1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 Germinação e viabilidade de sementes de romã submetidas à remoção do arilo e escarificação com ácido sulfúrico em diferentes períodos de tempo Germination and feasibility submitted pomegranate seeds to aryl removal with sulphuric acid in different time periods RAFAELLE DE ALMEIDA SILVA*¹; LARISSA VINIS CORREA²; ELISETE APARECIDA FERNANDES OSIPI3; LORENE ARIANE P. GULARTE4; MARIA CRUZ5 ¹²4 Graduanda do Curso de Agronomia UENP-CLM; 3Profa. Dra., Universidade Estadual do Norte do Paraná, CLM; 5Mestranda UEL *[email protected] RESUMO Objetivou-se avaliar o efeito da remoção do arilo com ácido sulfúrico na germinação e na viabilidade de sementes de romã (Punica granatum L.), quando imersas no ácido sulfúrico concentrado por diferentes períodos de tempos. Após a imersão das sementes durante zero (extração manual com peneira), 1’25”, 2’30”, 5’ e 7’30” foi realizado o teste de germinação. Aos 42 dias após o início do teste foi verificado as sementes germinadas (plântulas normais) e a viabilidade das sementes duras resultantes, através do teste de tetrazólio. Os delineamentos utilizados foram inteiramente casualizados com 5 tratamentos, 4 repetições e 50 sementes por parcela para o teste de germinação e 25 para o teste de tetrazólio, tendo sido os resultados de viabilidade ajustados por regressão. A remoção do arilo com ácido sulfúrico não estimulou a germinação. A remoção do arilo com peneira e com imersão em ácido sulfúrico concentrado por 1’25”, não promoveu a germinação, mas propiciou maiores percentuais de sementes vivas viáveis. A imersão em ácido sulfúrico concentrado por período de tempo igual ou superior a 2’30”, promoveu a morte em percentual superior a 90%. O percentual de sementes mortas aumenta com o aumento do tempo de imersão das sementes no ácido sulfúrico concentrado. INTRODUÇÃO A romãzeira (Punica granatum L.) pertence à família Punicaceae, sendo fruteira de porte arbustivo, com provável centro de origem na Ásia, próximo à região do mediterrâneo. No Brasil, é encontrada comumente em parques e jardins, desempenhando papel ornamental e de propriedades medicinais (CORRÊA, 1978; GRUEN WALD et al., 2000; MATOS, 2002). 440 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 Apresenta folhas pequenas, rijas, brilhantes e membranáceas, flores vermelho-alaranjadas dispostas nas extremidades dos ramos, originando frutos esféricos, com muitas sementes angulosas em camadas as quais se acham envolvidas em arilo polposo, (LORENZI; SOUZA, 2001; FERREIRA, 2004). A germinação de sementes é influenciada pela presença do arilo, capa de constituição gelatinosa, rica em pectina, que envolve completamente as sementes. Aliado ao fato de constituir uma barreira à germinação, o arilo pode conter substâncias reguladoras de crescimento, as quais podem contribuir para a desuniformidade na germinação (PEREIRA; DIAS, 2000). Conforme Carvalho e; Nakagawa (2000), a extração do arilo é específica para as sementes de certas espécies, como as frutícolas, ressaltando que esse processo se torna trabalhoso e, às vezes, problemático para sementes que apresentam substâncias mucilaginosas. A remoção do arilo pode ser feita por fermentação natural, processos mecânicos ou químicos. Silva (2000) destaca tratamento com ácido sulfúrico. Segundo o autor, este método é recomendado já que se promove uma escarificação química das sementes, causando o rompimento ou abrasão da película que as envolvem, o que irá aumentar a permeabilidade à água e consequentemente estimular a germinação. O método de remoção do arilo está diretamente ligado na obtenção ou não de sementes de alta qualidade, e a escolha desse método é em função das características do fruto, da maneira como se encontra aderida à semente e da presença de envelope gelatinoso envolvendo a semente (SILVA, 2000). Com base nos mecanismos ou estruturas da semente envolvidas, a dormência pode ser classificada como: endógena e exógena (CARDOSO, 2004). A dormência endógena é causada por algum bloqueio da germinação relacionada ao próprio embrião ou tecidos, quando envolve processos metabólicos é conhecida como dormência fisiológica e, dormência morfológica quando está relacionada às sementes com embrião não completamente desenvolvido. A dormência exógena, é causada por tecidos da semente (extraembrionário), como o tegumento ou partes do fruto, podendo ser associada a fatores físicos, mecânicos ou químicos (MENEZES et al., 2009). Diante do exposto, o presente trabalho objetivou avaliar a capacidade germinativa e a viabilidade de sementes de romã, após imersão em ácido sulfúrico concentrado em diferentes períodos de tempos, para remoção do arilo. 441 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no laboratório do setor de Produção vegetal na Universidade Estadual do Norte do Paraná, em Bandeirantes – PR. Em 20 de junho, as sementes foram extraídas manualmente de frutos de 20 plantas diferentes de pomares do município de Bandeirantes, sendo eles, frutos recém colhidos, maduros, com boa aparência e bem conformados. Após a extração manual as sementes foram misturadas, separadas em 5 porções e submetidas à 5 tratamentos para remoção do arilo: fricção manual das sementes sobre malha de aço em peneira, por 3 minutos (testemunha); imersão em ácido sulfúrico concentrado por 1’25”; 2’30”; 5’ e 7’30”. Na sequência as sementes foram lavadas em água corrente por 5 minutos e submetidas à secagem à sombra sobre papel absorvente, por 72 horas. O teste de germinação foi instalado em 28 de junho de 2016, em