Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários

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GRAVEL
ISSN 1678-5975
Dezembro - 2014
V. 12 – nº 1
41-107
Porto Alegre
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da
Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Horn Filho, N.O.1, Schmidt, A.D.2, Benedet, C.2, Neves, J.2, Pimenta, L.H.F.2, Paquette, M.2,
Alencar, R.2, Silva, W.B.2, Villela, E.3, Genovez, R.3 & Santos, C.G.3
1
Departamento de Geociências e Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFSC - [email protected];
Programa de Pós-Graduação em Geografia, UFSC;
3
Bolsistas de Iniciação Científica em Geologia - PIBIC/UFSC/CNPq.
2
Recebido em 03 de novembro de 2014; aceito em 02 de dezembro de 2014.
RESUMO
O presente trabalho apresenta o estudo geológico dos depósitos clásticos
quaternários superficiais da planície costeira do estado de Santa Catarina. São
descritas 20 unidades litoestratigráficas, sendo uma do Embasamento Indiferenciado
e 19 dos sistemas deposicionais continental, transicional e antropogênico. As
descrições estratigráficas e cronológicas das referidas unidades foram efetuadas tendo
como referência o mapeamento geológico-geomorfológico do projeto “Geologia e
Evolução Paleogeográfica da Planície Costeira do Estado de Santa Catarina em Base
ao Estudo dos Depósitos Quaternários”, na escala 1:100.000, em cooperação científica
entre a UFSC e o CNPq. Para organizar a descrição dos resultados da pesquisa, a
planície costeira de Santa Catarina foi subdividida em três setores: Norte, Central e
Sul que, juntos, compõem a articulação de 28 cartas topográficas do IBGE na escala
1:50.000 e que serviram de base cartográfica aos 11 mapas geológicogeomorfológicos no âmbito do projeto citado. O setor Norte abrange os três primeiros
mapas na escala 1:100.000 (1, 2 e 3), seguido do setor Central, que engloba cinco
mapas (4, 5, 6, 7 e 8) e do setor Sul, integrado também por três mapas (9, 10 e 11). As
unidades litoestratigráficas estão descritas conforme seus aspectos geológicos,
morfológicos, texturais, e pela atividade antrópica durante o Quaternário, além do seu
posicionamento em relação ao nível do mar atual.
ABSTRACT
This paper presents the geological study of Quaternary clastic deposits of the
coastal plain in the Santa Catarina state. A description of 20 lithostratigraphic of the
Undifferentiated Basement and continental, transitional and anthropogenic
depositional systems is made. The stratigraphic and chronological description of these
units were based on geological and geomorphological mapping of the project
“Geology and Paleogeographic Evolution of the Coastal Plain in State of Santa
Catarina based on Quaternary deposits”, at scale 1:100,000, cooperation between
UFSC and CNPq. To organize the description of the search results, the coastal plain
of the state of Santa Catarina was divided into three sectors: North, Central and South,
which together comprise the articulation of 28 topographical maps of IBGE at
1:50.000 scale and used as base map for 11 geological-geomorphologic maps in this
paper. The Northern sector covers the first three maps at 1:100.000 scale (1, 2 and 3),
followed by the Central sector, which includes five maps (4, 5, 6, 7 and 8) and the
Southern sector, also integrated by three maps (9, 10 and 11). The lithostratigraphic
units are described according to their geological, morphological, textural aspects, by
human activity during the Quaternary and its position relative to current sea level.
Palavras-chave: Quaternário, Planície Costeira; Santa Catarina; Estratigrafia.
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Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
INTRODUÇÃO
A planície costeira do estado de Santa
Catarina se apresenta como uma unidade
geomorfológica
de
elevada
importância
socioeconômica e ambiental seja pela quantidade
de recursos naturais que a mesma possui ou pelo
efetivo populacional que utiliza esses recursos.
Essa característica justifica a necessidade de
conhecimento dessa unidade, dos seus
ecossistemas e da base física que a sustenta, com
destaque para suas características geológicas e
geomorfológicas.
Como base nessas premissas, o objetivo deste
trabalho é apresentar os elementos da
Estratigrafia da planície costeira de Santa
Catarina em base ao estudo dos depósitos
clásticos quaternários superficiais, a partir da
análise das unidades litoestratigráficas mapeadas
no âmbito do projeto “Geologia e Evolução
Paleogeográfica da Planície Costeira do Estado
de Santa Catarina em Base ao Estudo dos
Depósitos Quaternários”, proposto por Horn
Filho (2008).
Esse trabalho constitui ainda o resultado da
disciplina “Geologia e Geomorfologia da
Planície Costeira de Santa Catarina em Base ao
Estudo dos Depósitos Quaternários” (GCN
410043), oferecida pelo Programa de Pósgraduação em Geografia da Universidade Federal
de Santa Catarina no segundo semestre de 2012.
A referida disciplina integra juntamente com as
disciplinas “Depósitos de Planícies Costeiras”
(GCN 3612) e “Sedimentologia Costeira e
Marinha” (GCN 410046), os conteúdos da área
de concentração Utilização e Conservação dos
Recursos Naturais, linha de pesquisa
Oceanografia Costeira e Geologia Marinha,
oferecida nos cursos de mestrado e doutorado do
referido programa.
A Estratigrafia, conforme a definição de
alguns autores (Guerra, 1980; Suguio, 1992;
Maciel Filho; 1997), conceitua-se como a ciência
que estuda a sucessão das camadas sedimentares
e das rochas, com base em distintas técnicas que
permitem distinguir cronologicamente a
formação desses elementos através do tempo,
determinando a idade das camadas, suas lacunas
e os hiatos existentes entre as mesmas.
Nesse trabalho, a descrição da Estratigrafia
foi efetuada com base no estudo dos depósitos
clásticos quaternários superficiais, não tendo sido
consideradas sondagens subsuperficiais, bem
como datações absolutas. Deste modo, o caráter
desse levantamento é orientado na subdivisão
cronoestratigráfica das rochas e depósitos em
questão, observando o registro de intervalo
específico de cada um deles no tempo geológico.
As idades dos elementos identificados no
mapeamento
geológico-geomorfológico
elaborado por Horn Filho et al. (2015a; 2015b;
2015c; 2015d; 2015e; 2015f; 2015g; 2015h;
2015i; 2015j e 2015k) foram aferidas pelos seus
aspectos texturais, morfológicos e pela atividade
antrópica durante o Quaternário, além do seu
posicionamento em relação ao nível do mar atual.
As litofácies mapeadas foram subdivididas em 20
unidades litoestratigráficas, sendo organizadas e
elencadas com suporte de definições
geocronológicas.
LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA
E
COMPARTIMENTAÇÃO GEOLÓGICOGEOMORFOLÓGICA
DA
PLANÍCIE
COSTEIRA CATARINENSE
A área de estudo compreende a planície
costeira do estado de Santa Catarina, inserida na
província costeira da região Sul do Brasil, com
538 km de linha de costa, o que representa
aproximadamente 7% do litoral brasileiro. De
acordo com o Plano Estadual de Gerenciamento
Costeiro - GERCO (SANTA CATARINA 2010a,
2010b, 2010c, 2010d e 2010e) somam-se 38
municípios na zona costeira, sendo Itapoá no
extremo norte e Passo de Torres, no extremo sul
(Fig. 1).
O limite geográfico da planície costeira
catarinense ao norte é o rio Saí-Guaçu, localizado
na latitude sul 25°57'41", que faz divisa com o
estado do Paraná. Ao sul, o limite é o rio
Mampituba, na divisa com o estado do Rio
Grande do Sul, na latitude sul 29°23'55". A oeste,
o estado de Santa Catarina limita-se com a
Argentina e a leste, com a plataforma continental
Atlântica. Neste trabalho, o litoral catarinense
está sendo compartimentado em três setores:
setor Norte, setor Central e setor Sul (Fig. 2).
Ao longo da costa catarinense encontra-se
grande diversidade geológica e biológica
compondo diferentes paisagens. Entretanto há
uma evidente semelhança do litoral Norte de
Santa Catarina com o litoral do Paraná e do litoral
Sul catarinense com o litoral do Rio Grande do
Sul. Geologicamente identifica-se no setor Norte
o embasamento composto de gnaisses,
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Horn et al.
migmatitos, granulitos e xistos; no setor Central,
composto principalmente por granitos, e no setor
Sul, por rochas sedimentares e basálticas. Em
todos estes setores há ainda acúmulo de
43
sedimentos que compõem os sistemas
deposicionais continental, transicional ou
litorâneo e antropogênico representados por 19
unidades litoestratigráficas.
Figura 1. Localização da planície costeira do estado de Santa Catarina na região Sul do Brasil e seus 38
municípios costeiros (SANTA CATARINA, 2010a, 2010b, 2010c, 2010d, 2010e).
MATERIAIS E MÉTODOS
Os métodos de procedimento foram
desenvolvidos ao longo da disciplina “Geologia e
Geomorfologia da Planície Costeira de Santa
Catarina em Base ao Estudo dos Depósitos
Quaternários”, no âmbito do Programa de Pósgraduação em Geografia da Universidade Federal
de Santa Catarina.
