DAS LEIS BÍBLICAS ÀS PRÁTICAS COTIDIANAS: ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA DOS HÁBITOS ALIMENTARES JUDAICOS Larissa Maria de Almeida Guimarães Prof. Dr. Raymundo Heraldo Maués (Orientador) Universidade Federal do Pará PIBIC/CNPq OBJETO E OBJETIVOS: O presente trabalho tem como proposta abordar o cotidiano alimentar de grupos de judeus em Belém do Pará. A alimentação cotidiana, associada às leis instituídas na Torah (Pentateuco), apresenta-se de maneiras múltiplas, revelando hábitos e práticas alimentares diversos. Para tanto, analisa-se os tabus e regras alimentares dentro de uma literatura judaica específica, produzidas por judeus, assim como em trabalhos acadêmicos focalizando a alimentação judaica e outros contextos alimentares desenvolvidos em antropologia, nutrição e história. METODOLOGIA: O trabalho desenvolvido (e em desenvolvimento) contou com o uso de questionários, aplicados através de entrevistas diretas; conversar informais, muitas vezes nas cozinhas, em meio às louças e aos alimentos fatiados; literatura acadêmica e literatura especializada judaica (não-acadêmica e direcionada ao público judaico). RESULTADOS E CONCLUSÕES: Percebe-se que os tabus alimentares prescritos na Torah, os quais seguem um ideal de santidade e integridade (DOUGLAS, 1976), são muitas vezes ressignificados pelas experiências cotidianas, de modo a torná-los “flexíveis” . Flexíveis por se tratar de restrições muitas vezes inviáveis ou de difícil manutenção para uma parcela de judeus (TOPEL, 2003), mas que, em meio a esta situação, são encontrados caminhos de ter-se uma alimentação apropriada, como alimentos kasher (termo em hebraico que significa “apropriado” para o consumo) industrializados (GUIMARÃES e MAUÉS, 2006). Tais processos são evidenciados não só no cotidiano alimentar dos informantes selecionados, mas na própria literatura judaica, em que diversos autores descrevem em seus livros os significados religiosos, as receitas de cozinha da família, suas visões de uma alimentação pia (de acordo com as regras religiosas), seus valores. É realmente “um prato cheio para a antropologia”: ao simbolismo alimentar adiciona-se o contexto histórico-social destes grupos de judeus; soma-se uma boa dose de ideologias alimentares; acrescentam-se as práticas cotidianas, tão diversas quanto os judeus integrantes da comunidade israelita. Tal receita torna a pesquisa em alimentação judaica rica e “saborosa”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CANESQUI, Ana Maria. Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. CARNEIRO, Henrique. Comida e Sociedade: uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003 – 5ª Reimpressão. DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 1976. GUIMARÃES, Larissa e MAUÉS, Raymundo H. “Delícias Judaicas”: uma abordagem antropológica do consumo de alimentos kasher industrializados em Belém do Pará. Painel apresentado na 25ª RBA. Programação CD-ROM 25ª Reunião Brasileira de Antropologia. UFG/UCG, Goiânia, Goiás. MINTZ, Sidney W. Comida e Antropologia: Uma breve revisão. RBCS. Vol. 16, n. 47, outubro/2001. Rabino Shamai Ende. Cashrut e Shabat na cozinha judaica: Lei e costumes. São Paulo: Editora Beit Chabad Central, 2006. SANTOS, Carlos R. dos. A Alimentação e seu Lugar na História: Os Tempos da Memória Gustativa. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 42, p. 11-31, 2005. Editora UFPR. TOPEL, Marta F. As leis dietéticas judaicas: um prato cheio para a antropologia. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 19, julho de 2003. EMUNAH. Kasher com Prazer. São Paulo: EMUNAH, 1998.