CONSIDERAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ADULTOS COM HIV

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148
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
REMENFE
Revista Matogrossense de Enfermagem
Nov-Dez 2010 V.1 n.2 (148-165)
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CONSIDERAÇÕES NUTRICIONAIS PARA ADULTOS COM HIV/AIDS
NUTRITIONAL CONSIDERATIONS FOR ADULTS WITH HIV/AIDS
Emmyline Perin de Paula¹
Samara Neres¹
Eliana Santini²
Adilson Domingos dos Reis Filho³
RESUMO
O presente trabalho objetivou mostrar a importância da alimentação e nutrição para indivíduos
adultos que vivem com HIV/AIDS. Métodos: Utilizou-se o método de revisão sistemática de
literatura, sendo pesquisados artigos que fossem indexados nas bases de dados: Pubmed, Medline,
Scielo e EBSCOhost entre os anos de 1981 e 2009, sendo elencadas as produções científicas por ano e
posteriormente escolhidos os mais relevantes sobre o assunto. Para encontrar os artigos de
interesse, foram utilizados os seguintes descritores: AIDS, HIV, SIDA, avaliação nutricional e PVHA.
Foram inseridas informações adicionais provindas de livros que abordassem o tema do estudo.
Considerações finais: Conclui-se que, a combinação de terapias medicamentosas junto com a terapia
nutricional favorece significante melhora do estado de saúde das pessoas que vivem com HIV/AIDS,
diminuindo a taxa de mortalidade. Apesar das deficiências nutricionais não serem consideradas
como a principal causa da desordem imunológica na AIDS, as pesquisas indicam que vários nutrientes
atuam como co-fatores importantes, influenciando no sistema imunológico e na sobrevivência das
PVHA.
Descritores: AIDS; Avaliação Nutricional; Dietoterapia.
¹ Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica e Esportiva pela UNED.
²Professora da Faculdade de Nutrição (UNIC);Pesquisadora do Laboratório de Aptidão Física e Metabolismo (LAFiMe/UFMT).
³Professor da Faculdade de Educação Física (UNIC);Professor do Curso de Educação Física (UNED); Pesquisador do Laboratório de Aptidão
Física e Metabolismo (LAFiMe/UFMT).
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
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ABSTRACT
This study aimed to show the importance of food and nutrition for adults living with HIV/AIDS.
Methods: We used the method of systematic review of literature, researched articles that were
indexed in the databases: PubMed, Medline, Scielo and EBSCOhost between the years 1981 and
2009, scientific studies are listed by year and the subsequently chosen more relevant to the subject.
To find articles of interest, we used the following keywords: AIDS, HIV, SIDA, nutritional assessment
and PVHA. Was inserted additional information coming from books that addressed the topic of study.
Conclusion: We conclude that the combination drug therapy along with nutritional therapy promotes
significant improvement of the health status of people living with HIV/AIDS, reducing the mortality
rate. Although nutritional deficiencies are not considered as the main cause of immunological
disorders in AIDS, research indicates that various nutrients act as important co-factors, influencing
the immune system and the survival of PVHA.
Descriptors: AIDS; Nutrition Assessment; Diet Therapy.
INTRODUÇÃO
tem sido exaustivamente discutida pela
comunidade científica e pela sociedade em
A
Síndrome
da
Adquirida
(SIDA)
Imunodeficiência
geral
ou
2000).
Acquired
(BRITO;
CASTILHO;
SZWARCWALD,
Immnunodeficiency Syndrome (AIDS) é uma
A AIDS se comporta como uma
doença infecto-contagiosa causada pelo vírus
doença degenerativa, crônica e de caráter
Human Immunodeficiency Virus (HIV), o qual
progressivo, que é acompanhada durante a
afeta a função e o número dos linfócitos T
sua evolução por perda de peso e desnutrição,
CD4+,
de origem multifatorial na maioria dos casos.
tendo
como
característica
mais
marcante à alteração imunológica (GARCIA;
A
QUINTAES; MERHI, 2000). A AIDS destaca-se,
complicada e importante em indivíduos com
entre
AIDS, e as mortes por definhamento têm
as
emergentes,
enfermidades
pela
grande
infecciosas
magnitude
e
desnutrição
é
uma
conseqüência
aumentado. Os problemas que levam à
extensão dos danos causados às populações
desnutrição
do mundo todo, desde a sua origem, cada
absorção, metabolismo e o uso de nutrientes;
uma de suas características e repercussões
estes influenciam a competência imunológica,
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podem
envolver
ingestão,
150
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
a saúde, a função reprodutiva, a atividade
inseridas informações adicionais provindas de
física, o desempenho no trabalho e a cognição
livros que abordassem o tema do estudo.
(KRAUSE; MAHAN, 2005).
É evidente, portanto a relação entre
História e prevalência da AIDS
AIDS e nutrição, de forma que a assistência
nutricional pode ajudar Pessoas Vivendo com
A epidemia de infecção pelo HIV é
HIV/AIDS (PHVA) a lidar com as complicações
hoje, no Brasil, um fenômeno de grande
relacionadas
magnitude e extensão. O primeiro caso de
à
doença,
promover
respostas
ao
tratamento,
qualidade
de
vida
do
boas
melhorar
individuo
a
pela
AIDS foi notificado retrospectivamente na
cidade de São Paulo, em 1980 (BRASIL, 2006).
manutenção do nível de funcionalidade e
dignidade humana (DURAN, 2009).
