acompanhamento para controle do diabetes a uma família na área

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ACOMPANHAMENTO PARA CONTROLE DO DIABETES A UMA FAMÍLIA
NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO
BAIRRO CHAPADINHA DA CIDADE DE PARACATU, MINAS GERAIS,
BRASIL
João Texeira Batista1
Giselda Martins Romero2
RESUMO
Considerando a família como fonte de apoio ao doente, foi realizado um estudo visando
analisar a problemática do portador de diabetes em uma família do bairro chapadinha da
cidade de Paracatu em visitas domiciliares as realizadas no período de fevereiro de 2006
a dezembro de 2007 na disciplina de interação comunitária. Os dados foram coletados
dos familiares por meio de entrevista semi-estruturada e outros instrumentos de porte
pessoal como caderno de anotações e projetos de intervenção. (daqui pra frente que já ta
no inglês) Os temas que emergiram da análise foram: transgressão alimentar, problemas
com a medicação e influências interpessoais. Esses temas reportam-se às influências
interpessoais familiares e do grupo de iguais, que estão alicerçadas em um conjunto de
crenças e valores que interferem na motivação e na capacidade de os pacientes
enfrentarem a sua doença. Com base nos resultados, recomendam-se conhecer os
1
Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG. E-mail:
[email protected].
2
Professora do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.
padrões de resposta do paciente e de seu principal cuidador, em relação aos seus
sentimentos, conflitos e necessidades, estabelecendo um vinculo efetivo que
proporcione condições para, em conjunto, traçarem-se estratégias direcionadas a
alcançar o controle metabólico.
Palavras-Chave: Diabetes Mellitus; Qualidade de Vida; Família.
I-INTRODUÇÃO
1.1 REVISÂO DA LITERATURA
De acordo com CECIL, em seu livro medicina interna básica, o diabetes mellitus
abrange um grupo heterogêneo de doenças metabólicas, caracterizadas por
hiperglicemia crônica e distúrbios no metabolismo dos carboidratos, dos lipídeos e das
proteínas. Essas doenças resultam de defeitos na secreção ou na ação da insulina ou em
ambas” (1)
CECIL confirma ainda que “as estatísticas nos estados unidos para 1997
estimaram que a prevalência de diabetes em adultos a partir de 20 anos de idade foi
semelhante em ambos os sexos com 15,7 milhões de indivíduos afetados pela
doença”.(1)
Conforme ALMEIDA et al, no manual Atenção a saúde do adulto: Hipertensão e
diabetes “O Diabetes Mellitus – quadro de hiperglicemia crônica, acompanhado de
distúrbios no metabolismo de carboidratos, de proteínas e de gorduras, caracterizado por
hiperglicemia que resulta de uma deficiente secreção de insulina pelas células beta,
resistência periférica à ação da insulina ou ambas cujos efeitos crônicos incluem dano
ou falência de órgãos, especialmente rins, nervos, coração e vasos sangüíneos”. (2)
MALERBI confirma que “no Brasil, as cidades das regiões Sul e Sudeste,
consideradas de maior desenvolvimento econômico do país, apresentam maiores
prevalências de diabetes mellitus e de tolerância à glicose diminuída. Os principais
fatores associados à maior prevalência do diabetes no Brasil foram a obesidade, o
envelhecimento populacional e história familiar de diabetes”, (3)
PORTO esclarece que “o diabetes pode permanecer assintomático, manifestar-se
por sintomas isolados (prurido vulvar, por exemplo) ou constitui uma síndrome com
poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso alterações de acuidade visual, surto de
diarréias, impotência sexual, queilite angular, necrobiose diabética, lesões isquêmicas
ou troficas da extremidades inferiores e polineuroparias”, (4)
Apesar de, no século passado, ter sido inquestionável o avanço científico na área
de diabetes, a qualidade do cuidado ao paciente diabético é, ainda hoje, pobre(5).
Nessa direção, vários autores preconizam que, para qualificar o cuidado ao
paciente diabético, há necessidade de buscar estratégias efetivas mediante uma
abordagem
integral,
envolvendo os elementos fisiopatológicos,
psicossociais,
educacionais e de reorganização da atenção à saúde(5-8).
