Trevo-da-Pérsia-de-flores-grandes Author(s: Rodrigues, Francisco

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Trevo-da-Pérsia-de-flores-grandes
Author(s:
Rodrigues, Francisco Mondragão; Barradas, Ana; Aguiar, Carlos
Published by:
Publindústria
Persistent URL: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29918
Accessed :
29-May-2017 04:34:22
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PRADOS, PASTAGENS E FORRAGENS
TREVO-DA-PÉRSIADE-FLORES-GRANDES
Por: Francisco Mondragão
Rodrigues, Ana Barradas
& Carlos Aguiar
Trifolium suaveolens Willd. (= T. resupinatum subsp. majus)
Família: Fabaceae
O
RIGEM
O T. suaveolens é originário da Pérsia, Afeganistão e Norte do Paquistão, e da
Índia. É cultivado como planta forrageira na sua região de origem, e a partir da
década de 60 em países da Bacia Mediterrânica e na Austrália (onde foi introduzido em 1966 ido de Portugal). É também cultivado como planta para siderar antes da cultura
de trigo na Alemanha. Frequentemente é confundido com o T. resupinatum «trevo-da-pérsia»
ou «trevo-resupinado-de-sementes-duras». Em Portugal, tanto as plantas cultivadas, como as
plantas eventualmente (e temporariamente) assilvestradas, têm origem em amostras de sementes de luzernas provenientes do Afeganistão, recebidas pela Estação Agronómica Nacional na
década de 1950.
O T. suaveolens pertence a um grupo peculiar de trevos – da secção Vesicaria – cujos
cálices incham na frutificação, coalescem, tomando a infrutescência a aparência de uma bola
compacta e fofa, facilmente arrastada pelo vento (dispersão anemocórica). Pertencem a este
grupo dois outros trevos indígenas de grande
interesse agronómico: o T. fragiferum «trevo-morangueiro» e o T. resupinatum «trevo-da-pérsia».
O T. suaveolens é muito semelhante ao T.
resupinatum. A Flora Iberica (Muñoz Rodríguez et al., Trifolium 7: 647-719, 2005) diz que
se diferenciam do seguinte modo: T. suaveolens
– estandarte 6,5-8 mm e sementes 1,8-2 mm;
T. resupinatum – estandarte 4-6 mm e sementes 1,1-1,4 mm. Geralmente, nos capítulos do T.
suaveolens encontram-se, em simultâneo, flores
rosa e flores esbranquiçadas, enquanto no T. resupinatum as flores são todas cor-de-rosa.
BIO-ECOLOGIA
COMO DISTINGUIR NO CAMPO
O trevo-da-pérsia-de-flores-grandes (T. suaveolens) é uma planta anual, glabra (sem pelos),
de caules ocos, ereta ou ascendente (caules inicialmente paralelos ao solo e depois eretos), que
sobe, facilmente, à altura do joelho. Quando intensamente pastoreado persiste rente ao solo,
formando densas rosetas de folhas curtas, pequenas, mais escuras e espessas. Nas folhas das
plantas não pressionadas pela herbivoria, encimam longos pecíolos (até 18 cm) três folíolos
obovados (em forma de ovo ao contrário), até 50 x 25 mm. Os pedúnculos irrompem da axila
das folhas e erguem acima do corpo da planta inflorescências até 3 cm de diâmetro, ligeiramente achatadas, com flores marginais maiores do que as interiores. O cálice tem dois lábios:
é bilabiado. A corola é rosada a branca e resupinada. Diz-se resupinada porque sofre uma
rotação de 180 graus. Consequentemente, no T. suaveolens e espécies similares (e.g. T. resupinatum), ao invés da maioria das leguminosas, o estandarte, a maior peça da corola, tem uma
posição inferior de modo a melhor amparar, supõe-se, a visita dos polinizadores (vd. imagem).
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À semelhança dos demais trevos mediterrânicos, germina com as primeiras chuvas outonais. Suporta bem a geada. Quando comparado
com outras espécies apresenta um significativo
crescimento invernal. No entanto o clima mediterrânico concentra os seus crescimentos
na primavera, quando faz calor e o solo ainda
está húmido. As abelhas são o seu principal polinizador. Para as atrair, as flores libertam um
intenso e forte odor, como acontece em muitas
outras espécies de Trifolium.
Está bem adaptado a climas mediterrânicos
(com uma estação seca longa) e continentais (de
verões quentes e invernos frios). Suporta bem o
corte e o pastoreio. Prefere solos de baixa, húmidos, não demasiado encharcados no inverno,
com uma toalha freática próxima da superfície
nos primeiros meses da estação seca, de textura
fina e ricos em matéria orgânica, por vezes compactados pelo pisoteio animal, suficientemente
providos de fósforo e de acidez pouco acentuada
a neutros. Ao contrário do T. resupinatum quase
não tem sementes duras.
Verifica-se que apresenta um crescimento invernal razoável e que, em determinadas variedades
e condições agro-ecológicas, é possível um corte para feno, feno-silagem ou silagem nas pastagens pastoreadas no cedo.