A incidência de AIDS vem aumentando
entre as mulheres, e a razão de casos
Tendo em vista o aumento da
homem/mulher decresceu de 15,1:1, em
prevalência da AIDS, a importância da nutrição
1986, para 1,3:1, em 2008 (BRASIL, 2008). Em
no estado de saúde das PVHA e na evolução
meados
da doença e suas co-morbidades são de
aparecimento do vírus em usuários de drogas
grande importância o conhecimento dos
injetáveis, passando a ocupar posição de
aspectos
destaque entre os casos secundários à
nutricionais
e
dietoterápicos
envolvidos nesta patologia.
da
década
de
80,
houve
o
transmissão sanguínea, perfazendo hoje cerca
de 20% dos casos acumulados no País
MÉTODOS
(SZWARCWALD et al, 2000).
No Estado de
Mato Grosso, a taxa de incidência em 2007
Utilizou-se para a coleta de dados, a
era de 19,41 casos a cada 100 mil habitantes e
técnica de revisão sistemática de literatura,
a mortalidade, 6,98 óbitos a cada 100 mil
sendo
fossem
habitantes. O Município de Cuiabá teve 2.630
indexados nas bases de dados: Pubmed,
casos de AIDS diagnosticados até 2007, onde a
Medline, Scielo e EBSCOhost entre os anos de
proporção de mulheres infectadas foi de
1981 e 2009, elencando-se as produções
43.01%, enquanto entre jovens de 15 a 24
científicas
posteriormente
anos foi de 6.55% (BRASIL, 2008). Observa-se
escolhidos os mais relevantes sobre o assunto.
também um aumento do número de casos
Para encontrar os artigos de interesse, foram
entre os segmentos da sociedade com menor
utilizados os seguintes descritores: AIDS, HIV,
nível
SIDA, avaliação nutricional e PVHA. Foram
socioeconômica (BRASIL, 2008).
pesquisados
por
ano
artigos
e
que
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de
escolaridade
e
pior
condição
151
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
Transmissão e diagnóstico
oportunistas associadas à AIDS são várias,
A causa subjacente da AIDS é a
podendo ser causadas por vírus, bactérias,
infecção primária pelo HIV, que ao invadir o
protozoários, fungos e algumas neoplastias
núcleo genético das células CD4+ ou linfócitos
(SEBEN et al, 2008).
T, que são os principais agentes envolvidos na
proteção
contra
infecções,
causa
uma
Em 95% dos casos os sintomas da
infecção primária pelo vírus HIV (febre,
depleção progressiva dessas células, que
mialgia,
eventualmente leva a imunodeficiência do
usualmente entre 2 e 6 semanas após a
indivíduo infectado (KRAUSE; MAHAN, 2005).
infecção. A persistência destes sintomas por
A infecção pelo vírus HIV se divide em
quatro fases clínicas:
astenia,
etc.)
são
percebidos
mais de 14 dias está relacionada a um mau
prognóstico da doença (GARCIA; QUINTAES;
• Infecção aguda: caracterizada por
MERHI, 2000).
uma carga viral elevada > 550/mm3;
• Fase assintomática: o estado clínico
Critérios
para
avaliação
e
diagnóstico
básico é mínimo ou inexistente;
nutricional dos indivíduos com HIV/AIDS
• Fase sintomática inicial: o portador
pode apresentar sinais e sintomas de
Existem vários fatores de risco que
intensidade variável, além de processos
influenciam
oportunistas de menor gravidade, tais
alimentação/nutrição
como sudorese, fadiga, emagrecimento;
HIV/AIDS, tornando importante a avaliação
• AIDS: É a fase da infecção pelo HIV em
nutricional, a qual evidencia as deficiências
que se instalam doenças oportunistas,
isoladas ou globais de nutrientes. As PVHA são
geralmente
infecciosa,
freqüentemente acometidas por desordens
decorrentes da queda da imunidade do
nutricionais, resultando em preferencial e
indivíduo.
rápido consumo da massa corporal magra
de
origem
As principais formas de transmissão
as
condições
em indivíduos
de
com
possibilitando a classificação desses indivíduos
perinatal
em níveis graduados de estado nutricional,
(transmissão onde a mãe passa para o filho
servindo como um valioso instrumento para a
durante a gestação, parto ou aleitamento
determinação
materno) e sanguínea. Outra maneira, menos
dietética, com o objetivo de melhorar o
ocorrente, é quando profissionais da área da
estado de saúde, sobrevida e a qualidade de
saúde sofrem ferimentos com instrumentos
vida dos pacientes (BARBOSA; FORNÉS, 2003).
perfuro-cortantes infectados com sangue de
De acordo com Antunes et al.(1994), a
portadores (SEBEN et al, 2008). As doenças
apreciação do estado nutricional baseia-se
do
HIV
são
por via sexual,
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da
terapêutica
clinica
ou
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
atualmente em índices antropométricos e
seguimento
biológicos. A imunocompetência também é
assintomáticos e em torno de duas a seis
um
vezes ao ano nos sintomáticos (BRASIL, 2006).