No entanto, ao considerar o diabetes mellitus uma condição crônica de saúde, a
adesão do paciente ao seu tratamento só será possível se ele participar efetivamente
dele, mediante a obtenção de informações e treinamento apropriados junto aos
profissionais de saúde(9-10). O tratamento também dependerá muito da motivação
pessoal, aceitação da doença e apoio familiar. Outras variáveis que intervêm na adesão
são o tipo e as características da doença, evidenciados pela própria condição do paciente
e pelo progresso de sua doença(11).
Na prática, freqüentemente, observa-se que não só o paciente diabético sente as
conseqüências de estar doente; sua família também pode, de um certo modo, adoecer
junto com ele. Como em toda doença crônica, as transformações geradas pelo
diagnóstico de diabetes mellitus também são inevitáveis aos membros da família.
Inicialmente, os familiares de pacientes diabéticos reagem com angústia e desespero
perante a sensação de terem pouco controle sobre suas vidas e sobre a vida do paciente
diabético. Conforme o progresso do tratamento, tanto o paciente quanto a sua família
enfrentam situações de incerteza e descrença - contra as quais podem reagir recorrendo
a mecanismos de negação do sofrimento, - intercalados por momentos de aceitação,
perseverança, otimismo e esperança. As fases pelas quais passam tanto o paciente como
a família incluem um contexto amplo, não somente relacionado à evolução do quadro
patológico, ou seja, elas contemplam, também, aspectos psicológicos, emocionais,
sociais, culturais, espirituais e afetivos(12-13).
Cabe, ainda, ressaltar o caráter assintomático do diabetes mellitus. Diante desse
fator, motivar os pacientes diabéticos com níveis glicêmicos alterados quando eles não
apresentam, ainda, nenhum sinal ou sintoma da doença, é um dos desafios que o
profissional de saúde tem que enfrentar no cuidado a essa clientela. Assim, as
estratégias educacionais devem atender os aspectos emocionais e sociais, isto é, o
sistema de valores e crenças que orientam as atitudes e ações dessas pessoas e suas
famílias em relação à própria saúde(6,14).
O processo educativo deve resgatar as experiências e os conhecimentos que o
diabético já possui, colaborando na construção de seu próprio conhecimento, aliado aos
educadores(15).
Alguns sistemas, como instituições, associações, grupos na comunidade, entre
outros, oferecem apoio aos pacientes diabéticos. Também a família é um sistema de
apoio relevante. Entretanto, os familiares geralmente não têm recebido, por parte do
sistema de saúde, a atenção de que necessitam, nem vislumbram meios em que possam
buscar apoios e alternativas de inclusão no tratamento de seu ente querido, o que,
freqüentemente, acarreta um total alheamento(12).
Tendo em vista que a organização familiar influencia fortemente o
comportamento de saúde de seus membros e que o estado de saúde de cada indivíduo
também influencia o modo como a unidade familiar funciona, infere-se que a família é
uma instituição central que pode ajudar ou não a pessoa diabética a manejar a doença e
alcançar as metas do seu tratamento(16).
1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO
A família da J.M. de 65 anos é formada por 5 integrantes, Três filhas, ela e o
esposo (M.M.F). Ela é portadora de diabetes a aproximadamente 9 anos como relatou
nas entrevistas quando da realização dos projetos de intervenção. Na residência da
família moram J.M. seu esposo, e suas filhas D.M.F,A.M.F,JMF. A família apresenta
ter uma boa estrutura familiar mas sofre constantemente com os problemas decorrentes
de sua diabetes uma vez que a família não demonstra dar atenção necessária a esse
problema que muitas vezes se manifesta de maneira silenciosa. A família se encontra na
Fase do ciclo vital em “Idosos”, no qual a Constituição Federal de 1988 apresenta a
família como base da sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do
Estado “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida”
Família da J.M.
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1.3 JUSTIFICATIVA
O diabetes é uma doença que atinge parcela significativa da população trazendo
sérios agravos a saúde das pessoas se não for diagnostica e tratada precocemente, por
isso a importância de um estudo com este tema especialmente no idoso já que na família
acompanhada tive a oportunidade de me defrontar com um idoso, portador desta
enfermidade, onde ela é freqüentemente assintomática e ocorre o seu diagnóstico
durante a realização dos exames de rotina ou durante a internação hospitalar por outra
doença.Pois isso, a sintomatologia clássica (polidipsia, polifagia e poliúria) pode ser
substituída por queixas inespecíficas (fraqueza,adinamia, perda de peso, dores
musculares e sintomas neurológicos).Metade dos casos novos de diabetes mellitus tipo
2 poderiam ser prevenidos, evitando-se o excesso de peso e outros 30% com o combate
ao sedentarismo (CHACRA, 1993). Nos indivíduos diabéticos, o controle da pressão
arterial previne 80% dos acidentes vasculares cerebrais, 60% das amputações de
membros inferiores, 50% das doenças renais terminais e 40% das doenças coronarianas
(BRASIL, 1996).
