Caracterização de Bactérias Endofíticas e Isolamento do

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
Caracterização de Bactérias Endofíticas e Isolamento do
Fitopatógeno Exserohilum turcicum de Milho Crioulo
(Zea mays var. Rosado)
Emanuela Pille da Silva
Florianópolis
Novembro/2013
Emanuela Pille da Silva
Caracterização de Bactérias Endofíticas e Isolamento do
Fitopatógeno Exserohilum turcicum de Milho Crioulo
(Zea mays var. Rosado)
Relatório de estágio apresentado ao
curso de Graduação em Agronomia, do
Centro de Ciências Agrárias, da
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina, como requisito para a
obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.
Orientador: Cláudio Roberto F. S.
Soares
Supervisora: Kelly Justin da Silva
Empresa: UFSC
Florianópolis - SC
2013
AGRADECIMENTOS
À minha família, especialmente aos meus pais Luiz Fernandes da Silva e
Terezinha Ana Pille da Silva, por todo apoio em minha decisão profissional.
Ao meu noivo, Matheus Vill, pela paciência, apoio e incentivo nas minhas
decisões durante a trajetória da graduação.
Dona Luciola e ao Senhor Neri, pela hospitalidade, troca de experiência e
importante contato com o meio rural que me proporcionaram através do estágio
de vivência.
Ao meu orientador, durante a graduação, Márcio José Rossi, pela oportunidade
de estagiar no DMS, assim como ao professor Cláudio Roberto F. S. Soares, meu
orientador de TCC, e ao professor Admir José Giachini, por todo crescimento
pessoal e conhecimento científico que me proporcionaram.
Aos amigos do DMS pelas risadas, trocas de experiências, pelos cafés e
principalmente pela amizade.
À Doutoranda Kelly Justin da Silva e ao Dr. Rafael Dutra de Armas, pelos
conhecimentos adquiridos em biologia molecular e por toda a paciência e auxílio
nos experimentos de graduação e TCC.
Aos amigos da turma 2009.1, não somente pela companhia durante estes anos,
mas também pela amizade e troca de experiência.
Agradeço à UFSC pelo ensino público e de qualidade e ao CNPq que me
oportunizou a inserção no meio científico.
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ............................................................................................ - 9 -
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... - 10 -
2.1. O Milho .................................................................................................... - 10 2.2. Microrganismos Endofíticos .................................................................... - 13 2.3. BOX-PCR ................................................................................................ - 15 2.4. Queima de turcicum (Exserohilum turcicum) ........................................... - 16 3.
OBJETIVO GERAL ................................................................................... - 23 -
3.1. Objetivos Específicos .............................................................................. - 23 4.
MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... - 24 -
4.1. Coleta do Material ................................................................................... - 24 4.2. Isolamento de E. turcicum ....................................................................... - 25 4.3. Caracterização das culturas bacterianas................................................. - 26 4.4. Caracterização Molecular dos Isolados ................................................... - 26 4.4.1. Extração do DNA bacteriano ................................................................ - 26 4.4.2. BOX-PCR ............................................................................................. - 27 4.4.3. Extração do DNA fúngico ..................................................................... - 27 5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ - 29 -
5.1. Isolados Bacterianos Obtidos .................................................................. - 29 5.2. Isolado Fúngico ....................................................................................... - 30 5.4. Análise Morfológica das Culturas Bacterianas ........................................ - 31 5.5. Análise Molecular Dos Isolados Bacterianos........................................... - 34 6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... - 38 -
7.
CONCLUSÕES ......................................................................................... - 39 -
8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... - 40 -
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:
BDA - meio de cultura Batata Dextrose Ágar
BSA – albumina de soro bovino
CTAB - brometo hexadeciltrimetilamônio
DMSO - dimetilsulfóxido
DNA - ácido desoxirribonucleico
dNTPs – desoxirribonucleotídeos Fosfatados (A,T,C,G)
EDTA - ácido etilenodiamino tetra-acético
Fe(NO3)3.9H2O - nitrato de ferro nonahidratado
KH2PO4 - fosfato de potássio monobásico
LCHA - meio de cultura Lactose Caseína Hidrolisada Ágar
Luz UV - luz ultra-violeta
MgCl2 - cloreto de magnésio
MgSO4 - sulfato de magnésio
MnSO4.H4O - sulfato de manganês monohidratado
NaCl - cloreto de Sódio
(NH4)2SO4 - sulfato de amônio
PCR - reação em cadeia da polimerase
pH - potencial hidrogeniônico
RNA - ácido ribonucleico
TAE - tampão Tris-Acetato-EDTA
Tris-HCl - (hidroximetil) aminometano cloridrato
TSA 10 % - meio de cultura Tryptone Soya Ágar 10%.
V - volts
ZnSO4.7H2O - sulfato de zinco heptahidratato
LISTA DE FIGURAS E ANEXOS
Figura1. Crescimento em meio TSA 10% das bactérias endofíticas (A) do colmo e
(B) da folha. ......................................................................................................... 30
Figura 2. Crescimento do Fungo E. turcicum no meio de isolamento LCHA..... 30
Figura 3. Cluster gerado pela análise de agrupamento hierárquico da
caracterização molecular dos isolados de colmo (1C-14C) e folha (1F14F)..................................................................................................................... 34
Figura 4. BOX PCR dos isolados de bactérias endofíticas. (A) Perfis da BOX-PCR
dos 14 isolados de colmo (01C-14C) e 14 de folha (01F-14F). M- Marcador; (B)
Cluster gerado pela análise de agrupamento hierárquico do perfil de bandeamento
da BOX PCR......................................................................................................... 35
Anexo 1. Laudo análise física do solo ................................................................ 47
Anexo 2. Laudo análise química do solo ............................................................ 48
Anexo 3. Croqui do experimento......................................................................... 49
Anexo 4. Localização do Experimento Brasil (A), Santa Catarina (B), Fazenda
Experimental da Ressacada em Florianópolis-SC (C) e (D)............................... 50
Anexo 5. Parâmetros da caracterização morfológica.......................................... 51
RESUMO
O milho representa uma cultura de grande importância para o Brasil, tanto
no aspecto econômico como social. Entretanto, o aumento da produção traz
consigo condições mais favoráveis para o aparecimento de doenças. Devido às
grandes perdas na produção que essas doenças, como a queima de turcicum,
podem acarretar na cultura do milho realizam-se cada vez mais aplicações de
agroquímicos visando controlar tais moléstias. Entretanto, estas aplicações geram
grandes problemas tanto sociais como ambientais, levando-nos a buscar soluções
mais sustentáveis. Neste contexto, apesar de ainda pouco estudados, os
microrganismos endofíticos, devido ao nicho ecológico que ocupam, vem
mostrando potencial de uso na agricultura inclusive no controle biológico. Deste
modo, este trabalho teve como objetivo realizar o isolamento e a caracterização
de bactérias endofíticas de milho crioulo variedade Rosado e o isolamento do
fungo Exserohilum turcicum (Pass.) K. J. Leonard & E. G. Suggs, agente causal
da queima de turcium, para que futuramente possam ser testados esses isolados
bacterianos no antagonismo ao patógeno. Para tanto através do método de
fragmentação do tecido vegetal, foram isoladas assepticamente em meio TSA
10% bactérias endofíticas de folhas e colmos de milho crioulo no estádio
vegetativo da cultura, realizando-se posteriormente a caracterização morfológica
e molecular por BOX PCR, dos isolados obtidos. O isolado fúngico foi também
isolado da folha, a partir de lesões típica da doença, utilizando-se o meio LCHA.
No total, foram isolados 82 bactérias endofíticas, onde 56 foram provenientes de
folha e 26 de colmo. Até o presente momento foi possível realizar a
caracterização morfológica e molecular de 28 isolados, sendo 14 de cada órgão
vegetal. A análise morfológica diferiu da molecular. Entretanto, esta última
demonstrou que dos 28 isolados, 10 isolados de colmo e 12 isolados de folha, são
diferentes e apenas 1 isolado comum tanto a folha quanto a colmo. Deste modo, a
análise por BOX-PCR, mostrou-se um método eficiente para diferenciar isolados,
demonstrando que bactérias que compartilham características morfológicas
similares, podem representar isolados diferentes. Este método também
demonstrou que órgãos vegetais, colmo e folha, compartilham de poucos
isolados.
Palavras chave: agentes de biocontrole; queima de turcicum; cultura do milho.
ABTRACT
Corn is a crop of great importance to Brazil , both economically and socially.
However the increase in production carries the most favorable conditions for the
onset of disease. Due to the large production losses these diseases , such as
burning turcicum may entail in maize are held increasingly more applications of
pesticides aimed at controlling such diseases . However , these applications
generate large social as well as environmental problems , leading us to seek more
sustainable solutions. In this context, although less studied endophytic
microorganisms , due to the ecological niche they occupy, has shown potential for
use in agriculture including biological control . So, this study aims to perform the
isolation and characterization of endophytic bacteria of maize landraces Rosado
variety and isolation of the fungus Exserohilum turcicum ( pass. ) k. j. e. leonard &
g. suggs , the causal agent of burning turcium so that future can be tested in these
bacterial isolates antagonistic to the pathogen . Therefore by the method of
fragmentation of plant tissue were aseptically isolated amid TSA 10 % endophytic
bacteria from leaves and stalks of maize landraces in the vegetative stage of
culture, taking place later the morphological and molecular typing by BOX PCR ,
the isolates obtained . The fungus was isolated from folha also isolated from
lesions typical of the disease, using the means LCHA . In total, we isolated 82
endophytic bacteria, 56 isolates from 26 leaf and stem. Until now it was possible to
perform morphologic and molecular characterization of 28 isolates, 14 of each
plant organ. Morphological analysis of molecular differ. however , the latter
showed that the 28 isolates , 10 isolates from 12 isolates stem and leaf are
different and only 1 isolate common both leaf and the stem. Thus, the BOX-PCR
analysis, proved to be an efficient method to differentiate isolates, demonstrating
that bacteria that share similar morphology. This method also demonstrated that
plant, stem and leaf, isolated organs share a few.
Keywords:
biocontrol
agents;
burning
turcicum;
corn.
-9-
1. INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) encontra-se entre as principais e mais importantes
culturas agrícolas produzidas pelo Brasil. Devido às suas possibilidades de uso,
quer na alimentação humana quer na animal, assume relevante papel
socioeconômico e indispensável matéria prima impulsionadora de diversificados
complexos agroindustriais. A produção encontra-se bem distribuída nas duas
safras que ocorrem no país.
Entretanto, acompanhando o crescimento da produção no Brasil, ocorreu
grande aumento na incidência e severidade de doenças na cultura. Dentre essas
doenças, destaca-se a queima ou mancha das folhas de milho causada por
Exserohilum turcicum que ocorre de forma generalizada em todo mundo e pode
acarretar grandes perdas para o agricultor. Esta doença pode estar presente
durante todos os períodos de cultivo em algumas regiões, entretanto, é na
safrinha que ela vem ganhando destaque.