índice
que
aproximação
permite
objetiva
efetuar
da
uma
desnutrição
anual
ou
semestral
nos
e
As medidas mais utilizadas para determinar o
correlacioná-la com morbidade em pessoas
estado nutricional de PVHA são: peso, altura,
com HIV/AIDS.
prega cutânea do tríceps, e as circunferências
A avaliação antropométrica é um
recurso
essencial
periódica
do
para
estado
a
determinação
nutricional,
do braço, cintura, quadril e mamas (BRASIL,
2006). Em caso de perda de peso significativa,
como
tem-se a necessidade de averiguar o grau de
possíveis alterações de peso e de massa
risco nutricional, por meio dos indicadores de
magra. Deve ser realizada no momento do
desvio de peso atual em relação ao peso ideal,
diagnóstico de infecção pelo HIV, com
conforme mostra o quadro 1:
Quadro 1 – Classificação do grau de depleção baseado no desvio do peso
ideal.
% Peso Ideal
Grau de depleção
80 a 90%
Desnutrição leve
70 a 80%
Desnutrição moderada
<70%
Desnutrição grave
Fonte: Grant, 1981
As alterações no peso corporal em relação ao
risco nutricional (BRASIL, 2006). O quadro 2
ideal representam inadequações da ingestão
mostra a classificação do grau de depleção da
calórica. A perda de peso reflete a imediata
PVHA baseada no desvio do peso atual em
incapacidade do indivíduo de atender suas
relação ao habitual.
necessidades nutricionais e pode significar
Quadro 2 – Classificação do grau de depleção baseado no desvio do peso
habitual.
% Peso Habitual
GRAU DE DEPLEÇÃO
85 a 90%
Desnutrição leve
75 a 84%
Desnutrição moderada
<75%
Desnutrição grave
Fonte: Grant, 1981
A relação entre o peso atual e o
habitual,
como
apreciação
do
estado
nutricional, constitui índice ponderal bastante
interessante,
acompanhamento
pois
em
permite
longo
prazo
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evolução do peso em um mesmo indivíduo
(BRASIL, 2006).
Para a realização de um melhor
um
diagnóstico nutricional é necessário, dentre
da
outros aspectos, recorrer ao exame clínico, o
153
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
qual deve observar o estado geral, e a força
O quadro 3 mostra a classificação do
muscular, permitindo classificar de acordo a
estado nutricional de PVHA segundo a prega
desnutrição em leve, moderada ou severa
cutânea do Tríceps (PCT).
(BARBOSA; FORNÉS, 2003).
Quadro 3 - Classificação da Prega Cutânea do Tríceps (PCT), e da Circunferência do Braço.
PENCENTIL
CLASSIFICAÇÃO
<5°
Desnutrição
5 – 15°
Risco para desnutrição
15 – 85°
Eutrofia
>85°
Obesidade
Fonte: Frisancho, 1981.
nestes pacientes. A área muscular do braço
Conforme mencionam Walsek et al.
diminuída indica degradação da proteína
(1997) e Antunes et al. (1994), as medidas da
muscular, que ocorre juntamente com a
Prega Cutânea do Tríceps (PCT) e da
depleção de potássio.
Circunferência do Braço (CB) freqüentemente
O quadro 4 apresenta a classificação
evidenciam déficit severo da reserva adiposa
do estado nutricional de PVHA segundo a
em relação ao padrão para o sexo e idade
circunferência muscular do braço (CMB).
Quadro 4 – Classificação da Circunferência Muscular do Braço (CMB).
PERCENTIL
CLASSIFICAÇÃO
<10
Desnutrição
10 – 90°
Eutrofia
>90°
Obesidade
Fonte: OMS, 1995.
A circunferência da cintura (CC) pode
referências
em
diferentes
populações
ser interpretada isoladamente, porque parece
(CUPPARI, 2002). O quadro 5 apresenta
predizer melhor o tecido adiposo visceral e
valores de referência de circunferência da
tem-se observado a sua utilização na prática
cintura associados ao desenvolvimento das
clínica atual, merecendo, no entanto, ainda
complicações da obesidade.
maiores investigações devido à falta de
Quadro 5 - Risco de Complicações Metabólicas Associadas à Obesidade.
ELEVADO
MUITO ELEVADO
Homem
>94 cm
>102cm
Mulher
>80cm
>88cm
Fonte: FLASO, 1997.