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 OBJETIVO GERAL
O presente estudo tem como objetivo realizar o acompanhamento e intervenções
para controle do Diabetes a uma família na área de abrangência da Unidade Básica de
Saúde do bairro Chapadinha da cidade de Paracatu, Minas Gerais.
J.M (Idosa) que mora na área de coberta do PSF do Bairro Chapadinha do
Município de Paracatu, Minas Gerais, Brasil, e demonstrar a assistencia da unidade
basica de saúde ao paciente portador desta enfermidade. Conhecer os aspectos desta
patologia, nos idosos visto que é um problema que atinge a família em estudo, tais
aspectos como etiopatogênia, fatores de risco, importância do tratamento não
medicamentoso, cronicidade complicações, ocorrência geralmente assintomática, difícil
adesão ao tratamento, necessidade de controle rigoroso para evitar complicações e de
acompanhamento por equipe multidisciplinar, além de ser uma patologia facilmente
diagnosticada.
1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conscientizar essa família a seguir uma alimentação saudável, que irá ajudar a
melhorar seus níveis de glicose, pressão e colesterol no sangue, além de ajudar a manter
o seu peso sob controle. Controlar a alimentação é essencial para tomar as rédeas da
doença e evitar as complicações. Fornecer auxílio adicional para a família com o
médico, com um profissional especializado na educação sobre a diabetes e/ou com um
nutricionista. Conhecer os aspectos desta patologia, nos idosos visto que é um problema
que atinge a família em estudo,tais aspectos como etiopatogênia, fatores de risco,
importância do tratamento não medicamentoso, cronicidade complicações, ocorrência
geralmente assintomática, difícil adesão ao tratamento, necessidade de controle rigoroso
para evitar complicações e de acompanhamento por equipe multidisciplinar, além de ser
uma patologia facilmente diagnosticada.
II. METODOLOGIA
2.1 TIPO DE ESTUDO
Estudo de estudo de caso, que permite contemplar a riqueza, diversidade e
complexidade dos dados. Por estudo de caso entende-se aquele que seja intensivo e que
leve em consideração, principalmente, a compreensão do assunto investigado como um
todo.
Pode-se entender estudo de caso como sendo uma modalidade de pesquisa qualitativa
útil para investigar situações singulares e salientar peculiaridades que merecem ser
focalizadas por se destacarem em determinado contexto, geralmente mais amplo. Um
caso pode ser definido como uma unidade bem delimitada - pessoa, grupo, programa ou
instituição, estudada com profundidade. No presente estudo, o caso foi constituído pelo
acompanhamento para intervir junto ao paciente e do principal cuidador, sobre as
necessidades de cuidado ao diabético, colocando-se em relevo a história da construção
dos significados atribuídos pelos entrevistados à doença e seu tratamento.
2.2 ÁREA DE ESTUDO
Os alunos realizaram o estudo no bairro da chapadinha na residência da senhora
J.M e M.M.F, de fevereiro de 2006 á dezembro de 2007 na cidade de Paracatu, Minas
Gerais, Brasil.
2.3 COLETA DE DADOS
Após entrar em contato com a paciente diabética escolhida e sua familia, os
autores explicaram a família a natureza e objetivos do trabalho, para o qual se solicitava
sua anuência e colaboração, pontuando que o propósito do estudo era fazer um
acompanhamento da família e também buscar compreender os aspectos psicossociais
implicados no tratamento da doença, especialmente o papel das relações familiares. A
indicação da filha foi da própria paciente, uma vez que, na dinâmica das relações
familiares, ela despontava como o membro mais significativo, como principal cuidador.