Atualmente, devido a uma maior conscientização sobre a preservação do
meio ambiente, buscando-se alternativas para a redução do uso de insumos
químicos, tem aumentado o interesse na utilização de microrganismos na
agricultura como alternativa ao controle de doenças. Dentre os microrganismos
com potencial de aplicação, encontram-se os endofíticos que são principalmente
fungos e bactérias que durante todo ou parte do ciclo de vida das plantas,
invadem seus tecidos através de infecções não aparentes, sem causar sintomas
de doenças.
Os microrganismos endofíticos estão presentes em todas as espécies
vegetais, permanecendo em estado de latência ou colonizando ativamente os
tecidos de forma local ou sistêmica. Atualmente, sabe-se que endofíticos podem
produzir toxinas, antibióticos e outros fármacos, fatores de crescimento e muitos
produtos de potencial interesse biotecnológico, além de possuírem outras funções
de importância para sobrevivência das plantas. Por ocuparem um nicho ecológico
semelhante àquele ocupado por patógenos, apresentam também grande
potencial para o controle biológico.
Deste modo, este trabalho tem como objetivo isolar e caracterizar bactérias
endofíticas de folha e colmo de milho crioulo, visando obter microrganismos que
- 10 -
possam ser futuramente testados no antagonismo ao patógeno E. turcicum e
utilizados como alternativa no controle biológico desta doença.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.
O Milho
O milho (Zea mays L.) é uma gramínea da família Poaceae, tribo Maydeae,
do gênero Zea, o qual compreende cinco espécies, dentre elas Zea mays
(BORÉM, 1999). É uma planta monocotiledônea, diplóide e alógama (FAGERIA,
1989), cujo ciclo fenológico, em condições tropicais, varia entre 110 e 180 dias,
dependendo do genótipo e do clima (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000). A
espécie pertence ao grupo C4, o que lhe confere alta produtividade biológica,
devido à eficiência na conversão de CO2 (SANGOI & DA SILVA, 2010).
O milho é originário da América Central ou do México (PATERNIANI et al.,
2000) e o primeiro contato do homem europeu com esta espécie vegetal ocorreu
por volta de 1492, por ocasião da colonização da América. Importantes
civilizações americanas antigas como a dos Astecas, Maias e Incas, o
domesticaram entre 7.000 e 8.000 anos atrás, tornando-se um dos principais
cultivos (BORÉM, 1999; BROWN et al., 1985).
Segundo Brown et al. (1985) várias teorias de origem foram oferecidas ao
longo dos anos, entretanto, atualmente, apenas duas são levadas em
consideração. Uma delas é que o teosinto (Zea mexicana) é o progenitor
selvagem do milho e a outra é que um milho selvagem, denominado milho
tunicata (“Pod corn”), agora extinto, foi o antepassado do milho domesticado.
Entretanto, a origem do milho atual a partir do teosinto é a mais aceita entre os
pesquisadores. Além de seu possível papel na origem do milho, o teosinto teve
grande impacto sobre sua evolução. No México, particularmente, a introgressão
entre milho e teosinto ocorreu provavelmente durante séculos e continua até hoje.
Os efeitos são evidentes na morfologia e citologia de ambas as espécies. Há
também razões para acreditar que os genes de resistência a certos vírus tenham
atingido o milho através da sua introgressão com teosinto. De qualquer maneira,
de acordo com Paterniani et al. (2000), os povos primitivos que habitavam a
- 11 -
América Central conseguiram domesticar o milho e, ao mesmo tempo, por
seleção, produzir um número bastante grande de raças.
O milho é, provavelmente, a espécie que conta com a maior variabilidade
genética entre todas as plantas cultivadas. Atualmente são identificadas cerca de
300 raças de milho e, dentro de cada raça milhares de variedades. A preservação
de toda esta diversidade disponível é importante, tanto para o melhorista conduzir
seu trabalho de seleção para produzir variedades e híbridos mais produtivos e
mais adaptados às necessidades do produtor (PATERNIANI et al., 2000), quanto
como fonte de estudo para potenciais biotecnológicos disponíveis.
Além da ampla variabilidade genética, o milho tem uma característica
bastante importante quanto ao seu nível de domesticação. Trata-se da espécie
cultivada que atingiu o mais elevado nível de domesticação, o que faz com que a
espécie só sobreviva quando cultivada pelo homem, uma vez que perdeu a
capacidade de sobreviver espontaneamente na natureza (PATERNIANI et al.,
2000; BROWN et al., 1985).
A espécie é cultivada em praticamente todos os continentes, em diferentes
condições edafo-climáticas. Porém, para cada região, existem milhos distintos
com adaptações especificas, sendo a espécie que apresenta a capacidade de
produzir maior quantidade de alimento por unidade de área e por unidade de
tempo (PATERNIANI et al., 2000). É por este fato, em função de seu potencial
produtivo, assim como por sua composição química e valor nutritivo, que ainda
hoje se constitui em um dos mais importantes cereais cultivados e consumidos no
mundo. As suas possibilidades de uso, quer na alimentação humana quer na
animal, assume relevante papel socioeconômico, além de constituir em
indispensável matéria
prima
impulsionadora de
diversificados complexos
agroindustriais (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
Segundo dados da USDA (2013), na safra de 2012/2013, o cereal foi
cultivado em uma área de 175 milhões de hectares em todo o mundo, com uma
produção total de 860 milhões de toneladas e uma produtividade média de 4.90
Mg.ha-1. Nesse cenário, o Brasil encontra-se como terceiro maior produtor, atrás
de Estados Unidos e China. Estima-se, segundo dados da CONAB (2013), que na
última década, houve um avanço na produção de milho no Brasil, onde a
- 12 -
produção da safra de 2002/2003 foi de 47 milhões de toneladas contra 81 milhões
de toneladas na safra 2012/2013, sendo produzidas na 1ª e 2ª safras, 34 e 47
milhões de toneladas, respectivamente.
Entretanto, acompanhando o crescimento da produção no Brasil, ocorreu
também grande aumento na incidência e severidade de doenças na cultura,
podendo este aumento ser explicado por vários dos fatores que contribuíram para
o crescimento da produção e também pelo deslocamento da cultura para novas
regiões (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
A agricultura moderna vem criando, por si só, as suas dificuldades pois os
produtores tecnificados precisam destinar altos investimentos para a aquisição
das novas tecnologias. Recentemente, o produtor tem adquirido sementes das
cultivares transgênicas de empresas multinacionais, sujeitando-se à dependência
de aquisição associada de insumo (herbicida) e, também, à cobrança de royalties
na comercialização do seu produto. Por outro lado, também percebe-se que os
conceitos de ecologia, saúde pública-alimentar e valor social têm aguçado os
princípios de agroecologia embasada no uso mínimo de agroquímicos e práticas
agrícolas alternativas (SANDRI & TOFANELLI, 2008).
Dentro deste contexto, apesar das populações de milho crioulo serem de
um modo geral, consideradas menos produtivas que as cultivares comerciais,
essas populações, em condições naturais adversas apresentam melhor
produtividade que os híbridos convencionais (RAMALHO et al., 2008; ARAUJO &
NASS, 2002). O milho crioulo da variedade Rosado apresenta altos índices de
produtividade, na safra de 2002/2003 produziu 5,2 Mg.ha-1 e na safra seguinte foi
de 6,6 Mg.ha-1, em condições de cultivo orgânico, ultrapassando a média nacional
que foi de 3,6 Mg.ha-1 e 3,3 Mg.ha-1, nos respectivos anos (ALVES, et al., 2007).
Além disso, a variedade Rosado apresenta bom valor nutricional, altos teores de
antocianinas (KUHNEN, 2007) e é uma das mais antigas da região oeste de SC,
sendo cultivada a quase 50 anos no município de Anchieta (VOGT, 2005).
As variedades de milho crioulo são também importantes por constituírem
fonte de variabilidade genética que podem ser exploradas na busca por genes
tolerantes e/ou resistentes aos fatores bióticos e abióticos (ARAUJO & NASS,
2002). Além disso, sua própria constituição pode abrigar microrganismos que
podem apresentar potencial de uso biotecnológico na agricultura moderna.
- 13 -
2.2.
Microrganismos Endofíticos
Evolutivamente as plantas vêm desenvolvendo complexos mecanismos
adaptativos, muitos destes somente possíveis, graças às interações com os
microrganismos (PEIXOTO NETO et al., 2004). Dentre estes mecanismos
encontram-se alterações anatômicas e morfológicas nas plantas devido às
interações simbióticas, assim como, a simples produção de exsudatos que podem
participar neste processo. Além disso, sua própria constituição pode servir por si
só como abrigo e gerar interações com microrganismos. Dentre essas interações
encontram-se aquelas relacionadas com os microrganismos denominados
endofíticos, que podem produzir toxinas, antibióticos e outros fármacos, fatores de
crescimento e muitos outros produtos de potencial interesse biotecnológico, além
de exercerem outras funções de importância para a planta, tais como a maior
resistência às condições de estresse, à alteração de propriedades fisiológicas e à
produção de fitohormônios (AZEVEDO, 1998).
Os endofíticos são principalmente fungos e bactérias que colonizam tecidos
vivos através de infecções não aparentes, sem causar sintomas de doenças
(MOREIRA & SIQUEIRA, 2006). Alguns fatores interferem qualitativa e
quantitativamente na biodiversidade da microbiota dos endofíticos, destacandose, a idade da planta e o tecido ou órgão colonizado (PEIXOTO NETO et al.,
2004).
Em geral, os microrganismos endofíticos penetram nas plantas por
aberturas naturais e ferimentos. Uma das portas de entrada mais utilizadas pelos
endófitos são as raízes; a emergência de raízes laterais resulta em uma abertura,
que serve de entrada para os microrganismos. O próprio crescimento das raízes,
ao penetrar no solo, gera abrasões que também facilitam a entrada dos mesmos.
Outras portas de entrada são aberturas naturais como estômatos e hidatódios,
aberturas causadas por insetos, e até por estruturas de fungos patogênicos, como
os apressórios (AZEVEDO, 1998). Estes microrganismos estão presentes em
todas as espécies vegetais, permanecendo em estado de latência ou colonizando
ativamente os tecidos de forma local ou sistêmica, sendo encontrados, portanto,
em órgãos e tecidos vegetais como as folhas, ramos e raízes (AZEVEDO, 1998;
PEIXOTO NETO et al., 2002).
- 14 -
Há tempos, os agroquímicos têm sido usados na agricultura. Entretanto
seus efeitos colaterais têm estimulado a redução do seu uso e adoção de
métodos naturais menos agressivos (GRIGOLETTI JUNIOR et al., 2000). Além
de seus riscos para a saúde humana, também são geradores de fortes
desequilíbrios no ambiente, sendo responsáveis por eliminar os inimigos naturais
das diferentes pragas de culturas nas áreas em que são utilizados (MEDEIROS et
al., 2006). O controle químico pode também causar danos na microbiota benéfica
às plantas, além de deixar resíduos no ambiente (ETHUR et al., 2007) e nos
alimentos (SANTOS & VARAVALLO, 2011).