Muitos pesquisadores têm usado a
avaliação corporal de pacientes com AIDS,
bioimpedância (BIA), como referência na
devida a sua precisão para medir a massa
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
celular corporal, a massa lipídica total e livre, e
ASG detectou rapidamente a piora do estado
o volume de água total do corpo (SCHWENK et
nutricional, sendo benéfica para determinar o
al, 1999).
uso de TN, enquanto a classificação da
Niyongabo et al. (1999a) compararam
desnutrição de acordo com a porcentagem de
vários métodos de AN em pacientes adultos
perda de peso corporal pode detectar a
infectados pelo HIV, de acordo com a perda de
desnutrição mais antecipadamente.
peso corporal, medidas antropométricas,
A avaliação bioquímica são as medidas
análise por Bioimpedância (BIA) e Avaliação
mais
objetivas
Nutricional Subjetiva Global (ASG), a qual
entretanto
inclui parâmetros nutricionais, gastrintestinais
resultados sofrem várias interferências que
e da capacidade funcional. A deterioração do
afetam a validade dessas medidas. Das opções
estado nutricional diagnosticada pela ASG
de exames existentes elegem-se os que são
mostrou uma estreita correlação com as
preditivos e confirmatórios de um estado
classes definidas pelo Centers for Disease
nutricional (BRASIL, 2006).
a
do
estado
precisão
e
nutricional,
exatidão
dos
Control (CDC) em 1992, forte relação com a
Os triglicérides estão frequentemente
perda de peso corporal e boa correlação com
elevados em PVHA, e seus valores de
todos os indicadores antropométricos, de BIA
referência são mostrados no quadro 7.
e bioquímicos (albumina e pré-albumina). A
Quadro 7 - Valores de Triglicérides.
VALORES (mg/dL)
<150
150 – 199
200 – 499
>500
Fonte: NCEP, 2001
O colesterol está freqüentemente
CLASSIFICAÇÃO
Normal
Limítrofe
Alto
Muito alto
também
por
efeito
colateral
dos
elevado em pessoas vivendo com HIV/AIDS,
medicamentos do tratamento. Seus valores de
na maioria das vezes devido ao hábito
referência são mostrados no quadro 8, 9 e 10.
alimentar do paciente, mas pode ser causado
Quadro 8 - Valores do Colesterol Total.
VALORES (mg/dL)
<200
200 – 239
>240
Fonte: NCEP, 2001
Quadro 9 - Classificação do LDL – Colesterol.
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CLASSIFICAÇÃO
Desejável
Limítrofe
Alto
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
VALORES (mg/dL)
<100
100 – 129
130- 159
160 – 189
>190
Fonte: NCEP, 2001
CLASSIFICAÇÃO
Otimo
Bom
Limítrofe
Alto
Muito alto
Quadro 10 - Classificação do HDL – Colesterol.
VALORES (mg/dL)
CLASSIFICAÇÃO
<40
Alto risco
>60
Baixo risco
Fonte: NCEP, 2001
Quanto às proteínas totais, albumina,
geralmente diminuídos como uma indicação
pré-albumina, transferrina, são consideradas
de
má
nutrição
e
secundariamente
a
com grande importância complementar na
processos infecciosos (GARCIA; QUINTAES;
avaliação nutricional de PVHA. Estas definem
MERHI, 2002). O quadro 11 mostra a
os estoques protéicos do organismo, por isso
classificação da Depleção das proteínas
podem ser utilizadas para monitorar alteração
viscerais em PVHA.
no estado protéico visceral. Estes estão
Quadro 11 - Interpretação dos resultados de Depleção de Proteínas Viscerais.
Albumina
Pré-albumina
Transferrina
Grau
(mg/dl)
(mg/dl)
(mg/dl)
Normal
>3,5
15,7 – 29,6
250 – 300
Leve
3,0 – 3,5
10 – 15
180 – 200
Moderado
2,1 – 3,0
5 – 10
100 – 150
Grave
<2,1
<5
<100
Fonte: Antunes, 1994
Os
proteínas
Ter o reconhecimento de certos sinais
sanguíneas devem ser considerados em
e sintomas, tais como descamação da pele,
conjunto com a medida da CMB, para
esquimoses, glossites, estomatites, presentes
confirmar ou não a existência de depleção
em determinadas condições clínicas são de
protéica (BRASIL, 2006). E para a realização de
grande valia no sentido de poder detectar a
um
existência
melhor
resultados
diagnóstico
das
Proteínas
TOTAIS (%)
6,5 – 8,0g
6,0 – 6,5
5,3 – 6,0
<5,3
nutricional
é
de
um
comprometimento
necessário, dentre outros aspectos, recorrer
nutricional e intervir de forma adequada o
ao exame clínico, o qual também deve
mais cedo possível (GARCIA; QUINTAES;
observar o estado geral, e a força muscular
MERHI, 2000).
(BARBOSA; FORNÉS, 2003).
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
A realização de uma história dietética
Os
aspectos
importantes
da
detalhada, com informações qualitativas e
anammnese nutricional de pessoas vivendo
quantitativas sobre o consumo de nutrientes
com HIV/AIDS
também é de grande importância para o
• Presença de doenças associadas;
diagnóstico do estado nutricional (GARCIA;
• Uso
QUINTAES; MERHI 2000).
freqüência);
com
de
medicamentos
(tipo,
Na avaliação nutricional da pessoa
• Sintomas atuais e os depletores do
HIV/AIDS
estado nutricional;
deve
ser
levado
em
consideração que numerosos fatores estão
• Funcionamento intestinal;
influenciando a sua composição corporal,
• Uso de drogas ilícitas (tipos de droga
dentre os quais o sexo, a idade, a raça, fatores
e freqüência de uso e quantidade);
genéticos, presença de doenças, atividade
Todo paciente deve ser avaliado
física, hormônios, presença de doenças
completamente para determinar seu estado
infecciosas
nutricional considerando o estágio da doença
utilizados,
oportunistas,
fatores
medicamentos
culturais
e
conforme mostra o quadro 12.
socioeconômicos.
