Carboxiterapia

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CARBOXITERAPIA
Permanentemente recibo e-mails de colegas e principalmente dos meus alunos
perguntando sobre a “Carboxiterapía”. Um procedimento de moda e muito
utilizado no mundo inteiro.
Vamos então fazer um resumo.
SINÔNIMOS:
CARBOXITERAPIA ®, CARBOTERAPIA, CARBOSSITERAPIA, CARBOXITHERAPY,
CARBOXIDTERAPIA. CARBON DOIXIDE THERAPY, etc.
DESCRIÇÃO:
Procedimento invasivo que utiliza dióxido de carbono (CO2) injetado por via
epidérmica, dérmica ou hipodérmica, com fins terapêuticos.
OBJETIVOS TERAPÊUTICOS:
Estudos efetuados, principalmente na Europa e publicados em revistas
especializadas, mostram sua efetividade para o tratamento da flacidez cutânea
em pequenas áreas tais como pálpebras, colo, pescoço e mãos. Existe uma
ação boa sobre a celulite e sobre gorduras localizadas com mecanismos ainda
discutidos.
Excelente no tratamento das arteriopatias periféricas, flevopatias, úlceras
vasculares é também recomendada como tratamento paliativo na Psoriase.
Os tratamentos com CO2 formam parte do arsenal terapêutico oferecido nos
serviços públicos de saúde da Itália e França.
O procedimento foi aprovado pela FDA dos Estados Unidos.
TEORIAS DE AÇÃO:
Nas gorduras localizadas:
A hipercapnia produzida pela injeção de CO2 ocasiona distúrbios no pH e uma
vaso-dilatação arterial compensatória com aumento momentâneo da
concentração tissular de oxigênio. Isto produziria algum grau de lipólise
oxidativa. (?)
O Dióxido de carbono tem ação direta sobre o receptor beta da membrana do
adipocito. (?)
O Dióxido de carbono age também diretamente sobre o AMPc. (?)
O Dióxido de carbono em contato com água forma Ácido Carbônico, este acido
deterioraria a membrana dos adipócitos produzindo micro rupturas com
esvaziamento de triglicerídeos ao espaço extracelular (?)
Existem sempre partículas de monóxido de carbono (CO) dentro do dióxido
injetado. Estas partículas, mesmo em pequena concentração, seriam
fortemente estimuladoras do AMPc.(?) e produziriam uma importante
vasodilatação.
Na flacidez da pele:
O CO2 teria uma ação direta sobre o fibroblasto estimulando a produção de
colágeno (?)
A injeção de CO2 efetuada com alto fluxo e pressão exerceria um estímulo
mecânico de distensão com resposta na remodelação do colágeno ou em sua
neoprodução.
Nas vasculopatias:
A vasodilatação secundaria à administração de CO2 produz vasodilatação
arterial melhorando o fluxo micro-circulatório.
CONTRA-INDICAÇÕES E TOXICIDADE:
Contra-indicação tradicional: Mulheres grávidas.
Fisiologicamente o dióxido de carbono, existente no organismo dos animais,
não apresenta efeito tóxico, quando administrado por via cutânea ou
subcutânea em pequenas a moderadas quantidades.
Não se encontrou toxicidade quando injetados grandes volumes, superiores a
cinco litros de gás para efetuar cirurgias endoscópicas.
Injeções intra-arteriais até de 100 ml para efetuar estudos angiográficos não
apresentaram efeitos colaterais nem embolias.
Em procedimentos estéticos, não se tem reportado efeitos colaterais em
milhares de procedimentos efetuados ate hoje.
Nos arquivos do Conselho Regional de Medicina do Paraná (V. 25. No 99 –
jul/sep 2008) no Parecer “ Estética em Medicina” a H. Conselheira Parecerista
Ewalda Von Rosen S. Stahlke. (pag. 141) anota que mais de 20.000
procedimentos teriam sido efetuados com zero complicações. Eu acredito que
esse número é muito pequeno, se consideramos o número de equipamentos
vendidos. Somente no Brasil já devemos ter ultrapassado em muito os 20.000
procedimentos apenas em um ano, e ainda assim, não foram reportadas
complicações ou fatalidades.
DIÓXIDO DE CARBONO. (CO2)
SINÔNIMOS:
Bióxido de carbono, óxido de carbono, anidro carbônico, Gás carbônico.
DESCRIÇÃO:
Gás incolor e inodoro, descoberto por Josep Blak em 1754. Está composto por
dois átomos de oxigênio unidos a um átomo de carbono (O=C=O). Possui uma
massa molecular de 44.0 um.
Sumamente estável. Somente de decompõe quando esquentado a mais de
2000 graus centígrados.
Muito solúvel em água. Em 100 ml a 20 graus de temperatura dissolvem-se,
0.142 g, ou seja, um 88 %.
Para seu uso em Carboxiterapia deve ser utilizado apenas aquele
comercializado “para uso exclusivamente médico” (100% de pureza), em
forma de gás liquado.
Observação: existe no comercio gás carbônico para fins industriais. Este é
geralmente contaminado por pequenas concentrações de outros gases
existentes no ar e/ou outras impurezas (restos de óleo, pintura ou partículas
metálicas provenientes do cilindro, etc.)
