apresenta mais adiante. O crescimento de 10% do PIB, em 2009, significou uma queda de 8,8 pontos percentuais comparativamente ao do exercício anterior, conforme se pode observar no Quadro n.º III.2, a seguir. Quadro n.º III.2 - Evolução da Receita Face ao PIB Código De signação 2005 12,9 11,0 2,9 (Em pe rce ntage m do PIB) 2006 2007 2008 13,7 16,2 15,6 11,5 13,9 13,5 3,3 4,6 4,9 2009 17,4 15,9 5,2 1 11 111 Re ce itas Corre nte s Re ce itas Fiscais Imp. Sobre o Re ndime nto 11111 Imposto s/ o Rend. Pessoas Colectivas 1,0 1,3 2,2 2,4 2,8 11112 112 11122 11123 11124 11121 113 11131 111312 111314 12 13 14 2 Imposto s/ o Rend. Pessoas Singulares Imp. Sobre Be ns e Se rviços Imposto Cons. de Produto Nacional Imposto Cons. Produtos Importados Imposto s/ o Comércio Externo Imposto sobre Valor Acrescentado O utros Impostos Imposto do Selo T axa s/ os Combustíveis Outros Re ce itas não Fiscais Re ce itas Próprias Re ce itas Consignadas Re ce itas de Capital TO TAL 1,9 7,3 0,6 0,4 1,8 4,5 0,8 0,2 0,4 0,2 1,0 0,5 1,0 0,7 13,7 2,0 7,5 0,6 0,4 1,7 4,9 0,7 0,1 0,3 0,2 1,4 0,8 0,9 0,6 14,4 2,4 8,6 0,7 0,4 1,9 5,6 0,7 0,2 0,4 0,2 1,2 0,6 1,1 0,9 17,1 2,5 8,0 0,7 0,4 1,5 5,4 0,6 0,1 0,3 0,1 1,0 0,5 1,1 0,7 16,3 2,4 9,1 0,7 0,4 1,6 6,5 1,6 0,2 1,2 0,1 1,2 0,6 0,4 0,7 18,1 PIB Cre scime nto Fonte : CGE (2005-2009) (Em mil Meticais) 2005 2006 2007 2008 2009 153.041,0 193.322,0 201.437,0 239.775,0 263.173,8 26,3 4,2 18,8 10,0 Ainda do mesmo quadro, verifica-se que o peso das Receitas Correntes, relativamente ao PIB, cresceu de 2005 a 2007, tendo passado de 12,9%, em 2005, para 16,2%, em 2007, decrescendo para 15,7%, em 2008. Em 2009, retomou a tendência crescente, atingindo o nível de 18,1%, o mais alto do quinquénio em apreço. No que toca a este indicador, o Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II) fixou as metas de 15,9%, para 2008, e 16,2%, para 2009, que confrontadas com as taxas alcançadas nestes anos revelam o cumprimento (em 2009) dos objectivos delineados. Relativamente à contribuição das Receitas Fiscais no PIB, por sub-grupos de impostos, constatase que, em 2009, os Impostos sobre Bens e Serviços tiveram a maior participação, com 9,1%, seguidos dos Impostos sobre o Rendimento, com 5,2% e os Outros Impostos registaram 1,6%. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-6 Novembro de 2010 Relativamente à evolução do peso dos grandes sub-grupos das Receitas Fiscais em relação PIB, verifica-se que os Impostos sobre o Rendimento têm mantido uma tendência crescente longo do quinquénio, passando de 2,9%, em 2005, para 5,2%, em 2009. Por outro lado, Impostos sobre Bens e Serviços passaram de 7,3%, em 2005, para 9,1%, em 2009, embora 2007 a 2008 se tenha registado um decréscimo de 0,6 pontos percentuais. ao ao os de 3.2.3 - Evolução da Receita em Termos Reais No Quadro n.º III.3, é apresentada a evolução global da receita em termos reais, com valores de referência do ano de 2009. Quadro n.