POSSIBILIDADES DE USO
O T. suaveolens pode ser usado em pastoreio ou corte: é indicado para pastoreio direto, para
produção de feno (extreme ou consociado com azevém ou aveia) e para feno-silagem ou silagem. Em qualquer das utilizações esta espécie apresenta elevados valores de palatibilidade e
digestibilidade. Em feno apresenta valores de proteína bruta (16 a 21%) idênticos aos do feno da
luzerna e valores de digestibilidade superiores (63 a 78% contra 60-70% para a luzerna).
As densidades de sementeira relativamente elevadas que se recomendam permitem competir com as infestantes o que, aliado ao rápido crescimento invernal, possibilitam a obtenção
de pastagens e forragens sem ervas daninhas, pelo que se considera esta espécie uma óptima
“break-crop”.
Quando o objectivo é a produção de semente, é possível obter, em regadio, valores superiores a 1.000 kg/ha, embora a média ronde os 300 a 500 kg/ha.
VARIEDADES COMERCIAIS
IMPLANTAÇÃO E MANEIO
O reduzido tamanho das sementes (1 kg de
semente contém 800000-1200000 sementes)
obriga a um cuidado extremo na preparação
da cama de sementeira e no enterramento
das sementes (a 1,0 cm de profundidade, no
máximo). Semeado extreme recomendam-se densidades de 6-8 kg/ha em sequeiro e
de 9-15 kg/ha em regadio. Em misturas com
azevém ou aveia devem aplicar-se 4 a 5 kg/ha.
Embora não apresente problemas de nodulação recomenda-se a inoculação das sementes
com rizóbio, de modo a obter maior produção
e incorporação de azoto no solo.
O T. suaveolens é mais usado como
planta para culturas forrageiras anuais por
não ter, ou ter muito poucas sementes duras, enquanto o T. resupinatum é recomendado para prados permanentes por ter uma
elevada percentagem de sementes duras. A
manutenção do T. suaveolens nas pastagens
obriga a sementeiras anuais. Deste modo, não
há indicações específicas quanto ao maneio
dos animais em pastagens com esta espécie.
Na edição de 2012 do catálogo comum de espécies agrícolas estão inscritas 25 cultivares de T.
resupinatum s.l. (sensu lato, incluíndo T. resupinatum e T. suaveolens), embora poucas, na realidade, sejam de T. suaveolens. As mais difundidas desta última espécie são a ‘Maral’, a ‘Resal’, a
‘Lightning’, a ‘Morbulk’ e a ‘Laser’. A ‘Maral’ e a ‘Resal’ são obtenções portuguesas que constam
do Catálogo Nacional de Variedades português desde 1993; as restantes cultivares foram obtidas
na Austrália. A cv. Maral é considerada semi-tardia e indicada para regiões com precipitações
anuais iguais ou superiores a 600 mm, tendo um bom crescimento durante o inverno. Considerada boa para pastoreio direto e para feno, apresenta um bom recrescimento após o pastoreio.
Adapta-se a solos moderadamente ácidos a alcalinos e apresenta uma tolerância razoável à salinidade e ao encharcamento. Apresenta uma muito reduzida percentagem de sementes duras,
pelo que a sua regeneração natural é pouco significativa obrigando a sementeiras anuais. A cv.
Resal apresenta sensivelmente as mesmas características que a ‘Maral’, distinguindo-se desta
por ter um ciclo semi-precoce. A cv. Lightning é mais precoce que a ‘Maral’, sendo indicada
para regiões com menor precipitação anual (a partir de 450 mm). Aguenta solos encharcados
e moderadamente salinos, desenvolvendo-se adequadamente num intervalo de pH que vai de
5,5 a 8,5. É considerada adequada para pastoreio, produção de feno e de silagem. As cultivares
‘Morbulk’ e ‘Laser’ também são indicadas para regiões com menor precipitação (a partir de 500
mm), sendo a ‘Morbulk’ 8 a 10 dias mais precoce que a ‘Maral’, e a ‘Laser’ ligeiramente mais
tardia que esta última. Estas duas variedades crescem bem durante os invernos frios, podendo
dar um corte de feno no final da primavera, mesmo depois de algum pastoreio durante o início
do ciclo. Ambas resistem melhor à ferrugem (Uromyces trifolii-repentis) que a ‘Maral’, sendo
de aconselhar em regiões onde surge com frequência esta doença. As 3 variedades australianas
descritas quase não têm sementes duras (0 a 2%), pelo que não há qualquer regeneração natural.
Ainda no que se refere à cultivar portuguesa "Maral" é importante relembrar que a mesma
foi obtida pelo esforço de melhoramento vegetal desenvolvido pelo investigador da Estação
Agronómica Nacional, engenheiro J. Marques de Almeida (e daí o acrónimo "Maral" na designação desta variedade). Passadas algumas décadas após a sua obtenção, é em Portugal que se
situa a maior área destinada à multiplicação e produção de semente, sendo de realçar o facto do
nosso País ocupar o primeiro lugar na lista mundial dos países exportadores de semente desta
mesma variedade.
O principal destino desta exportação portuguesa de semente de Trifolium resupinatum
corresponde atualmente a países do centro europeu.
Por lapso, no número anterior da revista, a ficha agronómica da Festuca-Alta (na pág.54) foi erradamente ilustrada com uma fotografia
de panículas de arroz. Por esse facto pedimos desculpa aos nossos leitores e aos autores da referida Ficha.
AGROTEC / JUNHO 2013
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