Abrir documento - Universidade São Judas Tadeu

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Pós-Graduação Stricto Sensu
Mestrado em Arquitetura e Urbanismo
Flávio Helena Júnior
CONTRIBUIÇÃO PARA O PROJETO DE EDIFÍCIOS EM
ALVENARIA ESTRUTURAL
Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Koury
São Paulo
2012
1
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464
Helena Júnior, Flávio
H474c
Contribuição para o projeto de edifícios em alvenaria estrutural /
Flávio Helena Júnior. - São Paulo, 2012.
xx f. , il; 30 cm
Orientadora: Ana Paula Koury
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2012.
1. Alvenaria. 2. Projeto estrutural. 3. Qualidade. I. Koury, Ana
Paula. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo. III. Título.
CDD – 693.1
2
Dedico a meus filhos:
Ivana e Flavinho
3
AGRADECIMENTOS
À professora Ana Paula Koury, pela orientação, amizade e incentivo na realização
deste trabalho.
Ao professor Márcio Minto Fabrício (Universidade de São Paulo) pela participação na
banca de qualificação e pelas sugestões.
Ao professor Adilson Costa Macedo (Universidade de São Paulo e Universidade São
Judas Tadeu) pela participação nas bancas de qualificação e examinadora e pelas
contribuições.
Ao professor Antônio Gil da Silva Andrade (Universidade de São Paulo) pela
participação na banca examinadora.
A todos os colegas, professores e funcionários do Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da USJT pela colaboração.
4
RESUMO
Partindo-se do princípio de que o projeto em alvenaria estrutural é de fundamental
importância com relação à agregação de qualidade ao produto, aos gastos de produção
e a eficiência dos processos, este trabalho visa abordar as relações existentes entre a
integração dos diferentes projetos e a construção racionalizada em alvenaria estrutural,
e, além disso, mostra a importância da coordenação de projetos para gerenciar e
compatibilizar as interferências entre diferentes projetos e promover as soluções de
projeto, garantindo um projeto em alvenaria estrutural final de qualidade e corretamente
projetado, podendo assim proporcionar redução dos custos de execução.
5
ABSTRACT
Starting from the principle that the project in structural masonry is of fundamental
importance in relation to the aggregation of quality to the product, production costs and
process efficiency, this study aims to address the relationship between the integration of
different construction projects and streamlined in structural masonry, and also shows the
importance of coordination of projects to manage and harmonize the interference
between different projects and promote design solutions, providing a final structural
masonry design quality and appropriately designed, can thus provide reduced
implementation costs.
6
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
1. Introdução....................................................................................................................14
1.1. Apresentação...........................................................................................................14
1.2. Justificativa...............................................................................................................17
1.3. Objetivos...................................................................................................................18
1.4. Estruturação da dissertação.....................................................................................19
1.5. Limitação da pesquisa..............................................................................................20
CAPÍTULO 2
2. Projeto.........................................................................................................................21
2.1. Considerações gerais...............................................................................................21
2.2 Conceito de projeto...................................................................................................23
2.2.1 A importância do projeto.........................................................................................25
2.3 Projeto do produto.....................................................................................................26
2.4 Projeto para produção...............................................................................................28
2.5 Processo de projeto...................................................................................................35
2.6 Coordenação de projeto............................................................................................40
7
CAPÍTULO 3
3. Alvenaria estrutural......................................................................................................45
3.1. Histórico da alvenaria...............................................................................................45
3.1.1 Alvenaria no mundo................................................................................................45
3.1.2 Alvenaria no Brasil..................................................................................................50
3.2 Definições..................................................................................................................52
3.2.1. Componentes da alvenaria estrutural....................................................................53
3.2.2.Elementos da alvenaria estrutural..........................................................................53
3.2.3 Estruturas armadas e não armadas.......................................................................54
3.2.4 Bloco.......................................................................................................................55
CAPÍTULO 4
4. O projeto de alvenaria estrutural.................................................................................58
4.1. Lançamento estrutural..............................................................................................58
4.1.1. Coordenação modular...........................................................................................59
4.1.1.1. Modulação horizontal.........................................................................................59
4.1.1.2. Modulação vertical..............................................................................................59
4.1.1.3. Blocos.................................................................................................................60
4.1.1.4. Amarração de paredes.......................................................................................63
4.1.2. Forma do prédio....................................................................................................64
4.1.3. Planta baixa...........................................................................................................65
8
4.2. Principais sistemas estruturais.................................................................................65
4.2.1. Paredes celulares..................................................................................................65
4.2.2. Paredes transversais.............................................................................................66
4.2.3. Sistema complexo.................................................................................................66
4.3. Laje...........................................................................................................................67
4.4. Vergas e contravergas.............................................................................................69
4.5. Instalações...............................................................................................................72
4.5.1. Instalações elétricas..............................................................................................72
4.5.2. Instalações hidráulicas..........................................................................................74
4.6. Escadas....................................................................................................................75
4.6.1. Escada Jacaré.......................................................................................................76
4.6.2 Escada pré-moldada maciça..................................................................................77
4.7. Revestimento............................................................................................................78
4.8. Juntas.......................................................................................................................79
4.8.1. Juntas de dilatação................................................................................................79
4.8.1.1. Cuidados na execução da junta.........................................................................78
4.8.1.2. Verificações a serem efetuadas.........................................................................80
4.8.1.3. Como prescindir da junta acima dos 24 m.........................................................80
4.8.1.3.1 Cuidados com a laje.........................................................................................80
4.8.1.3.2 Cuidados com os blocos..................................................................................80
4.8.1.3.3 Análise do formato da planta (extensão da laje contínua sem recortes).........81
9
4.8.2 Junta de controle....................................................................................................81
4.8.3 Laje do ultimo pavimento........................................................................................84
4.8.3.1 Junta horizontal...................................................................................................84
4.8.3.2 Proteção térmica.................................................................................................86
CAPÍTULO 5
5. Conclusão...........................................................................................................87
5.1. Considerações gerais......................................................................................87
5.2. Sugestões para trabalhos futuros....................................................................88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................89
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Pirâmide de Quéops. Fonte: http://antigoegito.hd1.com.br/piramides.html
Figura 3.2 – Farol de Alexandria. Fonte: http://faroldealexandria.com.br
Figura 3.3 – Coliseu Romano. Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/coliseude-roma
Figura 3.4 – Catedral de Notre Dame. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral
Figura 3.5 e 3.6 – Prédio Monadnock. Foto atual e antiga, da esquerda para a direita.
Fonte: http://www.monadnockbuilding.com/index.html
Figura 3.7 – Hotel Excalibur. Fonte: http://www.lasvegashotel.com/hotel/Excalibur-Hoteland-Casino.htm
Figura 3.8 – Conjunto Habitacional “Central Parque da Lapa” ( Associação Brasileira de
Construção).
Figura 3.9 – Edifício Murity. Fonte: http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/bancoobras/1/alvenaria-estrutural
Figura 3.10 – Diferença entre blocos vazados e maciços. (Tauil e Nese, 2010).
Figura 3.11 – Família dos blocos 14x29 (Tauil e Nese, 2010).
Figura 3.12 – Família dos blocos 14x39 (Tauil e Nese, 2010).
Figura 3.13 – Família dos blocos 19x39 (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.1 – Exemplo de modulação vertical de piso a teto (Parsekian e Moraes, 2010).
Figura 4.2 – Principais blocos da modulação de 15 cm (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.3 – Exemplo de modulação de 15 cm (Parsekian e Moraes, 2010).
Figura 4.4 – Blocos utilizados na modulação de 20 cm (Tauil e Nese, 2010).
11
Figura 4.5 – Exemplo de modulação de 20 cm (Parsekian e Moraes, 2010).
Figura 4.6 – Exemplo de amarração indireta (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.7 – Exemplo de amarração direta (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.8 – Sistema estrutural em paredes celulares (Ramalho e Corrêa, 2003).
Figura 4.9 – Sistema estrutural em paredes transversais (Ramalho e Corrêa, 2003).
Figura 4.10 – Sistema estrutural complexo (Ramalho e Corrêa, 2003).
Figura 4.11 – Laje bidirecional (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.12 – Laje unidirecional (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.13 – Exemplo de verga com bloco canaleta (modificado de Parsekian e
Moraes, 2010).
Figura 4.14 – Exemplo de verga e contraverga com bloco canaleta (adaptado de
Parsekian e Moraes, 2010).
Figura 4.15 – Verga em porta, com detalhe da ferragem (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.16 – Verga pré-moldada (Parsekian e Moraes, 2010).
Figura 4.17 – Detalhamento das instalações elétricas (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.18 – Escada jacaré (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.19 – Escada pré-moldada maciça (Tauil e Nese, 2010).
Figura 4.20 – Revestimentos comuns em obras de alvenaria estrutural (Tauil e Nese,
2010).
Figura 4.21 - Detalhe de uma junta de dilatação em planta com recorte (Parsekian,
2012).
Figura 4.22 - Juntas de controle (Parsekian, 2012).
Figura 4.23 - Limites para junta de controle (NBR 15961-1)
12
Figura 4.24 - Opções para armaduras horizontais. (Parsekian, 2012).
Figura 4.25 - Cuidados no ultimo pavimento (Parsekian, 2012).
Figura 4.26 - Opções para junta deslizante sob laje de cobertura. (Parsekian, 2012).
Figura 4.27 - Detalhe de execução de proteção térmica sobre a laje de cobertura.
(Escritório Pedreira de Freitas).
13
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AE – Alvenaria Estrutural
ASCE – American Society of Civil Engineers
CTE – Centro de Tecnologias de Edificações
14
CAPÍTULO 1
1. Introdução
1.1 Apresentação
O setor da construção civil no Brasil, sobretudo o segmento de edificações, ainda
aparece rotulado como atrasado quando comparado a outros setores industriais devido
à sua baixa produtividade, em função, principalmente, de seu baixo nível de
industrialização, elevado desperdício de materiais e reduzida qualificação de sua mãode-obra, o que resulta, também, a baixa qualidade de seu produto final (FONTENELLE,
2002).
“A indústria da construção brasileira vive um momento singular, beneficiada pela grande
demanda por edificações e pelo crescente acesso da população ao crédito. Essa
situação, que é bastante positiva, exige das construtoras maior foco em obras duráveis,
realizadas dentro de padrões técnicos reconhecidos, com segurança estrutural,
velocidade de execução e bom gosto estético. Mas o crescimento da construção civil
coloca a todos uma questão: Como executar projetos cada vez mais rápidos, utilizando
sistemas construtivos econômicos sem comprometer a qualidade e o desempenho das
edificações? (...)” (COLETÂNEA DE ATIVOS, ABCP, 2007/2008).
Na busca de uma resposta a essa pergunta, constata-se que outros meios de produção
precisam ser empregados em substituição aos métodos, sistemas e processos
tradicionais, como a estrutura reticular em concreto armado com vedações em alvenaria
não racionalizada.
Duarte (1999) destaca que os sistemas construtivos pré-fabricados à base de painéis
de concreto, empregados como paredes, foram utilizados como alternativa, porém
tiveram pouca aceitação pelos moradores e tem ocasionado uma grande quantidade de
patologias. Assim, na quase totalidade dos prédios em concreto armado as paredes
ainda continuam a ser construídas em alvenaria de tijolos cerâmicos ou blocos de
concreto.
15
Para o mesmo autor isto vem ocorrendo devido ao baixo custo da alvenaria e ao
superior conforto térmico e acústico quando comparado ao concreto. Porque então
não tornar as paredes o elemento resistente do prédio, substituindo a estrutura
aporticada de concreto armado? (grifo nosso) Os engenheiros e construtores estão
se dando conta desta enorme economia proporcionada pela AE, que quando
corretamente empregada e executada pode reduzir até 30% dos custos da obra, para a
grande maioria dos tipos de edificações.
Franco (1992) afirma que na busca por eficiência e produtividade foram tentadas, nos
últimos anos, muitas soluções como a importação ou a concepção de processos
construtivos inéditos. Dentre as poucas experiências de sucesso com a utilização
destes vários processos construtivos, destacam-se os processos em AE.
Parsekian e Furlan Jr (2003) afirmam que edifícios de AE possuem elementos que
funcionam simultaneamente como estrutura e vedação. Assim, as paredes do edifício
atendem aos requisitos tanto arquitetônicos como estruturais, havendo uma forte
interação entre eles. Da mesma forma, soluções para as instalações hidráulicas e
elétricas que incluam a execução de rasgos em paredes ou improvisos não são
possíveis, pois comprometem a segurança da edificação. Outras soluções devem ser
desenvolvidas, sendo necessárias desde o início do projeto consultas aos projetistas de
instalações. Devido a estes fatores, projetos de AE desde sua concepção têm uma forte
vocação
em
serem
racionalizados
e
concebidos
em
processos
de
projeto
multidisciplinares.