Deste modo, o controle biológico mostra-se como uma alternativa mais
sustentável (ETHUR et al., 2007). Neste contexto, deve-se destacar que o
interesse na utilização de microrganismos na agricultura tem aumentado
significativamente devido a uma maior conscientização sobre a preservação do
meio ambiente, com a busca de alternativas para a redução do uso de insumos
químico (DE SOUZA, 2001). Por ocuparem um nicho ecológico semelhante
àqueles ocupados por patógenos, os endofíticos apresentam grande potencial
para o controle biológico, como verificado em tomate (SILVA et al., 2008) e em
café (SILVA et al., 2006).
Atualmente, tem havido um crescente interesse no estudo da ocorrência e
especialmente, do potencial de colonização e da utilização de bactérias
endofíticas para promoção de crescimento e controle biológico de doenças em
plantas. Estas bactérias não estão sujeitas à competição por nutrientes que
normalmente ocorre no solo rizosférico e ao contrário das colonizadoras de
rizosfera, já estão interiorizados na planta, onde os compostos bioativos
sintetizados por elas encontram-se prontamente disponíveis às plantas. A
associação entre bactéria endofitica-planta consiste numa interação íntima, na
qual a planta fornece os nutrientes e habitat, enquanto a bactéria irá promover o
crescimento e sanidade da planta (MARIANO et al., 2004),
Tendo em vista a grande biodiversidade vegetal de clima tropical em
países da América Latina, estima-se que cada espécie vegetal possua
microrganismos endofíticos ainda não classificados e, portanto, apresentando
diversidade genética capaz de prover compostos estruturalmente diversificados e
de bioatividade pouco conhecida, gerando um potencial de aplicação para a
- 15 -
produção em escala de compostos de alto valor agregado e um novo campo de
estudo, no que se refere às interações desses metabólitos com o ecossistema
(PEIXOTO NETO et al., 2004).
Entretanto, nosso conhecimento da extensão e caráter de diversidade
microbiana têm sido limitados, principalmente, pela dependência no estudo de
microrganismos cultivados. Estima-se que mais de 99% dos microorganismos
observáveis na natureza, não são cultivados usando técnicas convencionais
(ARMANN et al, 1995). No entanto, apesar das técnicas dependentes de cultivo
não serem tão eficientes, representam o único método até então conhecido e
utilizado para se obter estes microrganismos a fim de utilizá-los e testá-los quanto
ao seu potencial biotecnológico. Técnicas independentes de cultivo, baseadas na
biologia molecular, podem ser utilizadas a fim de auxiliar na identificação e
caracterização destes microrganismos, assim como, de compostos de interesse.
2.3.
BOX-PCR
Fragmentos de DNA estão repetidos e presentes em genomas dos
procariotos. Sequências de codificação, tais como genes do RNA ribossomal e
sequências de inserção, representam os maiores elementos repetidos que estão
presentes em número relativamente baixo de cópias. Em contraste com esses
elementos repetidos maiores, padrões de sequência relativamente curtas de
polinucleotídeos podem representar sequências altamente repetitivas no genoma
procarioto (VERSAVILOVIC et al. 1994).
Um método reconhecido de caracterização de estirpes consiste na
determinação do perfil de DNA após a amplificação com iniciadores relacionados
a regiões repetitivas e conservadas do DNA, em geral no espaço intergênico, a
denominada
avaliação
por
rep-PCR
(repetitive-sequence-based-PCR)
(VERSALOVIC et al, 1994). Estes elementos repetitivos parecem estar
localizados em distintas posições intergênicas no genoma, em ambas as
orientações. Existem três famílias principais de elementos, incluindo as
sequências REP (Repetitive Extragenic Palindromic) (35-40 pb) (STERN et al.,
1984), ERIC (Enterobacterial Repetitive Intergenic Consensus) (124-127 pb)
- 16 -
(HULTON et al., 1991) e BOX – subdivididas em box A (54 pb), box B (43 pb) e
box C (50 pb) (MARTIN et al., 1992).
Iniciadores para estas sequências têm sido desenhados e utilizados para
amplificar regiões entre estes elementos repetitivos por meio de PCR, gerando
perfis específicos (fingerprinting) que podem ser utilizados para tipagem e
identificação de espécies bacterianas, sendo estas técnicas denominadas de
REP-PCR,
ERIC-PCR
e
BOX-PCR
(GILLINGS
E
HOLLEY,
1997),
respectivamente.
Segundo HUNGRIA et al., (2008) a análise por BOX-PCR resulta em perfis
com maior número de bandas e menor custo na análise, por requerer um único
iniciador. Além disso, a análise por BOX-PCR possui poder de discriminação e
confiabilidade em diferenciar estirpes, além de ser um método que possui
repetibilidade, sendo recomendando a obtenção de perfis a partir de BOX-PCR
para a utilização no controle de qualidade de coleções de culturas de bactérias
diazotróficas e promotoras do crescimento de plantas, inclusive para a distribuição
das estirpes para outros laboratórios e para as indústrias de inoculantes.
Deste modo, justifica-se a escolha pelo método de BOXPCR, que nos
fornece, confiabilidade em discriminar isolados diferentes, através do perfil de
bandas por eletroforese.
2.4.
Queima de turcicum (Exserohilum turcicum)
A cultura do milho está sujeita à ocorrência de várias doenças que podem
afetar a produção, a qualidade, a palatabilidade e o valor nutritivo dos grãos e da
forragem. Dentre as doenças que ocorrem na cultura do milho, merecem
destaque as doenças foliares, as podridões do colmo e das raízes, além das
doenças causadas por vírus, fitoplasmas e nematoides (SASSE, 2008).
Os danos associados com as manchas foliares são decorrentes do mau
funcionamento e da destruição dos tecidos fotossintéticos devido ao aumento do
número e da área de lesões que podem determinar a necrose de toda a folha. A
necrose e a morte prematura das folhas limitam a interceptação da radiação solar
e a translocação de fotossintatos ao desenvolvimento dos grãos (REIS et al.,
2004). Dentre as doenças foliares que frequentemente atacam a cultura do milho,
- 17 -
a queima de turcicum ou requeima das folhas, ocorre em quase todas as áreas de
produção no Brasil (SASSE, 2008; PEREIRA, 1995), apresentando também
ocorrência generalizada em todo mundo (CARSON & VAN DYRE, 1994).
O fungo agente causal da queima tem sua forma assexuada denominada
de
Exserohilum
turcicum
(Pass)
K.J.
Leonard
&
Suggs.
(sinonímia
Helminthosporium turcicum) que possui conídios e conidóforos escuros e
expostos ao ar livre. Entretanto, este fungo possui forma sexuada conhecida e
denominada de Setosphaeria turcica (Lutrell) K.J. Leonard & E.G. Suggs (REIS,
2004) e por isso, segundo os taxonomistas deve ser classificado na divisão
Ascomycota, na qual é classificada seu teleomorfo.
Uma toxina, Helminthosporium Turcicum (HT) toxina , tem sido identificada
como uma fitotoxina, chamada Monocerin. Esta toxina tem demonstrado exibir
atividade antifúngica, herbicida e características inseticidas (WEERASOORIYA &
CROSBY, 2007). A toxina Monocerin provoca uma inibição na síntese de clorofila,
uma redução no crescimento das raízes e formações de lesões e áreas de
necrose em genótipos suscetíveis de milho e sorgo (CUQ et al., 1993; BASHAN et
al., 1995). Além disso, as folhas perfuradas e tratadas com Monocerin
desenvolveram necrose que se propagou ao longo do sistema vascular. Deste
modo, a toxina mostra não estar apenas envolvida na penetração, mas também
nas fases posteriores da infecção (CUQ et al., 1993).
Os primeiros sintomas causados pela queima de turcicum iniciam nas
folhas inferiores e progridem para a parte superior da planta. Em infecções
severas, o número de lesões por folha aumenta, ocasionando murchamento e
seca foliar. O aspecto geral do milho afetado é o de seca, as folhas ficam torcidas,
penduradas, como se tivessem sofrido os efeitos de geada, podendo levar a
morte prematura da planta (DE ROSSI, 2012). Sobre as lesões foliares o
patógeno
esporula
facilmente
em
condições
favoráveis
de
umidade
e
temperatura, produzindo uma massa de esporos de coloração verde-oliva a preta
(REIS et al., 2004). Quanto às características particulares de Exserohilum, os
conídios além de possuírem coloração verde-oliva a preta, são fusiformes a
ligeiramente curvos, apresentando de 3 a 8 septos, com dimensões de 20 x 105
m (PEREIRA et al., 1996).
- 18 -
Se as condições forem favoráveis ao patógeno (alta umidade e
temperatura entre 18 e 27º C) e se o cultivar de milho não possuir nível de
resistência satisfatório, o dano econômico pode ser bastante significativo. Os
cultivares de milho pipoca utilizados atualmente no Brasil são bastante suscetíveis
ao patógeno. O prejuízo causado pela doença depende da severidade e do
estádio de desenvolvimento da cultura na época de infecção, sendo a incidência
severa antes do embonecamento bastante danosa (PEREIRA, 1995).
O tempo de sobrevivência do patógeno nos restos culturais é determinado
principalmente pelas condições de temperatura, umidade e luz. Em geral,
enquanto existirem nutrientes e fonte de carbono disponível no substrato, ele
continuará consumindo-o e se desenvolvendo, sendo esta a fonte de inóculo mais
importante para a infecção das plantas de milho (REIS et al., 2004 e DE ROSSI,
2012 ).
Deste modo, durante a fase saprofítica, o inóculo de E. turcicum é
produzido e disseminado por meio de agentes externos como o ar, a água,
insetos e muitas vezes a própria ação do homem (REIS et al., 2004; PEREIRA et
al., 1996). Este fungo sobrevive na forma de micélio e conídios em restos de
cultura, onde clamidósporos podem ser formados. Os conídios são disseminados
a longas distâncias através do vento e as infecções secundárias resultam da
disseminação de conídios produzidos abundantemente em lesões foliares
(PEREIRA,1995).
As condições ambientais favoráveis à ocorrência da doença são
encontradas nos primeiros plantios, em agosto e setembro, e nos plantios após
dezembro, considerados como plantios de safrinha. Nas regiões altas, as
chamadas chapadas, estas condições podem ser observadas durante o ano todo
(PEREIRA, 1995).
Especialmente no cultivo de safrinha, em condições de fotoperíodos curtos,
e quando são frequentemente encontradas baixas intensidades luminosas e
baixas concentrações de açúcar nas plantas de milho, a ocorrência da mancha
por E. turcicum atinge alta severidade no Brasil (FERNANDES & OLIVEIRA,
1997).
Deste modo, devido à grande participação que o cultivo safrinha vem
representando para a cultura do milho, ressalta-se a importância no controle de
- 19 -
doenças relacionadas a este período de cultivo, que é agravada pelo acúmulo de
inóculo da safra anterior e às condições favoráveis para a multiplicação de
patógenos, como E. turcicum. Este fungo ataca em alta severidade principalmente
neste período, onde as perdas podem atingir 50% em ataques antes do período
de floração (CASELA et al., 2006).
Apesar de apresentar maior importância no cultivo de milho pipoca (VIEIRA
et al., 2009) e/ou no plantio da safrinha do milho convencional (CASELA et al.,
2006), não se pode ignorar que a presença de inóculo no período de safra possa
acarretar prejuízos para a cultura, principalmente quando este período apresenta
longos dias nublados, pois, a falta de irradiação pode favorecer o aparecimento
da doença devido à baixa concentração de açúcares nas plantas (ALVIM et al.,
2010).