UNIDADE INFUSORA:
OBJETIVOS:
a) Diminuir a pressão do gás contido no cilindro, de libras por polegada
quadrada (ou quilos por centímetro quadrado) a pressões mensuráveis
em ml/água.
b) Permitir o controle da velocidade de fluxo. (ml/min.) e a quantidade
injetada ao paciente.
c) Esquentar o gás quando desejável.
CARACTERÍSTICAS:
Em forma independente das características próprias de cada equipamento que
dependem do fabricante, todo equipamento deve possuir:
a) Um manômetro para medir a pressão existente no cilindro.
b) Um redutor inicial de pressão e medidor de fluxo l/min. ou redutor fixo a
velocidade e pressão de saída recomendadas pelo fabricante.
c) Uma válvula redutora a volumes menores (ml/mim).
d) Uma saída para acoplamento do tubo injetor.
e) Um tubo injetor e um filtro.
TÉCNICA DE INFUSÃO:
Varia muito em quanto aos volumes recomendados por diferentes autores,
entretanto existe consenso sobre a forma de aplicar o gás.
Estrias:
Quando destinada a tratamento das estrias a injeção deve ser intradérmica a
fluxo lento com pequenos volumes.
Gorduras localizadas/celulite:
Quando se trata gordura localizada ou celulite a injeção deve ser subcutânea,
fluxo lento e quantidades que variam entre 02 a 03 ml.
Flacidez cutânea
Na flacidez cutânea, se a injeção é subcutânea, o CO2 deve ser injetado com
fluxo alto (>100/ml/min.) e a quantidade pode variar entre 100 ml a 1000 ml.
Já por via intradérmica utilizamos multipunturas com alta pressão e pouco
volume. Menos de uma décima de ml. (a agulha praticamente entra e sai em
um segundo)
Volume:
Particularmente eu nunca aconselho injetar mais de 300 ml por região tratada.
A técnica, acredito que seja “área dependente” e não “volume dependente”
embora volume e área estejam diretamente relacionados.
Podem-se injetar pequenos volumes varias vezes em vez de um grande volume.
O resultado é aparentemente igual com a diferença de que é menos dolorido.
Nas ulceras crônicas (arteriopatias) se utilizam pequenos volumes aplicados
arredor da lesão e meio a um ml. dentro da lesão.
COMPORTAMENTO DO GÁS DENTRO DOS TECIDOS
Uma vez injetado o dióxido de carbono dentro dos tecidos, ele se comporta
seguindo as leis físicas e químicas que regem o comportamento universal dos
gases.
Entre outras a Lei de Boyle-Mariotte.
Esta lei determina a relação entre pressão e volume de um gás.
O gás comprimido no sistema infusor passa a um sistema de menor pressão (o
tecido) e se expande (difunde) rapidamente. (Esta é uma das causas da dor
experimentada pelo paciente)
Assim os gases possuem uma tendência a expansão permanente até que a
pressão o permita, mesmo que para isto o gás tenha que atravessar
membranas semipermeáveis.
O gás infundido encontra, no tecido, um meio relativamente expansível com
maior temperatura e de menor pressão. Difunde-se rapidamente e atravessa
membranas (membranas celulares) até que as pressões são equilibradas ou a
pressão do gás por estar já fortemente expandido perde importância.
Ou até combinar-se quimicamente com água ou a hemoglobina.
Lei da diluição dos gases:
Esta lei diz: todos os gases se dissolvem na água de acordo com suas
características próprias.
Assim o CO2, por exemplo, se dissolve mais do que o oxigênio, porém o gás
diluído continua mantendo suas características próprias.
A maior temperatura do gás o da água, maior diluição do gás.
Este princípio deve ser considerado quando infundimos gás quente.
Os gases se combinam quimicamente com outros elementos e perdem suas
características originais.
Assim o CO2 se combina com água e forma ácido carbônico.
O acido carbônico por sua vez pode sofrer a ação de catalisadores e/ou enzimas
e eliminar um radical hidrogênio, convertendo-se em um elemento neutro, o
C03H+.
Em todo esse processo que é muito rápido, o gás entra em contato com a
membrana dos adipócitos e poderia estimular os receptores beta, ingressar
dentro do adipócito e estimular o AMPc ou, quando combinado com água, já
em forma de ácido carbônico, desestruturar os triglicerídeos dentro do adipócito
ou danificar sua membrana.
Este processo será lentamente neutralizado pela ação do transporte sanguíneo,
enzimas e a própria difusão do gás.
Por outro lado, estimularia, por um mecanismo que não é conhecido, o
fibroblasto que responderia a dito estímulo com maior produção de colágeno
(?)
Sistemas de compensação (receptores) bem conhecidos (diminuição de 02,
aumento de CO2 y aumento de acidose) produzem vaso dilatação
compensatória que dura poucos minutos, tempo suficiente para melhorar a
micro-circulação capilar.
Existiria ainda uma ação mecânica de distensão dos tecidos que provocaría a
liberação de substâncias como bradicinina, catecolamina, histamina, serotonina,
etc. por estímulo sobre os barorreceptores que poderiam secundariamente agir
sobre a adenilciclase e o AMPc tisular.
Embora os mecanismos não sejam bem conhecidos e ainda muito discutidos,
existe o fato da diminuição de medidas y a notória melhora da flacidez cutânea.
A satisfação dos pacientes é regra geral deste tratamento.
Este procedimento invasivo somente pode ser efetuado por médico.
Prof. Dr. Carlos Rios
CRM 10843-PR
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