Quadro 12 - Aspectos a serem observados de acordo com o estágio da doença.
ESTAGIO
CD4
CARACTERÍSTICAS
Aumento no gasto energético e
Precoce
Acima de 500 células/mm3 mudanças no estoque corporal de
vitamina B12 e folato.
Associação
com
deficiências
nutricionais específicas de vitamina
B12, folato, zinco e selênio.
Intermediário
Entre 200 e 500 células/mm3 Provavelmente ocorre um ciclo de
ingestão alimentar flutuante, nutrição
sub-ótima e maior suscetibilidade a
infecções.
Relação aumentada com risco para
perda de peso severa e intratável,
resultando em desnutrição e fadiga
Tardio
Abaixo de 200 células/mm3
crônica. A ocorrência de enteropatias
agudas e/ou crônicas e infecções
agudas são maiores.
Fonte: BARBOSA e FORNÉS, 2003.
As técnicas apropriadas de avaliação
irão detectar a deficiência nutricional nos
estágios iniciais do desenvolvimento para que
a ingestão dietética possa ser melhorada
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através do apoio e aconselhamento dietético
(KRAUSE; MAHAN, 2005).
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
Aspectos nutricionais e conduta alimentar e
tratamento médico, manter níveis saudáveis
dietoterápica para indivíduos com HIV/AIDS
de atividade física e apoiar uma qualidade de
vida ótima para pessoas que vivam com HIV
A nutrição tem alcançado nos últimos
(PVHS).
anos o reconhecimento mundial por enfatizar
O aconselhamento em matéria de
a importância da alimentação saudável na
nutrição revelou-se efetivo na melhoria da
promoção
da
massa peso corporal e da massa das células
mostrando
fornecer
saúde
das
populações,
o
corporais em PVHS (DOWLING et al., 1990;
planejamento estratégico da alimentação e a
RABENECK et al,1990), para além de ajudar a
utilização
adequados
mitigar os efeitos de sintomas relacionados
promovendo a saúde, reduzindo o risco de
com o HIV e a SIDA, tais como diarréia,
agravos e buscando a melhoria do estado
náuseas, vômitos, anemia, candidíase oral,
nutricional (BRASIL, 2006).
perda de apetite e febre (FANTA, 2004).
dos
Evidências
subsídios
alimentos
mostraram
para
importantes
ligações entre a obtenção de melhores
O Quadro 13 apresenta os fatores que
resultados no combate ao HIV e SIDA e a
freqüentemente influenciam a alimentação e
nutrição. É necessária uma nutrição adequada
nutrição de pessoas com AIDS.
para manter o sistema imunológico, gerir
infecções oportunistas, otimizar a resposta a
Quadro 13 - Fatores de risco que influenciam as condições de alimentação/nutrição do indivíduo
com AIDS.
CATEGORIAS DE RISCO
FATORES DE RISCO
Social
Escolaridade.
Condições de habitação: número de moradores do domicilio,
preparo e local da alimentação.
Econômico
Trabalho, renda e acesso a alimentos.
Cultural
Religião, hábitos/tabus
Antecedentes familiares
Patologias.
Patologias prevalentes
Tuberculose, infecções oportunistas, doenças sexualmente
transmissíveis, doenças crônicas não transmissíveis.
Medicamentos em uso
ARV, anti-tuberculostáticos, medicamentos para infecções
oportunistas,
suplementos
e/ou
vitaminas,
outros
medicamentos, interação drogas x nutrientes, interação com
outros medicamentos, adesão.
Capacidade Funcional
Locomoção, visão, audição, necessidades e disponibilidade de
cuidado.
Uso de drogas
Álcool, fumo, não lícitas.
Condição emocional
Distúrbios emocionais (depressão, ansiedade, compulsão,
anorexia), aceitação da soropositividade, abertura do diagnóstico
no ambiente social e familiar.
Condições
do
aparelho Boca, mastigação, deglutição, náuseas/vômitos, diarréia,
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158
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
digestivo
obstipação.
Atividade física e prática de Ocupação, tipo de exercício físico, freqüência e quantidade.
esporte
Medidas antropométricas
Peso e composição corpórea
Fonte: BRASIL, 2006.
ao processo de aconselhamento nutricional
Pacientes com AIDS freqüentemente
(BRASIL, 2006).
apresentam desnutrição protéico-energética,
A necessidade energética pode ser
com manifestações heterogêneas, as quais
determinada pelo cálculo da taxa metabólica
dependem do estado de saúde prévio do
basal, por meio da equação de Harris-
paciente. O estado nutricional deve ser
Benedict, acrescentando o fator injúria de 1,3
avaliado e monitorado cuidadosamente para
a 1,7 e os fatores térmicos e atividade quando
que o plano terapêutico possa ser efetivo
internados (FERRINI et al, 2000). Para
(BARBOSA; FORNÉS, 2003). A importância do
pacientes assintomáticos recomenda-se 25-30
estado nutricional para o paciente com AIDS
kcal/Kg de peso atual por dia e para pacientes
está relacionada aos seus efeitos no sistema
sintomáticos, de 35- 40 Kcal/Kg de peso atual
imunológico. (GARCIA; QUINTAES; MERHI,
por dia (POLACOW et al, 2004).
