Prémio Secil Universidades 2007 Memória Descritiva e Justificativa TORRE NOVA 1. INTRODUÇÃO A presente Memória Descritiva e Justificativa refere-se ao projecto de estruturas e fundações do Edifício Torre Nova situado no Monte da Caparica do concelho de Almada pertencente ao Distrito de Setúbal. 1.1. Descrição geral da estrutura O edifício Torre Nova é constituído por duas torres gémeas inclinadas em relação a vertical em duas direcções com área de implementação de 2850 m2. Os edifícios são constituídos por 7 pisos acima do terreno e 2 pisos enterrados sendo a altura do ponto mais elevado acima do terreno de 28 m. Os pisos acima do terreno tem predominantemente um pé direito de 4 metros, com excepção do último piso que tem um duplo pé direito, e os pisos enterrados tem pé direito de 5 metros, com excepção de uma zona do piso -1 que tem um pé direito de 9 metros de altura. Os edifícios inclinam em sentido oposto entre si na menor direcção sensivelmente 5º em relação a vertical e no mesmo sentido na maior direcção sensivelmente 14º em relação a vertical. A cobertura acompanha a inclinação do edifício unindo os 4 pontos com cotas distintas do topo deste. Os edifícios estão ligados entre si abaixo e acima do nível do terreno possibilitando assim uma fácil circulação em todo o complexo. Acima do nível do terreno os edifícios estão interligados por 6 passadiços, distribuídos entre o piso 1 e o piso 5, e abaixo do nível do terreno os edifícios estão ligados por caves conjuntas, sendo ainda possível no piso -1 ter acesso a uma zona exterior do edifício (virada para o Rio Tejo). A estrutura de cada uma das torres é constituída por pilares metálicos de fachada contraventada com vigas de bordo e vigas interiores também em estrutura metálica, ligadas a dois núcleos em betão armado e a pilares metálicos no interior do edifício. O pavimento dos pisos no interior é composto por um sistema de lajes alveolares aligeiradas pré-esforçadas da SECIL PRÉ-BETÃO, apoiadas na maior direcção de desenvolvimento do edifício. O acesso a cada uma das torres pode ser efectuada por duas entradas uma situada no piso 0 e outra situada na zona anterior virada para o Rio Tejo situada no piso -1. 2. FUNDAÇÕES Uma vez que os pisos enterrados estão ligados entre si, adoptou-se uma solução de fundações das torres em conjunto para ambas as torres. Foi adoptado um sistema de fundação directa constituída por sapatas ligadas por vigas de fundação executadas em betão armado. A contenção dos impulsos de terras é feita por contrafortes em betão armado fundados em sapata continua. -1- Prémio Secil Universidades 2007 Memória Descritiva e Justificativa TORRE NOVA 3. MATERIAIS Os materiais a utilizar nas peças de betão armado deverão possuir as características definidas no EC2 – 1.1 e na ENV206-1, e serão os seguintes: Aço em armaduras ordinárias Betão de regularização Betão estrutural em geral ………………………. ………………………. ………………………. A500NR C16/20 C25/30 Os materiais a utilizar nas peças de estrutura metálica (perfis, chapas e elementos de ligação) deverão possuir as características definidas no EC3 – 1.1, e serão os seguintes: Aço em perfil HEB400 Aço em perfil IPE400 Aço em perfil IPE500 Aço em perfil tubular SHS 457 Aço em chapa Parafusos pré-esforçados (M16; M24) ………………………. ………………………. ………………………. ………………………. ………………………. ………………………. S355 S355 S355 S355 S355 cl.8.8 4. CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E SEGURANÇA Na análise e dimensionamento da estrutura adoptaram-se os critérios de verificação de segurança aos Estados de Limites Últimos e Utilização pressupostos na Regulamentação Europeia: Eurocódigo 0 – Bases de Projecto Eurocódigo 1 – Acções sobre as Estruturas Eurocódigo 2 – Projecto de Estruturas de betão armado Eurocódigo 3 – Projecto de estruturas metalicas Eurocódigo 7 – Projecto Geotécnico Eurocódigo 8 – Dimensionamento de estruturas resistentes aos sismos A verificação da segurança será efectuada em termos de esforços, garantindo que os esforços actuantes ( S d ) não excedem os esforços resistentes ( Rd ). Para o cálculo dos valores de dimensionamento do esforço actuante, consideraram-se as seguintes combinações de acções, pressupostas na regulamentação: -2- Prémio Secil Universidades 2007 Memória Descritiva e Justificativa TORRE NOVA Combinação Fundamental m Sd = ∑ n j=2 γ gi S Gik + γ q S Q 1 k + ∑ ψ 0 j S Qjk i =1 Onde: SGik - Esforço resultante de acção permanente, tomada com o seu valor característico S Q1k - Esforço resultante da acção variável considerada como acção de base da combinação, tomada com o seu valor característico ( S Ek no caso da acção sísmica) S Qjk - Esforço resultante de uma acção variável distinta da acção de base, tomada