A análise teve como documento base
principal os mapas geológicos da planície
costeira de Santa Catarina, composto de 11 mapas
na escala 1:100.000, com base na articulação de
28 cartas topográficas do IBGE na escala 1:
50.000 (Fig. 3), bem como nos textos e mapas na
escala 1:300.000, do Diagnóstico GeológicoGeomorfológico do Plano Estadual de
Gerenciamento Costeiro de Santa Catarina –
GERCO/SC para os setores Norte, Centro-norte,
Central, Centro-sul e Sul, elaborados por Horn
Filho (2010a, setor Norte); Horn Filho (2010b,
setor Centro-norte); Horn Filho & Ferreti (2010,
GRAVEL
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Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
setor Central) ; Horn Filho (2010c, setor Centrosul) e Horn Filho (2010d, setor Sul). As cartas
topográficas do IBGE na escala 1:50.000, ainda
foram utilizadas, para a mensuração estatística
das unidades litoestratigráficas.
Figura 2. Setorização da planície costeira do estado de Santa Catarina adotada nesse trabalho. O setor Norte está
compreendido desde a barra do rio Saí-Guaçu à ponta de Laranjeiras; o setor Central, desde a ponta de
Laranjeiras à barra do porto de Laguna e, por fim, o setor Sul; entre a barra do porto de Laguna e o rio
Mampituba.
Inicialmente, foi realizado a setorização da
planície costeira de Santa Catarina em três
compartimentos denominados de setores Norte,
Central e Sul, analisados a partir dos elementos
estratigráficos da planície costeira que
compreendem o Embasamento Indiferenciado e
os depósitos dos sistemas deposicionais
continental, transicional e antropogênico, para os
quais foram abordados de forma individualizada
cada unidade litoestratigráfica.
O Quadro 1 apresenta uma síntese da
compartimentação
da
planície
costeira
visualizando-se as unidades geocronológicas, as
unidades litoestratigráficas, a identificação dos
mapas geológicos na escala 1:100.000 e o
conjunto de mapas para cada compartimento,
permitindo a observação das referidas unidades
litoestratigráficas no litoral de Santa Catarina.
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Horn et al.
45
Figura 3. Articulação das 30 cartas topográficas do IBGE na escala 1:50.000 que correspondem à planície
costeira catarinense. Dessas, 28 cartas topográficas serviram de base planialtimética e mensuração das
unidades litoestratigráficas mapeadas em campo (IBGE 1969, 1974, 1976a, 1976b, 1976c, 1976d,
1976e, 1976f, 1976g, 1976h, 1979, 1980a, 1980b, 1980c, 1981a, 1981b, 1981c, 1981d, 1981e, 1981f,
1981g, 1981h, 1981i, 1981j, 1981k, 1983a, 1983b, 1992), que representam respectivamente as folhas
de Guaratuba, Biguaçu, Araranguá, Imbituba, Jaguaruna, Lagoa Garopaba do Sul, Rincão, Rio
Sangrador, Turvo, Vila Nova, Torres, Laguna, São Francisco do Sul, Três Cachoeiras, Araquari, Barra
velha, Canasvieiras, Florianópolis, Garuva, Gaspar, Itajaí, Joinville, Lagoa, Praia Grande, Sombrio,
Camboriú, Paulo Lopes e Pedra Branca de Araraquara.
GRAVEL
46
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Quadro 1. Síntese das unidades litoestratigráficas e mapas correspondentes.
Época
Embasamento/Siste
Sequência Unidade litoestratigrafica
ma Deposicional
Antropogênico
H
o
l
o
c
e
n
o
Pleistoceno Superior
T
r
a
n
s
i
c
i
o
n
a
l
e
A
n
l
i
e
t
a
r
a
g
20
19
18
17
16
15
14
13
B
a
i
x
a
e
n
e
r
g
i
a
Pleistoceno Médio
12
11
10
9
8
7
6
5
4
Quaternário
Indiferenciado
Continental
Pré-quaternário
Cristalino/Sedimentar
3
2
1
Depósito Tecnogênico
Depósito do tipo Sambaqui
Depósito Eólico
Depósito Chenier
Depósito Estuario Praial
Depósito Lagunar Praial
Depósito Marinho Praial
Depósito Paludial
Depósito Estuarino
Depósito de Baia
Depósito Deltaico Intralagunar
Depósito Flúvio-lagunar
Depósito Lagunar
Depósito Eólico
Depósito Lagunar
Depósito Eólico
Depósito Aluvial
Depósito de Leque Aluvial
Depósito Coluvial
Embasamento Indiferenciado
1
x
x
x
Norte
2
x
x
x
3
x
x
x
4
x
x
x
Setores
Central
5 6 7
x x x
x x x
x x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Sul
10 11
x x
x
x x
8
x
x
x
9
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
* Os números 1, 2 e 3 correspondem aos mapas do setor Norte; 4, 5, 6, 7, 8 e 9 aos mapas do setor Central; e 9, 10 e 11 aos mapas
do setor Sul.
Ao longo dos resultados no texto procurou-se
identificar e descrever para cada unidade
litoestratigráfica os seguintes itens: conceituação,
distribuição nos três setores, geologia,
geomorfologia, gênese e idade, complementado
com fotos (dados secundários) em trabalhos de
campo realizados anteriormente. A Figura 4
apresenta e expõe a localização e distribuição das
fotos na planície costeira de Santa Catarina
ilustrando cada unidade litoestratigráfica
mapeada.
Para a visualização da distribuição das
unidades litoestratigráficas e a análise geológicogeomorfológica da planície de Santa Catarina em
toda a sua extensão foi elaborado um mosaico
recortando as imagens dos 11 mapas na escala
1:100.000. As unidades foram caracterizadas
com o auxílio dos mapas dos cinco setores do
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (Horn
Filho 2010a, 2010b, 2010d, 2010e, Horn Filho &
Ferreti, 2010) e pesquisa bibliográfica
complementar.
As 20 unidades litoestratigráficas foram
individualizadas e representadas em imagens ao
longo da planície costeira, com objetivo de
retratar a frequência e a distribuição de cada
litologia ao longo da área de estudo e nos setores
Norte, Central e Sul.
Os cálculos geométricos das áreas
representadas pelas feições de cada unidade
litoestratigráfica mapeadas tiveram por base os
shapesfiles
do
mapeamento
geológicogeomorfológico que serviu de base a esse
trabalho.
Com o auxílio das ferramentas de medidas
geométricas software ArcGIS 10.1® foi possível
mensurar a dimensão das diversas feições
geológicas, a partir de polígonos e elementos
topológicos distintos.
REFERENCIAL TEÓRICO
O período Quaternário, iniciado há
aproximadamente 1,6 Ma AP representa a última
divisão do tempo geológico relativo à Idade do
Gelo ou do Homem. Subdivide-se em duas
épocas: o Pleistoceno, compreendido entre 1,6
Ma AP e 11 ka AP e o Holoceno, de 11 ka AP até
o presente (Souza, 2005).
O Quaternário é marcado pela alternância de
períodos glaciais e interglaciais durante os quais
o clima da Terra foi caracterizado,
respectivamente, por temperaturas globais mais
baixas ou semelhantes às atuais (Van Andel,
1992; Suguio; 1999).
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Horn et al.
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Figura 4. Localização e distribuição das fotos das 20 unidades litoestratigráficas da planície costeira de Santa
Catarina.
GRAVEL
48
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Tais variações no globo resultaram em
mudanças ambientais cujas evidências podem
ficar preservadas sob a forma de registros
sedimentares, possibilitando a reconstituição de
ambientes passados. Esse padrão de mudanças
climáticas, repetido e regular, resulta da interação
de fenômenos astronômicos, geofísicos e
geológicos. Tais mudanças foram responsáveis
por alterações nas taxas de pedogênese e
morfogênese, nos regimes fluviais e na
distribuição da fauna e da flora (Moura & Silva,
1998).
O estudo dos depósitos que permanecem
preservados no registro estratigráfico produzido
durante esse período, torna possível a
caracterização ambiental, através de parâmetros
físicos, químicos e biológicos (Suguio, 1998).
Dependendo da qualidade do registro sedimentar
pode-se chegar a um grau de precisão maior ou
menor de tais parâmetros. Nos diferentes
depósitos das zonas costeiras estão registrados
parte da história geológica das flutuações
recentes do Quaternário.
As zonas costeiras compõem as faixas
limítrofes entre os continentes e os oceanos
representando uma das áreas de mais intenso
intercâmbio de energia e matéria do sistema
Terra. Além disso, as costas comportam
ecossistemas com rica diversidade biológica
encontradas, por exemplo, em praias, manguezais
e recifes de corais (Suguio, 2003).
No Brasil, as zonas costeiras estão
distribuídas ao longo dos 7.367 km da linha de
costa, abrangendo uma área de 442.000 km², o
que corresponde a 5% do território nacional. A
zona costeira do estado de Santa Catarina,
localizada na região Sul e costas Sudeste e Sul do
Brasil, abriga ao longo dos 538 km de litoral
adjacente ao oceano Atlântico Sul, 36% da
população catarinense. Zona costeira e província
costeira são termos geoambiental e geológico,
respectivamente, correlacionados entre si, quanto
aos aspectos geográficos e ambientais.