2000).
A ingestão de proteínas deve ser de
A deficiência de vitaminas e minerais
0,8-1,0 g/Kg/dia se não existir necessidade de
envolvidos no sistema imunológico podem
ganho de peso, e se houver necessidade,
exarcebar a Síndrome. Assim sendo, atenção
deve-se ofertar 1-1,2 g/Kg/dia. Se o paciente
especial deve ser dado às vitaminas A, B, C e E
for assintomático oferta de 0,8-1,25 g/Kg/dia
bem como aos minerais zinco e selênio
e se for sintomático de 1,5-2,0 g/Kg/dia
(AUGUSTO et al, 1993). O ferro, ácido fólico e
(CUPRARI, 2002; POLACOW et al, 2004).
vitamina
B12
ser
O consumo de gorduras recomendado
medicamentos
para uma pessoa HIV-positiva é o mesmo que
usados na terapia clínica da AIDS, através de
para uma pessoa saudável não infectada, 30-
mecanismos diversos, conduzem à anemia
35% das necessidades totais de energia (OMS,
(GARCIA; QUINTAES; MERHI, 2000).
2003a). As necessidades de líquidos devem ser
monitorados,
também
muitos
dos
devem
Tanto são os fatores que interferem
de 30-35 ml/Kg, com quantidades adicionais
no resultado da intervenção nutricional, que é
para compensar as perdas decorrentes de
imprescindível que as PHVA assumam a co-
diarréia, náuseas e vômitos, suores noturnos e
responsabilidade no tratamento através das
febre prolongada. A reposição de eletrólitos
mudanças que estão ao seu alcance, como por
(sódio, potássio, e cloreto) na presença de
exemplo, mudanças de hábitos alimentares e
vômito e diarréia também é recomendada
estilo de vida, demonstrando, assim a adesão
(KRAUSE; MAHAN, 2005).
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
Segundo Krause e Mahan (2005), as
deficiências
de
desempenhar
nutrientes
papéis
podem
importantes
na
• Não beber líquidos ao mesmo tempo
em que estiver comendo. Beber líquidos
meia hora antes ou uma hora após as
patogênese da doença por HIV e a terapia
refeições;
nutricional
• Evitar
com
o
aconselhamento
alimentos
gordurosos
individualizado é crítica no tratamento geral.
(incluindo frituras), muito temperados
As metas de intervenção nutricional são as
ou muito doces e bebidas gasosas;
seguintes:
• Conversar com o médico a respeito
• Manter ou restaurar o peso corporal
das náuseas e vômitos pois, às vezes,
saudável e a morfologia normal;
eles
• Preservar ou restaurar o estado de
medicação.
proteína somático e visceral ótimos;
podem
ser
controlados
com
No caso do paciente com HIV/AIDS
• Prevenir as deficiências ou excessos
apresentar falta de apetite e perda de peso
de
deverá seguir as orientações abaixo (SANTOS,
nutrientes
que
sabidamente
comprometem a função imunológica;
2006):
• Tratar ou minimizar as complicações
• É importante alimentar-se, mesmo
relacionadas ao HIV ou medicação que
sem apetite;
interferem na ingestão ou na absorção
• Modificar o tempero da comida
de nutrientes;
acrescentando
• Corrigir anormalidades metabólicas;
alecrim, manjericão ou louro, por
• Apoiar os níveis de droga terapêuticos
exemplo, para que fique mais apetitosa;
ótimos;
• Adicionar aos alimentos leite, mel,
Segundo Gena (1999) no caso das
orégano,
cominho,
xarope de groselha, geléia e queijo
PVHA apresentarem náuseas e vômitos
ralado;
deverão fazer o seguinte:
• Caso não tenha vontade de comer
• Não deixar de comer, porque o
uma das refeições, substitui - lá por
estômago estando vazio pode piorar as
uma vitamina, suco, sopa ou lanche;
náuseas;
• Tomar líquido entre as refeições e
• Fazer pequenas refeições, se possível
não junto com elas;
comer alguma coisa a cada 2 ou 3 horas;
• Ter sempre algum alimento disponível
• Se acordar com náusea e/ou vômito,
para quando sentir fome (bolacha, bolo,
comer alimentos secos como biscoitos
frutas);
de água e sal e torradas;
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
• Para estimular o apetite, pingar gotas
• Dar preferência a alimentos cozidos
de limão embaixo da língua ou mastigue
com caldos ou molhos;
gelo antes das refeições;
• Enxaguar a boca com freqüência, isto
Em
caso
de
colesterol
alto 160
as
orientações são as seguintes (BRASIL, 2006):
ajuda a refrescá-la.