As medidas de controle da queima de turcicum devem ser baseadas no
uso de cultivares resistentes, escolha de melhor época e local de plantio,
adubação equilibrada e outras práticas de manejo (mobilização dos restos
culturais e rotação de culturas), assim como, na aplicação de fungicidas
(PEREIRA, 1995).
A resistência do milho à queima do turcicum pode ser do tipo geral,
poligênica ou multigênica e específica ou monogênica. A resistência poligênica ou
não específica confere a tolerância a todas as raças de E. turcicum, pois a
resistência não é absoluta para todas estas raças. Este tipo de tolerância é
geralmente caracterizado por criar um ciclo de desenvolvimento da doença mais
lento, com menos lesões e de menores dimensões (PIONEER HI-BRED
INTERNACIONAL, 2010a).
Porém, algumas cultivares podem ser especificamente tolerantes a uma
doença, com resistência monogênica ou específica. Muitas vezes, este tipo de
resistência é controlado por um único gene dominante. No entanto, existe um
risco desse único gene de tolerância se tornar ineficaz devido a uma mudança na
capacidade do patógeno para causar a doença. Tal mudança pode ocorrer por
meio de mutação genética e consequente seleção de indivíduos dentro da
população do patógeno, com capacidade de superar o gene da cultivar para a
resistência (STUCKEY et al., 1993). Deste modo, o resultado mais provável do
uso continuado de cultivares com resistência monogênica será a seleção de
- 20 -
novas raças de E. turcicum e consequentemente uma procura por uma série de
novos genes para o seu controle.
A resistência monogênica a E. turcicum é caracterizada pela formação de
lesões cloróticas, um atraso no aparecimento da necrose, e/ou esporulação
reduzida. As manchas cloróticas de cor amarela visíveis nas folhas ao redor do
local da infecção, não são tão grandes ou tão bem definidas como lesões
necróticas e são encontradas em cultivares com maior tolerância à queima do
turcicum (PIONEER HI-BRED INTERNACIONAL, 2010a).
A utilização de resistência poligênica tem sido limitada pela dificuldade de
transferir esta característica para linhas puras sem alterar o ciclo, a estabilidade, a
umidade dos grãos na colheita, e outros fatores (GUIOMAR, 2011).
Medidas como a prática de mobilização também são recomendadas, pois
reduzem a quantidade de inóculo presente no campo, diminuindo-se assim, o
nível inicial de infecção ou a probabilidade do aparecimento da doença
(STUCKEY et al., 1993). A rotação de culturas com uma cultura não hospedeira
da doença do milho, como a soja, também ajuda a reduzir os níveis da doença,
principalmente em cultivares suscetíveis (LIPPS & MILLS, 2002; JESCHKE,
2012), uma vez que faz quebrar o ciclo de vida do patógeno, por não ter um
hospedeiro que lhe permita completar o seu ciclo de vida. Mesmo assim, a
rotação nem sempre é eficaz, porque os conídios de E. turcicum podem
disseminar-se a partir de campos adjacentes (STUCKEY et al., 1993). Outras
práticas, como a fertilização equilibrada em função dos níveis nutricionais do solo
e da cultura, também ajudam a reduzir a gravidade de algumas doenças
(STUCKEY et al., 1993).
Entretanto, além destes métodos mais conservacionistas, há aplicação de
produtos químicos. A aplicação de fungicida pode efetivamente controlar E.
turcicum, estando vários fungicidas disponíveis para uso no milho para o controle
da queima de turcicum desde que aplicados oportunamente, nas concentrações
corretas e em pulverização adequada (LIPPS & MILLS, 2002). Estudos
demonstram que os fungicidas tebuconazole, imibenconazole, sulfato de
estreptomicina + oxitetraciclina, triforine e prochloraz, que pertencem a diferentes
grupos químicos, são eficientes no controle da queima de Exserohilum turcicum
(PINTO, 2004). Alvim et al., (2010), também demonstraram que a estrobilurina
- 21 -
(azoxistrobina) juntamente com o triazol (ciproconazole) propiciaram um bom
controle da doença e poderiam ser utilizados como um componente importante do
manejo integrado da doença comum na cultura do milho, ajudando na tomada de
decisão dos agricultores no sentido de utilizar híbridos produtivos, embora pouco
resistentes, em regiões consideradas restritivas a esses materiais devido à
presença de inóculo.
Segundo Stuckey et al. (1993), a aplicação foliar de fungicidas justifica-se
apenas em cultivares susceptíveis e se as três folhas inferiores estiverem
infectadas
antes
do
embandeiramento,
até
duas
semanas
após
o
embandeiramento. Mas, infelizmente, quando a infecção ocorre, a cultura está
normalmente com um porte muito alto para um normal equipamento de
pulverização poder efetuar na aplicação e a aplicação aérea é cara. Assim, a
aplicação
de
produto
químico
é
normalmente
recomendada
antes
do
embandeiramento (PIONEER HI-BRED INTERNACIONAL , 2010b). O controle
químico pode ser muito atrativo em campos de alto valor, como o milho para a
produção de sementes ou o milho doce (SCHWARTZ & GENT, 2005).
Outros métodos de controle que vem ganhando destaque são os
mecanismos de resistência e o controle biológico. O mecanismo de resistência
pode estar presente em plantas suscetíveis e a resistência sistêmica ser induzida
por substâncias inorgânicas simples, produtos químicos orgânicos
e/ou
biológicos.
Pulverizações com NPK (principalmente em fósforo e potássio) reduziram o
número e área de lesões de E. turcicum e número de pústulas de Puccinia sorghi
no milho (REUVENI et al., 1993). Segundo os mesmos autores, a resistência
sistêmica induzida contra a ferrugem comum e queima de turcicum foi obtida em
folhas superiores das plantas de milho no estádio V7 (estádio em que a cultura
apresenta-se com sete folhas completamente expandidas), como resultado de
uma pulverização foliar de diferentes fosfatos nas primeiras (1 a 3 folhas), após 24 horas antes da inoculação com suspensões de conídios.
Em se tratando de controle biológico, HARLAPUR et al. (2007) testando in
vitro a atividade de extratos aquosos e o antagonismo de diferentes
microrganismos frente à E. turcicum, obteve resultados interessantes. Oito
agentes de controle biológico foram pesquisados sob condições in vitro contra E.
- 22 -
turcicum para a sua atividade antagonista usando o método de cultura dupla.
Todas as bactérias e fungos antagonistas testados inibiram o crescimento de E.
turcicum variando de 19-65%, entretanto o fungo Trichoderma harzianum causou
inibição significativa máxima (65%), seguido por Trichoderma viride (57%) e
Bacillus subtilis (50%), enquanto a Pseudomonas fluorescens foi menos eficaz
(19%). O autor relata que o efeito inibitório destes bio-agentes foi, provavelmente,
devido à concorrência e/ou antibiose.
Outro estudo, avaliando o potencial de antagonismo das bactérias
endofíticas, Escherichia coli GC subgrupo B, Morganella morganii, Ewingella
americana,
Xanthomonas
axonopodis,
Microbacterium
imperial,
Bacillus
agaradhaerens, Bacillus subtilis G0, B. lentimorbus e Streptomyces sp., à E.
turcicum, obtive de 30-50% de inibição in vitro (SHIOMI, 2007),.
De acordo com Murdoch et al. (1985), para um efetivo controle biológico,
as teorias do modelo de Nichoson-Bailey, propõem importantes características ao
agente controlador e seu hospedeiro. Este modelo propõe que o sucesso no
controle biológico só ocorre quando o inimigo impõe um equilíbrio baixo e estável
com o hospedeiro. Além disso, o seu funcionamento ocorre com mais sucesso
quando o inimigo tem as seguintes características: é hospedeiro-específico; tem
sincronia com o hospedeiro; pode aumentar rapidamente sua densidade quando o
hospedeiro aumenta sua densidade; precisa de poucos indivíduos (geralmente
um), para completar seu ciclo de vida e possui alta habilidade de busca.
Deste modo, o controle da queima de turcicum deve ser realizado, devido
às grandes perdas que a doença pode ocasionar na produção de milho. Dentre os
métodos que apresentam baixo custo e eficiência, encontra-se o controle
biológico
e
entre
os
possíveis
agentes
de
controle
destacam-se
os
microrganismos, especialmente, as bactérias que estão presentes naturalmente
no ambiente. As bactérias possuem alto potencial de utilização devido,
principalmente, à sua facilidade de multiplicação e aplicação.
- 23 -
3. OBJETIVO GERAL

Isolar e caracterizar bactérias endofíticas de plantas de milho crioulo para
posterior realização de antagonismo ao patógeno Exserohilum turcicum.
3.1.
•
Objetivos Específicos
Isolar bactérias de folhas e colmos de milho crioulo, no estádio vegetativo
da cultura;
•
Caracterizar morfológica e molecularmente os isolados bacterianos
obtidos; e
•
Isolar o fungo Exserohilum turcicum presente na cultura.
- 24 -
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1.
Coleta do Material
Plantas de milho crioulo da variedade Rosado foram colhidas em
experimento de pesquisa implantado na Fazenda experimental da Ressacada da
Universidade Federal de Santa Catarina, localizada em Florianópolis (Anexo 4). O
referido experimento faz parte do projeto de Doutorado do PPG em Recursos
Genéticos Vegetais da Doutoranda Kelly Justin da Silva, aonde foram semeados
milhos crioulo (variedade Rosado), convencionais e transgênicos (Anexo 3). O
delineamento experimental adotado foi o de blocos casualisados, composto por
três blocos, constituídos de 15 parcelas por bloco, sendo estas representadas por
quatro linhas de 20 m, com quatro plantas por metro linear.
Através das análises físicas e químicas foi possível observar que no local do
experimento, os blocos possuem características físicas similares, entretanto
diferem quanto às características químicas, conforme os laudos dos Anexos 1 e 2.
O solo foi corrigido conforme a recomendação da COMISSÃO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO-RS/SC (2004). Capinas manuais foram realizadas
periodicamente, para eliminação das ervas daninhas.
A coleta foi realizada no dia 07 de junho de 2013, quando as plantas se
encontravam entre os estádios V6-V7 (com seis à sete folha completamente
expandidas), ainda no período vegetativo da cultura. Foram coletadas plantas da
4ª linha, escolhendo-se aquelas menos atacadas por doenças, ou seja, mais
sadias. As plantas inteiras foram transportadas à temperatura ambiente até o
laboratório de Microbiologia do Solo da UFSC onde procedeu-se a coleta dos
órgãos vegetais de interesse (folha e colmo). Foram coletadas três plantas de
cada parcela, perfazendo um total de nove plantas por bloco e um total de 27
amostras.