Fabrício (2002) expõe que os processos de concepção e projeto são estratégicos para
a qualidade do edifício ao longo do seu ciclo de vida. E a busca de novos métodos e
processos que possam considerar precocemente a totalidade das questões envolvidas
no projeto é de extrema relevância para o sucesso dos empreendimentos e para o
progresso do setor de construção.
O desenvolvimento da pesquisa (capítulos 2, 3 e 4) baseia-se na revisão teórica
pertinente aos diversos aspectos do tema tratado, de modo a assegurar, por um lado, a
inserção do trabalho no debate mais contemporâneo da área, e por outro, construir o
16
respaldo necessário para a análise crítica das questões que o envolvem. Foram
importantes às reflexões desenvolvidas, entre outros, pelos trabalhos de Fabrício,
Melhado, Duarte e Franco. A produção acadêmica, teses e dissertações, embora
relativamente reduzida, foi de grande importância justamente por conter investigações
sobre questões recorrentes no uso da tecnologia da AE.
17
1.2 Justificativa
Justifica-se o estudo deste tema uma vez que o projeto de AE ainda é pouco discutido
no meio acadêmico. Como no currículo dos cursos de arquitetura não existem
disciplinas que tratem deste processo construtivo, apenas uma pequena parcela dos
arquitetos chega ao mercado de trabalho conhecendo suas características particulares
(ROMAN et al, 2002).
Logo, este aspecto faz com que os profissionais busquem suprir suas necessidades e
solucionar suas deficiências por meio de cursos técnicos, participação em congressos e
consulta a materiais de apoio. No entanto, tais cursos são dificilmente elaborados com
o foco principal no projeto. Verificou-se que um dos temas mais abordados, tanto pela
comunidade científica quanto pelos profissionais atuantes em projetos e obras, referemse ao comportamento estrutural do processo construtivo. Dentre essas pesquisas,
destacam-se: Oliveira (1992), Bastos (1993), Silva (1996), Accetti, (1998), Nascimento
(1999), Holanda (2002), Capuzzo (2005), Paes (2008), Sampaio (2010), dentre outras.
18
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Produzir conhecimento sobre tecnologia construtiva racionalizada com foco principal no
projeto, capaz de integrar-se às necessidades de produção de edifícios em alvenaria
estrutural com qualidade e baixo custo.
1.3.2 Objetivo específico
Reunir os principais pontos concernentes ao projeto de edifícios em AE e contribuir
para o aprimoramento desse processo construtivo.
19
1.4 Estruturação da dissertação
A presente dissertação é constituída por cinco capítulos e sua organização possibilita o
desenvolvimento lógico do conteúdo e a exposição dos resultados obtidos com a
pesquisa, assim como descrito a seguir:
Capítulo 1 – Este capítulo na introdução ao trabalho menciona a AE como uma
alternativa para projetos cada vez mais rápidos, econômicos, sem comprometer a
qualidade e o desempenho das edificações. Apresenta as justificativas do tema
escolhido e expõe os objetivos que se deseja atingir.
Capítulo 2 – Neste capítulo é feita uma revisão teórica na qual são abordados os
tópicos: projeto, conceituação do termo e exposição sobre projeto do produto, projeto
da produção, processo de projeto e coordenação de projeto.
Capítulo 3 – Este capítulo apresenta uma revisão teórica de AE, iniciando com o
desenvolvimento histórico e o seu uso.
Capítulo 4 – Este capítulo apresenta uma revisão teórica do projeto de AE, abordando
desde a concepção da edificação até o detalhamento necessário no projeto do produto
e da produção.
Capítulo 5 – O capítulo termina o trabalho com as considerações finais, conclusões e
sugestões para futuros trabalhos de pesquisa.
20
1.5 Limitação da pesquisa
Este trabalho se refere às questões relacionadas ao projeto de AE e suas relações com
os projetos complementares. A abordagem é limitada a conceitos pertinentes ao projeto
do produto e da produção, não contemplando aspectos de cálculo estrutural, por já ser
o assunto mais estudado e discutido em AE.
21
CAPÍTULO 2
2. PROJETO
2.1 Considerações gerais
Neste capítulo é abordado o projeto e sua conceituação, e também o projeto do produto
e da produção, o processo e a coordenação do projeto expondo as suas
particularidades principais. Os elementos expostos são considerados aspectos
fundamentais para elucidar o enfoque da presente dissertação, assim como também
para auxiliar na etapa de análise dos dados coletados nos estudos de caso.
A importância do tema foi observada no meio acadêmico nos últimos anos com o
aumento no número e na qualidade das pesquisas relacionadas ao “projeto” na
construção de edifícios. Dentre essas pesquisas, destacam-se: Marques (1979),
Martucci (1990), Melhado (1994), Novaes (1996), Baía (1998), Ferreira (1998),
Tzortzopoulos (1999), Melhado (2001), Fabrício (2002), Fontenelle (2002), Romano
(2003), Aquino (2004), Oliveira (2005), dentre outras.
A pesquisa realizada por Marques (1979) marca o início das preocupações do meio
acadêmico com o tema “projeto” de forma mais sistematizada. Ele discute o aumento da
complexidade operacional dos empreendimentos de construção e sua relação com o
projeto, analisando os reflexos dessa situação com a necessidade de especialização
cada vez maior da mão-de-obra e com a qualidade das obras.
Martucci (1990), em sua tese de doutorado, propõe a elaboração de uma série de
orientações para formulação do projeto tecnológico para edificações habitacionais, a
ser implantado e gerenciado por organismos da administração pública, de acordo com
seus respectivos níveis e graus de competência, participação e responsabilidades.
Melhado (1994), em sua tese de doutorado, baseado em princípios de racionalização e
construtibilidade, propõe diretrizes e métodos que contribuem para a qualidade do
projeto de edifícios. São apresentados e analisados os conceitos da qualidade, do
22
desenvolvimento tecnológico, da racionalização e construtibilidade e explicitados como
eles alteram o processo de projeto e aumentam a eficiência da produção.
Novaes (1996), em sua tese de doutorado, destaca a importância do projeto para
produção no setor da construção civil, observa a conformação entre a qualidade e as
etapas que compõem o processo construtivo.
Baía (1998), em sua pesquisa de mestrado, analisa o desenvolvimento de uma
metodologia de implantação de sistemas de gestão da qualidade para empresas de
projeto, e faz algumas considerações sobre o atual estágio de implantação desses
sistemas em um grupo de empresas de arquitetura.
Ferreira (1998), em sua tese de doutorado, apresenta uma metodologia para
elaboração do projeto do canteiro de obras através da integração do projeto do produto
e da produção, de forma a abranger as etapas da definição do programa de
necessidades, elaboração do estudo preliminar, desenvolvimento do anteprojeto e
elaboração do projeto executivo.
Tzortzopoulos (1999), em sua dissertação de mestrado, propõe um conjunto de
elementos básicos para o desenvolvimento de um modelo geral do processo de projeto
para empresas construtoras incorporadoras de pequeno porte.
Melhado (2001), em sua tese de livre-docência, formula um novo modelo de gestão
para projetos de edifícios que enfatiza a cooperação multidisciplinar e a integração
entre diversos agentes. Dentro deste contexto, faz proposições relativas aos projetistas,
aos contratantes e a organização dos empreendimentos.
Romano (2003) em sua tese de doutorado apresenta um modelo de referência para o
gerenciamento do processo de projeto integrado de edificações e faz uma análise
comparativa entre o modelo de referência e os modelos existentes na literatura.
Fabrício (2002), em sua pesquisa de doutorado, apresenta uma reflexão sobre a gestão
de projetos na construção de edifícios, desenvolve o conceito de projeto simultâneo e
propõe diretrizes para sua aplicação no segmento da construção de edifícios.
23
Fontenelle (2002), em sua pesquisa de mestrado, descreve e faz uma análise
comparativa das iniciativas de empresas líderes do mercado de incorporação e
construção do estado de São Paulo, extraindo padrões de referência obtidos através de
mudanças nas formas de relacionamento com os projetistas, implementação de novas
metodologias de coordenação e sistematização de informações para o desenvolvimento
dos projetos.
Aquino (2004), em sua pesquisa de mestrado analisa sob o ponto de vista da gestão o
fluxo de projeto e os seus agentes em empresas incorporadoras e construtoras que
atuam em São Paulo fazendo estudos realizados tanto em empresas para produção
como em canteiros de obras.
Oliveira (2005), em seu doutoramento, entende o projeto como uma das atividades do
processo de edificação, responsável pelo registro, organização e desenvolvimento das
características especificadas para uma obra, tanto físicas quanto tecnológicas, a serem
consideradas na fase de execução.
O meio acadêmico produziu ainda outros importantes estudos visando contribuir para
melhoria da qualidade do segmento de edificações nos últimos anos, e todos eles
apontam o projeto como um dos mais importantes instrumentos para a conquista desse
objetivo: Picchi (1993), Santos (1993), Formoso (1995), Balieiro (1995), Moreira (1996),
Souza (1997), Reis (1998), Oliveira (2001b), Vivancos (2001), Alves (2001) e Santos
(2003).
2.2 Conceito de projeto
O conceito de projeto no âmbito da construção civil tem sido aperfeiçoado ao longo do
tempo, devido ao seu papel estratégico no processo de produção.
Diferentes especialistas ao definirem o termo projeto apresentam opiniões bem
diversificadas, portanto não há uma definição geral para projeto (SLACK, 1997).
24
Melhado (1994) e Souza (1997) baseados nos autores Ferro (1979), Bonsiepe (1983),
McGinty (1984), Ferreira (1986), Stemmer (1988), Rodriguez (1992) e Marques (1992)
chegaram a conclusões parecidas ao constatarem que a maioria das definições
apresentava o projeto como um processo de criação de um produto e suas funções,
não especificando sequer o processo construtivo relativo ao produto.
Gus (1997) usa a seguinte definição: projeto é “a etapa do processo de construção
durante a qual deve ser buscada uma solução criativa e eficiente, que traduza e
documente todos os requisitos do cliente e do usuário através da concepção,
desenvolvimento e detalhamento das características físicas e tecnológicas do
empreendimento, para fins de sua execução”.
Melhado (1994) propõe uma definição para projeto como: “uma atividade ou serviço
integrante do processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização,
registro e transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma
obra, a serem consideradas na fase de execução”.
De acordo com Souza et al. (1995) “as soluções adotadas na etapa de projeto têm
amplas repercussões em todo o processo da construção e na qualidade do produto final
a ser entregue ao cliente”.
Sabbatini (1998) considera que "os projetos com os quais a construção de edifícios
normalmente trabalha: o projeto arquitetônico; o de estruturas e os de instalações
prediais são basicamente projetos conceituais. Isto significa que eles se propõem em
estabelecer os conceitos essenciais que definem o produto e não como construí-lo”.
Ainda de acordo com este autor os projetos conceituais estabelecem “o que fazer e não
o como fazer” e que neste caso o como fazer é objeto dos projetos para produção.
Segundo Novaes (1996) “a ausência de dados ou mesmo a omissão, no conjunto dos
projetos, de especificações e informações quanto à tecnologia inerente à execução das
soluções propostas, assim como, a ausência de informações que permitam a integração
geométrica, tecnológica e produtiva entre componentes e subsistemas, tem conduzido
à necessidade de elaboração de projetos da produção, relacionados com a
25
caracterização do sistema construtivo e dos processos de trabalho empregados na
produção”.
Melhado & Violani (1992) apontam uma “frequente dissociação entre a atividade de
projeto e a da construção, sendo que o projeto é entendido como instrumento,
comprimindo-se o seu prazo e o seu custo, merecendo um mínimo de aprofundamento
e assumindo um conteúdo quase meramente legal, ao ponto de torná-lo simplesmente
indicativo e postergando-se grande parte das decisões para a etapa de obra”.
Neste contexto, os projetos em geral na construção tradicional indicam apenas a forma
final do edifício (projeto arquitetônico) ou as características técnicas de elementos da
edificação (projeto estrutural, de fundações, de instalações, etc.), não apresentando
detalhes da execução, nem estabelecendo prescrições relativas ao modo de executar e
à sucessão de etapas de trabalho. O projeto é antes de tudo, um projeto de produto,
que não se traduz em especificações relativas ao ‘como produzir’. O próprio projeto do
produto é, por outro lado, pouco preciso, deixando para a fase da execução a definição
final das características que o produto deve ter, inclusive quanto ao tipo de material ou
componente a ser utilizado em cada etapa. (FARAH, 1992)
2.2.1 A importância do projeto
MELHADO (1994), em sua tese de doutorado, afirma que a qualidade do produto final
depende diretamente da eficiência da elaboração do projeto, o que justifica a adoção de
procedimentos estabelecidos metodologicamente, que visem orientar simultânea e
conjuntamente os diversos profissionais, além de estabelecer um fluxo de informações
adequado entre eles.