As participantes foram esclarecidas a respeito de seus direitos, sendo assegurada a
preservação de seu anonimato e o sigilo de seus depoimentos. Também foi explicitado
que o fato de não aceitar participar do trabalho não acarretaria nenhum prejuízo ao seu
atendimento na unidade de saúde do bairro. A entrevista foi aplicada individualmente,
em situação face-a-face, em ambiente preservado, com condições adequadas de
conforto. A coleta dos dados vem sendo realizada através das visitas realizadas com
essas famílias a partir do 1º período do curso de medicina da faculdade atenas na
disciplina de interação comunitária, teve inicio em fevereiro de 2006 data da
implementação da disciplina Interação Comunitária até o final do ano de 2007. As
duplas realizaram desde o primeiro contato com as famílias ações educativa e
preventivas com o auxilio dos tutores da disciplina de interação comunitária em parceria
com os agentes comunitarios de saúde da unidades de saúde do bairro da chapadinha.
As visitas eram realizadas pela dupla em intervalos de quinze dias nas famílias que
tinham sido selecionadas para serem acompanhadas, onde, os alunos conversavam as
pessoas para saberem quais os reais e principais problemas da família para realizarem
uma teorização sobre o tema ou problema e a partir dai passavam intervirem nessas
famílias com orientações de cunho preventivo necessárias para melhorar a qualidade de
vida da família.Com as orientações recebidas na unidade de saúde do bairro a senhora
J.M. passou a conhecer mais sobre a diabetes, seus sintomas, agravos a saúde e os
cuidados que devem ser tomados e os controles exigidos para estabilizar a doença. Foi
passado a ela noções de nutrição, controle de glicemia, cuidados com a saúde e a
importância da atividade física para controle da doença. Foi realizado o controle da
glicemia no PSF e em sua residência tudo que ocorria era passado para o diário de bordo
(caderno de anotações onde se anotava tudo que ocorria durante as visitas, levantando
todos os pontos chaves e necessidades que os alunos viam durante as entrevistas).
As visitas foram realizadas nas respectivas datas:
10/05/2006; 02/06/2006 (neste dia foi colhido os dados para montar o
genograma da família); 23/06/2006; 11/08/2006; 01/09/2006; 06/10/2006; 24/11/2006;
01/03/2007;
12/04/2007;
14/06/2007;
23/08/2007;
13/09/2007;
27/09/2007
e
25/10/2007. (datas aproximadas e somando ao todo 14 visitas).
2.4 CRITÉRIO DE SELEÇÃO DOS SUJEITOS
A escolha da família deu-se por conveniência, sendo constituída por uma
paciente diabética(J.M) seu esposo(M.M.F), e um de seus irmãos, freqüentava de
maneira esporádica o referido centro de saúde. A paciente escolhida apresentava
dificuldades para obtenção de um bom controle metabólico. Para efetuar a seleção,
primeiramente se obteve a lista dos pacientes atendidos na unidade de saúde do bairro
chapadinha e posteriormente os agente comunitários de saúde foram com os alunos nas
residências para fazer a seleção da paciente.
2.5 INSTRUMENTOS OU TÉCNICAS UTILIZADAS
Foi utilizado pela dupla nas visitas um questionário (continha identificação,
aspectos socioeconômicos, antecedentes sociais e familiares relacionados a doença,
hábitos de vida, medicamentos que utilizavam, gastos com medicamentos, historia
sanitária da família, doenças que tiveram na infância, como é a higiene pessoal e do lar,
medicina preventiva e perguntas sobre o medico local) dentro desses aspectos levantado
no questionário havia vários outros tipos de perguntas relacionado com o tópico.
Para coleta dos dados objetivos a dupla de acadêmicos teve que utilizar jaleco
branco, crachá de identificação junto ao nome da faculdade Atenas para facilitar a
adesão na visita e após algum tempo de estudos em sala de aula e como manejar os
instrumentos de trabalho de um médico foi utilizado um estetoscópio e um
esfignomanômetro.
Um instrumento de grande importância para registro de muitas informações foi o
diário de bordo onde anotávamos todos os dados e situações que observávamos nas
visitas tais como características da casa, estilos de vida, alimentação, relacionamentos
familiares, atitudes e padrões religiosos, atividades e interesse de lazer, constituição
familiar e saúde dos avos, pais, irmãos, filhos. Também foi relatado neste instrumento
historia de óbitos na família registrando a causa e idade. Também foi utilizado o projeto
de intervenção desta família que foi feito no decorrer do curso mostrando a real
dificuldade em que a família se encontra e a metodologia utilizada para intervirmos para
uma melhora.