A província costeira de Santa Catarina possui
uma área de 66.212 km², compreendendo no setor
emerso, a planície costeira e o sistema praial, com
uma área de 4.212 km² (Rosa & Herrmann, 1986)
e que representa 4,35% da área do estado e no
setor submerso, a plataforma continental, com
62.000 km², caracterizada pela sedimentação das
bacias marginais marinhas de Santos e Pelotas, ao
sul do Brasil. Os limites geográficos da província
são a norte e sul, os estados do Paraná e Rio
Grande do Sul; a oeste, Argentina e a leste, o
talude e elevação continentais e o assoalho
oceânico.
Segundo Suguio (2003) as planícies costeiras
são superfícies geomorfológicas deposicionais de
baixo gradiente, formadas por sedimentação
predominantemente subaquosa, que margeiam
corpos de água de grandes dimensões, como o
mar ou oceano, representadas comumente por
faixas de terrenos recentes emersos e compostos
por sedimentos marinhos, continentais, flúviomarinhos, lagunares, paludiais, em geral de idade
quaternária.
A província costeira de Santa Catarina é
constituída de duas unidades geológicas: o
embasamento e as bacias sedimentares marginais
de Pelotas e Santos, extracontinentais, de caráter
tectônico passivo, assentadas no oceano
Atlântico Sul, desde o início da deriva
continental, responsável pela fragmentação do
Gondwana, que separou a América do Sul da
África.
O embasamento caracteriza o arcabouço
geológico-estrutural das regiões central e centrooriental da Plataforma Sul-Americana (Almeida
et al., 1976), sendo constituído no estado de Santa
Catarina por rochas das províncias geológicas do
Escudo Catarinense, da Bacia do Paraná e do
Planalto da Serra Geral. Este embasamento, que
aflora em algumas regiões representa as terras
altas da província costeira, na forma de
elevações, maciços rochosos, promontórios,
pontais e ilhas continentais.
As bacias sedimentares marginais de Santos e
Pelotas representam a margem continental sulbrasileira na província costeira de Santa Catarina,
tendo sido qualificada por Zembruscki (1979)
como uma margem continental “deposicional” ou
“construcional”, pela expressiva acumulação de
sedimentos, suavização das feições morfológicas
e minimização de suas declividades.
As bacias de Santos e Pelotas são limitadas
geograficamente na Plataforma de Florianópolis,
nas imediações do cabo de Santa Marta Grande
(28°27'S). Em direção sul, estende-se a bacia de
Pelotas e a norte, a bacia de Santos. Esta ocupa
uma área total de 350.000 km², com significativo
pacote de sedimentos de até 10-12 km de
espessura, duas vezes a bacia de Pelotas. Por sua
vez, esta ocupa uma área total de 70.000 km²,
onde estão acumulados cerca de 8 km de
sedimentos clásticos continentais, transicionais e
marinhos. Em ambas as bacias, os sedimentos
GRAVEL
Horn et al.
estão associados às transgressões e regressões
marinhas que ocorreram desde o Neocomiano
(Cretáceo inferior) ao Quaternário.
As bacias são constituídas por dois setores
interdigitados e limitados pelo sistema praial: o
setor submerso, abaixo do nível relativo do mar,
representado pela plataforma continental, e o
setor emerso, acima do nível relativo do mar,
representado pela planície costeira.
A plataforma continental catarinense, inserida
na margem continental Sudeste-sul brasileira,
apresenta larguras médias de 130 km (Corrêa et
al., 1996); declividades de 1:500 a 1:700 nas
regiões mais estreitas e 1:1.000 e 1:350 nas
regiões mais largas (Zembruscki, 1979);
inclinações entre 0,5° e 0,7° (GRÉ, 1983) e
profundidades de quebra de plataforma entre -120
e -180 m.
O traçado das isóbatas da plataforma
continental catarinense é homogêneo, paralelo à
linha de costa, sendo subdividida em plataforma
continental interna (até 30 m); plataforma
continental média (entre 10 e 100 m) e plataforma
continental externa (entre 100 e 200 m). Um total
de cinco níveis topográficos submersos nas
isóbatas de 20-25 m, 32-45 m, 50 m, 60-75 m e
49
80-90 m foram registrados na plataforma
continental, correspondendo a paleoterraços de
estabilização do nível do mar durante o
Quaternário (Corrêa, 1979).
A planície costeira é constituída de depósitos
e fácies dos sistemas deposicionais continental,
transicional e antropogênico. Entre o sistema
deposicional transicional e oceânico, pode-se
encontrar os sedimentos do sistema praial.
O sistema deposicional continental está
associado às encostas das terras altas, englobando
o Depósito Coluvial, o Depósito de Leque
Aluvial e o Depósito Fluvial, geralmente
inferidos
com idades do
Quaternário
indiferenciado (de ± 2 Ma AP até o presente).
O sistema litorâneo ou transicional, na
maioria das regiões do tipo laguna-barreira (Fig.
5), está associado às variações relativas do nível
do mar ocorridas durante o Quaternário,
compreendendo depósitos pleistocênicos (entre
120 e 18 ka AP) e holocênicos (entre 5,1 ka AP e
o presente) dos ambientes marinho raso, eólico,
lagunar e paludial, cujas principais formas de
relevo são terraços, dunas, cordões regressivos e
planícies.
Figura 5. Esboço esquemático do sistema deposicional laguna-barreira (Fonte: Villwock & Tomazelli, 1995).
O sistema deposicional antropogênico
incluem sedimentos de origem artificial
construídos pela ação tecnógena antropogênica,
como aterros e rejeitos minerais, além dos
sambaquis, que constituem acumulações de
origem natural, com mistura de materiais de
origem sedimentar, artefatos líticos e restos
orgânicos.
O sistema praial localizado entre os
sedimentos da planície costeira e da plataforma
continental exibe praias diversificadas no que diz
respeito às características geomorfológicas,
sedimentológicas e morfodinâmicas. A costa do
estado de Santa Catarina é classificada como uma
costa do tipo Atlântico, de granulometria
predominantemente arenosa, com presença
marcante de afloramentos rochosos.
GRAVEL
50
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Neste contexto o sistema laguna-barreira e
outros depósitos clásticos superficiais destacamse por permitir a reconstrução de antigas posições
ocupadas pelos níveis relativos do mar. A
definição de indicadores (evidências ou
testemunhos) destes fatos, no espaço e no tempo
a partir das altitudes da formação ou de deposição
em relação ao nível do mar da época e da
geocronologia associada permite delinear curvas
de variação relativa do mar para aquele trecho de
costa no intervalo de tempo considerado.
Suguio et al. (1985) definiram a curva de
variação do nível relativo do mar durante os
últimos 7 ka AP para o trecho Itajaí-Laguna, no
litoral catarinense, esboçando uma variação de ±
4-5 m entre o máximo transgressivo e o nível do
mar atual (Fig. 6).
Figura 6. Curva de variação do nível relativo do mar durante os últimos 7 ka AP entre Itajaí e Laguna, no litoral
catarinense (SUGUIO et al., 1985).
Segundo Suguio (1999), vestígios de terraços
arenosos e cascalhosos com mais de 13 m de
altitude acima do nível médio do mar atual, de
possível origem marinha, são indicadores
importante das mudanças do nível médio do mar.
Na planície costeira do estado de Santa Catarina
existem vestígios destas flutuações, cujos níveis
mais altos estão marcados ao longo dos depósitos
associados ao sistema laguna-barreira.
As sequências sedimentares costeiras foram
depositadas, durante o Pleistoceno e o Holoceno.
As regressões marinhas durante as glaciações do
Quaternário acarretaram a exposição de extensas
áreas de plataforma continental, que foram
submetidas a processos erosivos subaéreos, de
sedimentação e de formação de solo. Já, durante
as interglaciações, as planícies sedimentares,
deltas, praias e lagoas foram subsequentemente
submersas, devido à fusão das geleiras
pleistocênicas (Bigarella, 2009).
No Brasil, o registro mais completo da
evolução das planícies costeiras é encontrado na
planície do Rio Grande do Sul. Nele foram
identificados, a partir do fim do Terciário, quatro
ciclos transgressivo-regressivos do mar (Figura
7) (Villwock et al., 1986).
Em estudos realizados no sistema lagunabarreira IV da planície costeira do estado do Rio
Grande do Sul e perfeitamente aplicáveis para a
planície costeira de Santa Catarina, Villwock &
Tomazelli (1995) detectaram que a evolução
temporal desses ambientes deposicionais ocorre
no sentido "laguna-lago e pântano costeiro".
Segundo este estudo, esta tendência evolutiva
está diretamente associada à inter-relação de
quatro mecanismos principais: 1) as variações do
nível de base (nível do mar e lençol freático), 2)
o progressivo avanço da vegetação marginal dos
corpos aquosos, 3) o aporte de sedimentos
clásticos trazidos pelos canais fluviais, e 4) a
migração das dunas que avançam sobre os corpos
lagunares e canais de ligação (Lalane, 2011).
Em Santa Catarina são encontrados pelo
menos os níveis três e quatro da sequência.