º III.3 – Evolução da Receita em Termos Reais (a preços de 2009) 2005 Código Designação Valor 25.686 22.690 6.025 2006 Var. Valor % 31.676 23,3 26.503 16,8 7.602 26,2 2007 (Em milhões de Meticais) 2009 Var. Var. Valor Valor % % 37.218 4,1 45.850 23,2 33.469 9,2 41.761 24,8 12.104 19,1 13.727 13,4 2008 Var. % 35.769 12,9 30.661 15,7 10.165 33,7 Valor 1 11 111 Receitas Correntes Receitas Fiscais Imposto Sobre Rendimento 11111 Imposto s/ o Rend. Pessoas Colectivas 2.029 3.035 49,5 4.786 57,7 5.907 23,4 7.338 24,2 11112 Imposto s/ o Rend. Pessoas Singulares 3.955 4.530 14,5 5.327 17,6 6.151 15,5 6.342 3,1 11113 112 11121 11122 Imposto Especial Sobre Jogos Imp. Sobre Bens e Serviços Imposto s/ o Valor Acrescentado Imposto s/ o Cons. de Produto Nacional 40 15.228 9.286 1.338 38 17.344 11.233 1.343 -5,7 13,9 21,0 0,4 52 18.886 12.405 1.471 38,1 8,9 10,4 9,5 45 19.857 13.391 1.686 -12,8 5,1 8,0 14,7 47 23.880 16.975 1.794 4,3 20,3 26,8 6,4 11123 11124 113 11131 11132 111311 111312 Imposto s/ o Cons. Produtos Importados Imposto s/ o Comércio Externo Outros Impostos Imposto do Selo Imposto s/ Veículos Licenças de Pesca Taxa s/ os Combustíveis 774 3.830 1.438 389 51 99 774 834 3.934 1.557 256 48 49 674 7,7 2,7 8,3 -34,0 -6,8 -50,0 -12,9 806 4.204 1.610 353 46 62 782 -3,4 6,9 3,5 37,7 -2,7 26,6 16,0 1.033 3.746 1.508 333 49 32 742 28,3 -10,9 -6,3 -5,8 5,3 -48,7 -5,1 973 4.138 4.154 440 56 56 3.273 -5,8 10,5 175,4 32,2 14,6 74,5 341,1 Impostos Directos e Indirectos Extintos 0 0 2 -67,9 0 7 Royalties e Imposto de Superfície 0 0 0 59 126 114,6 Imposto de Reconstrução Nacional 0 0 0 8 6 -21,2 111314 Outros 125 529 323,2 367 -30,7 279 -23,9 194 -30,3 12 Receitas Não Fiscais 2.034 3.057 50,3 2.694 -11,9 2.479 -8,0 3.034 22,4 13 Receitas Próprias 961 1.930 100,7 1.218 -36,9 1.270 4,3 1.508 18,8 14 Receitas Consignadas 2.076 2.116 1,9 2.413 14,1 2.787 15,5 1.055 -62,2 2 Receitas de Capital 1.528 1.596 4,4 2.028 27,1 1.728 -14,8 1.715 -0,8 TOTAL 28.475 33.271 16,8 37.797 13,6 40.464 7,1 47.565 17,5 Fonte: CGE (2005-2009) (a) Valores ajustados utilizando as seguintes taxas de inflação: 7,2%, em 2005, 13,6%, em 2006, 9,17%, em 2007, 6,19% em 2008 e 3,25% em 2009. As Receitas Correntes tiveram uma taxa de crescimento de 23,3%, em 2006, 12,9%, em 2007, 4,1%, em 2008 e, finalmente, 23,2%, em 2009. Contribuíram, para este crescimento, as Receitas Fiscais que, relativamente às outras sub-rubricas, registaram uma evolução de 24,8%, em 2009, seguidas das Não Fiscais, com 22,4%. As Receitas Consignadas apresentaram um decréscimo acentuado, em 2009, de menos 62,2%. No grupo das Receitas Fiscais, os Impostos Sobre o Rendimento tiveram uma evolução de, 26,2%, em 2006, 33,7%, em 2007, 19,1%, em 2008 e 13,4%, no exercício em análise. É de TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-7 Novembro de 2010 realçar, nos Impostos sobre o Rendimento, que em 2009, pela primeira vez, a cobrança do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC) superou a do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS), que poderá ter sido influenciado pelas alterações às leis fiscais, a partir de Dezembro de 2008, com a implementação dos novos códigos do IRPC e IRPS bem como a intensificação das fiscalizações. 3.3 - Evolução da Despesa No exercício em apreço, a despesa total foi de 86.701 milhões de Meticais, valor superior em 21,8% ao registado no ano anterior, correspondendo a uma variação de 6,9 pontos percentuais. Como se observa no Quadro n.