embaixador dos estados unidos

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PALESTRA
EMBAIXADOR DOS
ESTADOS UNIDOS
faz palestra no
Centro de Estudos
Americanos da FAAP
O embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, enfatizou o excelente relacionamento do Brasil com o seu país.
Por Mariana Teixeira de Carvalho
Construir pontes entre o Brasil e os Estados Unidos da
América (EUA). Esta é a principal tarefa de Clifford Sobel,
embaixador norte-americano no Brasil, como ele próprio
enfatiza, agora em bom e claro português.
À parte a carreira diplomática, o embaixador acumula vasta experiência, tanto em negócios quanto em instituições
filantrópicas e de pesquisa. Sobel, que ocupou equivalente posto na Holanda antes de vir ao Brasil, em junho de
2006, esteve na FAAP em 24 de agosto de 2007 para proferir palestra no âmbito do programa do Centro de Estudos Americanos, projeto pelo qual tem especial apreço.
Introduziu a palestra o diretor do Instituto de Estudos Internacionais, embaixador Sergio Amaral. Sua apresentação focalizou a visão brasileira sobre as relações entre
Brasil e os EUA que, para ele, podem ser fragmentadas em
três dimensões: afinidades entre as sociedades;
multiplicidade de agentes e moldura dada pelos governos.
As afinidades facilitam o entendimento entre as duas nações, que compartilham valores e ideais, tais como a democracia, a economia de mercado, os direitos humanos e
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o meio ambiente. Além da herança cultural européia e da
presença africana, com forte influência nas artes de ambos os países.
Uma segunda dimensão, ainda mais relevante do que as
afinidades constitutivas das sociedades, são os laços de
interesses formados por uma multiplicidade de agentes.
Citando o professor Abraham Lowenthal, o embaixador
Sergio Amaral lembrou que os investimentos do Wal-Mart
e da Microsoft são mais importantes do que empréstimos
do Tesouro; a CNN tem mais relevância do que a Voz da
América e os relatórios da Human Rights Watch têm mais
influência do que o Pentágono. De modo reverso, a presença de companhias brasileiras nos EUA, tais como
Coteminas, Gerdau, Odebrecht e Embraer, é mais relevante para o aprofundamento dos vínculos econômicos entre
as duas nações do que qualquer acordo de cooperação.
Por fim, são as relações entre governos que dão a moldura para balizar os caminhos a serem seguidos, ora estimulando avanços, ora desacelerando. Até alguns anos atrás,
as forças de divergência pareciam se sobrepor às de con-
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vergência. Apesar de não serem profundas, tais divergências impediam o aproveitamento de oportunidades.
Mais recentemente, a realidade tem imposto uma correção de rumos, de ambos os lados. O impasse da guerra do
Iraque demonstrou aos Estados Unidos a necessidade da
concertação internacional, a valorização do soft power e a
formação de consenso na condução dos temas internacionais. No Brasil, uma visão de mundo que via a nova realidade global ainda sob o prisma norte-sul e das afinidades
ideológicas em pouco tempo mostrou os seus limites. Evo
Morales nacionalizou a Petrobras, ao mesmo tempo em
que Hugo Chavez desencadeava uma corrida armamentista
e ameaçava aprofundar as já consideráveis divisões no
Mercosul.
Clifford Sobel manifestou sua satisfação em participar do
programa do Centro de Estudos Americanos da FAAP, dando seguimento a uma aproximação entre a FAAP e a embaixada dos EUA que se havia iniciado há seis meses, quando Nicholas Burns, subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, proferiu uma palestra, aliás, a primeira do
Centro.
Em sua apresentação, o embaixador Sobel abordou dois
temas centrais: parceria em matéria de segurança e cooperação econômica
econômica.
Legendas: 1 - O diretor do Centro de Estudos Americanos da FAAP, embaixador Sergio Amaral fez a apresentação do embaixador Clifford Sobel.
2 - Ao responder as questões formuladas pela platéia, muita descontração dos
três embaixadores: Clifford Sobel, Sérgio Amaral e Rubens Ricupero (que é
também o diretor da Faculdade de Economia da FAAP).
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O embaixador Clifford Sobel com o empresário
Roberto Teixeira da Costa.