Após as plantas serem lavadas em água corrente, realizou-se a escolha do
material foliar vegetal, selecionando-se a folha posterior à última completamente
expandida, que de um modo geral apresentavam-se sadia. Já a amostra de caule
foi coletada a cerca de 15 cm do colo da planta. Após a escolha dos materiais
procedeu-se ao isolamento, realizando-se uma amostra composta por bloco,
- 25 -
cortando os tecidos vegetais em fragmentos de cerca de 1 cm, realizando-se logo
após o processo de desinfecção. Em seguida, realizou-se o processo de
desinfecção para eliminação dos microrganismos epifíticos que consistiu na
exposição à luz UV por cinco minutos em cada face do material vegetal, seguido
de lavagens com álcool 70% por dois minutos, solução de hipoclorito de sódio a
33% dois minutos, mais uma lavagem em álcool 70% por 30 segundos e quatro
lavagens em água destilada estéril, conforme metodologia proposta por
CERIGOLI (2005). Após o processo de desinfecção as extremidades do órgão
vegetal foram retiradas a fim de possibilitar a saída dos endófitos quando
colocados em contato com o meio de cultura. Para o isolamento foram utilizadas
cinco placas contendo meio TSA 10 %, colocando-se três pedaços do respectivo
órgão vegetal em cada placa e duas placas do tratamento controle com alíquota
de 100 µL de água, para cada bloco coletado. Deste modo, utilizou-se no total 15
placas para cada órgão vegetal assim como, seis placas de tratamento controle
por órgão. As placas foram armazenadas em incubadoras tipo B.O.D. a 25 ºC até
o crescimento das colônias bacterianas.
As colônias bacterianas crescidas a partir dos tecidos vegetais foram
transferidas para novas placas de Petri com o mesmo meio de cultura utilizado no
isolamento, sendo purificadas pela técnica de esgotamento por estrias cruzadas.
Após a obtenção de culturas puras, estas foram armazenadas sob refrigeração.
4.2.
Isolamento de E. turcicum
Devido a fase assexuada do fungo ser denominada E. turcicum e
rotineiramente ser a utilizada na área de fitopatologia, o fitopatógeno terá tal
denominação do presente trabalho.
Folhas com lesão necróticas, elípticas de cor verde-acinzentada a marrom,
foram cortadas em pequenos pedaços de cerca de um cm, contendo parte da
lesão e do tecido sadio. Posteriormente, realizou-se a assepsia do material,
conforme De Rossi (2012), através da imersão em álcool 96 % por um minuto,
enxague em água destilada e, em seguida, em uma solução aquosa de hipoclorito
de sódio 1 %, por três minutos e novo enxague com água destilada e estéril, por
três vezes, para remover o excesso do hipoclorito. Posteriormente estes
- 26 -
fragmentos foram colocados em câmara úmida utilizando-se placas de Petri,
contendo algodão umedecido com água estéril e mantidos em incubadoras tipo
B.O.D. com luz constante a 25 ºC, durante cinco dias.
Posteriormente, os esporos contidos nas lesões foram raspados em vidro
relógio e observados em microscópio estereoscópio, sendo estes coletados e
lançados diretamente em placas de Petri contendo o meio LCHA composto em
g.L-1 por: lactose 37,5; Caseína hidrolisada 3,0; KH2PO4 1,0; MgSO4 0,5; 2 mL de
micronutrientes de uma solução estoque [0,723 g.L-1 de Fe(NO3)3.9H2O; 0,439
g.L-1 de ZnSO4.7H2O; 0,203 g.L-1MnSO4.H4] e 15,0 de ágar, com pH ajustado
para 6,0 (TUITE, 1969), para obtenção de um pool de esporos do fitopatógeno.
4.3.
Caracterização das culturas bacterianas
As bactérias endofíticas mantidas sob refrigeração, foram repicadas para meio
TSA 10 % e armazenadas em BOD à 25 ºC afim de se realizar caracterizações
morfológicas e culturais tais como: forma da colônia (puntiforme circular e
irregular); elevação da colônia (plana, lenticular, convexa, drop-like, umbonada e
umbilicada); borda da colônia (inteira, ondulada, lobada, denteada e filamentosa);
superfície da colônia (lisa, rugosa e papilada); produção de muco (escassa,
pouca, moderada e abundante); consistência da massa de crescimento (seca,
aquosa, gomosa, viscosa e butírica); e detalhes ópticos (transparente, translúcido,
opaco e brilhante), cor da colônia, tempo de crescimento (dias); reação à
colocação de Gram em microscopia de luz em aumento de 1000x (Anexo 4). Ao
final das avaliações utilizando o programa Systat 11.0 os dados foram submetidos
a um agrupamento hierárquico com base em dados binários, utilizando o
algoritmo Ward e a distância euclidiana como unidade de medida.
4.4.
Caracterização Molecular dos Isolados
4.4.1. Extração do DNA bacteriano
As bactérias endofíticas isoladas foram repicadas para placa de Petri
contendo o mesmo meio de armazenamento (TSA 10 % sólido) e mantidas em
- 27 -
incubadoras tipo BOD à 25ºC, por 24 horas. A extração de DNA foi realizada
através de lise térmica, seguindo a metodologia proposta por Hagen et al. (2002),
modificada por Armas (2011). As colônias foram friccionadas e diluídas em 100 µL
de água ultrapura, em tubos eppendorfs de 0,2 mL, sendo estes posteriormente
submetidos à temperatura de 100ºC durante cinco minutos. Em seguida foi
realizada a centrifugação dos tubos à 13.000 r.p.m. por três minutos. O
sobrenadante contendo o DNA genômico foi transferido para um novo tubo, para
posterior utilização nas reações de BOX-PCR.
4.4.2. BOX-PCR
Para a diferenciação dos isolados foi empregada a técnica de BOX-PCR,
utilizando-se o iniciador BOX A1R (5’ CTA CGG CAA GGC GAC GCT GAC G 3’)
(VERSALOVIC et al., 1994). A reação de amplificação foi realizada utilizando-se
1µL do DNA extraído, 50 pmol do primer BOX A1R, 2,5 µL de dNTPs 2 mmol L-1,
2,5 µL de DMSO 100%, 4,0 µL de BSA (1mg.mL-1), 0,5 µL (1U) de Taq DNA
polimerase Platinum e 5µL de 5X Gitschier Buffer (83 mmol L-1 de (NH4)2SO4; 335
mmol L-1 de tris-HCl pH 8,8; 33,5 mmol L-1 de MgCl2; 33,5 µmol L-1 de EDTA; 150
mmol L-1 de B- mercaptoetanol) e H2O ultrapura para um volume final de 25 µL da
reação. As condições de amplificação foram: 2 min a 95ºC; 30 ciclos de 3 seg a
94ºC, 30 seg a 92 ºC e 1 min a 50ºC, e extensão final por 8 minutos a 65ºC
(ARMAS, 2011).
Os fragmentos amplificados foram separados por eletroforese em gel de
agarose 1,5 % em tampão 1X TAE (50 mmol L-1 de Tris-HCl pH 8,8; 50 mmol L-1
de ácido acético glacial; 25 mmol L-1 de EDTA), a 80 V por 1h e 30 min. A
aquisição das imagems foi realizada através de fotodocumentador (ChemiDoc MP
Bio-Rad). Os perfil de amplicons foram analisados com o programa GelCompar II,
versão 6.68 gerando uma matriz com dados binários, os quais foram submetidos
a um agrupamento hierárquico através do programa Systat, utilizando o algoritmo
Ward e a distância euclidiana como unidade de medida.
4.4.3. Extração do DNA fúngico
- 28 -
Após crescimento da cultura fúngica em meio BDA, procedeu-se à extração
do seu DNA, através do método CIA (clorórmio-álcool isoamílico). Em tubos de
eppendorfs com capacidade de 1,2 mL, fragmentos do fungo foram suspensos em
200 µl de tampão de lise CTAB (2 % CTAB ;- 1.4 M NaCl; 20 mM EDTA; e 100
mM Tris, pH 8.0) e em seguida, com auxílio de um pistilo, macerados. O volume
foi completado com 400 µl de tampão (total = 600 µl) e adicionado
-
mercaptoetanol 0,2 % = 1,2 µl. Posteriormente a amostra foi congelada/incubada
a 65 C, 2 vezes, sendo a última incubação à 65 C realizada por 1 hora. Após
este período foi adicionado ao tubo um volume de clorofórmio:álcool isoamílico
(24:1) e realizada a centrifugação por 15 minutos a 12.000 g. Estes compostos
são solventes orgânicos que
realizam a separação dos ácidos nucleicos e
proteínas através da sua desnaturação. Estas precipitam na face orgânica, assim
como os lipídeos da membrana, tornando-os insolúveis à fase aquosa, onde se
encontram os ácidos nucleicos. O álcool isoamílico, em especial, evita a formação
de espumas o que facilita a separação da fase aquosa da orgânica. Deste modo,
a fase aquosa foi removida e transferida para um novo tubo, onde adicionou-se
um volume de isopropanol gelado, por possuir a função de precipitar o DNA e
armazenou-se em freezer à -20 ºC overnight. Ao final deste período foi realizada
uma nova centrifugação à 12.000 g por 15 min. Posteriormente, o sobrenadante
foi descartado e ao DNA foi adicionado 500 L de etanol (EtOH) 70% afim de
limpar mais o DNA, sendo realizada uma nova centrifugação por 15 minutos a
12.000 g. Após o descarte do sobrenadante e a completa evaporação do etanol
70% foi realizada a suspenção do pellet em 50 L de água milliQ. Para eliminação
de possíveis RNAs presentes na amostra foi adicionado 1µL de RNAse à
suspensão de DNA, com incubação à 37 ºC por 1 hora, tendo em vista a
temperatura de atividade da enzima.
- 29 -
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1.
Isolados Bacterianos Obtidos
Os órgãos vegetais foram mantidos em B.O.D. por quatro a cinco dias, pois
foi o tempo que os fungos endofíticos, também começaram a apresentar
crescimento. Deste modo, a fim de se evitar com que estes se estabelecessem
nas placas e dificultassem o isolamento dos organismos de interesse, realizou-se
o isolamento das bactérias endofíticas. Entretanto, períodos mais longos de
incubação além de possibilitarem o crescimento de bactérias com crescimento
mais tardio, aumentam a probabilidade de isolamento daquelas que se
apresentam em baixa quantidade de inóculo na planta.
As bactérias endofíticas cresceram macroscopicamente ao redor dos órgãos
vegetais, conforme ilustrado na figura 1, sendo possível obter 82 isolados, 56
provenientes de folha e 26 obtidos de colmo. Este número, provavelmente poderia
ser maior, pois além do método dificultar o isolamento de colônias devido à forma
de crescimento ao redor dos órgãos vegetais tonando difícil diferenciar àquelas
que apresentam características distintas. Além disso, selecionou-se apenas
aquelas capazes de se desenvolver no meio de cultura utilizado. Segundo
Cerigioli, (2005) tais limitações aplicam-se à maioria dos estudos baseados em
métodos de cultivo. Entretanto, esses métodos fornecem indicações relativas da
estrutura da população microbiana.
Deste modo, a quantidade de isolados totais obtidos não revela a real
quantidade de isolados distintos, podendo muitos destes representantes ser da
mesma espécie e que com auxílio, principalmente, da caracterização molecular
poderão ser diferenciados.