º III.4, o crescimento das Despesas Correntes foi de 23,7%, em 2006, 23,6%, em 2007, 16,5%, em 2008 e 17,5%, em 2009. Por sua vez, o crescimento das Despesas de Investimento foi de 18,3%, em 2006, 29,8%, em 2007, 14,9%, em 2008 e 24,7%, em 2009. Ainda no mesmo quadro, em 2009, as Despesas Correntes (43.505 milhões de Meticais) e as de Investimento (35.336 milhões de Meticais) representaram 51,3% e 41,6%, respectivamente. No grupo das despesas correntes, destacam-se as “Despesas com o Pessoal”, “Bens e Serviços” e “Transferências Correntes”, com pesos de 26,6%, 10,7% e 9,3%, respectivamente. No grupo das Despesas de Investimento, as de financiamento externo representaram 25,8% e as do interno 15,8%. As Operações Financeiras (5.747 milhões de Meticais) tiveram um peso de 6,8% e as Despesas de Capital, de 0,3%, em 2009. Quadro n.º III.4 - Evolução da Despesa 2005 Cód. Designação Despesas com o Pessoal 1.1 Bens e Serviços 1.2 Encargos da Dívida 1.3 Transferências Correntes 1.4 Subsídios 1.5 Outras Despesas Correntes 1.6 Exercícios Findos 1.7 Sub-total Despesas Correntes Despesas de Capital 2.1 Transferências de Capital 2.2 Outras D. de Capital 2.3 Sub-total Despesas de Capital Financiamento Interno Financiamento Externo Sub-total Despesas de Investimento Operações Activas 3.1 Operações Passivas 3.2 Sub-total Operações Financeiras Total Despesas Fonte: CGE (2005-2009) Valor 10.733 4.425 1.266 3.833 222 309 20.788 66 0 0 66 5.317 10.740 16.057 3.062 1.538 4.600 41.510 2006 Var. Valor % 12.983 21,0 5.774 30,5 1.380 9,0 4.555 18,8 312 40,9 698 125,7 4 25.706 23,7 102 53,5 0 1 103 55,0 6.542 23,0 12.459 16,0 19.001 18,3 2.387 -22,1 1.370 -10,9 3.756 -18,3 48.566 17,0 TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 2007 Valor 15.996 6.599 1.277 5.902 345 1.654 8 31.781 202 0 0 202 9.236 15.425 24.661 2.833 1.186 4.019 60.663 2008 Var. % 23,2 14,3 -7,5 29,6 10,3 137,0 121,3 23,6 98,0 96,1 41,2 23,8 29,8 18,7 -13,4 7,0 24,9 Valor 19.084 8.049 1.259 7.003 394 1.236 7 37.032 243 2 0 245 11.296 17.040 28.336 2.384 1.699 4.083 69.695 (Em milhões de Meticais) 2009 Peso Var. Var. (%) Valor % % 19,3 22.544 18,1 26,6 22,0 9.081 12,8 10,7 -1,4 1.371 8,9 1,6 18,6 7.912 13,0 9,3 14,4 438 10,9 0,5 -25,3 2.159 74,7 2,5 -13,2 0 -98,3 0,0 16,5 43.505 17,5 51,3 20,3 288 18,4 0,3 21,1 288 17,7 0,3 22,3 13.432 18,9 15,8 10,5 21.904 28,5 25,8 14,9 35.336 24,7 41,6 -15,8 4.571 91,7 5,4 43,2 1.176 -30,8 1,4 1,6 5.747 40,8 6,8 14,9 84.876 21,8 100 III-8 Novembro de 2010 Como se observa do quadro acima, o grupo das Operações Financeiras apresentou maior crescimento (40,8%), entre 2008 e 2009, devido, fundamentalmente, ao crescimento de 91,7%, em relação à despesa total, verificado nas Operações Activas, que passaram de 2.384 milhões de Meticais para 4.571 milhões de Meticais, devido ao aumento de capital em 3 empresas e ao saneamento financeiro em 6, e aos suprimentos e aplicações financeiras do Estado, através do IGEPE. Ainda no que diz respeito à variação, no ano em apreço, seguiram-se as Despesas de Investimento, com 24,7%, Despesas de Capital, com 17,7%, e as Despesas Correntes, com 17,5%. Importa realçar que, ao longo do quinquénio 2005-2009, a despesa total tem apresentado variações, pois, cresceu 7,9 pontos percentuais, de 2006 para 2007, desacelerou em 10 pontos percentuais, de 2007 para 2008, e voltou a crescer 6,9 pontos percentuais, de 