Fabricio (2002) considera que o processo de projeto abrange todas as decisões e
formulações que contribuem para a criação e a produção de um empreendimento,
englobando não só os projetos de especialidades de produto, como também a
montagem da operação imobiliária, a seleção do terreno, a formulação do programa de
necessidades, a concepção do projeto do produto, o desenvolvimento da produção com
26
os detalhamentos dos métodos construtivos e do planejamento da obra, o projeto “as
built” e a avaliação da satisfação dos usuários com o produto. Os projetistas de
arquitetura e engenharia e todos aqueles que tomam decisões relativas à montagem,
concepção e planejamento do empreendimento são os agentes da concepção e do
projeto do empreendimento.
Vanni (1999) ressalta a importância do projeto ao afirmar que a construção civil está
cada vez mais direcionada ao conceito de construir com qualidade e com o menor custo
possível. Portanto, é inevitável mencionar a palavra projeto, sem que se possa associala a ideia do custo total de um empreendimento ou de uma obra. Portanto, trabalhar
exaustivamente o projeto resultará em economia, permitindo o aumento da lucratividade
das empresas.
Na visão de Oliveira (2005), a preocupação com o projeto na construção civil tornou-se
recentemente maior por ser ele um dos meios que permitem a melhoria no desempenho
das edificações, e, além disso, por permitir a considerável diminuição dos custos de
produção.
Ainda segundo este autor, “Os empreendimentos na construção civil, assim como em
outros setores produtivos, devem atender aos objetivos estratégicos dos seus
empreendedores (...). O projeto pode ser utilizado como um importante instrumento na
viabilização desses objetivos, por meio de seu potencial de influenciar e definir as
características físicas do produto edificação, desempenhando, dessa forma, um papel
de grande responsabilidade como otimizador dos processos de construção e como
instrumento de aumento da satisfação dos usuários finais”.
2.3 Projeto do produto
Vanni (1999) diz que o projeto arquitetônico é, na maioria das vezes, a principal fonte
de informação para os projetos estrutural e de instalações, e por esse motivo tem que
passar por uma fase de detalhamento, mas ressalta o fato de que este projeto ainda é
elaborado sem a intervenção e contribuição dos demais profissionais envolvidos no
27
processo. Tal situação resultará num projeto arquitetônico mal especificado, mal
definido e com riscos de conter um grande número de falhas, elevando
consequentemente o custo final da obra.
Fabrício (2002) também observa que ocorre uma reduzida interação entre o arquiteto,
os demais projetistas e o pessoal do canteiro de obras. A fase de concepção do edifício
costuma acontecer separadamente do desenvolvimento do projeto.
Silva (2003) afirma ser nitidamente observável a frequente disjunção entre projeto e
produto no âmbito da produção de edifícios, que pode ser observado nas próprias
relações profissionais entre arquitetos e engenheiros e destes com os profissionais que
tem o encargo da produção. Ainda segundo a autora, este progressivo distanciamento
entre produção e projeto reflete diretamente na redução da eficácia do projeto quando
instrumento para o encaminhamento do processo de produção dos edifícios.
Na visão de Oliveira (2005), na construção, os projetos das diferentes especialidades
não são desenvolvidos de modo compatibilizado, mas sim paralelamente pelos diversos
projetistas (arquitetura, estruturas e instalações) normalmente em locais concretamente
distantes, havendo a reunião apenas na hora da execução dos serviços. O
procedimento descrito leva a inúmeras incompatibilizações e não é claro com relação
as funções e responsabilidades dos profissionais envolvidos, comprometendo a
qualidade do produto final, causando enormes perdas de produtividade e aumentado o
custo final da obra.
Fabricio (2002) considera que prevalece no processo de projeto uma visão cartesiana
de que o todo é a soma de partes independentes. Isso é predominante na configuração
dos processos de projeto tradicionais nos quais se busca otimizar o todo a partir da
otimização, em separado, das partes – o que não é a verdade na maioria dos casos. E
conforme salienta Melhado (2001), sem o intercâmbio intenso de informações entre os
agentes durante a elaboração do projeto, este acaba ficando: “mal definido, mal
especificado e mal resolvido”, levando a um acréscimo de custo e de tempo de
execução.
28
Fabricio (2002) baseado em MELHADO (1997) enfatiza ser comum que uma etapa de
projeto de determinada especialidade dependa, para ser iniciada, do término de uma
etapa de diferente especialidade, cujo grau de aprofundamento e maturação das
decisões é equivalente ao da etapa (da outra especialidade) que se inicia. Por exemplo,
o início do anteprojeto de estruturas e fundações tem como pré-requisito o anteprojeto
de arquitetura em andamento.
DUEÑAS PEÑA (2003) ressalta que, por este motivo, “os agentes envolvidos no
processo de projeto devem ser conscientizados da importância do desenvolvimento
simultâneo dos projetos e da necessidade do cumprimento de suas atribuições com um
fornecimento preciso de informações”.
Vanni (1999) conclui que a forma de minimizar a desagregação entre os diversos
projetos é com a proporção de um maior relacionamento entre todos os agentes
participantes, bem como: analisar com seriedade os possíveis fornecedores de mão-deobra e insumos; controlar o cumprimento dos prazos previstos de entrega de serviços e
materiais; concentrar esforços visando envolver os responsáveis pelos projetos
complementares nas decisões e discussões durante a execução da obra; e finalmente,
detalhar minuciosamente os projetos, facilitando a sua compreensão e leitura. Ainda
segundo a autora, se estas falhas forem reduzidas, “já se tem uma redução do
desperdício
de
material
e
retrabalho,
resultando
em
melhores
rendimentos
econômicos”.
2.4 Projeto para produção
O projeto para produção teve a sua origem na indústria de produtos seriados, na qual a
forte concorrência e competitividade de mercado obrigaram estas empresas a investir
em melhorias do seu processo produtivo visando à redução dos prazos de
desenvolvimento e a melhoria da qualidade de seus produtos.
Stoll (1991) ao analisar o conceito de projeto para produção na indústria seriada afirma
que “as decisões relativas à definição do produto e da produção devem ser tomadas em
29
paralelo, de maneira que se obtenha um sistema de produção com uma configuração
otimizada que satisfaça tanto as necessidades do produto como as do processo”.
Ainda segundo o autor o projeto para produção está baseado na constatação de que o
projeto é o primeiro passo no processo de produção; qualquer decisão de projeto, se
não for cuidadosamente considerada, pode acarretar esforço extra de produção e perda
da produtividade; o projeto do produto deve ser cuidadosamente compatibilizado com a
produção flexível, montagem, controle de qualidade e tecnologia de manuseio dos
materiais de maneira que se possam conseguir ganhos de produtividade possíveis por
meio destas tecnologias.
Conceitualmente, para Barros (1996), o projeto para produção se constitui de “um
conjunto de elementos de projeto elaborado segundo características e recursos
próprios da empresa construtora, para utilização no âmbito das atividades de produção
em obra, contendo as definições dos itens essenciais à realização de uma atividade ou
serviço e, em particular: especificação dos detalhes e técnicas construtivas a serem
empregadas, disposição e sequência de atividades de obra e frentes de serviço e uso e
características de equipamentos”.
Melhado (1994) define o projeto para produção como “conjunto de elementos de projeto
elaborados de forma simultânea ao detalhamento do projeto executivo, para a utilização
no âmbito das atividades de produção em obra, contendo as definições de: disposição e
sequência de atividades de obra e frente de serviço; uso de equipamentos; arranjo e
evolução do canteiro; dentre outros itens vinculados às características e recursos
próprios da empresa construtora”.
Souza (1996) enfatiza que “o papel essencial do projeto para produção é o de
solucionar as questões que envolvem a adoção de uma dada tecnologia construtiva,
inclusive em termos de alternativas de especificações e detalhes do próprio produto, ao
longo da elaboração do projeto, de modo a inserir as condicionantes de racionalização
construtiva e construtibilidade, para ao final apresentar um processo de produção
definido, permitindo o seu controle e garantindo a qualidade desejada para o produto”.
30
Para Oliveira (2005), “a função básica do projeto para a produção é a transmissão de
todos os condicionantes que envolvem a tecnologia construtiva escolhida, de modo a
subsidiar a etapa de execução da obra da forma mais completa possível, evitando, com
isso, improvisações, paralisações, retrabalho e a implantação de uma solução não
planejada durante a execução. O projeto para produção visa também a redução dos
custos, que é uma das maiores preocupações dos empresários; e ainda busca a
otimização do processo de produção proporcionando melhor produtividade e qualidade
dos serviços”.
Já para Chalita (2010), para se conceituar projeto para produção é necessário ter o
enfoque não no todo, mas nos subsistemas que constituem a edificação. Para ela “o
projeto para produção é uma ferramenta organizacional que define completamente e de
forma sistêmica a maior parte das atividades necessárias para produzir um subsistema
da edificação e que engloba o projeto do processo e incorpora o projeto do produto, o
planejamento e a gestão da produção de forma a possibilitar a execução dos serviços
de forma contínua, sem alterações e improvisos, garantindo prazos, custos e qualidade
especificados”.
Aquino, Melhado (2001) consideram que o projeto para produção deve constituir-se
numa ferramenta que integre o processo de produção e produto especificado, servindo
também de base para um planejamento consistente. Deve também servir como
subsídio para a tomada de decisões antes que o processo de produção propriamente
dito ocorra, atuando como um elemento estratégico para a racionalização construtiva e
para a implantação de novas tecnologias nas empresas construtoras.
Os autores consideram como pontos fundamentais do projeto para produção a
integração do projeto do produto ao processo de produção com base na racionalização
construtiva. Para tanto, segundo os mesmos autores, os projetos para produção devem
seguir algumas premissas básicas:
• o projeto para produção deve ter seu desenvolvimento iniciado juntamente com as
demais disciplinas de projeto, com o apoio de uma coordenação eficiente, não devendo
constituir-se em mais uma disciplina isolada do contexto da produção.
31
Sendo assim, a empresa construtora deve atuar para que o processo de projeto seja
desenvolvido pensando-se na sua adequada coordenação, sendo desenvolvido
paralelamente aos demais projetos, para que a introdução do projeto para produção
atenda aos requisitos pretendidos;
• o projeto para produção deve conter elementos suficientes para orientar a execução,
definindo materiais, sequência de execução, equipes de serviço, etc. não se
constituindo em mais uma disciplina do projeto com o enfoque no produto;
• o projeto para produção deve permitir uma adequada comunicação entre o projeto e a
obra, com linguagem adequada e objetiva e, portanto, deve ser desenvolvido com a
participação dos agentes ligados à fase de execução, adicionando ao projeto
considerações relativas à construtibilidade e à eficiência na produção;
• as definições mais conceituais dos projetos para produção devem ocorrer em
integração com as definições do produto, ou seja, na sua interface com os demais
projetistas, e as soluções para a execução devem ser detalhadas em integração com as
decisões tomadas pela equipe de obras quanto a equipamentos, frentes de serviço,
gestão de estoques, etc., sendo mais ou menos postergáveis, segundo a etapa de obra
a que se referem e permitindo os ajustes necessários para a devida integração às
demais ações voltadas à produção;
• o sistema de comunicação empresa-obra e vice-versa deve permitir que projetistas e
construtores interajam, impedindo que decisões extra projetos sejam tomadas de forma
isolada pela equipe de execução, nos canteiros de obras. Isto implica na participação
dos projetistas na obra e de “construtores” nas definições de projeto;
• a empresa construtora deve ser capaz de aplicar indicadores de qualidade de projeto
e ao processo e retroalimentar o sistema de gestão. O objetivo é a verificação da
validade das soluções de projeto adotadas (para o produto e para sua execução) e
permitir a implementação de melhorias.
Segundo Melhado (1997) “é importante ressaltar que, para a elaboração do Projeto
para Produção, deve-se conhecer e considerar a tecnologia de produção empregada
32
pela empresa construtora, tendo conhecimento dos procedimentos de execução. Dessa
maneira, adequa-se o projeto à cultura da empresa e permite-se que o mesmo
apresente informações que resultam em um processo de produção corretamente
definido e passível de ser implantado em obra, obtendo-se ganhos quanto à
racionalização das atividades”.