- 30 -
Figura 1. Crescimento em meio TSA 10% das bactérias endofíticas oriundas de
folha (A) e colmo (B).
(A)
(B)
Fonte: o Autor
5.2.
Isolado Fúngico
A etapa de isolamento do fitopatógeno consistiu apenas em uma etapa
inicial para estudos futuros de teste de antagonismo. Dentro deste contexto, o
meio LCHA mostrou-se propício para o isolamento de Exerohilum turcicum, como
relatado por De Rossi (2012), onde foi possível observar o crescimento dos
esporos em microscópio esteroscópio, dois dias após a inoculação. O
crescimento do micélio fúngico na placa pode ser observado na figura 2.
Figura 2. Crescimento do fungo E. turcicum no meio de isolamento LCHA.
Fonte: o Autor
- 31 -
O fungo encontra-se armazenado e será mantido na coleção do grupo DMS,
para estudos futuros.
5.3.
Extração do DNA Fúngico
Foi possível realizar a extração do DNA fúngico, observando-se a formação
do pelete no final do processo. Uma técnica muito utilizada para taxonomia de
fungos é a amplificação da região ITS do rDNA por PCR. A região ITS está
localizada entre os genes 18S rDNA e 28S rDNA e pode ser amplificada por
oligonucleotídeos iniciadores específicos (HILLIS & DIXON, 1991), sendo
frequentemente usada para taxonomia de espécies e gêneros (GOMES et al.,
2002). Deste modo, Posteriormente será realizada a PCR, utilizando os primers
ITS1 e ITS4, realizando-se o sequenciamento parcial da região intergênica, para
confirmação do isolado obtido.
5.4.
Análise Morfológica das Culturas Bacterianas
A análise das culturas bacterianas fornece importantes características, que
poderiam ser relevantes em isolados para serem testados no controle de
fitopatógenos, como o E. turcicum. Até o presente, apenas 28 isolados foram
caracterizados morfológica e molecularmente, sendo 14 isolados de folha e 14 de
colmo.
O crescimento em meio TSA 10% possibilitou o crescimento das culturas
bacterianas para
análise
das
características
morfológicas.
As
bactérias
apresentaram forma circular ou puntiforme; elevação plana, lente, convexa ou
drop-like; borda inteira, ondulada ou lobada; superfície lisa, sendo translúcidas ou
opacas; produção de muco escassa ou moderada; a consistência da massa de
seca à gomosa; e a coloração creme, branca, amarela, laranja, rosa ou verdepreta. Foram observadas tanto bactérias Gram negativas como positivas, com
tempo de crescimento entre um e dois dias.
Entretanto, em relação às características morfológicas avaliadas (Anexo 5)
pode-se observar que inicialmente o cluster divide as bactérias em 2 grandes
grupos, um referente às Gram positivas e outro às Gram negativas (Figura 3).
Nota-se também que algumas colônias apresentaram características iguais
- 32 -
agrupando-se no cluster, sendo elas: 14C e 13C; 01C, 03C e 04C; 10C e 13F;
06C e 07C; 12F, 09F, 08C, 11C e 10F; e 06F, 02F, 12C e 03F. Deste modo,
morfologicamente 9 isolados de colmo apresentaram-se diferentes, assim como,
10 isolados de folha. Pode-se observar que entre os indivíduos agrupados alguns
isolados de colmo e de folha parecem ser iguais.
Pode-se observar que todas as bactérias com coloração laranja (06F, 02F,
12C, 03F 02C e 05 C) são Gram positivas. Além disso, os isolados 06F, 02F, 12C
e 03F, apesar de diferirem morfologicamente dos isolados 02C e 05 C,
compartilham de outras características como o tempo de crescimento de dois
dias, forma puntiforme, borda inteira, superfície lisa e pouca produção de muco.
Entretanto, algumas características diferem neste grupo, os isolados 06F, 02F,
12C e 03F, apresentam a elevação convexa para os primeiros e os 02C e 05 C,
drop-like, assim como também há diferenças entre os isolados 02C e 05 C, onde
o primeiro apresenta colônia com consistência gomosa e translúcida e o segundo
com consistência aquosa e opaca.
Já entre as Gram negativas as amarelas, também formam um subgrupo
deparado dos demais (12F, 09F, 08C, 11C, 10F, 06C e 07C). Elas apresentam
tempo de crescimento de 1 dia, forma puntiforme, borda inteira, superfície lisa,
pouca produção de muco com consistência gomosa e aspecto translúcido.
Entretanto o que a diferencia é a elevação tipo convexa dos isolados 12F, 09F,
08C, 11C e 10F e drop-like dos 06C e 07C.
Os isolados 10C e 13F também apresentam iguais morfologicamente
possuindo forma circular, elevação lente, borda inteira, superfície lisa, moderada
produção de muco, com colônias gomosas e translúcidas. Entretanto,
apresentarem características que os tornam diferentes, também compartilham de
características similares, entretanto uma característica exclusiva compartilhada
por este subgrupo é a moderada produção de muco.
De uma forma geral, pode-se observar que as culturas bacterianas
apresentaram crescimento rápido, entre um e dois dias. Entretanto à campo, na
maioria das vezes, as condições são adversas e nem sempre propícias para a
sobrevivência dos microrganismos. Deste modo, evolutivamente as bactérias
desenvolveram mecanismos adaptativos que lhe conferem em situações de
adversidade, melhor sobrevivência, como seria o caso da produção de
- 33 -
exopolissacarídeos (EPS).
A
grande diversidade
de estruturas e de
microrganismos produtores de exopolissacarídeos está relacionada às diferentes
funções desempenhadas por essas moléculas (CHRISTENSEN, 1989). Talvez a
principal função dos exopolissacarídeos na fisiologia microbiana seja a de
promover a adesão das células, formando agregados (COSTERTON et al., 1995)
Agregados de células bacterianas envoltos por EPS formam uma matriz
altamente organizada e hidratada na qual múltiplas camadas de células estão
embebidas.
Entretanto, na análise morfológica realizada, as bactérias endofíticas
apresentaram escassa à pouca produção de muco quando submetidas à cultivo
em meio TSA 10 %, porém, visando que as condições se apresentavam
satisfatórias para o seu crescimento, essa característica pode não ser expressa
ou mesmo o meio de cultura pode não favorecer a sua produção, dependo da
função que estes podem assumir nos biofilmes bacterianos.
Segundo Ahimou et al. (2007), o teor de EPS de um biofilme pode variar em
quantidade e carácter como um resultado de fatores ambientais. Inúmeros fatores
ambientais têm sido relatados por promover a produção de EPS. Estes incluem
altos níveis de oxigênio (BAYER et al., 1990), a disponibilidade limitada de
nitrogênio (MIAN et al., 1978), dessecação (OPHIR & GUTNICK, 1994) a baixa
temperatura (JUNKINS & DOYLE, 1992), baixo pH (RYU & BEUCHAT, 2004), e
privação de nutrientes (MAO et al., 2001).
Deste modo, a existência desta matriz confere às células uma série de
vantagens seletivas, tais como a adesão à superfícies (BEVERIDGE & GRAHAM,
1991), proteção contra variações bruscas no macroambiente, aumento da
variabilidade antigênica, retenção de íons e nutrientes (COSTERTON et al., 1987)
e resistência à dessecação (ROBERSON & FIRESTONE, 1992).
Assim, esta característica se apresenta como de grande interesse na
veiculação de potenciais microrganismos de uso no controle biológico, por se
apresentar como uma de suas estratégias de sobrevivência.
- 36 -
O BOXPCR, como já demonstrado por Hungria (2008), é um método
eficiente e confiável. Deste modo, a caracterização morfológica nos oferece dados
interessantes,
mas
que
nem
sempre
revelam
a
realidade
existente.
Diferentemente da análise morfológica, pode-se observar que dos 14 isolados de
colmo avaliados por técnicas moleculares, apenas 10 são realmente diferentes
(Figura 4). Já quando se observa os isolados obtidos de folha, 12 isolados foram
distintos. Ao se analisar os dois órgãos vegetais observa-se que apenas 1 isolado
foi comum tanto à folha quanto ao colmo. Magnani (2005), isolando bactérias
endofíticas de colmo e folha de cana de açúcar, identificados por sequenciamento
parcial do gene 16S, também obteve isolados comum à folha e colmo, à nível de
gênero.
Embora testes de antagonismo não tenham sido realizados, os órgãos
vegetais apresentam diferentes microrganismos peculiares que podem exercer
algum efeito sobre o crescimento do E. turcicum. Tendo em vista que o fungo
ataca a área foliar, justifica-se o interesse em se analisar tanto o órgão de ataque
como órgãos próximos, como o colmo, que poderia facilmente difundir até a folha
a toxina produzida pelas bactérias endofíticas antagonistas.
Estas bactérias podem ser veiculadas tanto na forma de microbiolização de
sementes, que consiste no envolvimento destas com o microrganismo de
interesse, onde através de lesões provocadas pelo crescimento da planta há o
seu estabelecimento no interior desta, assim como na forma de aspersão que
seria a pulverização destes microrganismos sobre a superfície da folha.
Shiomi (2007), trabalhando com milho, visando controlar a mancha de
turcicum em condições de casa de vegetação, obteve resultados positivos com a
inoculação de bactérias endofíticas tanto com a aplicação via pulverização, onde
isolados B. subtilis 0G, B. lentimorbus Streptomyces sp. e B. agadhaerens se
destacaram dos demais isolados, reduzindo a severidade da doença entre 16 e
39 %, em todos os intervalos de aplicação testados, 72 e 24 horas e no mesmo
dia da inoculação do patógeno; quanto através da microbiolização das sementes
com os isolados endofíticos, observou-se que os isolados B. lentimorbus,
Streptomyces
sp., Ewingella americana e Xanthomonas axonopodis foram os
mais efetivos na redução da severidade da doença, com um controle relativo
variando entre 23% e 35%.
- 37 -
Neste contexto, a bactéria endofítica isolada no presente trabalho que é
comum a folha e colmo, mostra-se como um microrganismo a ser avaliado no
teste de antagonismo que possui potencial de uso para ambas formas de
aplicações, tendo em vista, que consegue colonizar diferentes órgãos vegetais.
Caso esta bactéria seja realmente antagonista in vitro, pode haver um
antagonismo mais severo à campo, devido à maior quantidade de toxinas que
podem ser produzidas e difundidas, pela colonização de diferentes órgãos
vegetais.
- 38 -
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apenas uma parte do trabalho foi realizada até o presente momento, para
estudos futuros haja vista a quantidade de isolados obtidos de folha e colmo,
deve-se realizar uma triagem destas bactérias endofíticas, para se saber a real
quantidade de isolados diferentes que possui. Assim como, a confirmação do
isolado fúngico também deve ser realizada, tanto a nível morfológico como
molecular.
Com estes dados em mãos deve-se então realizar uma seleção qualitativa de
antagonismo in vitro, procedendo-se ao teste de culturas pareadas. Aqueles que
forem considerados promissores, devem então ser submetidos à um teste
quantitativo de inibição e posteriormente veiculados de diferentes formas em
testes de casa de vegetação e à campo, para avaliação do seu antagonismo em
condições naturais.