Segundo Tessler & Goya (2005), as inúmeras
lagunas costeiras que caracterizam a planície
costeira da região Sul do Brasil têm sua origem
relacionada ao desenvolvimento de sistemas
laguna-barreira, responsáveis pelo isolamento
dos corpos lagunares. Estes sistemas consistem,
segundo os autores, em formações arenosas que
se acumularam em função da disponibilidade de
sedimentos associados à ação do vento e da
energia significativa das ondas durante as
oscilações no nível do mar.
Por fim, estes fatos colocam a planície
costeira do estado de Santa Catarina em destaque,
que a torna uma referência importante para o
entendimento da evolução da linha de costa no
Brasil.
GRAVEL
Horn et al.
51
Figura 7. Esboço do sistema laguna-barreira registrado na planície costeira do Rio Grande do Sul, testemunhando
fases regressivas e transgressivas do nível relativo do mar acima do atual no Quaternário. Fonte:
extraído de Villwock et al. (1986).
DOCUMENTOS BASE
Os documentos base que deram suporte a esse
trabalho foram os 11 mapas geológicos da
planície costeira do estado de Santa Catarina, na
escala 1:100.000, elaborados por Horn Filho et al.
(2015a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k) conforme o
Quadro 2.
Foram utilizados ainda como documentos
base os cinco mapas geológicos temáticos do
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro de
Santa Catarina – GERCO/SC (SANTA
CATARINA, 2010) segmentados em cinco
setores, a saber: setor Norte, setor Centro-norte,
setor Central, setor Centro-sul e setor Sul. Os
mapas integram os textos do Diagnóstico
geológico-geomorfológico do litoral (Norte,
Centro-norte, Central, Centro-sul e Sul) ou setor
(1, 2, 3, 4 ou 5) do Plano Estadual de
Gerenciamento Costeiro de Santa Catarina –
GERCO/SC (Horn Filho, 2010a, b, c, d; Horn
Filho & Ferreti, 2010).
Constam também os trabalhos pretéritos no
âmbito regional realizado por outros autores, tais
como Caruso Jr. & Araújo (2000) na folha Itajaí
(escala 1:50.000); Caruso Jr. et al. (2000) na
folha Camboriú (escala 1:50.000); Duarte (1981)
e Caruso Jr. (1993) na ilha de Santa Catarina;
Caruso Jr. (1995a,b) no setor Sudeste do estado;
Horn Filho et al. (1999) na folha Imbituba (escala
1:50.000); Duarte (1995) e Caruso Jr. (1997) no
extremo sul do estado. Ainda merece destaque o
trabalho de Horn Filho (2003) que tratou da
setorização da província costeira de Santa
Catarina em base aos aspectos geológicos,
geomorfológicos e geográficos e Horn Filho &
Diehl (1994, 2001), que descreveram a geologia
da planície costeira de Santa Catarina.
GEOLOGIA DA PLANÍCIE COSTEIRA
Nos 11 mapas geológicos na escala 1:100.000
foram definidas 20 unidades litoestratigráficas de
três sistemas deposicionais (continental,
transicional e antropogênico) e um do
embasamento (cristalino/sedimentar) (Quadro 3).
No mapeamento geológico desenvolvido pelo
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro de
Santa Catarina (SANTA CATARINA, 2010a, b,
c, d, e) foram definidas 24 unidades
litoestratigráficas do embasamento (Quadro 4),
além de 19 unidades da planície costeira (Quadro
5), totalizando 43 unidades litoestratigráficas,
conforme os mapas geológicos do setor Norte
(Figura 8), setor Centro-norte (Figura 9), setor
Central (Figura 10), setor Centro-sul (Figura 11)
e setor Sul (Figura 12).
GRAVEL
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
52
Quadro 2. Mapas geológicos da planície costeira do estado de Santa Catarina na escala 1:100.000 e seus respectivos
autores (em cor amarela, o setor Norte; em cor laranja, o setor central e em cor verde, o setor Sul).
N°
1N
2N
3N
4C
Mapa geológico
Mapa geológico da planície costeira das folhas
São Francisco do Sul (SH-22-Z-B-II-2),
Garuva (SG-22-B-II-1), Guaratuba (PR) (SG22-X-D-V-4) e Pedra Branca de Araraquara
(PR) (SH-22-X-D-V-3), Santa Catarina,
Brasil
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Araquari (SH-22-R-I-4) e Joinvile (SG-22-ZB-II-3), Santa Catarina, Brasil
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Barra Velha (SG-22-Z-B-V-2), Gaspar (SG22-Z-B-V-3) e Itajaí (SG-22-Z-B-V-4), Santa
Catarina, Brasil
Mapa geológico da planície costeira da folha
Camboriú (SG-22-Z-D-II-2), Santa Catarina,
Brasil
5C
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Biguaçu (SG-22-Z-D-II-4) e Canasvieiras
(SG-22-Z-D-III-3), Santa Catarina, Brasil
6C
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Florianópolis (SG-22-Z-D-V-2) e Lagoa (SG22-Z-D-VI-1), Santa Catarina, Brasil
7C
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Paulo Lopes (SH-22-Z-B-II-2) e Imbituba
(SG-22-B-II-1), Santa Catarina, Brasil
8C
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Vila Nova (SH-22-Z-B-II-2) e Laguna (SG22-B-II-1), Santa Catarina, Brasil
9S
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Lagoa de Garopaba do Sul (SH-22-Z-B-II-2)
e Jaguaruna (SG-22-B-II-1), SC, Brasil
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Rincão (SH-22-Z-B-II-2), Araranguá (SG-22B-II-1) e Turvo (SG-22-X-D-V-4), Santa
Catarina, Brasil
10S
11S
Mapa geológico da planície costeira das folhas
Rio Sangrador (SH-22-Z-B-II-2), Sombrio
(SG-22-B-II-1), Sombrio (SG-22-B-II-1),
Praia Grande (SG-22-X-D-V-4), Torres (RS)
(SH-22-X-D-V-3) e Três Cachoeiras (RS)
(SH-22-X-D-V-3), SC, Brasil
Autores
HORN FILHO, N. O.; VIEIRA, C. V.; BEXIGA. G. M. S.;
LEAL, R. A.; MACHADO, V. C.; HOERHAN, E. L. e S.;
RUHLAND, J.; INUI, R. Z.; CERUTTI, R. L.; HAUFF, S.
N.; LUZ, V. J. P.
HORN FILHO, N. O.; VIEIRA, C. V.; BEXIGA. G. M. S.;
LEAL, R. A.; MACHADO, V. C.; FORTES, E.;
HOERHAN, E. L. e S.; DIEHL, F. L.; NASCIMENTO, J.
A. S. do N.; ABREU, J. J.
HORN FILHO, N. O.; AMIN JR. A. H.; SOUZA, D. R.;
DIEHL, F. L.; BEXIGA. G. M. S.; LEAL, R. A.;
MACHADO, V. C.; SANTOS, C. R.; STRENZEL, G. M.
R.; CAMARGO, G.; BORGES, S. F.
HORN FILHO, N. O.; PUHL, P.R; BEXIGA. G. M. S.;
LIVI, N. S.; LEAL, R. A.; MACHADO, V. C.; ANDRADE,
B.; HEIDRICH, C.; COVELLO, C.; LOURENÇO, L. L.;
MACHADO, M. A.; DIEBE, V. C.
HORN FILHO, N. O; LIVI, N. S.; DAMASIO, M.; PUHL,
P. R; SILVA, M. da; BEXIGA. G. M. S.; LEAL, R. A.;
MACHADO, V. C.; ANDRADE, B.; HEIDRICH, C.;
COVELLO, C.; LOURENÇO, L. L.; MACHADO, M. A.;
DIEBE, V. C.
HORN FILHO, N. O.; LIVI, N. S.; DAMASIO, M.; SILVA,
M.; PUHL, P.R; BEXIGA. G. M. S.; LEAL, R. A.;
MACHADO, V. C.; ANDRADE, B.; HEIDRICH, C.;
COVELLO, C.; LOURENÇO, L. L.; MACHADO, M. A.;
DIEBE, V. C.
HORN FILHO, N. O.; LEAL, P. C.; DAMASIO, M.; LEAL,
R. A.; MACHADO, V. C.; BEXIGA, G. M. S.; SILVA, A.
F.; COVELLO, C.; PUHL, P. R.; OLIVEIRA, J. S.;
OLINGER, J. O.; OLIVEIRA, M. S. C.; NUNES, M. G.;
NÓBREGA, M. R.; PEREIRA, M. A.
HORN FILHO, N. O; JOAQUIM, J. M. B.; BEXIGA, G. M.
S.; MACHADO, V. C.; LEAL, R. A.; SILVA, A. F. da;
COVELLO, C.; LOURENÇO, L. L.; NASCIMENTO, L. V.
R. P.; DAMASIO, M.; DIEBE, V. C.
HORN FILHO, N. O.; FELIX, A.; VIEIRA, C. V.;
BAPTISTA, E. M. C.; BEXIGA, G. M. S.; MACHADO, V.
C.; LEAL, R. A.;
HORN FILHO, N. O.; MACHADO, C.; POLZIN, M. A.;
MACHADO, V. C.; LEAL, R. A.; BEXIGA, G. M. S.;
SILVA, A. F.; OLIVEIRA, D. A. G.; FLORIANI, D. C.;
WESTARB, E. F. F. A.; BÚSSOLO JR., G.; PEIXOTO, J.
