MODELAGEM DA CATENÁRIA ATRAVÉS DE EQUACÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS Tiago Cavalcante de Barros1, Fernando Tiago Nascimento Medeiros2, Márcia Pragana Dantas3 Introdução Um modelo matemático é uma representação ou interpretação simplificada da realidade, ou uma interpretação de um fragmento de um sistema, segundo uma estrutura de conceitos mentais ou experimentais. A análise de um modelo matemático é um dos problemas que mais desperta o interesse dos pesquisadores desde tempos antigos até os atuais, não obstante, a catenária, em especial, é um dos modelos que mais despertou o interesse dos matemáticos, entre os quais, Galileu e os Irmãos Bernoulli. Buscaremos mostrar como determinar a forma exata, explicitando a equação, da curva assumida por uma corda flexível (flexível significa que a tensão na corda é sempre no sentido da tangente) de densidade uniforme que está suspensa entre dois pontos. Mostraremos, através do gráfico da equação obtida, que, apesar da semelhança visual com a parábola, a curva obtida não faz parte dessa família, sendo, pois, denominada Catenária. A. Diferença ente a Catenária e a Parábola. Ao contrário da parábola, o estudo da catenária é encontrado com pouca freqüência nos livros didáticos de matemática. No decorrer da história da matemática, houve confusão entre essas duas curvas, que motivou o estudo da catenária a partir do século XVII. Essa fase da história é conhecida como época das curvas, e em 1600, por Huygens, que se iniciaram seus estudos. Tendo em vista que enquanto a parábola tem sua equação dada por um polinômio, temos a catenária modelada por um cosseno hiperbólico. B. Aplicações para Física e Engenharia Entendemos que tão importante quanto o prazeroso processo de modelagem, são as suas aplicações, dentre as quais, citamos construções que se inspiraram na beleza de sua forma como, por exemplo: A Ponte Hercilio Luz, Florianópolis, Brasil (Figura 1A). C. Motivação do Estudo da Catenária pela Natureza. Os matemáticos, em geral, se inspiram em formas da natureza para produção de seus modelos. Não obstante, encontramos na natureza algumas de suas formas, a saber: A Teia de Aranha (Figura 1B). Material e métodos Usamos para a resolução do problema Equações Diferenciais Ordinárias (EDO), que é um tipo de equação que envolve as derivadas de uma função desconhecida de uma variável. Em particular, foi preciso usar uma EDO de Segunda Ordem. A ordem de uma equação diferencial é a ordem n da maior derivada na equação. Além de conceitos elementares de cálculo diferencial e geometria analítica. Além disso, utilizamos os resultados e ferramentas listados abaixo. A. Teorema Fundamental do Calculo [3]. Seja f uma função integrável à Riemann em . Nestas circunstâncias, a função F:[a,b]→R, definida por: é continua em [a,b], sendo diferenciável em qualquer ponto de [a,b], tendo-se: B. WolframAlpha. Para plotar o gráfico da função obtida, usamos o WolframAlpha, uma máquina de respostas disponível online diferente de sites de pesquisa como o Google, que varrem a web e compilam o melhor conjunto de páginas sob certos requisitos. O WolframAlpha, responde a perguntas diretas e objetivas usando um engenho computacional que entrega respostas ótimas e rápidas dentro de certas condições. C. Funções Hiperbólicas. Sem nos prolongarmos muito nos conceitos de seno e cosseno hiperbólico segue a definição que: - senh(x) = e cosh(x) = - . D. Comprimento de arco. O comprimento de arco de uma função y= f(x) para é dado por[3], . Discussão e resultados Primeiramente, escolhemos um sistema de coordenadas cartesiano de modo que o eixo y passe pelo ponto P0 = (0,0), que é o ponto mais baixo da corda e que seja ortogonal à curva nesse ponto (Figura _________________________ 1. Tiago Cavalcante de Barros é Aluno do Curso de Licenciatura em Matemática do Departamento de Matemática, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected]. 2. Fernando Tiago Nascimento Medeiros é Aluno do Curso de Licenciatura em Matemática do Departamento de Matemática, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail:[email protected]. 3. Márcia Pragana Dantas é Profª Associado I do Departamento de Matemática da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE. R. Manoel de Medeiros s/nº,Dois Irmãos, Recife - PE,CEP 52171-900. E-mail: [email protected]. 1C). Escolhemos outro ponto P=(x,y) qualquer da curva e denotamos por S o comprimento da curva de P0 até P. Seja W0 a densidade linear (peso/unidade de comprimento) da corda. Como z = y’, basta integrar a igualdade para obtermos y. Assim, . A parte da corda entre P0 e P está em equilíbrio estático sob ação de três forças: A expressão acima é a equação da catenária que queríamos encontrar, cujo gráfico vamos plotar usando o WolframAlpha, Figura 1D. em P0; 1. A tensão 2. A tensão 3. O peso da corda W0S; Agradecimentos em P; ângulo determinado pela reta Considerando tangente à curva em P e a abscissa, temos: Os autores agradecem aos que colaboraram, professores e amigos, em particular a professora Márcia, que sem seu trabalho de incentivo e orientação não poderíamos apresentar esse trabalho, aos nossos pais por superar os sonhadores na certeza de realização de seus sonhos. Referências [1] Figueiredo, D. G. & Neves, A. F., 1997. Equações Diferenciais Aplicadas. Coleção Matemática Universitária. Rio de Janeiro, IMPA. Fazendo o quociente de (1) por (2) segue . Agora denotaremos por y a função que queremos achar (cujo gráfico é a catenária). Nessas condições podemos supor que y é uma função par de classe [2] Boyce, W. & DiPrima, 2000. Equações Diferenciais [3] Stewart, James, 2006. Calculo Volume I [4] Stewart, James, 2006. Calculo Volume II Temos. (3). Tendo em vista que tanto S quanto depende de x e usando a função comprimento de arco, podemos escrever (3) da seguinte maneira, . Pelo Teorema Fundamental do Calculo, . Chegamos, pois, a uma EDO de segunda ordem cuja solução é a função que procuramos. Esta EDO se reduz a uma EDO de primeira, (4) onde, . Integrando ambos os lados da equação (4) o lado direito é imediato. O lado esquerdo pode ser resolvido com a mudança de variáveis z = tg θ, de onde se obtém, dz = sec 2 θ d θ, e, Daqui segue que: ou seja, pela condição inicial z(0) = 0 temos: - Figura 1. A, Pode ser observada a catenária em uma construção civil, tendo sua curva traçada entre um poste de iluminação e outro. B, Teia de Aranha é um exemplo natural de catenária. C, Visualização do eixo de coordenadas cartesiano escolhido. D, Plot 3D da catenária.