- 39 -
7. CONCLUSÕES

O método de isolamento utilizado propiciou o isolamento de bactérias
endofíticas e de E. turcicum do milho crioulo variedade Rosado.

A análise molecular por BOX PCR permitiu diferir bactérias endofíticas que
possuíam as mesmas características morfológicas, mostrando-se um
método eficiente para diferenciar isolados.

Os órgãos vegetais, colmo e folha, compartilham de poucos isolados.
- 40 -
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGNANI, G. DE S. Diversidade De Bactérias Endofíticas Em Cana-De-Açúcar
(Dissertação de mestrado em Bioquímica). Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2005.
AHIMOU, F.; SEMMENS, M.J.; HAUGSTAD, G.; NOVAK, P.J. Effect of protein,
polysaccharide, and oxygen concentration profiles on biofilm cohesiveness. Appl.
Environ. Microbiol. V. 73, 2007. 2905-2910p.
ALVES, A.C.; OGLIARI, J.B.; CANCI, A. Produtividade de grãos e qualidade
da semente do milho crioulo. Cartilha. 2007. 29p
ALVIM, K. R. de T.; DE BRITO C. H.; GOMES L. S.; BRANDÃO A. M.; OLIVEIRA
F. H. Severidade e Controle da Helmintosporiose Comum (Exserohilum
turcicum) em oito Híbridos Comerciais em Jataí-GO. XXVIII Congresso
Nacional de Milho e Sorgo, 2010, Goiânia:Associação Brasileira de Milho e Sorgo,
2010 (CD ROM).
AMANN, R. I.; LUDWIG W.; e SCHLEIFER K. H. Phylogenetic identification and in
situ detection of individual microbial cells without cultivation. Microbiol. Rev.
1995.
ARAUJO, P. M. de; NASS, L. L.. Caracterização e avaliação de populações de
milho crioulo. Sci. agric. (Piracicaba, Braz.), Piracicaba , v. 59, n. 3, 2002.
ARMAS, R. D. de. Degradação do tetracloroeteno por consórcios bacterianos
em reator horizontal de leito fixo. Tese (Doutorado em Microbiologia Agrícola) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, 2011.
AZEVEDO, J. L. Microrganismos endofíticos. In: MELO, I. S. de; AZEVEDO, J. L.
de. . Ecologia microbiana. Jaguariuna: Embrapa-CNPMA, 1998. 486p.
BASHAN, B., LEVY, R., COJOCARU, M.; e LEVY, Y. Purification and structural
determination of a phytotoxic substance from Exserohilum turcicum. Physiol.
Mol.Plant Pathol. v. 47, 1995. 225-235p.
BAYER, A. S., EFTEKHAR F., TU J., NAST C. C.; SPEERT D. P. Oxygendependent up-regulation of mucoid exopolysaccharide (alginate) production in
Pseudomonas aeruginosa . Infect. Immun v. 58, 1990. 344–1349p.
BEVERIDGE, T.J.; GRAHAM, L. Surface layers of bacteria. Microbiol. Rev. v. 55,
1991. 684-705p.
BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa, MG: Ed. UFV, 1999.
817p.
- 41 -
BROWN, W. L.; ZUBER M. S.; DARRAH L. L.; GLOVER D. V.. Origin, Adaptation,
and Types of Cor. The Corn Crop. National Corn Handbook..Cooperative
Extension Service Iowa State University. Ames, Iowa, 1985.
CARSON, M.L.; VAN DYKE, C.G. Effect of light and temperature on expression of
partial resistance of maize to Exserohilum turcicum. Plant Disease, v.78, 1994.
519-522p.
CASELA, C.R.;FERREIRA, A. da S.;PINTO, N. F. J. A. Doenças na cultura do
milho Sete Lagoas: EMBRAPA–CNPMS, 2006. 14p (EMBRAPA-CNPMS. Circular
Técnica, 83).
CERIGIOLI, M. M. Diversidade de bactérias endofíticas de raízes de milho
(Zea mays L.) e potencial para promoção de crescimento. (Tese de
Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005. 132 p.
CHRISTENSEN, B. E. The role of extracellular polysaccharides in biofilms. J.
Bacteriol. v. 10, 1989.181-202p.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento de safra
brasileira: grãos, nono levantamento, setembro 2013 / Companhia Nacional de
Abastecimento. – Brasília : Conab, 2013.
COSTERTON, J.W.; LAWANDOWSKI, Z. ; CALDWELL, D.E.; KORBER, D.R.;
LAPPIN-SCOTT, H.M. Microbial Biofilms. Ann. Rev. Microbiol., v. 49, 1995. 711745p.
CUQ, F., HERRMANN-GORLINE, S., KLAEBE, A., ROSSIGNOL, M.; e
PETTPREZ, M. Monocerin in Exserohilum turcicum isolates from maize and the
study of its phytotoxicity. Phytochem. v. 34.1993. 1265-1270p.
DE ROSSI, R. L..
Exserohilum turcicum em milho: caracterização
morfológica e patológica, associação a sementes e sensibilidade a
fungicidas. Tese (Mestrado em Agronomia) Universidade de Passo Fundo,
Passo Fundo, 2012.
DE SOUZA, M. L. Utilização de microrganismos na Agricultura. Biotecnologia
Ciência & Desenvolvimento. n. 21, 2001.
ETHUR, L. Z.; BLUME, E.; MUNIZ, M. F. B.; FLORES, M. G. V. Seleção de
antagonistas fúngicos a Fusarium solani e Fusarium oxysporum em substrato
comercial para mudas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, n. 6, 2007. 17941797p.
FAGERIA, N. K. Solos tropicais e aspectos fisiologicos das culturas.. Brasília:
EMBRAPA, 1989. 425 p.
FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba:
Agropecuaria, 2000. 360p.
- 42 -
FERNANDES, F.T.; OLIVEIRA, E. de. Principais doenças na cultura do milho.
Sete Lagoas: EMBRAPA- CNPMS, 1997. 80p. (EMBRAPA-CNPMS. Circular
Técnica, 26).
GILLINGS, M.; HOLLEY, M. Repetitive element PCR fingerprinting (rep-PCR)
using enterobacterial repetitive intergenic consensus (ERIC) primers is not
necessarily directed at ERIC elements. Letters Appl. Microbiol.,Bedford, v. 25,
1997. 17-21p.
GOMES, E.A.; KASUYA, M.C.M.; BARROS, E.G.; BORGES, A.C. Polymorphism
in the internal transcribed spacer (ITS) of the ribosomal DNA of 26 isolates of
ectomycorrhizal fungi. Genetics and Molecular Biology, São Paulo, v.25, n.4.
2002. 477-483 p.
GRIGOLETTI JUNIOR, A.; SANTOS, A. F.; AUER, C. G. Perspectivas do uso do
controle biológico contra doenças florestais. Revista Floresta, v. 30, n. 0, 2000.
155-165p.
GUIOMAR, P. M. C. N. Avaliação do comportamento de cultivares De milho
na presença da helmintosporiose causada por Exserohilum turcicum (Pass.)
Leonard & Sugg (Tese de mestrado em Agronomia). Intistuto Superior de
Agronomia: Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa 2011.
HAGEN, R. M., Y. P. GAUTHIER, L. D. SPRAGUE, D. R. VIDAL, G. ZYSK, E. J.
FINKE, AND H. NEUBAUER. 2002. Strategies for PCR based detection of
Burkholderia pseudomallei DNA in paraffin wax embedded tissues. Journal of
Clinical Pathology Molecular Pathology, Munich, v. 55, n.6, 2002. 398-400p.
HARLAPUR, S. I.; KULKARNI M.S., WALI M.C.;SRIKANTKULKARNI. Evaluation
of Plant Extracts, Bio-agents and Fungicides Against Exserohilum turcicum (Pass.)
Leonard and Suggs. Causing Turcicum Leaf Blight of Maize S.I. Karnataka J.
Agric. Sci., 20(3), 2007. 541-544p.
HILLIS, D.M.; DIXON, M.T. Ribosomal DNA: molecular evolution and phylogenetic
inference. Quartely Review of Biology, Ithaca, v.66, n.4. 1991. 411-453 p.
HULTON, C.S.J.; HIGGINS, C.F.; SHARP, P.M. ERIC sequences: a novel family
of repetitive elements in the genomes of
Escherichia coli,
Salmonella
typhimurium and other enterobacteria. Molecular Microbiology, v.5, 1991. 825762p.
HUNGRIA, M.; CHUEIRE, L. M. O.; MENNA, P.; BANGEL, E. V. Caracterização
genética de rizóbios e outras bactérias diazotróficas e promotoras do
crescimento de plantas por BOX-PCR. Londrina: Embrapa Soja, 2008.12p.
(Comunicado Técnico/Recomendações Técnicas)
JESCHKE, M., Maximizing the value of foliar fungicides in corn. Crop Insights
DuPont Pioneer, Johnston, Iowa - Columbus: Ohio State University. Vol. 22 No.
3. 2012. 20-02p.
- 43 -
JUNKINS, A. D.; DOYLE M. P. Demonstration of exopolysaccharide production by
enterohemorrhagic Escherichia coli. Curr. Microbiol. v. 25, 1992. 9–17p.
KUHNEN, S. Metabolômica e Bioprospecção de Variedades Crioulas e Locais
de Milho (Zea Mays L.). (Tese). Recursos Genéticos Vegetais. UFSC. 2007.
LIPPS, P.E.; MILLS, D..Northern Corn Leaf Blight. Extension Fact Sheet
Columbus: Ohio State University, 2002.
MAO, Y.; DOYLE M. P.; CHEN J. Insertion mutagenesis of wca reduces acid and
heat tolerance of enterohemorrhagic Escherichia coli O157:H7. J. Bacteriol.
v.183, 2001. 3811–3815p.
MARIANO, R. L. R.; SILVEIRA, E. B.; ASSIS, S. M. P.; GOMES, A. M. A.;
NASCIMENTO, A. R. P.; DONATO, V. M. T. S. Importância de bactérias
promotoras de crescimento e de biocontrole de doenças de plantas para uma
agricultura sustentável. Anais da Academia Pernambucana de Ciência
Agronômica, Recife, v. 1, 2004. 89-111p.
MARTIN B.; HUMBERT O.; CAMARA M.; GUENZI E.; WALKER J.; MITCHELL T.;
ANDREW P.; PRUDHOMME M.; ALLOING G.; HAKENBECK R.; MORRISON
D.A.; BOULNOIS G.J.; CLAVERYS J.P. 1992. A highly conserved repeated DNA
element located in the chromosome of Streptococcus pneumoniae. Nucleic Acids
Research , v.20, 1992. 3479–3483p.
MEDEIROS, M. A.; VILELA, N. J.; FRANÇA, F. H. Eficiência técnica e econômica
do controle biológico da traça-do-tomateiro em ambiente protegido. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 24, n. 2, 2006. 180-184p.
MIAN, F. A.; JARMAN R. T.; RIGHELATO R. C. Biosynthesis of
exopolysaccharide by Pseudomonas aeruginosa . J. Bacteriol. v.134, 1978. 418–
422p.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO (MDA). AGROFIT. 2013.