R. V.; OLIVEIRA, J. S.; FARACO, K. R., SILVEIRA, M.
C.; DAMASIO, M.; FREITAS, M. P.; FARION, S. R. L.,
OLIVEIRA, U. R.; DIEBE, V.
HORN FILHO, N. O; SCHMIDT, A. D.; MACHADO, V.
C.; LEAL, R. A.; BEXIGA, G. M. S.; MILAN, C. C.;
TRATZ, E. B.; LIVI, N. S.; LISBOA, T. H. C.; NEVES, J.;
FELIX, A.; MELO, A. T.; RIBEIRO, D.; SOUZA, D. R.;
PIETRO FILHO, J. E. DI; MUDAT, J. E., KITAHARA, M.
V.; OLIVEIRA, U. R. ; ROSA, C., PEIXOTO, J. R. V.
GRAVEL
Horn et al.
53
Quadro 3. Unidades litoestratigráficas aflorantes na planície costeira de Santa Catarina em base aos 11 mapas
geológicos na escala 1:100.000 (§ = número de mapas que a unidade aflora).
UNIDADE
LITOESTRATIGRÁFICA
20. Depósito Tecnogênico
19. Depósito do tipo Sambaqui
18. Depósito Eólico
17. Depósito de Chenier
16. Depósito Paludial
15. Depósito de Baía
14. Depósito Estuarino
13. Depósito Estuarino Praial
12. Depósito Marinho Praial
11. Depósito Lagunar Praial
10. Depósito Flúvio-lagunar
9. Depósito Deltaico Intralagunar
8. Depósito Lagunar
7. Depósito Eólico
6. Depósito Lagunar
5. Depósito Eólico
4. Depósito Aluvial
3. Depósito de Leque Aluvial
2. Depósito Coluvial
1. Embasamento Indiferenciado
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
§
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
11
11
11
2
7
2
2
1
11
3
8
1
11
11
6
3
11
11
11
11
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
(Em verde: unidades do sistema deposicional antropogênico; em amarelo: unidades do sistema deposicional transicional laguna-barreira IV do
Holoceno; em laranja: unidades do sistema deposicional transicional laguna-barreira III do Pleistoceno superior; em vermelho: unidades do sistema
deposicional transicional laguna-barreira II do Pleistoceno médio; em cinza: unidades do sistema deposicional continental do Quaternário
indiferenciado; em lilás: unidades do Embasamento Indiferenciado).
Quadro 4. Unidades litoestratigráficas do embasamento mapeadas pelo GERCO/SC.
UNIDADE LITOESTRATIGRÁFICA
24. Formação Iquererim
23. Formação Serra Geral
22. Formação Botucatu
21. Formação Rio do Rasto
20. Formação Rio Bonito
19. Riolito Cambirela
18. Suíte Intrusiva Subida
17. Granito Itacorubi
16. Granito Ilha
15. Granito Tabuleiro
14. Granitóide Pedras Grandes
13. Granitóide Paulo Lopes
12. Granitóide São Pedro de Alcântara
11. Granito Guabiruba
10. Granodiorito Estaleiro
9. Granito Morro dos Macacos
8. Granito Zimbros
7. Grupo Itajaí
6. Granitóide Valsungana
5. Complexo Brusque
4. Complexo Tabuleiro
3. Complexo Canguçu
2. Complexo Camboriú
1. Complexo Granulítico
1*
2*
3*
4*
5*
IDADE
Terciário-Quaternário
Jurássico-Cretáceo
Triássico
Permiano
Permiano
Eo-Paleozoico
Proterozoico superior
Proterozoico médio-superior
Proterozoico médio
Proterozoico inferior-médio
Proterozoico inferior
Arqueano
(*1 representa o setor Norte, *2 setor Centro-norte, *3 setor Central, *4 setor Centro-sul e *5 setor Sul).
GRAVEL
54
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Quadro 5. Unidades litoestratigráficas da planície costeira mapeadas pelo GERCO/SC nos setores 1 a 5.
SISTEMA
Antropogênico
Transicional
Continental
UNIDADE
LITOESTRATIGRÁFICA
43. Depósito Tecnogênico
42. Depósito do tipo Sambaqui
41. Depósito de Chenier
40. Depósito de Baía
39. Depósito Estuarino Praial
38. Depósito Estuarino
37. Depósito Deltaico Intralagunar
36. Depósito Lagunar Praial
35. Depósito Eólico
34. Depósito Flúvio-lagunar
33. Depósito Paludial
32. Depósito Marinho Praial
31. Depósito Lagunar
30. Depósito Eólico
29. Depósito Lagunar
28. Depósito Eólico
27. Depósito Aluvial
26. Depósito de Leque Aluvial
25. Depósito Coluvial
1*
2*
3*
4*
5*
Idade
Holoceno
Pleistoceno
superior
Pleist. médio
Quaternário
Indiferenciado
Essas 43 unidades litoestratigráficas estão
relacionadas a diversos ecossistemas/ambientes
expostos na planície costeira conforme Quadro 6.
As
43
unidades
litoestratigráficas
caracterizam
dois
grandes
domínios
geomorfológicos e seis compartimentos
denominados de Embasamento, Aluvial,
Lagunar, Eólico, Praial e Antropogênico (Quadro
7).
Quadro 6. Ecossistemas e ambientes considerados como referência no diagnóstico da zona costeira do estado de
Santa Catarina, conforme GERCO/SC.
Domínio
Meio
Terrestre
Continental
Aquático
Terrestre
Transicional
Litorâneo*
Marinho
Aquático
Ecossistema/Ambiente
Encostas - Floresta Ombrófila Densa
Planície Costeira - Floresta Ombrófila Densa
Vale e Planície alveolar - Floresta Ombrófila Densa
Restinga
Área úmida (brejos, pântanos e banhados)
Lagoa e lago
Rio (ritral e potamal)
Ilha costeira (marítima e estuarina)
Duna
Manguezal e Marisma
Estuário (desembocaduras, deltas e canais estuarinos)
Laguna
Costão/Falésia
Praia (sedimentares)
Plataforma continental interna - exposta
Plataforma continental interna - semi exposta (enseadas)
Plataforma continental interna - não exposta (baías)
Laje e parcel rochoso
*Associado diretamente à dinâmica da maré e/ou a processos litorâneos da linha de costa.
GRAVEL
Horn et al.
55
Quadro 7. Unidades geomorfológicas do embasamento e planície costeira mapeadas pelo GERCO/SC.
DOMÍNIO
Terras
baixas
COMPARTIMENTO
GEOMORFOLÓGICO
Antropogênico
Praial
UNIDADE
LITOESTRATIGRÁFICA
UNIDADE
GEOMORFOLÓGICA
Depósito Tecnogênico
Aterro
Depósito do tipo Sambaqui
Depósito de Chenier
Depósito Estuarino Praial
Depósito Lagunar Praial
Colina
Planície de chenier
Praia estuarina
Praia lagunar
Planície de cordão litorâneo lagunar
Praia oceânica, Praia de baía,
Planície de cordão litorâneo
marinho
Duna ativa
Duna fixa, manto eólico
Manto eólico, rampa de dissipação,
paleoduna
Manto eólico, rampa de dissipação,
paleoduna
Terraço de baía
Terraço estuarino
Delta intralagunar
Terraço flúvio-lagunar
Planície de maré
Planície paludial
Planície lagunar
Terraço lagunar
Planície de inundação, terraço
fluvial
Leque aluvial indiferenciado
Rampa coluvial
Embasamento indiferenciado, Ilha
costeira: de baía, lagunar, estuarina
e oceânica
Depósito Marinho Praial
Eólico
Depósito Eólico do Holoceno
Depósito Eólico do Pleistoceno superior
Depósito Eólico do Pleistoceno médio
Lagunar
Aluvial
Terras altas
Embasamento
sedimentar/ cristalino
Depósito de Baía
Depósito Estuarino
Depósito Deltaico Intralagunar
Depósito Flúvio-lagunar
Depósito Paludial
Depósito Lagunar do Holoceno
Depósito Lagunar do Pleistoceno superior
Depósito Aluvial
Depósito de Leque Aluvial
Depósito Coluvial
Diversas unidades litoestratigráficas
Figura 8. Mapa geológico do litoral Norte ou setor 1 (GERCO/SC) (Horn Filho, 2010a).
GRAVEL
56
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 9. Mapa geológico do litoral Centro-norte ou setor 2 (GERCO/SC) (Horn Filho, 2010b).
GRAVEL
Horn et al.
Figura 10. Mapa geológico do litoral Central ou setor 3 (GERCO/SC) (Horn Filho & Ferreti, 2010).
GRAVEL
57
58
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 11. Mapa geológico do litoral Centro-sul ou setor 4 (GERCO/SC) (Horn Filho, 2010c).
GRAVEL
Horn et al.
Figura 12. Mapa geológico do litoral Sul ou setor 5 (GERCO/SC) (Horn Filho, 2010d).