2008 para 2009. Relativamente às Despesas de Investimento, registou-se uma taxa de crescimento de 24,7%, entre 2008 e 2009, tendo se verificado taxas de crescimento positivas, tanto para as despesas de financiamento interno, como do externo. Analisando as taxas de crescimento no quinquénio, para estes dois subgrupos da Despesa de Investimento, observa-se que, contrariamente ao que se registava nos anos anteriores, em 2009, as de financiamento interno cresceram a uma taxa inferior (18,9%), comparativamente às do externo (28,6%). O Gráfico n.º III.2 espelha a evolução e a tendência das Despesas de Funcionamento, Despesas de Investimento, bem como as das Operações Financeiras. Gráfico n.º III.2 - Evolução da Despesa 90.000 80.000 Despesas Totais (Em milhões de Meticais) 70.000 60.000 Operações Financeiras 50.000 Despesas de Investimento 40.000 30.000 Despesas de Funcionamento 20.000 10.000 0 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CGE (2005-2009) Neste ciclo de 5 anos, as Despesas de Funcionamento e as de Investimento têm-se revelado tendencialmente crescentes, contrariamente às Operações Financeiras, cujo comportamento apresenta maior estabilidade. Este facto revela, conforme vem-se afirmando, a fraca capacidade TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-9 Novembro de 2010 de o Saldo das Operações Financeiras financiar as Despesas de Funcionamento e de Investimento. 3.3.1 - Evolução da Despesa Face ao PIB No Quadro n.º III.5, observa-se que a Despesa, em percentagem do PIB, foi de 32,3%, em 2009, 29,1%, em 2008, depois de ter sido de 30,1%, em 2007, de 25,1%, em 2006 e de 27,1%, em 2005. Quadro n.º III.5 - Evolução da Despesa Face ao PIB Código Designação (Em percentagem do PIB) 2005 2006 2007 2008 2009 1.1 Despesas com o Pessoal 7,0 6,7 7,9 8,0 8,6 1.2 Bens e Serviços 2,9 3,0 3,3 3,4 3,5 1.3 Encargos da Dívida 0,8 0,7 0,6 0,5 0,5 1.4 Transferências Correntes 2,5 2,4 2,9 2,9 3,0 1.5 Subsídios 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 1.6 Outras Despesas Correntes 0,2 0,4 0,8 0,5 0,8 1.7 Exercícios Findos 0,0 - 0,0 0,0 0,0 13,6 13,3 15,8 15,4 16,5 2.1 Bens de Capital 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 2.2 Transferência de Capital 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2.3 Outras D. de Capital 0,0 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 3,5 3,4 4,6 4,7 5,1 7,0 6,4 7,7 7,1 8,3 10,5 9,8 12,2 11,8 13,4 2,0 1,2 1,4 1,0 1,7 1,0 0,7 0,6 0,7 0,4 3,0 1,9 2,0 1,7 2,2 27,1 25,1 30,1 29,1 32,3 Sub-total Despesas Correntes Sub-total Despesas de Capital Financiamento Interno Financiamento Externo Sub-total Despesas de Investimento Operações Activas 2.4.1. 2.4.2. Operações Passivas Sub-total Operações Financeiras Total Despesas Fonte: CGE (2005-2009) A participação das Despesas Correntes no PIB foi de 13,6%, em 2005 e de 13,3%, em 2006. Nos dois anos seguintes, 2007 e 2008, foi de 15,8% e 15,4%, respectivamente, tendo, no exercício em consideração, registado a maior proporção, 16,5%. Observa-se, ainda, no mesmo quadro, que a participação das Despesas com o Pessoal no PIB diminuiu ligeiramente em 2006, ao nível de 6,7%, depois de ter sido de 7,0%, no ano anterior. Mas, de 2007 a 2009 apresentou uma tendência crescente, ou seja, passou de 