Disponível
em:
http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Acesso:
05/11/2013.
MOREIRA, F. M. de S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e bioquímica do solo. 2.
ed. atual e ampl. Lavras: Ed. UFLA, 2006.
MURDOCH, W. W.; CHESSON J.; CHESSON, P. L. Biological Control in Theory
and Practice . The American Naturalist, V. 125, No. 3. 344-366 p., 1985.
OPHIR, T.; GUTNICK D. L.. A role for exopolysaccharide in the protection of
microorganisms from desiccation. Appl. Environ. Microbiol. v. 60, 1994. 740–
745p.
OSTERTON, J.W.; CHENG, K.J.; GEESY, G.G.; LADD, T.L.; NICKEL, J.C.;
DASGUPTA, M.; MARRIE, T.J. Bacteria l biofilms in nature and disease. Ann.
Rev. Microbiol., v. 41, 1987. 435-464p.
- 44 -
PATERNIANI, E.; NASS, L.L.; SANTOS, M.X. O valor dos recursos genéticos de
milho para o Brasil: uma abordagem histórica da utilização do germoplasma. In:
UDRY, C.W.; DUARTE, W. (Org.) Uma história brasileira do milho: o valor dos
recursos genéticos. BrasíÌia: Paralelo 15, 2000. 11-41p.
PEIXOTO NETO, P. A. S.; AZEVEDO, J. L.; ARAÚJO, W. L. Microrganismos
endofíticos. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, Brasília, v. 29, 2002. 6277p.
PEIXOTO NETO, P. A. S.; AZEVEDO, J. L.; CAETANO, L. C. Microrganismos
endofíticos em plantas: status atual e perspectivas. Boletin Latinoamericano y del
Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas, Santiago, v. 3, n. 4, 2004.69-72p.
PEREIRA, O.A. P. Doenças do Milho. In KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN
FILHO, A.. Manual de fitopatologia. 3.ed. São Paulo (SP): Agronomica Ceres,
v.1,1995.
PEREIRA, O.A.P.; CARVALHO, R.V. de; CAMARGO, L.E.A. Doenças do milho
(Zea mays). In: BERGAMIM FILHO, A.; AMORIM, L. Doenças de plantas
tropicais: Epidemiologia e controle econômico. Ceres, São Paulo. 1996. 479480p.
PINTO , N. F. J. DE A. Controle Químico De Doenças Foliares Em Milho. Revista
Brasileira de Milho e Sorgo, v.3, n.1, 2004. 134-138 p.
PIONEER HI-BRED INTERNACIONAL. Northern Leaf Blight Resistance. Field
Facts. 2010a.
PIONEER HI-BRED INTERNACIONAL. Northern Leaf Blight. Pioneer Technical
Insights. New Zealand. 2010b.
RAMALHO, Magno Antonio Patto; SANTOS, João Bosco dos; PINTO, Cesar
Augusto Brasil Pereira. Genética na agropecuária. 4. ed. rev. Lavras: Ed. UFLA,
2008. 463 p.
REIS, E.M.; CASA, R.T.; BRESOLIN, R.A.C. Manual de diagnose e controle de
doenças do milho. 2 ed. rev. atual. Lages : Graphel, 2004. 144p.
REUVENI, M.; AGAPOV, V.; e REUVENI, R. Induction of systemic resistance to
powdery mildew and growth increase in cucumber by phosphates. Biological
Agriculture & Horticulture. 1993.
REUVENI, R. & REUVENI, M. Foliar –fertilizer therapy – a concept in integrated
pest management. Crop Protection v17; n.2, 1998. 111 – 118p.
ROBERSON, E.; FIRESTONE, M. Relationship between desiccatin and
exopolysaccharide production by soil Pseudomonas sp..Appl. Environ.
Microbiol., v. 58, 1992. 1284-1291p.
- 45 -
RYU, J. H.; BEUCHAT L. R.. Factors affecting production of extra-cellular
carbohydrate complexes by Escherichia coli O157:H7. Int. J. Food Microbiol. v.
95. 2004, 189–204p.
SANDRI, C. A & TOFANELLI, M. B. D. Milho crioulo: uma alternativa para
rentabilidade no campo. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 38, n. 1,
2008. 59-61p.
SANGOI, L.; DA SILVA, P.R.F. Ecofisiologia e estádios fenológicos. In:
WORDELL FILHO, J. A.; ELIAS, H. T.. A Cultura do milho em Santa Catarina.
Florianópolis: Epagri, 2010. 480p.
SANTOS, T.T; VARAVALLO, M. A. Aplicação de microrganismos endofíticos na
agricultura e na produção de substâncias de interesse econômico. Seminario:
Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 32, n. 2, 2011. 199-212p.
SASSE, S. Caracterização de variedades locais de milho procedentes de
anchieta – S.C. quanto à resistência a Exserohilum turcicum. Tese (mestrado
em Recursos Genéticos Vegetais) – Universidade Federal de santa Catarina,
Florianópolis, 2008.
SCHWARTZ, H.F.; GENT, D.H. Sweet Corn XXXVI –Helmintosporium Leaf
Blight; High Plains IPM Guide, a cooperative effort of the University of Wyoming,
University of Nebraska, Colorado State University and Montana State University
2005.
SHIOMI, H. F. Bioprospecção de bactérias endofíticas como agentes de
biocontrole da mancha de Exserohilum turcicum e como promotoras do
crescimento de plantas de milho (Zea mays L.) (Tese de doutorado).
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu,
2007.
SILVA, H. S. A. et al. Microrganismos endofíticos: potencial de uso como agentes
de biocontrole da ferrugem do cafeeiro. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente,
2006. 25p. – (Embrapa Meio Ambiente. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento;
38).
SILVA, J. R. C. et al . Bactérias endofíticas no controle e inibição in vitro de
Pseudomonas syringae pv tomato, agente da pinta bacteriana do tomateiro.
Ciênc. agrotec., Lavras, v. 32, n. 4, 2008 .
STERN, M.J.; AMES, G.F.L.; SMITH, N.H.; ROBINSON, E.C.; HIGGINS, C.F.
Repetitive extragenic palindromic sequences: a major component of the bacterial
genome. Cell, v.37, 1984. 1015–1026p.
STUART, R.M.; ROMÃO, A.S.; PIZZIRANI-KLEINER, A.A.; AZEVEDO, J.L. ·
ARAÚJO, W. L. Culturable endophytic Wlamentous fungi from leaves of
transgenic imidazolinone-tolerant sugarcane and its non-transgenic isolines.
Archives of Microbiology, v.192, 2010. 307–313p.
- 46 -
STUCKEY, R.E.; NIBLACK, T.L.; NYVALL, R.F.; KRAUSZ, J.P. & HORNE, C.W.
Corn Disease Management. Pest Management. National Corn Handbook. IOWA:
State University. Ohio. 1993.
TUITE, J. Media and nutrient solutions. In: TUITE, J. Plant pathological
methods. Mineapolis: Burgess Publishing.1969. 239p.
USDA. United States Department of Agriculture Foreign Agricultural Service. Corn
Area,
Yield,
and
Production.
2013.
Disponível
em:
<http://www.fas.usda.gov/wap/current/default.asp>. Acesso: 20/10/2013.
VERSALOVIC, J.; SCHNEIDER, M.; de BRUIJN, F.J.; LUPSKI, J.R. Genomic
fingerpriting of bacteria using repetitive sequence-based polymerase chain
reaction. Methods in Molecular and Cell Biology, v.5, 1994. 25-40p.
VERSALOVIC,J.; SCHNEIDER, M.; DE BRUIJN,F.J.; LUPSKI, J.R. Genomic
fungerprinting og bacteria using repetitive sequence-based polymerase chain
reaction. Methods in Molecular and cellular Biology, Washington, v. 5, 1994. ,
25-40p.
VIEIRA, R. A.; TESSMANN D. J.; HATA F. T.; SOUTO E. R. de; MESQUINI, R. M.
Resistência de Híbridos de Milho-Pipoca a Exserohilum Turcicum, Agente Causal
da Helmintosporiose do Milho. Scientia Agraria , Curitiba, v.10, n.5, 2009. 391395p.
WEERASOORIYA, M.K.B.; e CROSBY J. Methyl transferase, a polyketide
biosynthetic enzyme from Dreschlera monoceras: purification and properties. J.
Sci. Univ. Kelaniya, 2007.
- 47 -
Anexo 1. Laudo análise física do solo.
- 48 -
Anexo 2. Laudo análise química do solo
- 49 -
Anexo 3. Croqui do experimento (RS: Milho crioulo var.Rosado)
- 51 -
Anexo 5. Parâmetros da caracterização morfológica.
GRAM
Nº CLUSTER negativo
1C
1
DIAS CRESC
positivo
1 dia
0
1
2 dias
0
Forma
Circular Irregular Pontiforme
0
1
0
Plana
Lente
Convexa
Elevação
drop-like
Umbonada Umbilicada
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
2C
0
1
0
1
0
0
3C
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
4C
1
0
1
0
0
0
5C
0
1
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
6C
1
0
1
0
0
0
7C
1
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
8C
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
9C
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
10C
1
0
1
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
11C
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
12C
0
1
0
1
0
0
1
0
0
1
0
0
0
13C
1
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
14C
1
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
1F
1
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
2F
0
1
0
1
0
0
3F
0
1
0
1
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
4F
1
0
1
0
1
0
5F
1
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
6F
0
1
0
1
0
0
1
0
0
1
0
0
0
7F
1
0
1
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
8F
1
0
1
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
9F
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
10F
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
11F
1
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
12F
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
13F
1
0
1
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
14F
1
0
1
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
- 52 -
Anexo 5. Continuação.
Borda
Superfície
Denteada Filamentosa
Produção de muco
Nº CLUSTER
Inteira
Ondulada
Lobada
Lisa
Rugosa
Papilado
Escassa
Pouca
Moderada
Abrundandte
1C
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
2C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
3C
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
4C
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
5C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
6C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
7C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
8C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
9C
1
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
10C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
11C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
12C
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
13C
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
14C
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
1F
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
2F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
3F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
4F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
5F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
6F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
7F
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
8F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
9F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
10F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
11F
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
12F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
13F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
14F
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
- 53 -
Anexo 5. Continuação.
Consisência da massa de crescimento
Detalhes ópticos
Cor
Nº CLUSTER
Seca
Aquosa
Gomosa
Viscosa
Butírica
Translúcida
Opaca
creme
branco
amarelo
laranja
rosa
verde
1C
0
0
1
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
2C
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
3C
0
0
1
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
4C
0
0
1
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
5C
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
6C
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
7C
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
8C
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
9C
1
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
1
10C
0
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
11C
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
12C
0
1
0
0
0
0
1
0
0
13C
0
0
1
0
0
1
0
1
0
14C
0
0
1
0
0
1
0
1
1F
0
1
0
0
0
1
0
2F
0
1
0
0
0
0
1
3F
0
1
0
0
0
0
4F
0
0
1
0
0
5F
0
1
0
0
0
6F
0
1
0
0
7F
0
1
0
0
8F
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
9F
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
10F
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
11F
0
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
12F
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
13F
0
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
14F
0
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
Download