III RESULTADOS
3.1 DESCRIÇÃO
J.M, 65 anos, sexo feminino, residente na cidade de Paracatu-MG, do lar,
analfabeta, diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2, há nove anos, Realiza tratamento
com insulina NPH e antidiabéticos orais (sulfanoluréias, metformina) e antihipertensivos. Não Freqüenta nenhum Grupo de Educação em Diabetes, peso 77,1 kg,
altura 1,48 m, índice de massa corporal (IMC) de 35,2, circunferência abdominal de
106,4 cm, glicemia de 333 mg/dl, pressão arterial 117/ 78 mm/Hg. Apresentava
Problemas com a alimentação que acarreta mudanças significativas na relação que o
paciente diabético estabelece com seu próprio corpo e com o mundo que o cerca. É
sobretudo por meio das restrições no comportamento alimentar que o diabético toma
consciência de suas limitações. Por essa razão, o conflito entre o desejo alimentar e a
necessidade imperiosa de contê-lo está sempre presente na vida cotidiana do paciente
diabético. O desejo alimentar faz o paciente sofrer, reprimir, salivar, esquecer,
transgredir, mentir, negar, admitir, sentir prazer, controlar e sentir culpa. Foi possível
em algumas visitas perceber nas falas da paciente uma denotação de sensação de
frustração, pois ela se ressente de não poder desfrutar do prazer da alimentação
produzida por ela mesma, e de não poder comer aquilo de que ela gosta, como e quando
ela quiser. Nesse contexto, a doença surge como uma ameaça à autonomia individual,
além de representar um fator limitante para a qualidade de vida desses pacientes. Foi
possível observar que tanto a paciente como seu principal cuidador buscam soluções
para os problemas instrumentais, de forma criativa e diferenciada. Percebe-se, também,
que o principal cuidador em estudo não apresenta dificuldades em relação à obtenção do
alimento e/ou medicação para o seu tratamento. Os maiores problemas explicitados são:
a reorganização do cardápio alimentar e a busca de apoio profissional para ajudar na
resolução dos problemas apresentados. Tivemos também os fatores de natureza
emocional, tais como: falta de controle frente ao alimento, má escolha dos alimentos
durante as crises de hipoglicemia - mesmo tendo o conhecimento da conduta adequada,
suscitam sentimentos de arrependimento e culpa, tornando penosa a carga emocional
que a paciente tem de suportar para acompanhar a terapêutica proposta. Mesmo diante
dos inúmeros desafios é notável que a dupla conseguiu resultados favoráveis frente aos
objetivos propostos e melhoras gradativas no seu estado de saúde bem como uma
melhoria na qualidade de vida desta família. Mesmo diante de muitos desafios, a
senhora J.M. se manteve motivada sempre que a dupla comparecia a sua residência para
lhe passar orientações sobre a enfermidade, ela procurava seguir todas essas orientações
fazendo o controle do seu nível de glicemia, a comparecia ao PSF sempre que orientado
pela dupla. Essa melhora ocorreu de forma gradativa conforme visitas eram realizadas
pela dupla onde foi realizado varias atividades de punho educativo e preventivo.A
diabetes a senhora J.M. teve uma boa melhora levando a quase uma exclusão dos seus
sintomas como a visão embaçada, tremor, tontura, irritabilidade, sudorese, cansaço e
uma melhora e também a família adotou uma dieta mais especifica para ajudar no
controle do diabetes além de relatar que estava fazendo caminhadas pelo bairro.
IV DISCUSSÃO
4.1 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Estudos sobre diabetes de uma forma geral tem apontado que as dificuldades
apresentadas pelos pacientes diabéticos, para a obtenção de um bom controle
metabólico, estão relacionadas à sua adesão a um plano alimentar, ao incremento da
atividade física e ao seguimento da terapêutica medicamentosa.
Neste estudo de caso, procurou-se chamar a atenção da equipe multidisciplinar para o
fato de que, além dessas dificuldades, existem outros fatores que estão intimamente
entrelaçados com as questões instrumentais e comportamentais. Tais fatores reportam-se
a um conjunto de influências interpessoais familiares e de iguais, que está alicerçado em
crenças e valores que interferem na motivação e na capacidade de o paciente enfrentar a
sua doença e buscar soluções para controlar o diabetes.
Assim, antes de iniciar a orientação específica sobre o diabetes, recomenda-se
conhecer os padrões individuais de resposta do paciente e de seu principal cuidador em
relação aos seus sentimentos, angústias, ansiedades, conflitos e necessidades,
estabelecendo um vínculo efetivo para, posteriormente, em conjunto, traçar estratégias a
curto, médio e longo prazo, direcionadas a alcançar o controle metabólico.