GRAVEL
59
60
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
De posse das informações geradas nos 11
mapas geológicos da planície costeira do estado
de Santa Catarina, na escala 1:100.000,
elaborados por Horn Filho et al. (2015a, b, c, d,
e, f, g, h, i, j, k) e dos cinco mapas geológicos
apresentados
no
Plano
Estadual
de
Gerenciamento Costeiro de Santa Catarina –
GERCO/SC (SANTA CATARINA, 2010), foi
elaborado o mapa geológico da planície costeira
do estado de Santa Catarina na escala 1:500.000
(Figura 13).
Figura 13. Mapa geológico da planície costeira de Santa Catarina, Brasil (Horn Filho et al., 2012).
GRAVEL
Horn et al.
Embasamento Indiferenciado
Nas duas pesquisas que deram suporte a essa
pesquisa, o embasamento foi retratado de modo
distinto: no primeiro, que envolveu o
mapeamento geológico em base aos 11 mapas na
escala 1:100.000, o embasamento foi tratado
como indiferenciado (Horn Filho et al., 2015a;
2015b; 2015c; 2015d; 2015e; 2015f; 2015g;
2015h; 2015i; 2015j; 2015k); no segundo, que
envolveu
o
diagnóstico
geológicogeomorfológicos em base aos cinco mapas na
escala 1:300.000 (GERCO/SC), o embasamento
foi tratado como diferenciado (Horn Filho,
2010a, b, c, d; Horn Filho & Ferreti, 2010).
Nesse estudo, o embasamento foi
cartografado de maneira homogênea, não
constituindo parâmetro para caracterizar
distintivamente as rochas que compõem a área
fonte dos sedimentos quaternários e o arcabouço
das outras 19 unidades litoestratigráficas da
planície costeira catarinense (Figura 14).
No setor Norte, o embasamento é constituído
das unidades litoestratigráficas formadas pelo
Complexo Granulítico, Complexo Tabuleiro,
Suíte Intrusiva Subida e Formação Iquererim.
Estas unidades representam as terras altas que
aparecem na paisagem na forma de promontórios,
pontas rochosas, maciços costeiros, ilhas
costeiras, morros e serras cristalinas. Esta porção
do embasamento é constituída por rochas
metamórficas de alto grau da fácies anfibolito e
em especial granulito, com idades radiométricas
arqueanas, transamazônicas e brasilianas, que
constitui o segmento setentrional do Escudo
Catarinense, situado no nordeste do estado, e que
se estende a norte para além da divisa com o
estado do Paraná. Merece destaque a única
exposição da Formação Iquererim e as rochas
mais antigas do litoral do estado de Santa
Catarina,
representadas
pelo
Complexo
Granulítico.
O setor Central abrange grande área do
embasamento composto por uma diversidade de
unidades
litoestratigráficas.
Além
da
continuidade do Complexo Granulítico, surgem
ao norte outras unidades litoestratigráficas
denominadas de Complexo Camboriú, Complexo
Tabuleiro, Complexo Brusque (Foto 1),
Granitóide Valsungana, Grupo Itajaí, Granito
Zimbros, Granito Morro dos Macacos,
61
Granodiorito Estaleiro e Granito Guabiruba e
Grupo Itajaí. No setor mais central aparecem o
Complexo Canguçu, Granitóide São Pedro de
Alcântara, e mais ao sul o Granitóide Paulo
Lopes, Granito Ilha, Granito Itacorubi,
Granitóide Pedras Grandes, Riolito Cambirela e
Formação Serra Geral. No conjunto, o
embasamento da planície costeira central é
constituído principalmente por rochas de origem
magmática e metamórfica. As rochas principais
são granitos, granodioritos, monzogranitos,
sienitos, dioritos, pegmatitos, riolitos, diabásios,
gnaisses, migmatitos e arenitos, folhelhos e
conglomerados do Grupo Itajaí.
No setor Sul, o embasamento é constituído
das unidades litoestratigráficas Granitóide Pedras
Grandes, Formação Rio Bonito, Formação Rio do
Rasto, Formação Botucatu e Formação Serra
Geral. Exceto o Granitóide Pedras Grandes, todas
as unidades compõem a Bacia do Paraná. A
formação geológica é representada por rochas
vulcânicas e sedimentares, constituídas de
basaltos, folhelhos e arenitos, situação geológica
única ao longo do embasamento do estado com
afloramentos somente na planície costeira do
setor Sul.
Foto 1. Vista para sudoeste das rochas metamórficas
(micaxistos, metarenitos e quartzitos) do Complexo
Brusque aflorantes na praia da Solidão junto à ponta do
Farol, promontório rochoso entre as praias Brava, ao sul
e Cabeçudas, ao norte. Fonte: Horn Filho et al. (2015c).
(Foto 1 do mapa 3, de Norberto Olmiro Horn Filho,
setembro de 2008, nas coordenadas geográficas
26°55'47,4"S e 48°37'29,9"W).
GRAVEL
62
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 14. Área de ocorrência em cor rósea da unidade litoestratigráfica “Embasamento Indiferenciado”, do préQuaternário, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
Sistema deposicional continental
O sistema deposicional continental da
planície costeira representa o Quaternário
indiferenciado constituído de três unidades
litoestratigráficas: Depósito Coluvial, Depósito
de Leque Aluvial e Depósito Aluvial. Estes
depósitos são, de forma geral, formados de
sedimentos heterogêneos, mal selecionados,
associados à base das elevações do embasamento
e concentrados no setor ocidental da planície
costeira.
Do ponto de vista da geomorfologia costeira,
esse sistema está incluso no compartimento
Aluvial das Terras baixas, cujas principais formas
de relevo compreendem rampas coluviais, leques
aluviais proximais, medianos e distais, canais
fluviais e planícies de inundação.
Depósito Coluvial
Os sedimentos do Depósito Coluvial possuem
composição terrígena formado por material
transportado principalmente pelo efeito da
gravidade localizados próximo a área fonte. Os
sedimentos coluviais restringem-se às vertentes
da serra do Mar ao norte, da serra Geral ao sul e
das serras do Leste Catarinense, no setor central
da planície costeira (Figura 15).
O Depósito Coluvial ocorre geralmente
associado aos elúvios, encaixados nas
paleodrenagens e drenagens dos maciços
rochosos ou como elevações isoladas em meio
aos depósitos mais recentes da planície costeira.
Na planície costeira do setor Norte, o
Depósito Coluvial ocorre predominantemente
entre o Embasamento Indiferenciado e o
Depósito de Leque Aluvial. Já próximo à linha de
costa aflora nas encostas dos promontórios,
pontas rochosas e até costões, tomando-se como
exemplo a região ao sul de Itapoá, costa Norte da
baía da Babitonga, nordeste da ilha de São
Francisco do Sul e município de Penha.
No setor Central, o Depósito Coluvial
encontra-se concentrado dominantemente entre o
rio Camboriú e o rio Maruim, no município de
Biguaçu. Em direção ao sul e na ilha de Santa
Catarina, o Depósito Coluvial está mais disperso
63
na paisagem costeira, voltando a ocorrer de forma
expressiva no oeste e noroeste da lagoa do
Imaruí. Nas áreas de concentração urbana este
depósito limita-se com a área antropizada em
maior extensão na região de Florianópolis e
pontualmente nas praias de Zimbros, Bombinhas
e Porto Belo.
No setor Sul, o Depósito Coluvial concentrase entre o Embasamento Indiferenciado e o
Depósito Aluvial, de forma expressiva em
amplitude de área ao sul do rio Linha Anta,
afluente do rio Urussanga. No restante da planície
costeira, o Depósito Coluvial distribui-se de
forma dispersa e restrita.
O Depósito Coluvial é constituído de uma
mistura de sedimentos arenosos, siltosos e
argilosos de grãos imaturos e angulosos (Foto 2),
além de macroclastos de granulometria variável
com tamanho de grão desde grânulos a matacões.
Predominam entre os macroclastos dos colúvios,
os fragmentos de diversos tipos de granitos,
gnaisses, ultramafitos, basaltos, arenitos, siltitos
e diabásios.
Foto 2. Afloramento que expõe os sedimentos
inconsolidados, areno síltico-argilosos de coloração
alaranjada do Depósito Coluvial do Quaternário
indiferenciado, localizado na região de Limeira,
município de Biguaçu, em forma de rampa coluvial.
Fonte: Puhl et al. (2010) e Horn Filho et al. (2015e).
(Foto 2 do mapa 5, de Norberto Olmiro Horn Filho,
agosto de 2009, nas coordenadas geográficas
27°28'16,4"S e 48°38'24,9"W).
GRAVEL
64
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 15. Área de ocorrência em cor verde da unidade litoestratigráfica “Depósito Coluvial”, do Quaternário
indiferenciado, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
Do ponto de vista geomorfológico, o
Depósito Coluvial desenvolve-se na forma de
rampas coluviais e tálus. As rampas coluviais são
resultantes dos sedimentos melhor selecionados,
transportados e depositados em ambiente de
menor energia, enquanto que o tálus é
consequência de fragmentos mal selecionados,
transportados e depositados em ambiente de alta
energia (Fernandes & Amaral, 2003).
O modelado de acumulação das rampas
coluviais apresenta planos localmente abaciados,
rampas de declividades diversas e, mais
restritamente, formas tabulares e baixos platôs.