7,9% em 2007, 8%, em 2008 e, 8,6%, no ano de 2009. Importa realçar que as verbas respeitantes a Bens e Serviços e Transferências Correntes evoluíram de 2,9% e 2,5% em 2005 para 3,5% e 3,0%, em 2009. Em termos relativos, cabe referir que a evolução da parcela respeitante a Outras Despesas Correntes cresceu de 0,2% para 0,8%, no mesmo período. Em percentagem do PIB, as Despesas de Investimento tiveram o seu valor diminuído de 2005 para 2006, ao passar de 10,5% para 9,8%. De 2007 a 2008, registaram 12,2% para 11,8%. De 2006 para 2007 verificou-se o contrário, pois, o mesmo indicador aumentou de 9,8% para 12,2%. Igual comportamento registou-se de 2008 para 2009, em que aumentou de 11,8% para 13,4%. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-10 Novembro de 2010 As Operações Financeiras tiveram variações pouco significativas na sua relação com o PIB, excepto em 2006, em que a variação foi de 1,1 pontos percentuais, e de 2008 para o ano em apreço, em que aumentou 0,5 pontos percentuais, passando a representar 2,2% do PIB. A variação pouco significativa das operações financeiras está relacionada com a implementação da decisão do Governo de reduzir as participações do Estado em empresas e o seu esforço de continuar a aumentar a sua presença nos sectores estratégicos, como é o caso da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, SA (HCB). Nesta, em 2007, o Estado assumiu o controlo de 85% do capital social, equivalente a 20.024.392 mil Meticais, representando 76% no total das participações do Estado, justificando a variação ocorrida em 2007. 3.3.3 - Evolução da Despesa em Termos Reais A Despesa Total, a preços de referência de 2009, cresceu à taxa de 3%, em 2006, a mais baixa do quinquénio em consideração, devido, fundamentalmente, à redução das Operações Financeiras, tendo voltado a registar um crescimento de 15,5%, em 2007. Em 2008, observa-se uma queda acentuada para 4,2%. No ano em apreço, a Despesa Total foi de 84.876,2 milhões de Meticais, representando um crescimento, em termos reais, de 17,9%, em relação ao ano anterior. Relativamente às Despesas Correntes, estas cresceram 8,8%, em 2006, 14,3%, em 2007, 5,6%, em 2008 e 13,8%, no ano em apreço, tendo sido de 43.505,3 milhões de Meticais, segundo se pode constatar no Quadro n.º III.6. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-11 Novembro de 2010 Quadro n.º III.6 – Evolução da Despesa em Termos Reais (a preços de 2009) 2006 2005 Cód. Designação 2008 2007 (Em milhões de Meticais) 2009 Var. Var. Valor % % 8,2 22.544,3 14,4 1.1 Despesas com o Pessoal 15.023,5 15.998,2 Var. % 6,5 18.216,5 Var. % 13,9 1.2 Bens e Serviços 6.194,4 7.114,5 14,9 7.515,6 5,6 8.310,2 10,6 9.081,2 9,3 1.3 Encargos da Dívida 1.772,4 1.701,0 -4,0 1.453,9 -14,5 1.299,7 -10,6 1.370,7 5,5 1.4 Transferências Correntes 5.365,5 5.612,8 4,6 6.722,0 19,8 7.230,7 7,6 7.912,6 9,4 1.5 Subsídios 310,3 384,9 24,0 392,5 1,9 407,3 3,8 437,5 7,4 1.6 Outras Despesas Correntes 432,9 860,1 98,7 1.883,7 119,0 1.276,2 -32,3 2.158,9 69,2 1.7 Exercícios Findos .