O projeto para produção não deve ser demasiadamente detalhado, pois de acordo com
Souza et al. (1995) pode inviabilizar a sua compreensão por parte da mão-de-obra
muitas vezes dotada de vícios de produção e pouca cultura. Para estes autores “a
maneira específica de se realizar determinados serviços deverá estar inserida em
manuais destinados ao treinamento e aperfeiçoamento da mão-de-obra”
Para Melhado (1997) a metodologia para o desenvolvimento do projeto para produção
deve considerar duas interfaces:
• interface com as demais disciplinas de projeto - iniciadas durante o anteprojeto, com a
compatibilização das definições relativas à produção quanto às características do
“produto”, geradas pelos projetistas de arquitetura, estruturas, sistemas prediais e
outros, desenvolvendo-se até o detalhamento do projeto executivo;
• interface com a produção - constitui-se na elaboração dos elementos de projeto para
produção a serem utilizados em obra, dentro de processo de elaboração simultânea
com o detalhamento do projeto executivo.
Este mesmo autor afirma que a metodologia para o desenvolvimento de projeto tem
uma estreita relação com a estratégia competitiva da empresa, por isso a metodologia
deverá estar adequada às necessidades da empresa ou de um empreendimento em
particular, sendo que tal metodologia será materializada através dos procedimentos de
coordenação e controle de projetos adotados.
Segundo Melhado (1997) desenvolver o projeto para produção é atividade que deve
começar na etapa de anteprojeto, em que as definições de como construir farão
interface com as características de produto trazidas por vários especialistas de projeto,
arquitetos e engenheiros.
33
Barros (1996) destaca a importância da fase elaboração do projeto para produção, e
ainda descreve duas situações distintas onde o projeto pode ser desenvolvido:
paralelamente aos demais projetos ou em uma fase posterior à elaboração dos demais
projetos envolvidos.
O projeto para produção, de acordo com Melhado (1997), pode ser elaborado por uma
equipe ou por um único profissional, da própria construtora ou não. Porém, o autor
enfatiza duas condições fundamentais para o êxito no projeto para produção: a pessoa
responsável para a elaboração do projeto para produção deve ter conhecimento acerca
de execução de obras, e sua participação deve ocorrer desde o início do processo de
projeto, estendendo-se ao longo das várias etapas.
Os conceitos relacionados ao projeto para produção apresentados neste item, de forma
resumida enfatizam:
• a inserção do projeto para produção nas fases iniciais do processo de projeto;
• o desenvolvimento simultâneo dos projetos por uma equipe multidisciplinar;
• a capacitação técnica do profissional responsável pela elaboração do projeto para
produção;
• a participação da equipe de produção no desenvolvimento dos projetos;
• a utilização do projeto para produção como ferramenta de introdução de novas
tecnologias;
• as vantagens do início do mesmo junto com as primeiras etapas do empreendimento
Segundo Fabrício (2002), os projetos do produto restringem-se, normalmente, a
fornecer informações sobre o produto (forma, dimensões, etc.) sem preocupação com o
Sistema de Produção da construtora, e sem entrar em detalhes de como e em qual
sequência produzir; além de, muitas vezes, como destaca Franco (1992), não possuem
um nível de detalhamento e integração adequados, que esclareçam todas as
características e interfaces do produto.
34
O mesmo autor menciona que de acordo com Farah (1992), a tendência na construção
tradicional é tratar os projetos como responsáveis pelas indicações da forma e das
características tecnológicas do edifício e não de sua produção. Para a autora, o projeto
é visto como um projeto de produto sem indicações de como produzi-lo e, muitas vezes,
não caracteriza completamente o produto, deixando para a etapa de obra a definição de
características do produto e a seleção de materiais ou componentes a serem utilizados.
Em síntese, Fabrício (2002) apresenta que os processos de projeto mais tradicionais
acabam sendo orientados para a definição do produto sem considerar adequadamente
a forma e as implicações quanto à produção das soluções adotadas. Além disso, é
comum que as especificações e detalhamentos de produto sejam incompletos, falhos e
incompatíveis e acabem tendo que ser modificados ou resolvidos durante a obra,
quando a equipe de produção decide improvisadamente sobre características e
especificações do edifício não previstas em projeto. A participação das construtoras,
subempreiteiros, fornecedores de materiais e usuários na elaboração dos projetos é, na
maioria dos casos, bastante limitada.
Conforme exposto em Fabrício et al. (1999b), a própria organização sequencial do
empreendimento dificulta a intervenção da construtora e do usuário no processo de
projeto, já que estes agentes são mobilizados posteriormente à fase de concepção do
produto. Por outro lado, como destaca Maciel (1997), a influência do promotor é
potencialmente significativa ao longo de todo o processo. De fato, mesmo o promotor,
apesar de influente, participa dos projetos de forma difusa, com uma missão de
gerenciamento e, às vezes, de validação de uma ou outra solução de projeto, mas, ao
contrário da etapa de programação, não desempenha nenhum papel de concepção no
projeto do produto e do processo.
Fabrício (2002) considera que se o diagnóstico permanece válido para a maioria dos
empreendimentos de construção brasileiros, a situação atual aponta para um
engajamento gradativo das empresas de construção e promoção na elaboração de
projetos para produção de suas obras, especialmente nos mercados mais dinâmicos e
competitivos como o da cidade de São Paulo. Na maioria dos empreendimentos que
têm projetos para produção, a sua realização ocorre posteriormente aos projetos do
35
produto, o que inibe a interatividade com as soluções técnicas adotadas nos projetos de
produto. Conforme destacam Maciel; Melhado (1995), embora os projetos para
produção possam ser realizados posteriormente à definição do produto, esta prática
sequencial limita seu potencial de influência na qualidade do processo de projeto e na
racionalização da obra.
Em sua tese de doutorado, Romano (2003) afirma que “Na prática, as empresas
usualmente contratam, ou se dão por satisfeitas, apenas com algum detalhamento do
produto e o projeto de fôrmas, sem contar que, como cada vez mais se torna comum o
início da execução antes do término do projeto, com frequência os projetos chegam a
obra somente durante, ou mesmo após, a construção dos elementos neles descritos”.
Para Silva (2003) os projetos para a produção de alvenarias exercem, já, a importante
função de ferramenta auxiliar na coordenação de projetos, constituindo-se em um
instrumento efetivo para a compatibilização e integração entre as disciplinas de projeto
e entre estas e as atividades de produção, uma vez que seu desenvolvimento favorece
a troca frequente e continuada de informações entre os diversos intervenientes no
processo de concepção.
2.5 Processo de projeto
O setor da construção civil vem se modernizando em determinados ambientes
produtivos, e dentre as iniciativas tomadas neste sentido, às ações relacionadas ao
processo de projeto estão em grande destaque, objetivando melhorias tanto em relação
aos resultados dos projetos como em relação ao gerenciamento do próprio processo
(NOVAES, 2001).
Para Assumpção; Fugazza (2001) o estudo do processo de projeto é decorrente da
necessidade de compatibilização das informações geradas pelos diversos parceiros
durante a etapa de desenvolvimento e coordenação dos projetos, e também do interrelacionamento dos produtos e prazos necessários para o desenvolvimento do
empreendimento. Ainda de acordo com este autor, ao estruturar um modelo para
36
planejamento do processo de projeto "é necessário o entendimento do fluxo de
desenvolvimento das ações e produtos decorrentes, para estabelecer as relações,
critérios e parâmetros que delimitem os prazos mínimos necessários na execução dos
produtos de cada parceiro, considerando-os parte de uma sequência”.
Assim, uma das primeiras ações para estruturar o processo de projeto é a definição e
caracterização de suas etapas que segundo Souza et al. (1995) a divisão do processo
de desenvolvimento de projeto em etapas tem como objetivos:
• definir o escopo e conteúdo de cada projeto, com os elementos técnicos a ele
relacionados, etapas do trabalho, informações necessárias ao seu desenvolvimento,
produtos e serviços a serem obtidos;
• normalizar os procedimentos para a elaboração coordenada dos projetos;
• proporcionar o controle da qualidade do projeto de arquitetura e dos projetos como um
todo;
• visualizar a complexidade e a necessidade de interação entre o projeto de arquitetura
e todos os projetos complementares;
• otimizar a definição de um cronograma e o detalhamento da estimativa de custos das
obras através de projetos bem concebidos e detalhados;
• uniformizar e padronizar os procedimentos e critérios de contratação e remuneração
dos serviços.
A divisão do processo de projeto em etapas não conta com um padrão consolidado no
mercado. Tzortzopoulos (1999) afirma que a falta de padronização “tende a ser
incrementada pelo fato dos intervenientes do processo ser especializados no
desenvolvimento de projetos específicos, e terem uma compreensão diferenciada do
conteúdo técnico de cada uma das etapas”.
Existem várias propostas para a definição das etapas do processo de projeto
exemplificadas em Souza et al. (1995), NBR 13531 (ABNT, 1995), Assumpção;
37
Fugazza (2001), Tzortzopoulos (1999), Jobim et al. (1999), Picchi (1993) e Melhado
(1994).
Mais tradicionalmente, o processo de projeto apresenta uma característica sequencial
de elaboração, a qual recentemente vem sendo substituída por uma elaboração
simultânea decorrente da constatação de melhorias significativas na qualidade dos
produtos finais.
Esta forma de desenvolvimento vem sofrendo alterações nos últimos anos, através de
ações propostas para a melhoria do processo de projeto. Entre estas ações, Melhado
(1994) e Novaes (2001) destacam que o desenvolvimento dos projetos deve ser
realizado por uma equipe multidisciplinar, e de acordo com Melhado (1994)
supervisionada por um coordenador de projetos.
A importância da coordenação de projetos tem sido destacada no mercado pelo seu
caráter de suporte gerencial e técnico para o desenvolvimento dos projetos.
Picoral (2002) entende a coordenação de projetos como “a atividade capaz de subsidiar
todos os projetistas intervenientes no processo com diretrizes bem definidas e
documentos de referências atualizados; detectar e compatibilizar os problemas de
interface entre os diversos projetos e entre estes e o processo construtivo antes do
início da obra, tendo como resultado um conjunto de documentos (projetos) que
atendam plenamente a concepção proposta pelo projeto arquitetônico e os meios
previstos para a produção do empreendimento”.
Ainda de acordo com a autora, para conseguir uma coordenação de projetos eficiente
deve-se pressupor a atividade de uma equipe multidisciplinar trabalhando com as
mesmas diretrizes e com um fluxo de informações adequado entre os diversos
intervenientes da etapa de elaboração de projetos, sendo de grande importância que
todos os agentes envolvidos tenham ciência das regras propostas.
Verifica-se no mercado muitas dificuldades no desenvolvimento da coordenação dos
projetos, de acordo com Franco (2000):
• investimento na atividade de projeto;
38
• equipes de projeto realmente participativas;
• remuneração por um trabalho melhor e mais completo;
• prazos compatíveis para o desenvolvimento do projeto;
• cronograma único aceito e respeitado por todos os projetistas;
• definição das etapas de projeto;
• definição de critérios de qualidade de projeto;
• poder de decisão do coordenador;
• informações suficientes, com relação a: prefeitura, bombeiros, órgão financiador,
levantamentos planialtimétricos, sondagens, etc.;
• definição do processo construtivo a ser empregado;
• regras de apresentação dos projetos.
As dificuldades do processo de projeto são apontadas também por outros autores, entre
eles: Baía (1998), Grilo et al. (2001), Tzortzopoulos (1999), Novaes (1998) e
Nascimento & Formoso (1998), de acordo com estes autores verificam-se as seguintes
dificuldades do processo de projeto:
Planejamento e desenvolvimento
• má qualidade de comunicação;
• falta de planejamento das etapas;
• desenvolvimento fragmentado e sequencial dos projetos;
• a contratação isolada dos profissionais com base em critérios econômicos
estimulando uma atuação independente;
• a incipiência na gestão de interfaces limitando a integração entre os agentes;
39
• a carência de mecanismos formais para a detecção das necessidades dos clientes e
sua conversão em produtos e processos compatíveis com suas expectativas, com
consequente má interpretação das necessidades do cliente (usuário final) para o
produto;
• postergação da contratação do projeto de estruturas e sistemas prediais;
• falta de procedimentos e indicadores de controle da qualidade;
• ausência de um representante da produção durante o desenvolvimento dos projetos;
• ausência de formulação de exigências dos clientes (cliente internos), quanto ao
processo de projeto e seus resultados, detalhamento e formas de representação;
• decisões tomadas durante o desenvolvimento de projetos que não consideram as
particularidades da produção das edificações.
Erros de projeto
• erros de medida de projeto;
• incompatibilidade entre os projetos;
• excesso de retrabalho resultante de alterações no projeto por parte do contratante;
• ausência de coordenação entre os projetistas;
•
uso
incorreto
das
informações
disponíveis
ou
emprego
de
informações
desatualizadas;
• má interpretação de normas de projeto.
Muitas destas dificuldades poderiam ser evitadas através de uma coordenação eficiente
responsável pelo planejamento, controle, análise crítica e compatibilização dos projetos.
Além de um coordenador eficaz, são necessárias ferramentas de planejamento e de
comunicação que garantam a gestão do fluxo de informações e o planejamento da
atividade de projeto.