“As esperanças de paz no mundo dependem da ininterrupta
união das nações livres”. Nestas palavras do presidente
George W. Bush, percebe-se claramente que a segurança
nacional não pode mais ficar a cargo de um único país, sublinhou o embaixador Sobel. As ameaças à paz são hoje
transnacionais e faz-se mister o trabalho conjunto, a fim de
garantir fronteiras seguras e territórios a salvo de ameaças.
Buscando reinventar-se, a OTAN (Organização do Tratado
do Atlântico Norte) redefiniu sua missão para tratar dos desafios que enfrentam seus países-membro. Não se trata mais
do que os EUA fazem com a Europa, mas sim do que os EUA
e a Europa fazem com outras democracias com interesses
semelhantes. A expansão da presença da OTAN, para além
de seus 26 membros é uma nova realidade, como se viu no
Afeganistão, sob mandato da ONU, e em outras áreas na
África e Ásia, bem como parceria no Kosovo, Bósnia e Darfur,
totalizando 23 países.
A exemplo do papel já exercido pelo Brasil no programa
denominado parceria global, da presença no Haiti com a
Minustah (missão das Nações Unidas para a estabilização
do Haiti) e no Timor Leste, a OTAN necessita de parceiros
internacionais que compartilhem interesses comuns e de-
O diretor-presidente da FAAP, Antonio Bias Bueno Guillon comenta com a embaixatriz Barbara Sobel alguns detalhes das estátuas que estão no saguão do prédio
principal da FAAP.
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O auditório repleto de estudantes e professores da FAAP,
além de um grande contingente dos mais importantes
empresários e autoridades, que ouviram e aplaudiram
o embaixador Clifford Sobel.
sejem participar de missões e projetos, sem que isto signifique ampliação do número atual de 26 membros. É
auspicioso pensar que um dia o Brasil possa colaborar mais
com a OTAN, possivelmente nos moldes de uma parceria
global. Nesta linha de raciocínio, talvez o Brasil possa assumir a liderança para a formação de um grupo regional
de países na América do Sul para tal fim.
Clifford Sobel destacou mais um motivo pelo qual o Brasil
pode colaborar com os EUA em questões de segurança: a
crescente relação econômica.
Os EUA são o maior parceiro comercial do Brasil e seu maior
investidor. Neste mesmo campo, os investimentos do Brasil
naquele país cresceram 300% no ano passado. A China atrai
US$ 1 bilhão em investimentos a cada semana. Cabe aos
EUA e ao Brasil fazer frente a esta realidade em conjunto,
criando um sistema comercial aberto, previsível e transparente no hemisfério, pois o nível de competitividade de cada
país será cada vez mais definido pelo grau de integração e
cooperação regional. Trata-se de seguir o que tem sido feito
entre EUA, México e Canadá, mediante o desenvolvimento
de uma economia integrada.
Sobel reiterou ainda a importância de um diálogo contínuo em busca de formas de cooperação mútua, respeitando os distintos pontos de vista, tal como ocorre atualmente, tanto no setor público quanto no privado e acadêmico.
Exemplos disso são as seguidas tratativas entre representantes dos dois governos em busca da resolução do
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impasse da Rodada Doha e a visita da secretária de Educação, Margaret Spellings ao Brasil, a fim de ampliar a cooperação educacional.
O tema dos biocombustíveis não poderia ficar de fora. Desde
a assinatura do Memorando de Entendimento em março deste
ano, há progressos em tornar essa nova fonte de energia
num benefício, não apenas para o Brasil e os EUA, mas também para outras nações, principalmente aquelas em desenvolvimento. Os biocombustíveis estão-se tornando um recurso energético democratizante, pois podem ser produzidos,
refinados e utilizados por nações em desenvolvimento, assegurando-lhes maior independência energética. Sobre esse
tema discutem-se meios para melhor integrar universidades
e o terceiro setor, buscando harmonizar suas normas e elementos regulatórios. E não pára por aqui. Há muito sendo
feito e um extenso caminho a percorrer.
O diplomata norte-americano grifa a importância da parceria. É imperativo que nações como o Brasil e os EUA
trabalhem juntas para proporcionar os benefícios da democracia a seus povos, amigos e vizinhos.
A palestra do embaixador Clifford Sobel é parte da programação do Centro de Estudos Americanos, criado com o
objetivo de proporcionar um maior conhecimento sobre
os EUA, suas instituições, sua sociedade, economia, política, suas relações internacionais, fomentando a formação de especialistas, o intercâmbio de alunos e professores e promovendo debates.
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