-. - 7,5 -22,2 Sub-total Despesas Correntes Valor Valor 0,0 Valor 9,7 - Valor 19.704,0 0,1 -98,7 29.099,1 31.671,6 8,8 36.193,9 14,3 38.235,6 5,6 43.505,3 13,8 93,1 125,6 35,0 229,9 83,0 250,9 9,1 287,7 14,7 Transferência de Capital 0,0 0,0 - 0,0 - 1,5 - 0,0 - Outras Despesas de Capital 0,0 1,2 - 0,0 - 0,0 - 0,0 - 2.1 Bens de Capital 2.2 2.3 Sub-total Despesas de Capital Financiamento Interno 93,1 126,8 36,3 229,9 81,3 252,4 9,8 287,7 14,0 7.442,4 8.061,3 8,3 10.518,4 30,5 11.662,8 10,9 13.431,5 15,2 Financiamento Externo 15.033,9 15.351,7 2,1 17.567,1 14,4 17.593,7 0,2 21.904,7 24,5 22.476,3 23.412,9 4,2 28.085,5 20,0 29.256,5 4,2 35.336,2 20,8 4.286,2 2.940,9 -31,4 3.225,8 9,7 2.461,6 -23,7 4.570,8 85,7 Sub-total Despesas de Investimento Operações Activas 2.4.1. Operações Passivas 2.152,6 1.687,7 -21,6 1.351,1 -19,9 1.754,1 29,8 1.176,2 -32,9 Sub-total Oper. Financeiras 6.438,7 4.628,6 -28,1 4.576,9 -1,1 4.215,7 -7,9 5.747,0 36,3 Total Despesas 58.107,2 59.840,0 3,0 69.086,3 15,5 71.960,3 4,2 84.876,2 Fonte: CGE (2005-2009) (a) Valores ajustados utilizando as seguintes taxas de inflação: 13,6%, em 2006, 8,2%, em 2007, 10,3%, em 2008 e 3,25%, em 2009. 17,9 2.4.2. No período de 2005 a 2009, as Despesas com o Pessoal, os Bens e Serviços, as Transferências Correntes, os Subsídios e as Despesas de Capital registaram um crescimento contínuo, enquanto os Encargos da Dívida tiveram uma redução, com excepção do ano em apreço, em que se registou um crescimento de 5,5%, em relação ao ano anterior. As Despesas de Investimento registaram crescimentos ao longo do quinquénio, com taxas de 4,2%, em 2006, 20%, em 2007, 4,2%, em 2008 e de 20,8%, em 2009, em que passou a ser de 35.336,2 milhões de Meticais. Por seu turno, as Operações Financeiras registaram decréscimos durante o mesmo período, com excepção do ano de 2009, em que aumentaram 36,3%, em relação ao ano anterior, passando a ser de 5.747 milhões de Meticais. Verifica-se, ainda, que no quinquénio em apreço as Operações Passivas, com excepção do ano de 2008, apresentaram uma tendência decrescente, com taxas de 21,6%, 19,9% e 33,6% nos anos de 2006, 2007 e 2009, respectivamente. Já as Operações Activas manifestaram um comportamento oscilante, registando taxas negativas em 2006 e 2008 e positivas em 2007 e 2009, conforme retrata o Quadro n.º III-6. 3.4 - Análise Comparativa da Evolução da Receita e da Despesa, em Termos Reais No gráfico seguinte, são apresentadas as receitas e despesas totais, em valores constantes do ano de 2009, bem como as Despesas de Funcionamento, de Investimento e as Operações Financeiras. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-12 Novembro de 2010 De uma maneira geral, tanto a receita como a despesa cresceram de forma considerável, particularmente a segunda. Por seu turno, as Operações Financeiras tiveram um comportamento relativamente estável. Da análise da evolução das duas componentes da despesa (de Funcionamento e de Investimento), constata-se que os valores da componente Funcionamento, no quinquénio, foram sempre superiores aos do Investimento. Gráfico n.º III.3 – Receitas e Despesas em Termos Reais 180.000 milhões de Meticais 160.000 35.338 140.000 28.336 120.000 24.661 100.000 80.000 60.000 19.913 20.743 25.863 28.188 51.482 52.960 Desp. de Funcionamento 37.276 31.982 40.000 20.000 43.793 Desp. Investimento 60.661 Despesa Total 69.695 79.131 Operac. Financeiras Receita Total 0 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: CGE (2005-2009) 3.5 - Determinação do Resultado do Exercício O Saldo Corrente é resultado da diferença entre a Receita Corrente e a Despesa Corrente e indica a capacidade de a Administração Pública gerar fundos para financiar as suas despesas correntes. Como se constata no Quadro n.