Quando o paciente com HIV/AIDS
• Fazer dieta balanceada, de acordo
apresentar feridas na boca e/ou dor ao engolir
com orientação do nutricionista;
poderá minimizar esta situação com as
• Preparar os alimentos na forma
seguintes orientações (GARCIA; QUITAES;
cozida, assada ou grelhada, evitando
MERHI, 2000):
frituras;
• Possuir
• Reduzir a quantidade de óleo e
preparações úmidas em forma de
gorduras nas preparações;
purês, cremes ou com molhos e
• Aumentar o consumo de alimentos
alimentos frio;
ricos em fibras: aveia, feijão, soja,
• Evitar alimentos ácidos e muito
verduras, legumes, frutas e alimentos
temperados/condimentados;
integrais;
• Na
• Manter o peso ideal;
alimentos,
• Praticar
regularmente
exercícios
como,
por
uma
dieta
dificuldade
de
quando
branda
com
ingestão
há
de
dores
e
físicos
dificuldades para mastigação, sintomas
exemplo,
freqüentes na candidíase oral, o uso de
caminhadas;
pomada
• Evitar o consumo de cigarro, pois o
contribuir para a aceitação da dieta;
fumo aumenta os riscos de doenças; e o
• Evitar alimentos e bebidas muito
consumo de álcool;
quentes.
• Controlar a pressão arterial.
temperatura ambiente são melhores.
Se a pessoa com HIV/AIDS apresentar
anestésica
Alimentos
local
frios
pode
e
à
Prefira bebidas frias;
boca seca deverá seguir as orientações abaixo
• Para tomar alimentos líquidos (sopa,
(GENA, 1999):
mingau, etc) use um canudo ou beba
• Tomar pelo menos 6 copos de água
por dia;
em um copo, ao invés de usar a colher;
É comum pessoas que vivem com
• Chupar bala do tipo azedinha, bala de
HIV/AIDS possuírem triglicérides e/ou açúcar
gengibre ou masque chiclete sem
altos no sangue e para minimizar poderá
açúcar;
diminuir esses índices com as seguintes
• Umedecer os alimentos (pão, torrada
orientações (BRASIL, 2006a):
e outros) antes de comê-los;
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
• Evitar
doces,
salgadinhos,
• Frutas cruas ou cozidas sem casca
refrigerantes e alimentos gordurosos
(maçã, banana, pêra, goiaba sem
(frituras, chocolate...);
semente);
• Evite o consumo de açucares e doces
• Sucos de frutas naturais (limão,
em geral (carboidratos simples), dar
maracujá, maçã, goiaba, acerola);
preferência aos carboidratos complexos
• Gelatina;
como pão, milho, farinha, trigo integral,
• Amido de milho (maisena), tapioca.
aveia, arroz integral;
Evitar alimentos que podem aumentar
• Substituir o açúcar por adoçante;
a diarréia ou o desconforto intestinal como:
• Procurar consumir alimentos ricos em
• Alimentos
fibras, pois além de aumentarem a
maionese, lingüiça, salsicha, toucinho,
sensação de saciedade, proporcionam o
queijos amarelos, chocolate, sorvetes
bom funcionamento intestinal;
cremosos e creme de leite;
gordurosos
e
frituras:
E no caso de apresentar diarréia beba
• Alimentos industrializados: enlatados
bastante líquido entre as refeições: água pura,
em geral, sucos artificiais, goiabada,
água de coco, chás, sucos naturais coados e
marmelada,
soro oral. Dar preferência aos alimentos:
salgadinhos;
• Pão
branco,
torradas,
bolachas
• Alimentos
doces
em
formadores
calda
de
e
gases:
(maisena, água e sal, leite);
repolho, brócolis, couve-flor, milho,
• Arroz, macarrão com molho caseiro
pepino, pimentão, rabanete, nabo,
(tomate sem casca e sem sementes);
salsão,
• Batata, mandioquinha, cenoura, cará,
refrigerantes;
inhame, mandioca, chuchu, abobrinha
• Alimentos ricos em fibras: cereais
sem semente;
integrais, legumes e verduras cruas,
• Caldo de feijão ou lentilha;
frutas secas;
• Carnes magras em geral (bovina,
• Leite integral.
cebola,
alho-poró
e
peixe, frango sem pele), de preferência
grelhadas, assadas ou cozidas;
Cuidados com a imunidade
• Leite desnatado, extrato protéico de
Vários fatores prejudicam as defesas
soja, leite com lactose reduzida, leite
sem lactose, iogurte natural desnatado,
de
nosso
corpo,
como
a
alimentação
queijo branco ou ricota;
inadequada, estresse, excesso de álcool e o
fumo. É muito importante saber que através
de uma alimentação saudável o organismo
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
reage melhor às infecções, pois há um
• Reservar tempo para divertir-se e
fortalecimento
curtir a família e os amigos.
do
sistema
imunológico
(BRASIL, 2006a). Os cuidados para fortalecer
as defesas são:
É
importante
acompanhamento
• Nenhum
alimento
sozinho
periódico
fazer
um
do
estado
faz
nutricional da PVHA, incluindo avaliação com
milagre. Deve-se evitar a monotonia
a nutricionista. O aconselhamento nutricional
alimentar, pois quanto maior for à
deve fazer parte de todos os programas de
variedade de alimentos (principalmente
controle e tratamento da AIDS, uma vez que
os vegetais), maior será o consumo de
dieta saudável, equilibrada e de acordo com
vitaminas e minerais;
as necessidades de cada indivíduo é vital para
alimentos
a sobrevivência dos mesmos, independente
integrais, naturais, como as frutas
do “status do HIV”. Inclusive pela influência da
(laranja,
manga,
alimentação e nutrição na melhoria da adesão
goiaba, melancia e uva), hortaliças
e efetividade da terapia antiretroviral (OMS;
(abóbora, cenoura, couve, brócolis,
FAO, 2003).