rolo de papel, sob 25oC, na ausência de luz. Após 42 dias, com a estabilização da germinação, as contagens foram realizadas para avaliar as percentagens de sementes germinadas (plântulas normais), percentagens de plântulas anormais (PA), de sementes duras e de sementes mortas. Ao término do teste de germinação foi aplicado teste de viabilidade nas sementes duras resultantes, mergulhando-as por 18 horas em solução de tetrazólio à 0.5% a 25oC, com ausência de luz, tendo antes realizado corte transversal nas regiões apical e basal das sementes, eliminando pequena porção em ambas as regiões sem atingir áreas críticas. Na sequência foram classificadas em sementes viáveis vigorosas (coloração rosa em 100% dos tecidos), viáveis pouco vigorosas (50% ou menos de coloração rosa nos tecidos sendo o restante branco túrgido e firme) e mortas (tecidos brancos, amarelados, flácidos) de acordo com a coloração adquirida após o contato com o tetrazólio. Os delineamentos utilizados foram inteiramente casualizados com 5 tratamentos, 4 repetições e 50 sementes por parcela para o teste de germinação, sendo 25 sementes por parcela para o teste de tetrazólio. Após os dados foram analisados pelo programa Assistat, sendo médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Procedeu-se também ao ajuste de regressão polinomial, para avaliar o comportamento da variável estudada. 442 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 RESULTADOS E DISCUSSÃO Como pode ser observado na tabela 1, não houve germinação em nenhum tratamento em que as sementes foram submetidas ao ácido sulfúrico, contrapondo à Silva, 2000 que recomenda o método de tratamento de sementes com ácido sulfúrico, já que este promove escarificação química das sementes e estimula a germinação. A extração do arilo com peneira (0 minutos em ácido sulfúrico) proporcionou apenas 5% de sementes germinadas, indicando que possivelmente as sementes estejam com um considerável grau de dormência, o que pôde ser reforçado com os resultados de viabilidade obtidos com a aplicação do teste de tetrazolio nas sementes. Tabela 1. Médias em percentual de germinação (G) e de viabilidade de sementes de romã, após tratamento com ácido sulfúrico concentrado para remoção do arilo. Viabilidade Períodos de Imersão em ácido sulfúrico concentrado 0’ G Vivas viáveis Vivas não Viáveis Mortas 5,0 *55,0a *31,0 a *14,0 b 1’25” 0,0 **62,0 a **15,0 ab **23,0 b 2’30” 0,0 3,0 b 3,0 bc 94,0 a 5” 0,0 0,0 b 3,0 bc 97,0 a 7’30” 0,0 0,0 b 0,0 c 100,0 a 17,55 27,99 17,33 49,47 DMS C.V (%) 8,88 10,77 *Para cada característica, médias seguidas de mesma letra, minúscula nas linhas e maiúsculas nas colunas, não diferem pelo teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. **Dados transformados em "arcsen((x/100)^1/2)". Na Figura 1 está representado o comportamento da viabilidade das sementes de romã submetidas a diferentes períodos de imersão em ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado. A regressão polinomial dos períodos de exposição ao ácido sulfúrico apresentou um modelo quadrático. Os percentuais de sementes vivas viáveis, assim como vivas inviáveis, diminuíram com o aumento do período de tempo em imersão no ácido sulfúrico concentrado, ocorrendo os maiores percentuais no tempo 1’25”. Por outro lado, o porcentual de sementes mortas aumentaram com o aumento do tempo de exposição ao ácido, sendo esse aumento 443 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 acentuado a partir do tempo 2’25”, com percentuais superiores a 90%. Constata-se aí os sérios e irreversíveis danos causados pela exposição das sementes ao ácido sulfúrico concentrado, pelos maiores períodos de tempo. Esses resultados não concordam com os obtidos por Gokturk et al., (2012) e Olmez et al., (2007) que associando tratamento com ácido sulfúrico e estratificação a frio em sementes de romã obtiveram 60,7% (30’ no ácido e 45 dias de estratificação; em laboratório) e 85,5% (40’ no ácido e 30 dias de estratificação; em casa de vegetação) de germinação no primeiro caso e 84% (15’ no ácido e 60 dias de estratificação), no segundo caso. Viáveis Vigorosas Viáveis pouco vigorosas Mortas 120 100 y = -2.8619x2 + 33.649x + 7.2186 R² = 0.8667 Viabilidade (%) 80 60 40 y = 1.8484x2 - 22.436x + 63.993 R² = 0.7768 20 y = 1.0136x2 - 11.213x + 28.789 R² = 0.9235 0 0 1.25 2.5 -20 3.75 5 6.25 7.5 Tempo (minutos) FIGURA 1. Médias em percentual da viabilidade de sementes de romã em função do tempo de exposição ao ácido sulfúrico concentrado, para remoção do arilo e escarificação. CONCLUSÃO - A remoção do arilo manual com peneira (sem ácido sulfúrico) proporcionou apenas5% de germinação, indicando provável dormência às sementes. A remoção do arilo com ácido sulfúrico não estimulou a germinação. 444 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Crise: tecnologias para a superação de desafios no setor agrário 21 e 23 DE SETEMBRO DE 2016 - A remoção do arilo com peneira e com imersão das sementes em ácido sulfúrico concentrado por 1’ 25”, embora não tenham promovido a germinação das sementes, propiciaram maiores percentuais de sementes viáveis vigorosas. - A imersão das sementes em ácido sulfúrico concentrado por período de tempo igual ou superior a 2’ 30” promoveu a morte das sementes em percentual superior a 90%. - O percentual de sementes mortas aumentou com o aumento do tempo de imersão das sementes no ácido sulfúrico concentrado. REFERÊNCIAS CARDOSO, V.J.M. Dormência: estabelecimento do processo. In: FERREIRA, A.G.; BORGHETTI, F. 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