º III.7, o Saldo Corrente foi negativo, 970 milhões de Meticais, em 2005 e passou a ter superávite nos três últimos anos, com 873 milhões de Meticais, em 2006, 843 milhões de Meticais, em 2007, 418 milhões de Meticais, em 2008, para, em 2009, atingir os 2.345 milhões de Meticais, ou seja, aumentou a capacidade de a Administração Pública moçambicana gerar recursos para financiar as despesas correntes, devido, fundamentalmente, ao aumento da arrecadação das receitas fiscais por parte do Estado moçambicano. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-13 Novembro de 2010 Quadro n.º III.7 – Resultado do Exercício (Em milhões de Meticais) Designação Em valor 2005 2006 2007 2008 2009 Receita Corrente 19.818 26.579 32.624 37.450 45.850 Despesa Corrente 20.788 25.706 31.781 37.032 43.505 Saldo Corrente Receita de Capital Despesa de Capital Reembolso de Empréstimos Despesa de Investimento Operações Activas -970 873 843 418 2.345 1.124 1.215 1.850 1.740 1.716 66 103 202 244 288 156 98 226 226 0 16.057 19.000 24.661 28.336 35.338 3.063 2.064 2.832 2.384 4.571 -18.876 -18.981 -24.777 -28.580 -36.136 Donativos 11.892 18.188 20.291 23.010 25.771 Défice após donativos -6.984 -793 -4.486 -5.569 -10.365 Empréstimos Externos 8.098 8.117 7.932 7.125 13.105 Operações Passivas 1.538 1.363 1.186 1.699 0 -424 5.961 2.260 -144 -2.740 Défice antes de donativos Crédito Interno Líquido Fonte: CGE (2005-2009) Os Empréstimos Externos também decresceram, passando de 8.117 milhões de Meticais, em 2006, para 7.932 milhões de Meticais, em 2007, e 7.125 milhões de Meticais, em 2008. Porém, no exercício em apreço, voltaram a crescer, atingindo o nível mais alto deste quinquénio, 13.105 milhões de Meticais, agravando, desta forma, o Défice após Donativos. O Défice antes de donativos é igual à diferença entre o Saldo Corrente e as Receitas de Capital somadas aos Reembolsos de Empréstimos e subtraídas as Despesas de Investimento e Operações Activas. Ao longo do quinquénio, registaram-se aumentos neste défice, que passou de 18.876 milhões de Meticais, em 2005, para 36.136 milhões de Meticais, em 2009. No que tange ao Défice após donativos, este é igual à soma do saldo global antes de donativos e os donativos. No período em análise, este saldo sofreu variações significativas, sendo de 6.984 milhões de Meticais, em 2005, 793 milhões de Meticais, em 2006, 4.486 milhões de Meticais, em 2007, 5.569 milhões de Meticais, em 2008, para culminar, em 2009, com 10.365 milhões de Meticais. De seguida, apresenta-se, no Quadro n.º III.8, a relação entre o Resultado do Exercício e o PIB, onde o défice antes de donativos, que representava 12,3% do PIB, em 2005, baixou para 9,8%, em 2006. Em 2007, passou para 12,3%, voltando a diminuir para 11,9%, em 2008 e a crescer em 2009, para 13,7%. O indicador acima reflecte as necessidades de financiamento que, de acordo com as previsões do PARPA II, passaria de 11,2% do PIB,2 em 2008, para 11,6%, em 2009. Como demonstrado no quadro, foi de 13,7%, em 2009, superior, portanto, ao previsto. 