40
A gestão do fluxo de informações se faz necessária para garantir o resultado do
processo de projeto. Novas tecnologias de informação surgem como propostas para
tornar o gerenciamento e compartilhamento das informações de um empreendimento
mais ágil, preciso e dinâmico, com a participação de todos os agentes envolvidos.
(OHASHI, 2001).
A coordenação dos projetos e o suporte gerencial obtido com as tecnologias de
informação são essenciais para o processo de projeto, porém de nada adiantam se os
agentes envolvidos não tiverem uma postura participativa e integradora.
Os agentes envolvidos no processo de projeto devem ser conscientizados da
importância do desenvolvimento simultâneo dos projetos e da necessidade do
cumprimento de suas atribuições com fornecimento preciso de informações.
De acordo com Melhado (2001) observa-se no mercado uma tentativa de se alcançar
uma maior integração entre empresa, seus projetistas, fornecedores e subempreiteiros.
Estes agentes têm procurado unir esforços, anteriormente isolados, formando parcerias
e estratégias de ação conjunta, visando o desenvolvimento integrado, a redução de
custos e a conquista de novos mercados.
Muitas iniciativas têm sido tomadas para a melhoria do processo de projeto, e segundo
Melhado (2001), está sendo estabelecida no mercado uma nova concepção do
processo de projeto – processo multidisciplinar, com inúmeros polos de decisão,
realidade dos fatos e que só reforça a necessidade de métodos claros e objetivos de
gestão.
2.6 Coordenação de projeto
Segundo FONTENELLE (2002), é ainda inexistente no meio acadêmico profissional um
consenso com relação ao próprio conceito, funções e métodos a serem empregados na
atividade de coordenação do processo de projeto, fato esse que pode ser explicado até
certo ponto, na medida em que, além de se tratar de uma função recente, existem
vários arranjos possíveis e contextos mercadológicos em que se desenvolve um
41
empreendimento imobiliário (e que condicionam o próprio nascimento do projeto), bem
como pela grande heterogeneidade tecnológica, gerencial e de porte existente entre as
muitas empresas que operam nesse subsetor.
Souza (1997) define a coordenação de projeto como a "função gerencial a ser
desempenhada no processo de elaboração de projeto, com a finalidade de assegurar a
qualidade do projeto como um todo durante o processo. Trata-se de garantir que as
soluções adotadas tenham sido suficientemente abrangentes, integradas e detalhadas
e que, após terminado o projeto, a execução ocorra de forma contínua sem
interrupções e improvisos devidos ao projeto".
Franco (1992) afirma que há objetivos que devem ser concretizados pela ação dos
coordenadores de projeto, sendo eles: definir de modo claro e preciso os objetivos e
parâmetros a serem seguidos na elaboração dos projetos; gerenciar e compatibilizar as
interferências existentes entre diferentes projetos; promover a comunicação entre os
participantes do projeto e coordenar as soluções das especialidades existentes; integrar
o processo produtivo e as soluções de projeto da empresa, além de garantir um projeto
final de qualidade.
A
função
deste
coordenador,
segundo
MELHADO
(1994), seria
garantir
a
compatibilização do trabalho de todos os membros da equipe colaborando para a
coordenação no âmbito geral. MELHADO (2001) também defende que a atividade do
projeto deixa cada vez mais de ser um trabalho individual e se torna mais um trabalho
coletivo, devendo haver interação entre os profissionais, para que haja aprendizado da
equipe.
Para Melhado et al. (2005), não há um perfil ideal para exercer o papel de coordenador
de projetos, para que as exigências da função sejam cumpridas. Existiriam dois
modelos: o primeiro é o modelo tradicional onde a coordenação de projetos é exercida
por uma equipe interna da empresa construtora (engenheiro ou arquiteto) ou pela
empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto de arquitetura (engenheiro ou
arquiteto); e o segundo modelo um pouco mais independente, no qual é contratado um
profissional ou uma empresa específica para desenvolver esta atividade.
42
Adesse (2002) defende o uso do modelo mais independente, utilizando um coordenador
externo em detrimento a um profissional da empresa implicada, para que haja
imparcialidade no serviço e para que a responsabilidade do sucesso e do fracasso seja
exclusivamente deste coordenador de projetos.
Em julho de 2008 foi publicado um informativo na revista Téchne sobre a temática
"quem deve coordenar projetos". Para José Maurício de Almeida “a coordenação de
projetos deve ser realizada por um engenheiro contratado pela construtora. Todavia, a
arquitetura deve estar representada por profissional de poder de decisão nas reuniões
deliberativas, pois só assim as interferências são resolvidas resultando num produto
final econômico e tecnicamente idealizado”.
Renato Avelino afirma que "a coordenação de projetos deve, necessariamente, ser
conduzida por profissional com larga experiência em administração de conflitos e
gestão de conhecimentos; preferencialmente que o faça com bom senso e respeito à
ética".
Carlos Alberto Squeff Sahb diz que "no caso de edifícios residenciais multipavimentos,
por exemplo, o Projeto de Arquitetura deve ser entendido como ponto de partida e ao
mesmo tempo ponto de chegada após a compatibilização com os demais. Para tanto,
os projetistas com os "espíritos desarmados", o empreendedor e o construtor devem
adotar como referencial básico o atendimento das exigências do usuário. Nesse
sentido, todos devem estar focados nas soluções que garantam os desempenhos
mínimos para o apartamento e o edifício como um todo. Assim, a coordenação deve ser
desempenhada pelo profissional que melhor se enquadre nesta forma de condução,
seja ele o empreendedor, o construtor ou arquiteto. O importante é buscar a satisfação
do usuário, assegurando altos níveis de qualidade no empreendimento".
De acordo com Alex Sandro Oliveira de Lira, “a coordenação de projetos deve ser
executada por um profissional especializado, multidisciplinar, que esteja atento às
necessidades do cliente, principalmente no que se refere às determinações das normas
técnicas. Com base nesse conhecimento, o mais apto é o engenheiro, o que exige dos
arquitetos um maior aprofundamento em ramos não conhecidos.”
43
Ferreira (2001) argumenta que coordenação de projeto apresenta três tipos de
atividades: a primeira ligada à tomada de decisões estratégicas de projeto; a segunda
referente ao planejamento e controle do andamento do processo de projeto; e uma
terceira ligada à coordenação e compatibilização entre as soluções de projeto. Defende
também que a coordenação do projeto poderia ser exercida por um único profissional
que cumpre as diferentes funções ou poderia ser delegada a duas ou três pessoas
especializadas em uma das funções.
Contudo, FABRICIO (2002) diz parecer mais simples e, provavelmente, eficaz manter
estas diferentes funções a cargo de um único profissional de forma a facilitar a
delimitação de responsabilidades e o fluxo de informações.
Novaes; Fugazza (2002) destacam que há três principais alternativas de designação da
coordenação de projetos encontradas no mercado paulista: a coordenação a cargo do
arquiteto projetista da obra; a coordenação assumida por um departamento ou
profissional (arquiteto ou engenheiro) da empresa construtora; ou a contratação de uma
empresa de consultoria especializada na coordenação de projetos.
Ainda segundo estes autores, os aspectos positivos da contratação dos arquitetos da
obra como coordenador de projetos são: agilidade no desenvolvimento e maior
conhecimento do projeto arquitetônico, além de uma elaboração simultânea do projeto
arquitetônico com a coordenação dos demais projetos. Como aspectos negativos estão:
não intervenção nas soluções especializadas dos demais parceiros, posicionamento
passivo diante das soluções apresentadas pelos outras projetistas e a pouca
objetividade de reuniões de definições especificas para os projetos.
Porém, segundo estes autores, na contratação de engenheiros ou arquitetos da
empresa construtora há outros aspectos positivos, como por exemplo: facilitação do
fluxo de informações entre os projetistas, pelo direcionamento das soluções técnicas
para as necessidades da empresa, amplo conhecimento do projeto pelo coordenador, e
apoio à realização dos projetos do produto e da produção, enfatizando a necessidade
de compatibilização de soluções. Existem outros aspectos negativos, como exemplo:
pouco tempo de permanência na obra devido à alta ocupação dos profissionais, demora
44
na tomada de decisões devido as grandes repercussões na parte técnica e econômica
da própria empresa, e ao trâmite burocrático do coordenador ao agir na mediação de
discussões entre projetistas.
Ainda segundo estes dois autores, existe a possibilidade de um coordenador
especialidade em consultoria. Os aspectos positivos são: a existência de profissionais
de alto nível técnico no mercado de construções de edifícios do Brasil, agilidade no
desenvolvimento de soluções de projeto, já que possui conhecimento acumulado de
várias construtoras diferentes. Alguns aspectos negativos são: pouco poder no âmbito
do controle de cobrança de metas e resultados, já que projetistas são contratados pela
empresa construtora e não pelo coordenador. Outro ponto negativo é a ausência de
responsabilidade efetiva sobre o produto final, havendo maior preocupação com a
imagem pessoal do coordenador. Um terceiro ponto seria a morosidade provocada pelo
pagamento ao coordenador ser efetivado em horas de serviço.
45
CAPÍTULO 3
3. ALVENARIA ESTRUTURAL
3.1 Histórico da alvenaria
3.1.1 Alvenaria no mundo
A alvenaria estrutural vem sendo utilizada há muitos séculos como sistema construtivo
de grande destaque quantitativo, uma vez que proporciona uma construção
relativamente fácil de executar. Porém, sem o respaldo técnico adequado, ficou sujeita
durante um longo período de tempo a técnicas não sistematizadas e ao empirismo, não
havendo o comprometimento de uma formação sólida no assunto.
Temos como exemplo de uma das mais antigas construções registradas em alvenaria
as pirâmides de Gize, que foram construídas no Egito Antigo em blocos de pedra que
datam de aproximadamente 2600 anos antes de Cristo. A Grande Pirâmide, mostrada
na figura 3.1, túmulo do faraó Quéops, tem uma base quadrada de 230 m de lado e 147
m de altura. Em sua construção foram utilizados aproximadamente 2,3 milhões de
blocos.
Figura 3.1 - Pirâmide de Quéops
46
Outro marco para a alvenaria estrutural foi o Farol de Alexandria. Esta edificação era
constituída de uma torre construída em 280 a.C. na ilha de Faros para servir como um
farol. Seu projetista foi o arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido. Com 134 m
de altura e construído em mármore branco, possuía um engenhoso sistema de
iluminação, constituído de vários espelhos que refletiam a luz em diferentes direções
(figura 3.2). Infelizmente foi destruído por um terremoto no século XIV.
Figura 3.2 – Farol de Alexandria
Um terceiro marco nas construções em alvenaria foi o Coliseu Romano, que com
capacidade para aproximadamente 50 mil pessoas mostrava grande opulência. Com
seus mais de 500 metros de diâmetro e 48 metros de altura, foi uma das maiores
construções do império romano. Possuía inúmeros arcos, que suportavam toda a
estrutura, como mostrado na figura 3.3.
47
Figura 3.3 – Coliseu Romano
Caminhando na historia, é possível ver que na idade média grandes catedrais foram
construídas com vãos consideráveis, utilizando estruturas comprimidas. Um dos
exemplos é a catedral de Notre Dame, construção do século XIII. Possui arcos
apoiados em pilares e paredes grossas, variando de 2 a 2,5 metros, típicas de catedrais
antigas.
Figura 3.4 – Catedral de Notre Dame
48
Com o surgimento do cimento hidráulico, na metade do século XIX, os construtores
passaram a ter uma nova opção de elemento resistente. Iniciou-se, então, na Europa,
em 1850, a fabricação de blocos de concreto simples, pré-moldados, maciços, que se
demonstraram de difícil aplicação. Em 1866, surgiram as técnicas de fabricação dos
blocos vazados (OLIVEIRA, 1986).
No período entre 1889 a 1891 foi construído em Chicago o edifício Monadnock, símbolo
clássico da moderna alvenaria estrutural e mais um marco para a história desse sistema
construtivo. Ousou em seu projeto, com altura de 62 m e com a constituição de 16
pavimentos, explorando os limites existentes, naquela época, aos edifícios de alvenaria.
Por causa da falta de dimensionamento, foram empregadas paredes de 1,80 m de
espessura na base, havendo o funilamento à medida que se subiam os andares.
Acredita-se que se fossem utilizados procedimentos atuais, com os mesmos materiais,
essa espessura não ultrapassaria os 30 cm.
Figura 3.5 e 3.6 – Prédio Monadnock. Foto atual e antiga, da esquerda para a direita.