• Procurar
consumir
acerola,
mamão,
berinjela e tomate), cebola, alho, aveia,
As pessoas vivendo com HIV/AIDS, por
germe de trigo, nozes e castanhas;
sua condição de imunodeficiência, encontram-
• Comer soja, feijão, ervilha e lentilha;
se mais vulneráveis aos agravos á saúde, caso
• Moderar o sal, açúcar, frituras, banha
consumam alimentos contaminados. Não se
e toucinho;
deve esquecer-se de dar atenção ás condições
• Procurar comer mais carnes brancas,
higiênico-sanitárias que envolvem o cotidiano
como peixes e aves;
destas pessoas, orientando-as sobre cuidados
• Não
abusar
de
alimentos
necessários
com
a
escolha,
higiene,
industrializados;
manipulação, preparo e conservação dos
• Beber no mínimo 2 litros de água por
alimentos (BRASIL, 2006).
dia (filtrada ou fervida);
• Lavar as mãos com água e sabão,
Relação entre medicação e nutrição
principalmente antes do preparo dos
alimentos e antes das refeições. É uma
medida simples
que evita muitas
Muitas drogas têm sido testadas e
usadas no tratamento da AIDS. Desde o
doenças;
surgimento
• Procurar dormir bem. O sono é vital
significante avanço na terapia medicamentosa
para repor suas energias;
empregada no combate a AIDS, tanto que
• Praticar alguma atividade física;
vários investigadores relatam substanciais
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da
epidemia,
houve
um
Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
reduções
nas
mortalidade
taxas
para
diminuição
nos
oportunistas
de
AIDS,
bem
números
e
de
morbidade
e
importante
a
medicamentos, pois alguns necessitam de
infecções
serem ingeridos com a alimentação, outros
como
de
hospitalizações
em
conhecer
os
horários
dos
não e, alguns a alimentação não interfere
163
decorrência da AIDS (GARCIA; QUINTAES;
(SANTOS, 2006), conforme mostra o quadro
MERHI 2000).
13.
Dados
do
Ministério
da
Saúde
mostram que houve redução de mortes, em
CONSIDERAÇÕES FINAIS
torno de 38%, entre 1995 à 2003 e uma
redução de 60 a 80% de eventos oportunistas
Conclui-se que, a combinação de
relacionados à imunodeficiência em PVHA
terapias medicamentosas junto com a terapia
(BARBOSA; FORNÉS 2003).
nutricional favorece significante melhora do
No entanto, pesquisas evidenciam que
o
uso
prolongado
drogas,
HIV/AIDS, diminuindo a taxa de mortalidade.
particularmente de inibidores da protease,
Apesar das deficiências nutricionais não serem
tem um impacto importante sobre o estado
consideradas como a principal causa da
nutricional de seus usuários. O ganho de peso,
desordem imunológica na AIDS, as pesquisas
a redistribuição da gordura e a obesidade são
indicam que vários nutrientes atuam como co-
novos
fatores importantes, influenciando no sistema
problemas
dessas
estado de saúde das pessoas que vivem com
nutricionais
que
os
indivíduos com HIV/AIDS, em uso de terapia
imunológico e na sobrevivência das PVHA.
anti-retroviral estão enfrentando, também
aumento
nos
triglicerídeos,
níveis
o
que
de
colesterol
aumenta
o
Uma boa nutrição e cuidados com a
e
alimentação são condições essenciais para um
risco
sistema imunológico saudável. No entanto,
cardiovascular (JAIME et al, 2004).
uma
pessoa
com
HIV/AIDS
pode
ter
Segundo Krause e Mahan (2005)
dificuldades em conseguir assegurar uma boa
alguns medicamentos TARV e drogas para
nutrição por um conjunto de razões. Tanto o
tratamento
oportunistas,
próprio vírus HIV como os medicamentos
também podem provocar efeitos colaterais
utilizados para combatê-lo podem causar uma
que interferem na ingestão, digestão e
multiplicidade de problemas que em ultima
absorção
instância afetam a saúde nutricional da PVHA.
das
dos
doenças
nutrientes,
com
possível
prejuízo ao estado nutricional do indivíduo.
Então se faz necessário conhecer os
Em contrapartida, alguns nutrientes
sinais e sintomas relacionados à infecção pelo
ao serem ingeridos com estas drogas, podem
HIV, pois é fundamental na decisão da
comprometer a eficácia da terapêutica, sendo
dietoterapia. Onde a nutrição exerce efeitos
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Paula, E P. Neres, S. Santini, E. Reis Filho, A D.
positivos na manutenção da saúde, pois sabese que pessoas bem alimentadas apresentam
uma resistência maior contra infecções,
devido
ao
fortalecimento
do
sistema
imunológico, pelo aumento do número de
linfócitos
T
desnutridos
CD4+. Indivíduos
adoecem
e
com
HIV
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