Depósito de Leque Aluvial
O Depósito de Leque Aluvial é definido por
Suguio (2003) como um depósito em forma de
leque (ou cone) encontrado, geralmente, na base
de vertentes em regiões de montanhas.
Especificando o depósito, o mesmo autor
identifica as principais fácies de leques aluviais:
os de características subaquáticas como as
correntes de turbidez e os de características
subaéreos como os fluxos de detritos.
O Depósito de Leque Aluvial se destaca na
paisagem nos setores Norte e Sul da planície
costeira (Figura 16).
No setor Norte, o Depósito de Leque Aluvial
distribui-se de forma diferenciada. Até o
município de Navegantes o depósito limita-se,
predominantemente, ora entre o Embasamento
Indiferenciado e o Depósito Aluvial, ora entre o
Depósito Coluvial e o Depósito Aluvial formando
as planícies dos principais cursos d’água. No
setor Norte, esse depósito alcança grande
extensão em área.
No setor Central, o Depósito de Leque
Aluvial ocorre, predominantemente, limitando-se
com o Embasamento Indiferenciado, com o
Depósito Coluvial e com o Depósito Aluvial,
justaposto às áreas antropizadas. Esse depósito
acompanha ou margeia as vertentes e alcança
maiores amplitudes nas áreas interiorizadas onde
os vales aprofundam-se no embasamento.
Exceção ocorre na planície ao norte da lagoa
Mirim até a lagoa de Ibiraquera e no setor central
da ilha de Santa Catarina, aonde a ocorrência do
Depósito de Leque Aluvial torna-se mais esparsa
e restrita.
65
No setor Sul, o Depósito de Leque Aluvial
ocorre,
predominantemente,
entre
o
Embasamento Indiferenciado e o Depósito
Coluvial e o Depósito Aluvial. Encontra-se
formando uma ampla planície ocupando também
os vales formados pelo recuo do embasamento ao
sul do município de Criciúma até o norte do
município de Sombrio.
Do ponto de vista textural, na planície costeira
do setor Norte, o Depósito de Leque Aluvial é
composto de sedimentos mal selecionados,
dominando as areias sobre os pelitos e os
cascalhos. A fácies arenosa (areia muito fina)
predomina entre os sedimentos, os quais
geralmente
apresentam-se
indistintamente
estratificados. Na planície costeira do setor
Central, os sedimentos são pobremente
selecionados, à base de areias fina e muito fina
até silte grosso, porém em alguns locais há o
predomínio de areia grossa e grânulo.
Na planície costeira dos setores Norte e
Central, os gnaisses e granitos, angulares e
imaturos, constituem os clastos grossos (Foto 3).
Por sua vez, na planície costeira do setor Sul, os
clastos angulares e imaturos de basaltos, arenitos
e folhelhos sobressaem entremeados ao depósito.
Foto 3. Detalhe do Depósito de Leque Aluvial do
Quaternário indiferenciado aflorante na região de
Penha de Imbituba, observando-se os sedimentos mal
selecionados compostos de partículas areno-argilosas
com presença de clastos granulosos de fragmentos dos
granitos do embasamento. Fonte: Horn Filho et al.
(2015g). (Foto 3 do mapa 7, de Norberto Olmiro Horn
Filho, maio de 2009, nas coordenadas geográficas
28°05'19,6"S e 48°42'29,5"W).
GRAVEL
66
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 16. Área de ocorrência em cor marrom claro a unidade litoestratigráfica “Depósito de Leque Aluvial”,
do Quaternário indiferenciado, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
Como o próprio nome indica, o Depósito de
Leque Aluvial configura superfícies em forma de
leque ou cone. Do ponto de vista geomorfológico,
esse depósito pode ser subdividido em proximal,
mediano e distal, de acordo com sua posição ao
longo do perfil longitudinal, cujos aspectos
texturais e morfológicos são distintos desde o
ápice até a base do mesmo. O depósito de leque
proximal é mais grosso, menos selecionado e de
gradiente topográfico elevado, enquanto que o
depósito de leque distal é mais fino, melhor
selecionado e de menor gradiente. Integra ainda,
este modelado a deposição pela acumulação
torrencial e a acumulação torrencial colinosa.
O Depósito de Leque Aluvial ocorre
encaixado nas paleodrenagens e drenagens dos
maciços rochosos ou como elevações isoladas em
meio aos depósitos mais recentes da planície
costeira. A superfície mais dissecada se deve à
maior precipitação pluviométrica, gerando
declividades mais suaves. Em contraposição, a
menor precipitação tem favorecido acúmulo de
sedimentos e declividades mais íngremes.
A idade do Depósito Coluvial e do Depósito
de Leque Aluvial é do Quaternário indiferenciado
entre ± 2 Ma AP até o presente.
O Depósito de Leque Aluvial é formado pela
irradiação de sedimentos à jusante das elevações,
que se espraiam declive abaixo, a partir de
diversos ápices situados na base do Embasamento
Indiferenciado, dos elúvios e do Depósito
Coluvial. O modelado de acumulação dos leques
aluviais compreende os setores proximal,
mediano e distal, dispondo-se ao longo dos canais
principais e secundários, cujos sedimentos serão
escoados e retrabalhados posteriormente na
planície de inundação. Estes sedimentos
encontram-se sobre influência aluvial e
gravitacional como mecanismo principal de sua
deposição.
Depósito Aluvial
O Depósito Aluvial caracteriza-se como
resultado do transporte de sedimentos por meio
da energia exercida pelas águas dos cursos
fluviais, antigos e/ou atuais, e depositados tanto
nas margens dos rios, bem como em áreas de
transbordo, durante todo o Quaternário
indiferenciadamente.
Esse depósito compreende o depósito de
canal, o depósito de barra de meandro e o
depósito de planície de inundação. O depósito de
67
canal, típico dos cursos superiores dos rios, é
formado de sedimentos mais grossos, compostos
geralmente de areias e seixos até matacões. O
depósito de barra de meandro aparece mais
confinado aos bancos convexos dos canais ativos
e abandonados, derivando do transporte de
material arenoso por saltação e mais grosso por
tração. No depósito de planície de inundação dos
cursos inferiores dos rios, predomina sedimentos
arenosos e síltico-argilosos, provenientes da
carga de suspensão dos rios nos períodos de
enchente.
Os sedimentos do Depósito Aluvial são
constituídos essencialmente de areia fina, com
quantidades relativas de matéria orgânica,
exibindo eventualmente laminação, com
estratificação horizontal a inclinada, de
espessuras variáveis de camadas arenosas,
argilosas ou granulosas, de acordo com a energia
e direção principal do fluxo da corrente fluvial.
O Depósito Aluvial predomina no setor Norte
da planície costeira desde o alto curso dos canais,
ao longo dos principais rios e afluentes cortando
o Depósito de Leque Aluvial. É o depósito mais
bem distribuído na planície costeira do setor
Norte transpondo os demais depósitos e o
Embasamento Indiferenciado. As maiores
amplitudes em área do Depósito Aluvial são
encontradas na planície dos rios Cubatão,
Pirabeiraba (Foto 4), Itajaí-Açú e dos afluentes
dos rios Itajaí-Mirim e Luiz Alves (Figura 17).
No setor Central da planície costeira, o
Depósito Aluvial na forma de extensas planícies
de inundação concentra-se ao longo dos rios
Tijucas, Cubatão e Capivari. De forma mais
restrita ocorre na ilha de Santa Catarina e ao norte
da lagoa Mirim até a proximidade sul da lagoa de
Garopaba.
No setor Sul da planície costeira, o Depósito
Aluvial ocorre em maior extensão ao longo dos
rios Urussanga, Araranguá, Mampituba e Sertão.
Os sedimentos aluviais se depositam pela
ação dos cursos fluviais retrabalhando os
sedimentos de origem coluvial, lagunar, paludial,
eólica e marinha dos sistemas deposicionais
continental e transicional. Simultaneamente,
acumulam sedimentos nos canais dos afluentes
ou nas margens dos principais rios
indiferenciadamente durante todo o Quaternário
e prossegue nos dias atuais. Em toda a planície
costeira o Depósito Aluvial justapõe-se através de
contatos brusco e interdigitado com os depósitos
transicionais pleistocênicos e holocênicos.
GRAVEL
68
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 17. Área de ocorrência em cor marrom escura da unidade litoestratigráfica “Depósito Aluvial”, do
Quaternário indiferenciado, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
69
Sistema deposicional transicional
Foto 4. Visão da sequência sedimentar típica do
Depósito Aluvial do Quaternário indiferenciado
adjacente ao rio Pirabeiraba, setor Norte da planície
costeira, constituído de cascalhos na base e sedimentos
argilo-arenosos em direção ao topo da sequência
fluvial. Fonte: Vieira (2008) e Horn Filho et al.
(2015a). (Foto 2 do mapa 1, de Celso Voos Vieira,
abril de 2006, coordenadas geográficas 26°08'52.3"S e
48°54'16.4"W).
As fácies de planície de inundação e de barra
em pontal são caracterizadas por sedimentos
argilo-arenosos, de granulometria média a grossa,
além da presença de cascalhos e argilas,
evidenciando um moderado selecionamento para
estes depósitos. Na planície de inundação ocorre
principalmente sedimentação lamosa, devido ao
transbordamento dos leitos dos rios da região,
enquanto que na fácies de barra em pontal, a
sedimentação é essencialmente arenosa, e a
deposição dá-se, principalmente, através de
processos de transporte por saltação e tração.