A alvenaria estrutural entrou em declínio no fim do século XIX e início do século XX,
quando o concreto armado surgiu e o aço começou a ser utilizado na construção civil,
pois esses elementos permitiam a construção de estruturas mais esbeltas e de grande
altura com vantagens técnicas e econômicas, fazendo a função da alvenaria se limitar à
49
vedação, ocasionando um breve período de pausa nas pesquisas nessa área. Porém,
com o advento da segunda guerra mundial, houve o incentivo de novos estudos sobre
alvenaria pela escassez daqueles materiais.
Na Suíça, em 1951, Paul Haller construiu um edifício com 42 m de altura e 13
pavimentos, utilizando-se da alvenaria não armada. As paredes internas e externas
possuem espessura de respectivamente 15 e 37,5 cm. Considerando-se essas
informações, pode-se concluir que o dimensionamento da espessura das paredes
provavelmente foi realizado com base em procedimentos internacionais ainda vigentes.
Desde essa edificação, toda obra que usa deste sistema construtivo deve passar por
projetos guiados a partir de normas técnicas e manuais.
Outra obra de destaque na alvenaria estrutural é o Hotel Excalibur, localizado em Las
Vegas, EUA, que é considerado o mais alto edifício em alvenaria estrutural da
atualidade. O complexo do hotel é formado por quatro torres principais, com 28
pavimentos cada. As paredes estruturais foram executadas em alvenaria armada de
blocos de concreto e a resistência à compressão especificada na base, foi de
aproximadamente 28 Mpa.
Figura 3.7 – Hotel Excalibur
50
3.1.2 Alvenaria no Brasil
Segundo Garcia (2000), a alvenaria estrutural permaneceu subutilizada por muitos anos
no Brasil. Isso ocorreu devido a fatores como o maior domínio da tecnologia do
concreto armado e a pouca divulgação desse sistema construtivo no conteúdo
programático das universidades brasileiras. Somente a partir dos anos sessenta, os
blocos estruturais de concreto começaram a ser usados na construção de edifícios.
No fim do século XIX e começo do século XX, o largo emprego das estruturas de aço
na Europa, e a facilidade de importação, acabam por serem determinantes na utilização
deste sistema nas grandes obras nacionais até os anos 20. Temos como exemplo a
Estação da Luz, em São Paulo, que foi uma estrutura importada da Inglaterra, e,
montada neste período.
Porém, o emprego da alvenaria estrutural no Brasil antecedeu as pesquisas sobre este
assunto, que tiveram início no final da década de 70 em São Paulo, segundo
CAMACHO (1986). Esse fato não só levou ao não completo entendimento da alvenaria
estrutural, como também gerou certa confusão no meio técnico. Consequentemente, a
nova técnica não foi bem utilizada e seguiram-se algumas normas de outros países,
como os Estados Unidos, exemplificando, incompatíveis com a realidade brasileira e
com os materiais aqui utilizados, principalmente em se tratando da alvenaria estrutural
armada. Portanto, pode-se dizer que a fase inicial da alvenaria estrutural no Brasil teve
um caráter experimental.
Em meados da década de 60 foi introduzida no Brasil a alvenaria estrutural de blocos
vazados de concreto, em prédios de até 4 pavimentos, com procedimentos ainda
baseados em normas estrangeiras. Em 1966, foram construídos os primeiros prédios
em alvenaria armada de blocos de concreto, o conjunto habitacional “Central Parque da
Lapa”, em São Paulo, SP (figura 3.8). Em 1972, foram construídos outros quatro
edifícios com doze pavimentos nesse mesmo conjunto. Todas estas construções
representaram um marco nacional na utilização dessa técnica.
51
Figura 3.8 - Conjunto Habitacional “Central Parque da Lapa”
Outra edificação que marcou o desenvolvimento da alvenaria estrutural no Brasil é o
Edifício Murity, com 16 pavimentos, localizado na cidade de São José dos Campos, que
é considerado um dos maiores já construídos nesse país.
Figura 3.9. Edifício Murity
52
Segundo Darini (2006), a partir de 1990 houve uma crescente conscientização de que
seria possível aperfeiçoar a alvenaria estrutural no sentido de minimizar as suas
manifestações patológicas, aperfeiçoar técnicas construtivas e o cálculo estrutural,
buscando conseguir um perfeito resultado final para a obra com a tradicional redução
de custos que este sistema alcança.
Por ser um sistema construtivo de forma racionalizada que tem demonstrado vantagens
técnicas e econômicas, hoje em dia pode-se verificar no Brasil uma expressiva
quantidade de edifícios projetados e construídos em alvenaria estrutural, principalmente
prédios habitacionais.
Parsekian e Moraes (2010) afirmam que “é comum observarmos o uso da alvenaria
estrutural em empreendimentos habitacionais de larga escala, onde as exigências de
racionalização, planejamento, controle, rapidez e custo são mais bem contempladas
pela opção do sistema de alvenaria estrutural”.
Segundo Mauro Santos (2008), “a alvenaria vem se destacando, no Brasil, como uma
das formas mais viáveis de empreendimento estrutural. Sendo assim, cresceu
significativamente, nos últimos anos, a partir da consolidação de suas técnicas
construtivas e da necessidade de racionalização, frente à concorrência no campo da
construção civil. Este sistema também se mostra apropriado a suprir o déficit
habitacional dos países em desenvolvimento, por adequar-se às tecnologias e
necessidade locais e desenvolver um processo racional, desde o projeto a execução da
obra”.
3.2 Definições
É importante fazer uma introdução com a definição dos conceitos básicos da alvenaria
estrutural que serão largamente utilizados neste presente capítulo e no subsequente.
53
3.2.1. Componentes da alvenaria estrutural
Entende-se por componente da alvenaria estrutural uma entidade básica, ou seja, algo
que compõe os elementos que, por sua vez, comporão a estrutura. Os componentes
principais da alvenaria estrutural são: blocos, ou unidades; argamassa; graute e
armadura. (RAMALHO e CORRÊA, 2003).
Os componentes podem ser definidos da seguinte maneira:
Bloco: Martins (2001) define a unidade da alvenaria (bloco) como um componente
industrializado, de dimensões e peso que o fazem manuseável, de formato
paralelepipedal.
Argamassa: Santos (2008) define argamassa como “uma mistura homogênea de
agregados miúdo(s), aglomerante(s), inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos,
com propriedade de aderência e endurecimento”.
Graute: segundo Martins (2001), “o graute é o resultado da mistura de materiais
aglomerantes, agregados e água, com ou sem aditivos, em proporções tais que se
obtenha uma consistência líquida sem segregação de seus constituintes. Sua finalidade
é de solidarizar as armaduras aos blocos de alvenaria, garantindo o funcionamento
como estrutura armada, influindo, inclusive na resistência mecânica à compressão das
paredes, com vazios preenchidos, sem aumentar a espessura da parede”.
Armadura: são as barras de aço utilizadas nas construções em alvenaria, que estão
sempre acompanhas do envolvimento do graute, para garantir o trabalho conjunto com
o restante dos componentes da alvenaria.
3.2.2.Elementos da alvenaria estrutural
Os elementos são uma parte suficientemente elaborada da estrutura, sendo formados
por pelo menos dois dos componentes básicos. Como exemplos de elementos podem
ser citados: paredes, cintas, vergas, contravergas, etc. (RAMALHO e CORRÊA, 2003)
54
Pode-se definir cada um dos elementos da seguinte maneira:
Parede:
- Estrutural: é toda parede que participa da estrutura, servindo de apoio às lajes e a
outros elementos da construção.
- Não estrutural: é toda parede que não participa da estrutura, impondo o carregamento
às lajes ou a outro elemento da estrutura.
Cinta: elemento usualmente composto de uma canaleta grauteada e armada, ou um
conjunto delas, que pode estar apoiado ou não em outros elementos da estrutura
(vergas, contravergas e lajes), que tem por finalidade principal distribuir as cargas de
modo continuo às paredes.
Verga: elemento estrutural colocado sobre vãos e aberturas de portas e janelas
principalmente, formada de uma ou mais canaletas grauteadas e armadas. Tem a
função principal de resistir a carregamentos.
Contraverga: elemento estrutural colocado sob vãos e aberturas de janelas
principalmente, formada de uma canaleta grauteada e armada. Tem a função principal
de resistir a tensões concentradas nos cantos de abertura.
3.2.3 Estruturas armadas e não armadas
Accetti (1998) apresenta que segundo a ABNT (NBR-10837), alvenaria estrutural não
armada de blocos vazados de concreto é “aquela construída com blocos vazados de
concreto, assentados com argamassa, e que contém armaduras com finalidade
construtiva ou de amarração, não sendo esta última considerada na absorção dos
esforços calculados”. Já alvenaria estrutural armada de blocos vazados de concreto,
segundo a mesma referência, é “aquela construída com blocos vazados de concreto,
assentados com argamassa, na qual certas cavidades são preenchidas continuamente
com graute, contendo armaduras envolvidas o suficiente para absorver os esforços
calculados, além daquelas armaduras com finalidade construtiva ou de amarração”.
55
3.2.4 Bloco
Bloco é um componente indispensável no desempenho das funções de vedação,
habitabilidade, execução de alvenarias modulares e função estrutural (na alvenaria
estrutural).
Os blocos podem ser classificados de duas maneiras: maciço ou vazado. A figura 3.9
mostra as diferenças.
Figura 3.10 – Diferença entre blocos vazados e maciços
Existem, no mercado, diversos modelos de blocos, atendendo a diversas linhas de
modulação. Na modulação brasileira, é comum encontrar as famílias de bloco de 19x29
(figura 3.11), 14x39 (figura 3.12) e 19x39 (figura 3.13).
56
Figura 3.11 – Família de blocos 14x29
Figura 3.12 – Família de blocos 14x39
57
Figura 3.13 – Família de blocos 19x39
58
CAPÍTULO 4
4. O PROJETO DE ALVENARIA ESTRUTURAL
4.1. Lançamento estrutural
Segundo Duarte (1999), quando a alvenaria portante ou estrutural é utilizada em
prédios, restrições são criadas à versatilidade dos ambientes. Aspectos como
volumetria, simetria e dimensão máxima dos vãos devem ser observados levando-se
em conta o conhecimento das características dos materiais disponíveis localmente para
que o investimento seja viável. Ao contrário dos prédios estruturados por pórticos de
concreto ou aço, nos prédios em alvenaria estrutural as paredes servem não apenas
para a vedação, mas também resistem as cargas de peso próprio, cargas acidentais e
ao esforço horizontal devido à ação do vento. As paredes são usadas no lugar dos
pilares e vigas, constituindo a estrutura vertical do prédio. Assim sendo, o projeto de
prédios em alvenaria estrutural deve cuidar dos seguintes aspectos:
- compatibilizar as instalações hidrossanitárias e elétricas com os projetos arquitetônico
e estrutural;
- prover o prédio com juntas adequadas para permitir as naturais movimentações
causadas por variações de temperatura e umidade;
- alinhar verticalmente as paredes portantes;
- verificar a estabilidade vertical e horizontal sob a ação do vento;
- limitar os recalques diferenciais das fundações;
- escolher adequadamente blocos e argamassas de modo a assegurar a segurança
estrutural necessária ao prédio.
59
4.1.1. Coordenação modular
Um dos requisitos para que uma edificação em alvenaria estrutural seja realizada de
modo econômico e racional é a utilização da modulação. Já que os blocos não devem
ser cortados, se as dimensões do edifício não forem moduladas, os enchimentos
resultantes certamente levarão as paredes a trabalhar isoladamente, o que penalizará
em demasia a economia do conjunto e a racionalização da obra. Portanto, para que a
construção em alvenaria possa ter grande parte de seu potencial alcançado, é
necessário que todas suas dimensões (largura, comprimento e altura) sejam
moduladas.
4.1.1.1. Modulação horizontal
O módulo horizontal é definido através da largura e comprimento do bloco. Segundo
Ramalho e Corrêa (2003), é importante que o comprimento e a largura sejam iguais ou
múltiplos, de maneira que efetivamente se possa ter um único módulo em planta. Se
isso ocorrer, a armação das paredes será simplificada, havendo ganhos significativos
em termos de racionalização do sistema construtivo.
A escolha da modulação horizontal é fortemente influenciada pelo projeto arquitetônico,
uma vez que, dependendo do modulo escolhido (15 cm ou 20 cm) todas as medidas
terão que ser múltiplas desse modulo especifico, o que pode limitar o arquiteto em seu
projeto, tanto na ordenação dos elementos de uma forma coerente, quanto na
harmonização espacial. Outros fatores de grande influência na escolha do módulo são
enumerados a seguir: distância do fornecedor e número de fornecedores viáveis.