Em suma, o presente estudo permitiu descrever para as principais características
da doença bem com suas diversas formas de controle, para o paciente diabético e seu
principal cuidador percebem as dificuldades diárias para o controle do diabetes,
contribuindo para um melhor conhecimento dos fatores comportamentais e emocionais
que devem ser considerados no planejamento de ações de saúde voltadas para a
assistência integral a essa população.
4.2 COMPARAÇÃO COM OUTROS ESTUDOS
Diversas publicações têm reportado em diferentes países, a importância de
programas educativos para promover maior adesão ao tratamento, resultando em melhor
controle da hipertensão arterial e/ou diabetes (Ambrosio e col., 1988; Gruesser e col.,
1996; Gonzáles e col., 1997).
Em nosso meio, poucas publicações relatam esse tipo de estudo e, quando o
fazem, tem um acompanhamento de curto prazo, embora apontem resultados favoráveis.
(Santos e Baracho, 1995; Maia e Araújo, 2002).
Além disso, os estudos referem-se a intervenções que se limitam a um elenco de
conferências, sobre informações a respeito da doença, suas complicações e os cuidados
que elas demandam. Há poucos trabalhos mostrando intervenções na educação do
autocontrole da doença e sobre seguimento regular, vinculado a consultas médicas.
Vale ressaltar que o sucesso de nosso trabalho com essa família dependeu de um
conjunto de ações de caráter educativo, terapêutico e de controle de seguimento,
desenvolvidas com a participação da nossa equipe, sendo eles Professores, Tutores,
Médicos, Enfermeiros, Agentes Comunitários e eu aluno da Faculdade Atenas de
Medicina.
4.3 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES
As maiores dificuldades encontradas nesse estudo foi como entrar na intimidade
da família para coletar dados mais específicos que muitas vez de vão de encontro a
intimidade das pessoas, para tal fato foi necessário construir um laço de confiança com
a família ao longos das visitas para uma completa coleta dos dados.
V CONCLUSÃO
Neste estudo pôde-se observar que a grande maioria dos diabéticos desconhece
pontos relevantes da doença, como tratamento e alimentação. Notou-se que os pacientes
exaltam os medicamentos hipoglicemiantes, deixando de lado a dieta alimentar, que é
tão ou mais importante que a medicação. O exercício físico também teve poucos
adeptos entre os diabéticos participantes, sendo a grande maioria sedentários. Percebese a real importância da formação de um grupo de diabéticos neste município, para que
recebam informações por meio de equipes multidisciplinares, tal como foi feito na
manhã de palestras. Sugere-se ainda a inclusão de um educador físico para incrementar
e acrescentar á pratica de atividade física. Para tanto, devem ser feitas reuniões mensais
para prestar assistência tão necessária e relevante ao portador de diabetes mellitus e
fazer com que exista o controle clinico metabólico intensivo da doença, evitando, desta
maneira, futuras complicações cardiovasculares, bem como as outras tantas que podem
estar ocorrendo caso o diabetes não seja tratado com o devido afinco, tanto pelo
paciente, como pela equipe de saúde.
Com o auxilio do profissional nutricionista, o paciente pode ter maior acesso a
informações precisas sobre a alimentação adequada, o que possibilita também a redução
da quantidade de medicamentos e ser utilizada no tratamento. Ao incorporar hábitos
saudáveis, a convivência com a doença certamente torna-se de menor risco.
ABSTRACT
Considering the family as anchorage to de ill, this study was made to analyze how is life
of a diabetics ill in a family which are inserted in the Family Health Program of
Chapadinha, Paracatu – MG. This study is a resume of the work doing in class, between
2006 and 2007. Numbers were collected with a few interview and others papers like my
own note book and the intervention projects. The following themes emerged from the
analysis: dietary transgressions, medication-related problems and interpersonal
influences. These themes are interconnected with interpersonal influence from family
members and the peer group, which are based on a set of beliefs and values that
interfere in the patients' motivation and capacity to face the decease. The results reveal
the need to get to know the patients' and caregivers' pattern of answers related to
feelings, conflicts and needs, so as to establish an effective link that offers conditions to
develop collaborative strategies to achieve metabolic control.
Keywords: diabetes mellitus; Quality of Life; Family.
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