com o seu valor característico γ gi - Coeficiente de segurança relativo às acções permanentes γ g - Coeficiente de segurança relativo às acções variáveis ψ 0 j - Coeficientes correspondentes à acção variável de ordem j. Coeficientes de segurança relativos às acções: γ g = 1,35 para um efeito desfavorável das acções permanentes γ g = 1,0 para um efeito favorável das acções permanentes γ q = 1,5 para todas as acções variáveis Combinações Fundamentais Utilizadas: - Combinação Fundamental com acção de variável base a Sobrecarga S d = 1,35 × CP + 1,5 [SC + 0 , 6 × Vento + 0 × Sismo + 0 , 6 × T ] - Combinação Fundamental com acção de variável base o Vento S d = 1, 0 × CP + 1,5 [Vento + 0 ,3 × SC + 0 × Sismo + 0 , 6 × T ] - Combinações Sísmicas para acções do tipo1 (E1) e do tipo 2 (E2). 1,5 × [ E 1100 % X + E 1 30 % y ] S d = 1, 0 × CP + 0 ,3 × SC + η 1,5 × [ E 1 30 % X + E 1100 % y ] S d = 1, 0 × CP + 0 ,3 × SC ± η -3- Prémio Secil Universidades 2007 Memória Descritiva e Justificativa TORRE NOVA 1,5 × [ E 2 100 % X + E 2 30 % y ] S d = 1, 0 × CP + 0 ,3 × SC + η 1,5 × [ E 2 30 % X + E 2 100 % y ] S d = 1, 0 × CP + 0 ,3 × SC ± η 5. ACÇÕES Para a determinação e quantificação das acções para o dimensionamento dos elementos estruturais resistentes foram consideradas as acções permanentes e variáveis pressupostas no Eurocódigo 1. 5.1 Acções Verticais 5.1.1 Acções Permanentes (G): Peso específico do betão armado 25,0 KN/m3 Peso próprio das paredes divisórias 1,8 KN/m2 Peso próprio do vidro da fachada 25,0 KN/m3 Peso específico do solo 20,0 KN/m3 Peso revestimentos 2,0 KN/m2 5.1.2. Acções Variáveis (Q): Sobrecarga de zonas acessíveis ao público de edifícios públicos Sobrecarga em coberturas não acessíveis -4- ψ0 ψ1 ψ2 4,0 KN/m2 0,7 0,5 0,3 0,3 KN/m2 0 0 0 Prémio Secil Universidades 2007 Memória Descritiva e Justificativa TORRE NOVA 5.2. Acções Horizontais 5.2.1. Acção Sísmica As acções horizontais foram estabelecidas tendo em conta os pressupostos no Regulamento de Segurança e Acções para Edifícios e Pontes. A acção sísmica (E) vai ser simulada em duas direcções ortogonais, por meio de espectros de resposta para o sismo tipo 1 e tipo 2, fazendo uma análise dinâmica tridimensional da estrutura. O edifício encontra-se na zona sísmica A (α = 1) tendo sido considerado um terreno do tipo II e um coeficiente de comportamento η= 2,5 (estrutura tipo pórtico). Coeficientes reduzidos: ψ0=0,0 ; ψ1=0,0 ; ψ2=0,0 5.2.2. Acção do Vento Dada a sua localização e o tipo de estrutura em estudo, esta acção torna-se bastante relevante. A quantificação da acção do vento foi feita com recurso ao EC1-4. De acordo com o Artigo 4.3.2 do EC1 – 1.4 o edificio localiza-se numa região do continente na faixa costeira com rugosidade do terreno tipo 0 . Segundo o pressuposto do EC1 – 1.4, foi calculada a pressão dinâmica do vento que se exerce sobre a estrutura. Pressão dinâmica do vento (wk) ..........................................................2,10 kN/m2 Coeficientes reduzidos: ψ0=0,6 ; ψ1=0,2 ; ψ2=0,0 5.3. Acção da Temperatura Para o cálculo da acção da temperatura foi admitido que a estrutura se trata de uma estrutura metálica não protegida e foi aplicado a todas as peças de estrutura metálica um gradiente térmico de 20ºC. Coeficientes reduzidos: ψ0=0,6 ; ψ1=0,5 ; ψ2=0,0 -5- Prémio Secil Universidades 2007 Memória Descritiva e Justificativa TORRE NOVA 6. PROCESSO CONSTRUTIVO Esta estrutura tem como grande vantagem em relação a outras estruturas a seu fácil processo de construção, devido a redução do número de peças betonadas in situ, adoptando como solução para as lajes dos pisos, a utilização de lajes pré-fabricadas da SECIL PRÉ-BETÃO. Segue-se resumidamente um processo construtivo que pode ser adoptado para a execução do edifício: 1. Execução das fundações. 1.1 Execução da escavação e do muro de contenção 1.2 Escavação das fundações. 1.3 Colocação de betão de limpeza. 1.4 Montagem das armaduras e betonagem das sapatas e vigas de fundação. 2. Execução dos pisos -2 e -1. 2.1 Construção dos pilares de betão e dos nucleos do piso -2. 2.2 Colocação das vigas metálicas. 2.3 Colocação das lajes alveolares. 2.4 Betonagem da camada de betão complementar das cima das lajes. 2.5 Novamente como no piso -2, construção dos pilares e dos nucleos do piso -1. 2.6 Colocação das vigas metálicas. 2.7 Colocação das lajes alveolares. 2.8 Betonagem da camada de betão complementar das cima das lajes. 3. Execução dos pisos de 0 á cobertura. 3.1 Construção dos nucleos. 3.2 Colocação dos pilares metálicos. 3.3 Montagem das vigas metálicas. 3.4 Colocação das lajes alveolares. 3.5 Betonagem da camada de betão complementar. 3.6 Segue-se o mesmo processo até á cobertura. -6-