4.1.1.2. Modulação vertical
A modulação vertical, ao contrário da modulação horizontal, raramente provoca
mudanças no projeto arquitetônico. Normalmente essa modulação é feita com múltiplos
de 20 cm, altura comum de blocos comercializados no mercado. Há duas maneiras de
60
se realizar essa modulação. A primeira considera a medida modular de piso a teto, com
uso de blocos J nas terminações das paredes de extremidades e canaletas nas
terminações de paredes internas (figura 4.1). A segunda maneira considera a medida
modula de piso a piso. Nas terminações de paredes das extremidades usa-se um bloco
J, porem com altura menor, capaz de acomodar a laje e compensadores nas
terminações de paredes internas.
Figura 4.1 – Exemplo de modulação vertical de piso a teto
4.1.1.3. Blocos
Muitos blocos diferentes podem ser utilizados em uma edificação em alvenaria
estrutural. Dependendo do tipo de bloco a ser utilizado, maciço ou vazado, cerâmico ou
de concreto, existem dimensões usualmente encontradas. As mais comuns combinam
comprimentos e larguras múltiplos de 15 cm ou 20 cm, porem, é possível achar também
outras medidas modulares, como por exemplo, 12 cm. Quando são usados blocos com
61
modulação de 15 cm, é comum encontrar três tipos principais de blocos, todos com 15
cm de largura: 15 cm, 30 cm e 45 cm (figura 4.2). Na figura 4.3 é possível observar um
exemplo de modulação de 15 cm.
Figura 4.2 – Principais blocos da modulação de 15 cm
Figura 4.3 – Exemplo de modulação de 15 cm
62
Quando são usados blocos com modulação de 20 cm, com comprimento combinado
entre blocos e meio blocos, a largura costuma ser de 15 cm ou 20 cm (figura 4.4). Na
figura 4.5 é possível observar um exemplo de modulação de 20 cm.
Figura 4.4 – Blocos utilizados na modulação de 20 cm
63
Figura 4.5 – Exemplo de modulação de 20 cm
4.1.1.4. Amarração de paredes
Accetti (1999) afirma que é altamente recomendado, na planta de um prédio, amarrar
duas ou mais paredes que se encontrem. Esta amarração permite a uniformização das
cargas, transmitindo ações de uma parede para outra, o que alivia uma parede muito
carregada e acrescenta tensões em outra menos carregada. Esta uniformização é ótima
para a economia, uma vez que a resistência dos blocos de um pavimento é dada pela
tensão atuante na parede mais solicitada, já que não é comum serem usados blocos
com resistências diferentes em um mesmo pavimento, por razões operacionais.
Ainda segundo Accetti (1999), "a amarração de paredes contribui na prevenção do
colapso progressivo, pois provê a estrutura de caminhos alternativos para transferência
de forças no caso de ocorrência de uma ruina localizada provocada por uma ação
excepcional. Além disso, a amarração serve de contraventamento para as paredes".
Segundo Racanicchi (2001), “as paredes deverão ser unidas, preferencialmente, por
interpenetração dos componentes em fiadas alternadas, amarrando-se as paredes com
os próprios componentes. Essa ligação permite a redistribuição contínua e uniforme das
tensões atuantes sobre as paredes, componente a componente. Recomenda-se
64
prescrever o preenchimento das juntas verticais entre todos os componentes que se
interceptam”.
Parsekian e Moraes (2010) afirmam que essa amarração pode ser direta, com
sobreposição dos blocos de uma parede na outra a cada 2 fiadas, ou indireta, sem
sobreposição de blocos. Na imagem abaixo é possível ver os dois tipos de amarração.
As figuras 4.6 e 4.7 exemplificam os dois tipos de amarração.
Figura 4.6 – Exemplo de amarração indireta
Figura 4.7 – Exemplo de amarração direta
4.1.2. Forma do prédio
Duarte (1999) destaca que a forma do prédio pode determinar a quantidade e a
distribuição de suas paredes, particularmente as paredes portantes. A distribuição
dessas e a quantidade de pavimentos exercem influência direta na robustez do prédio,
65
bem como na sua capacidade de resistir a esforços horizontais. Deve-se ter em mente
que paredes portantes, ao contrário das divisórias, são fixas, devendo servir não
somente para dividir espaços como, também, para resistir a cargas verticais,
envelopando o prédio (no caso de paredes externas) e protegendo o usuário das
condições externas.
4.1.3. Planta baixa
Fatores tais como a forma, dimensões e orientação dos terrenos, sua relação com os
prédios vizinhos, as rotas internas de comunicação do prédio, as exigências de
iluminação natural estabelecidas nos códigos de edificações bem como as funções a
serem atendidas, exercem grande influência na forma geral e planta baixa do prédio.
4.2. Principais sistemas estruturais
A concepção de estrutura é norteada através da definição de paredes como estruturais
ou não estruturais, referindo-se aos esforços verticais. Três tipos de paredes podem ser
destacados.
4.2.1. Paredes celulares
É descrito por Ramalho e Corrêa (2003) como "um sistema adequado a edificações de
plantas mais gerais, todas as paredes são estruturais. As lajes podem ser armadas em
duas direções, pois há possibilidade de apoiarem-se em todo seu contorno. Suas
aplicações principais dão em edifícios residenciais em geral".
66
Figura 4.8 – Sistema estrutural em paredes celulares
4.2.2. Paredes transversais
Ramalho e Corrêa (2003) ressaltam que as paredes transversais são utilizáveis em
edifícios de planta regular e alongada. As paredes externas são não estruturais, na
direção do maior comprimento, de forma a permitir a colocação de grandes caixilhos. As
lajes são armadas em apenas uma direção, de forma a apoiarem-se sobre as paredes
estruturais. Algumas aplicações podem ser mencionadas: hotéis, hospitais, escolas, etc.
Figura 4.9 – Sistema estrutural em paredes transversais
4.2.3. Sistema complexo
Segundo Ramalho e Corrêa (2003), trata-se da utilização simultânea dos tipos
anteriores, normalmente em regiões distintas da planta da edificação. Interessante para
edificações onde se necessita de alguns painéis externos não estruturais, sendo,
67
entretanto, possível manter-se uma região interna mais rígida, com todas as paredes
com função estrutural.
Figura 4.10 – Sistema estrutural complexo
4.3. Laje
Segundo Duarte (1999), as lajes são de enorme importância porque transmitem às
paredes resistentes a pressão do vento que atuará nas paredes da fachada. As lajes
podem ser classificadas em três categorias:
- rígidas – Lajes maciças de concreto armado ou protendido em ambas as direções.
- semirrígidas – Lajes pré-moldadas com relação entre lados menor ou igual a 3.
- flexíveis – Pavimentos de entrepiso de madeira.
Ainda segundo Duarte (1999), lajes maciças armadas nas duas direções são as mais
indicadas pela rigidez que conferem na distribuição das pressões devidas ao vento e
cargas verticais. Como se apoiam em mais de duas paredes possuem o benefício
adicional de apresentar maior resistência no caso de uma parede resistente de apoio
ser retirada pelo usuário do prédio. Na figura 4.11, é possível observar um exemplo
desse tipo de laje.
68
Figura 4.11 – Laje bidirecional
Duarte (1999) também destaca que lajes armadas em uma só direção possuem o
inconveniente de não evitar que um colapso localizado produza um colapso do tipo
progressivo, ou colapso do tipo progressivo (como em um castelo de cartas) em caso
de acidentes, ou a retirada pelo usuário de uma parede de apoio das lajes. Prédios com
mais de 4 pavimentos, construídos com lajes armadas em uma só direção, necessitam
de verificações mais rigorosas para se evitar o colapso progressivo. Recomenda-se,
nestes casos, apoio das lajes sobre vigas calhas (blocos calhas sobre última fiada da
parede) ou a recomendação escrita aos usuários do prédio de que paredes resistentes
não podem ser removidas.
69
Figura 4.12 – Laje unidirecional
4.4. Vergas e contravergas
Segundo Mamede (2001), as vergas e contravergas são elementos estruturais
essenciais em uma edificação para que o surgimento de patologias indesejáveis, como
as fissuras em regiões próximas às aberturas, seja evitado. Elas são localizadas sobre
(verga – figura 4.13) ou sob (contraverga – figura 4.14) os vãos das aberturas nas
edificações e promovem a distribuição das tensões concentradas nos cantos e a
absorção de trações horizontais nessas aberturas.
Parsekian e Moraes (2010) afirmam que as contravergas e vergas localizadas em vãos
de janelas e portas devem ser executadas utilizando canaletas preenchidas com graute
e armadura, conforme especificado no projeto, com apoio lateral mínimo de 30 cm para
cada lado da abertura, tomando-se os devidos cuidados para que em nenhum caso o
cobrimento da armadura seja menor do que o especificado.
70
Figura 4.13 – Exemplo de verga com bloco canaleta. (modificado)
Figura 4.14 – Exemplo de verga e contraverga com bloco canaleta. (modificado)
71
Segundo Margarete Silva (2003), a interface alvenaria/esquadrias exige o detalhamento
das condições de incorporação dos componentes de fechamento das aberturas, dos
componentes de proteção destas aberturas, eventualmente existentes tais como
peitoris, pingadeiras superiores ou proteções laterais, além dos componentes
destinados a absorver e distribuir tensões concentradas nos vértices das aberturas,
denominados vergas e contravergas.
Para o posicionamento e dimensionamento dos vãos na alvenaria onde serão
instaladas as esquadrias de portas e janelas e correto detalhamento da interface,
deverão estar disponíveis, para o projetista de alvenaria, definições acerca do tipo,
dimensões, sistema de fixação e técnicas de assentamento dos componentes
especificados para sua proteção e fechamento, além do dimensionamento preliminar
das vergas e contravergas.
Figura 4.15 – Verga em porta, com detalhe da ferragem.
72
Para Parsekian e Moraes (2010), é interessante o uso de vergas pré-moldadas, uma
vez que a execução é facilitada ao eliminar a necessidade de execução de canaletas
grauteadas. É indicado que as vergas sejam múltiplas de 15 cm em cada extremidade.
Figura 4.16 – Verga pré-moldada
4.5. Instalações
4.5.1. Instalações elétricas
Parsekian e Moraes (2010) destacam que, como regra geral, as tubulações devem
caminhar sempre na vertical, utilizando os vazados dos blocos para as passagens das
mangueiras, não sendo recomendados cortes horizontais para a interligação dos
pontos.
Os eletrodutos horizontais devem ser embutidos nas lajes ou nos pisos. As caixas de
tomadas e interruptores podem ser previamente fixadas nos blocos, que, por sua vez
73
serão assentados em posições predeterminadas, conforme indicado nas plantas de
elevação das paredes.
Figura 4.17 – Detalhamento das instalações elétricas
74
4.5.2. Instalações hidráulicas
Segundo Tauil e Nese (2010), deve-se utilizar a etapa de projeto para prever todas as
soluções que evitem os rasgos nos blocos para o embutimento das instalações.
Rasgos de paredes significam retrabalho, desperdício, maior consumo de material e
mão de obra e, principalmente, insegurança sob o ponto de vista estrutural devido à
redução da resistência geral.
As soluções recomendadas para a passagem dos dutos hidrossanitários são as
seguintes:
a) utilização de paredes nas quais não exista graute para o embutimento das
tubulações, com passagem das mesmas pelos furos dos blocos.
b) aberturas de passagens tipo shafts.
c) emprego de paredes com espessura menor, sobre as quais são instalados os dutos,
com posterior enchimento da diferença de espessura.
d) emprego de tubulações aparentes.
e) nos casos em que não seja possível a utilização de blocos especiais, recomenda-se
que as aberturas para passagem de tubulação e fixação de registros sejam feitas em
bancadas fora do local do assentamento. A melhor alternativa tanto do ponto de vista
construtivo quanto estrutural, é o uso de shafts.
Silva (2003) acredita que “a incorporação de componentes do subsistema instalações
hidráulico-sanitárias às paredes de alvenaria, apesar de ser uma solução de projeto
extensamente adotada e prática bastante conhecida e enraizada na tradição dos
canteiros, é uma alternativa bastante prejudicial à integridade das paredes que as
contém e ao seu desempenho, além de ser responsável por grandes desperdícios de
material e mão-de-obra, geração de pó e ruído”.
Ainda segundo Silva (2003), o embutimento de tubulações hidráulicas e sanitárias nas
alvenarias deve ser sempre prumadas, mas principalmente pelas possibilidades de
75
vazamentos e consequentes dificuldades e custos de reparação e manutenção.
Entretanto, quando não for possível, a solução a ser adotada será a interrupção da
alvenaria nos pontos de passagem de tubulações.
4.6. Escadas
Este capítulo foi baseado em grande parte na dissertação de mestrado de Mamede
(2001), evitando, assim, a constante referência a essa publicação.
Escadas são elementos da edificação projetados para que o ser humano, com pequeno
dispêndio de energia, consiga ir, caminhando, de um nível a outro.