2 Recursos Externos/PIB, em milhões de Meticais, 26.433 /236.408, em 2008 e 25.793/266.732, em 2009 TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-14 Novembro de 2010 Quadro n.º III.8 – Resultado do Exercício Face ao PIB Designação Em % do PIB 2005 2006 2007 2008 2009 Receita Corrente 12,9 13,7 16,2 15,6 17,4 Despesa Corrente 13,6 13,3 15,8 15,4 16,5 Saldo Corrente -0,6 0,5 0,4 0,2 0,9 Receita de Capital 0,7 0,6 0,9 0,7 0,7 Despesa de Capital 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 Reembolso de Empréstimos 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 10,5 9,8 12,2 11,8 13,4 Despesa de Investimento Operações Activas Défice antes de donativos Donativos 2,0 1,1 1,4 1,0 1,7 -12,3 -9,8 -12,3 -11,9 -13,7 7,8 9,4 10,1 9,6 9,8 Défice após donativos -4,6 -0,4 -2,2 -2,3 -3,9 Empréstimos Externos 5,3 4,2 3,9 3,0 5,0 Operações Passivas 1,0 0,7 0,6 0,7 0,0 -0,3 3,1 1,1 -0,1 -1,0 Crédito Interno Líquido PIB 2005 2006 2007 2008 153.041 193.322 201.437 239.775 2009 263.174 Fonte: CGE (2005-2009) O défice após donativos registou, em 2005 e 2006, as taxas de 4,6% e 0,4%, respectivamente. Em 2007, este indicador foi de 2,2%, para, em 2008 e 2009, apresentar as taxas de 2,3% e 3,9%, respectivamente. Salienta-se que o saldo após donativos, quando negativo, deve ser coberto pelos empréstimos, após a dedução da amortização da dívida externa pública. Apresenta-se, no Gráfico n.º III.4, a evolução do défice orçamental antes de donativos e após donativos, do período 2005-2009. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-15 Novembro de 2010 Gráfico n.º III.4 – Défice Orçamental, Antes e Após Donativos, em Percentagem do PIB 16 (Em Percentagem do PIB) 14 12 10 Défice antes de donativos 8 6 Défice após donativos 4 2 0 2005 2006 2007 2008 2009 Anos Fonte: CGE (2005-2009) Como ilustra o gráfico acima, os défices orçamentais, antes e após donativos, tiveram o mesmo comportamento, com excepção do ano de 2008, em que o primeiro decresceu, enquanto o segundo cresceu ligeiramente. No Quadro n.º III.9, é apresentada a relação entre os Donativos e as Despesas realizadas no quinquénio. Quadro n.º III.9 - Relação entre os Donativos e Despesas Descrição 2005 Donativos 11.892 Despesas 36.893 Peso (%) 32,2 Fonte: CGE (2005-2009) 2006 18.188 44.810 40,6 (Em milhões de Meticais) 2007 2008 2009 20.291 23.010 25.771 56.644 65.612 78.843 35,8 35,1 32,7 Observa-se, no Quadro n.º III.9, que ao longo do quinquénio, tanto os Donativos como as Despesas cresceram. Os Donativos passaram de 11.892 milhões de Meticais, em 2005, para 25.771 milhões de Meticais em 2009, o que representa um aumento de 116,7% no período em análise. Quanto às Despesas, estas passaram de 36.893 milhões de Meticais, em 2005, para 78.843 milhões de Meticais, em 2009, o que significa que estas tiveram um crescimento na ordem de 113,7%, ao longo do quinquénio. Os Donativos representaram, em média, 35,3% das despesas realizadas no período, o que significa que apesar de nos três últimos anos ter-se verificado uma ligeira redução na sua percentagem em relação às Despesas, o grau de dependência do Orçamento do Estado em relação aos Donativos continua elevado. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009 III-16