Sua geometria irregular, caracterizada por planos inclinados e dentes, traz transtornos
de montagem das formas e da armação e complicações para a concretagem. Por todas
as dificuldades que a geometria irregular proporciona, a escada requer um tempo
considerável de execução em obra. Portanto, visando minimizar os transtornos
provenientes da moldagem das escadas no local, surgem como alternativa as escadas
pré-moldadas.
As escadas pré-moldadas minimizam as dificuldades provenientes da moldagem das
escadas no local. Elas permitem a execução de acessos definitivos aos espaços de
trabalho, com a obra ainda na fase de construção, facilitando o transporte vertical de
materiais e a movimentação de pessoas. A escada jacaré, em particular, apresenta
afinidade com a AE, pois é constituída por elementos pré-moldados leves que chegam
e no local de execução prontos para a montagem, além das paredes serem portantes e
capazes de suportarem as cargas provenientes do chumbamento das peças prémoldadas.
76
4.6.1. Escada Jacaré
A escada jacaré é um expressivo exemplo do uso de elementos pré-moldados de
pequena espessura compatíveis com o manuseio do operário da construção e
plenamente aplicáveis em edifícios de AE.
A afinidade entre o processo construtivo em AE e as escadas jacaré está na presença
de paredes portantes capazes de suportarem as cargas provenientes do chumbamento
de peças pré-moldadas e pelo fato de os elementos pré-moldados da escada chegarem
ao local de execução já prontos, restando apenas a montagem no devido local. Na
figura 4.18 é possível ver um exemplo.
Figura 4.18 – Escada jacaré
77
4.6.2. Escada pré-moldada maciça
Este tipo de escada pré-moldada é composto por elemento único de grandes
dimensões, apoiado diretamente em vigas ou lajes, podendo ter ou não o patamar
incorporado, como mostrado na figura 4.19.
O peso dos elementos impossibilita-os de serem transportados manualmente, impondo
o uso de equipamentos especiais de içamento. Portanto, a adoção deste tipo de escada
depende basicamente do equipamento de montagem disponível na obra.
Figura 4.19 - Escada pré-moldada maciça
78
4.7. Revestimento
A figura 4.20 exemplifica os revestimentos, internos e externos, mais utilizados nas
obras de AE.
Figura 4.20 – Revestimentos comuns em obras de alvenaria estrutural
79
4.8. Juntas
Este capítulo foi extraído em grande parte no livro organizado por Guilherme Aris
Parsekian, “Parâmetros de Projeto de Alvenaria Estrutural com Blocos de Concreto”
evitando assim, a referência a essa publicação.
4.8.1. Juntas de dilatação
Juntas de dilatação têm como função principal absorver os movimentos que possam
surgir na estrutura, provenientes principalmente da variação de temperatura e retração.
Essas juntas devem ser previstas para evitar o aparecimento de fissuras em razão da
variação volumétrica. Devem ser previstas para trechos retos e contínuos, sem recorte
de fachada.
A junta de dilatação, ao contrário da junta de controle que é limitada ao elemento
parede apenas, se estende por toda a estrutura, basicamente dividindo a edificação em
duas ou mais partes. A nova Norma NBR 15961-1 recomenda que sejam previstas
juntas de dilatação no máximo a cada 24 m da edificação em planta. Esse limite poderá
ser alterado desde que se faça uma avaliação mais precisa dos efeitos da variação de
temperatura e retração sobre a estrutura, incluindo a eventual presença de armaduras
adequadamente alojadas em juntas de assentamento horizontais.
4.8.1.1 Cuidados na execução da junta
Deve-se ter cuidado com o tipo de junta a executar e com a compatibilização desta com
o revestimento.
a) Tipo de junta:
• Flexibilidade.
• Durabilidade.
b) Compatibilização junta/revestimento
• Separação das lajes:
– Em prédios altos, isto pode diminuir o efeito parede diafragma.
– Uma opção seria a execução de juntas frias ou a utilização de barras de
transferência.
80
Importante: quanto maior a espessura da junta maior o risco de não executá-la,
recomenda-se espessura de 1,5 cm.
4.8.1.2 Verificações a serem efetuadas
•
Condições
climáticas
(dados
podem
ser
encontrados
no
<http://www.inmet.gov.br>) – variação de temperatura (gradiente térmico).
INMET
• Arquitetura do edifício – recortes:
– Fachada e paredes.
– Volumetria.
– Panos contínuos de lajes.
4.8.1.3 Como prescindir da junta acima dos 24 m
Em algumas situações é possível ter juntas com comprimento superiores a 24 m,
devendo-se, nesse caso, tomar os cuidados a seguir e avaliar criteriosamente a forma
da planta do prédio:
4.8.1.3.1 Cuidados com a laje
• Reduzir a retração do concreto (laje):
– Reduzir a relação a/c.
– Reduzir o teor de argamassa.
– Utilizar fibras.
– Aumentar a quantidade de armaduras.
– Controlar rigorosamente a cura.
4.8.1.3.2 Cuidados com os blocos
• Blocos de concreto com menor retração (parede):
– Utilizar blocos com cura a vapor e idade superior a 14 dias.
81
– Em outros casos, só usar blocos com idade maior que 28 dias.
4.8.1.3.3 Análise do formato da planta (extensão de laje contínua sem recortes)
Figura 4.21 - Detalhe de uma junta de dilatação em planta com recorte (a junta pode ser feita apenas na
laje do hall de elevadores) ou planta contínua (a junta deve se estender por toda a largura do prédio e
também nas paredes).
Conforme indicado na figura 4.21, a forma da planta pode influenciar a necessidade ou
não de junta e se esta deve se estender pela parede/laje ou ser feita apenas nas lajes.
Em razão dessas análises, o projetista é quem deve decidir se irá optar por outra
solução que não seja colocar a junta acima dos 24 m.
4.8.2 Junta de controle
Segundo a NBR 15961-1, deve ser analisada a necessidade da colocação de juntas
verticais de controle de fissuração em elementos de alvenaria com a finalidade de
prevenir o aparecimento de fissuras provocadas por: variação de temperatura; retração
higroscópica; variação brusca de carregamento; e variação da altura ou da espessura
da parede.
82
Figura 4.22 - Juntas de controle
Alguns fatores devem ser levados em conta quando se prevê junta de controle nas
alvenarias estruturais:
• Cuidado com a retração dos blocos.
• Fachadas ensolaradas (orientação).
• Solicitar revisão do projeto com o arquiteto.
• Buscar colocar juntas nas áreas úmidas.
• Pode-se posicionar as juntas ao lado das aberturas das janelas, devendo tomar
cuidado com o apoio das vergas.
A figura 4.23 indica os limites de norma. A taxa de armadura horizontal pode ser obtida
dispondo-se armaduras nas juntas horizontais ou em canaletas (Figura 4.24). Para
blocos de 14 cm, essa taxa resulta em 0,56 cm2, ou φ 4,2 c/ 20 cm (no caso de
armadura na junta) ou 1 φ 10 c/ 140 cm (armaduras em canaletas).
83
Figura 4.23 - Limites para junta de controle (NBR 15961-1)
Figura 4.24 - Opções para armaduras horizontais.
84
4.8.3 Laje do último pavimento
Com o objetivo de evitar que a dilatação térmica horizontal da laje do último pavimento
cisalhe a alvenaria, originando fissuras, dois métodos distintos podem ser adotados. O
primeiro, mais simples e geralmente mais econômico, consiste em liberar a
movimentação horizontal da laje sobre a parede pela criação de uma junta horizontal. O
segundo método consiste em realizar uma efetiva proteção térmica da laje de
cobertura, a ser realizado o mais breve possível, de forma a minimizar a movimentação
horizontal.
Há casos de experiências bem-sucedidas referentes aos dois métodos por projetistas e
construtores, sendo o primeiro deles o mais usado. Quando não é possível utilizar um
detalhe simples de junta horizontal, como, por exemplo, em pavimentos superiores tipo
duplex com vigas de concreto armado concebidas, a solução é utilizar o método 2.
As alvenarias do último pavimento são em geral muito solicitadas pelas movimentações
térmicas das lajes de cobertura. Cuidados como sombreamento, ventilação dos áticos e
isolação térmica da laje de cobertura podem minimizar a ocorrência de problemas,
inserção de juntas de dilatação na laje de cobertura, ventilação do espaço sob a
cobertura através de ventilação cruzada, utilizando janelas na platibanda, adoção de
apoios deslizantes (neoprene, teflon, camada dupla de manta de PVC) contribuem para
evitar patologias.
4.8.3.1 Junta horizontal
Sistema que permite a livre movimentação da laje. Pode ser associado aos outros
detalhes, sendo especialmente recomendada a previsão de juntas de dilatação nas
lajes de cobertura. Quando houver platibanda, recomenda-se também a ventilação
cruzada. As opções para junta são mostradas na figura 4.26. Em todos os casos, devese tomar cuidado com a passagem de eletrodutos através da junta, pois estes podem
romper nesse ponto.
85
Figura 4.25 - Cuidados no ultimo pavimento
Figura 4.26 - Opções para junta deslizante sob laje de cobertura.
86
4.8.3.2 Proteção térmica
Quando não for possível utilizar a junta horizontal, deve-se prever uma proteção térmica
sobre a laje, que pode ser:
• aplicação de argila expandida ou similar sobre a laje em, no mínimo 5 cm;
• assentamento de blocos de concreto celular de pelo menos 15 cm de espessura sobre
a laje.
Figura 4.27 - Detalhe de execução de proteção térmica sobre a laje de cobertura.
Nesse caso recomenda-se que a proteção seja feita o mais breve possível
(três dias) após a concretagem da laje. O revestimento interno deve ser de
argamassa, e não gesso, e é necessário prever os reforços no revestimento nas
regiões próximas à laje (ver detalhe). Recomenda-se ainda deixar a laje submersa
em lâmina de água de 3 cm por 5 dias após a execução do revestimento.
87
CAPÍTULO 5
5. Conclusão
5.1. Considerações gerais
O projeto pode ser considerado como uma estratégia para a construção em AE, uma
vez que a qualidade do produto final depende diretamente da eficiência da elaboração
desse projeto e da integração da equipe projetista. É na etapa de projetos que decisões
estratégicas, análise de dados e união da equipe técnica têm a maior repercussão nos
custos, velocidade e qualidade dos empreendimentos e permitem a melhoria no
desempenho das edificações e a racionalização da construção em AE.
Entretanto, ainda pode-se notar que os projetos na construção tradicional muitas vezes
indicam apenas a forma final do edifício (projeto arquitetônico), ocasionando a falta de
informações a respeito do modo de execução e à sucessão de etapas de produção. O
projeto acaba sendo apenas um projeto do produto, deixando para a fase da execução
a definição final das características que o produto deve ter e as especificações relativas
ao modo de produzir.
Logo, o projeto para produção, que tem enorme importância para a construção
racionalizada em AE, é, na prática, muitas vezes ignorado pelas empresas, que se dão
por satisfeitas apenas com um pequeno detalhamento do produto e o projeto de fôrmas,
sem contar que, sendo cada vez mais comum o início da execução do projeto
anteriormente ao término do projeto, frequentemente os projetos chegam a obra
somente durante, ou mesmo após, a construção dos elementos neles descritos.
Então, o projeto que deveria ser entendido como um investimento, cujos retornos se
darão na maior eficiência de sua produção e na melhor qualidade dos produtos gerados
é entendido como ônus pelas empresas.
Outro problema ainda existente em relação ao projeto em AE é a dissociação entre os
diferentes projetistas na composição do projeto final. Os projetos das diferentes
88
especialidades
não
são
desenvolvidos
de
modo
compatibilizado,
mas
sim
paralelamente pelos diversos projetistas (arquitetura, estruturas e instalações)
normalmente em locais concretamente distantes, havendo a reunião apenas na hora da
execução dos serviços. O procedimento descrito leva a inúmeras incompatibilizações e
não é claro com relação às funções e responsabilidades dos profissionais envolvidos.
É possível perceber, portanto, que prevalece no processo de projeto uma visão
cartesiana de que o todo é a soma de partes independentes. Porem, quando as partes
do projeto são feitas separadamente umas das outras, o projeto sai mal definido e mal
especificado, acarretando em aumento de preços pela perda de produtividade e pelo
aumento do tempo de produção.
A solução sugerida é o uso da coordenação de projetos, que tem a função de definir de
modo claro e preciso os objetivos e parâmetros a serem seguidos na elaboração dos
projetos; gerenciar e compatibilizar as interferências existentes entre diferentes
projetos; promover a comunicação entre os participantes do projeto e coordenar as
soluções das especialidades existentes; integrar o processo produtivo e as soluções de
projeto da empresa, garantindo, assim, um projeto final de qualidade.
5.2. Sugestões para trabalhos futuros
Comparar os principais sistemas construtivos procurando obter dados importantes,
principalmente orçamentários.
89
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