Do ponto de vista da geomorfologia costeira,
o Depósito Aluvial apresenta modelado de
acumulação formando a planície de inundação,
caracterizada como uma área plana sujeita a
inundações periódicas, e que corresponde às
várzeas atuais. Em geral, forma terraço fluvial,
plano ou levemente inclinado, apresentando
rupturas de declive em relação ao leito do rio e às
várzeas, podendo se apresentar dissecado devido
às mudanças no nível de base e consequentes
retomadas erosivas, vindo a aflorar os sedimentos
tipicamente fluviais. Os rios da planície costeira
catarinense apresentam formas predominantes
meandrantes e retilíneas.
Os depósitos litorâneos ou transicionais
encontram-se dispostos em áreas mais próximas
à linha de costa atual ou à paleolinhas de costa,
sendo constituídos por sedimentos quaternários
essencialmente arenosos, típicos dos ambientes
marinho praial e eólico, além de sedimentos
siltosos e argilosos, contendo teores variados de
matéria orgânica, característicos de ambientes
lagunar, flúvio-lagunar e paludial.
Esses depósitos que compõem o sistema
transicional estão intimamente relacionados aos
sistemas laguna-barreira II, III e IV, do
Pleistoceno médio, Pleistoceno superior e
Holoceno, respectivamente. Neste sistema se
originaram na retrobarreira lagunar sedimentos
compostos por areias e lamas, constituindo uma
sucessão de terraços lagunares e na barreira
marinho praial e eólica, sedimentos arenosos, na
forma de cordões regressivos litorâneos, campos
de dunas e planícies de maré, as quais
caracterizam a paisagem costeira.
O sistema deposicional transicional da
planície costeira é subdividido temporalmente em
depósitos do Pleistoceno médio, Pleistoceno
superior e Holoceno.
Pleistoceno
Do ponto de vista temporal, o Pleistoceno
pode ser dividido em Pleistoceno inferior, com
idades entre 1,8 Ma e 780 ka AP, tendo seu limite
inferior coincidindo com a primeira fase glacial
do Quaternário; o Pleistoceno médio, com idades
entre 780 e 120 ka AP, caracterizando-se por dois
episódios glaciais que podem ser relacionados
aos sistemas laguna-barreira I e II; e por fim o
Pleistoceno superior, com idades inferidas entre
120 e 11 ka AP, que deu origem ao último
máximo transgressivo-regressivo do Pleistoceno,
relacionado ao sistema laguna-barreira III. As
unidades litoestratigráficas do Pleistoceno são
típicas dos ambientes lagunar e eólico descritas a
seguir.
Ambiente lagunar
A unidade litoestratigráfica que representa o
ambiente lagunar do Pleistoceno superior na
planície costeira de Santa Catarina é o Depósito
Lagunar. Situa-se à retaguarda dos depósitos
eólicos de mesma idade, justapondo-se aos
GRAVEL
70
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
demais depósitos da planície costeira. Suas
características são muito semelhantes aos
lagunares holocênicos, entretanto, a posição dos
mesmos em relação à linha de costa atual e as
cotas mais elevadas, definiram-nos como de
idade pleistocênica. Os sedimentos lagunares
aparecem em relativa proporção no setor Norte da
planície costeira catarinense, em pequena
proporção no setor Central e regularmente em
todo o setor Sul (Figura 18).
O Depósito Lagunar é formado em ambientes
de baixa dinâmica e energia de deposição,
favorecendo o acúmulo de silte, argila e areia fina
a muito fina, de cores cinza escuro à negras e
enriquecido
em matéria orgânica
em
decomposição,
podendo
formar
zonas
pantanosas. Ocorrem no entorno de antigos
corpos aquosos lagunares costeiros e em áreas
semiconfinadas por material arenoso, associados
ao reverso das barreiras formadas pelos depósitos
eólicos ou marinhos.
Neste depósito ocorre, eventualmente, a
presença de fragmentos de conchas calcáreas,
com o predomínio do bivalve Anomalocardia
Brasiliana (berbigão), depositadas em forma de
lençóis conchíferos associados às porções de
fundo raso das antigas planícies de maré,
constituindo as biofácies desta unidade
deposicional (Foto 5).
Foto 5. Detalhe do Depósito Lagunar do Pleistoceno
superior constituído de sedimento areno-sílticoargiloso, rico em matéria orgânica e eventuais
fragmentos de conchas carbonáticas, o que evidencia
deposição em ambiente lagunar. Fonte: Horn Filho et
al. (2015j). (Foto 4 do mapa 10, de Natália Steilein Livi,
setembro de 2007, coordenadas geográficas
28°51'07,5"S e 49°19'20,6"W).
O Depósito lagunar do Pleistoceno superior
aparece muito limitado, encaixado entre os
mantos eólicos e paleodunas pleistocênicos. Em
alguns pontos aflora em forma de terraços
lagunares. Representam as intercristas dos feixes
litorâneos, de superfícies planas e altitudes
médias de 12 m, a partir de projeções flúviolagunares paralelas à linha de costa atual.
O máximo transgressivo ocorrido durante o
período interglacial Riss-Würm proporcionou a
formação
das
barreiras
transgressivas
responsáveis pelo confinamento dos corpos
lagunares que foram dissecados após a descida do
NRM, dando origem, entre outros, a esses
depósitos.
Ambiente eólico
As
unidades
litoestratigráficas
que
representam o ambiente eólico do Pleistoceno
médio e superior na planície costeira de Santa
Catarina são o Depósito Eólico do Pleistoceno
médio e o Depósito Eólico do Pleistoceno
superior, sendo que o mais antigo aflora
isoladamente na planície costeira (Figura 19) e o
mais recente, representa grandes extensões de
afloramentos principalmente nos setores Norte e
Sul (Figura 20).
No Pleistoceno médio ocorre somente um
depósito, de origem eólica, correlacionado ao
sistema laguna-barreira II (Villwock et al., 1986),
cuja idade é de aproximadamente 250 ka AP.
Esse depósito aparece no setor Norte e setor
Central da planície costeira (região de Imbituba)
(Foto 6), sem ocorrências no setor Sul.
No Pleistoceno superior o depósito é
correlacionado ao sistema laguna-barreira III
formado entre 120 e 18 ka AP, relativo à
transgressão Cananéia para o litoral paulista
(Suguio & Martin, 1978), penúltima transgressão
para o litoral nordestino (Bittencourt et al., 1979)
ou transgressão Pleistocênica III para o litoral
Rio-Grandense (Villwock et al., 1986). Esse
depósito é bem difundido nos três setores da
planície costeira.
GRAVEL
Horn et al.
71
Figura 18. Área de ocorrência em cor cinza escuro da unidade litoestratigráfica “Depósito Lagunar”, do
Pleistoceno superior, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
72
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 19. Área de ocorrência em cor rósea da unidade litoestratigráfica “Depósito Eólico”, do Pleistoceno
médio, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
73
Figura 20. Área de ocorrência em cor laranja da unidade litoestratigráfica “Depósito Eólico”, do Pleistoceno
superior, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
74
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
aonde foram geradas, definindo-se dois grupos
distintos: 1) ambientes de baixa energia, 2)
ambientes de alta energia.
Foto 6. Jazida de exploração de sedimentos arenosos do
Depósito Eólico do Pleistoceno médio na localidade de
Nova Brasília, município de Imbituba. Fonte: Horn
Filho et al. (2015g). (Foto 5 do mapa 7, de Norberto
Olmiro Horn Filho, abril de 2009, nas coordenadas
geográficas 28°13'31,2"S e 48°42'19,3"W).
Ambos os depósitos são compostos por
sedimentos arenosos finos a muito finos com
elementos de silte, na forma de paleodunas e
paleomantos eólicos ou terraços de superfície
aplainada a ondulada (Foto 7), que aparecem
isoladamente ou constituem a cobertura das
planícies de cordões litorâneos, com uma
sucessão de cristas e cavas bem delineadas no
terreno. Quando presentes, as estruturas
primárias dos depósitos incluem a estratificação
plano-paralela, estrutura de dissipação e
bioturbação.
O Depósito Eólico do Pleistoceno médio
aflora como corpos isolados de forma circular,
sendo diferenciados dos depósitos do Pleistoceno
superior pela maior altitude e maior consolidação
de seus sedimentos. As prováveis altitudes
excepcionais para ambos depósitos desta idade
podem ser explicadas pela sobreposição de
coberturas eólicas na forma de dunas e mantos de
aspersão sobre os terraços marinhos.
Holoceno
O Holoceno representa a época mais recente
do período Quaternário, entre 5,1 ka AP e o
presente, podendo ser subdividido em Holoceno
inferior (entre 5,1 e 3,6 ka AP), Holoceno médio
(entre 3,6 e 2,5 ka AP) e Holoceno superior (entre
2,5 ka AP e o presente).
Nesse estudo, as unidades litoestratigráficas
do Holoceno são individualizadas conforme a
energia hidrodinâmica e aerodinâmica do meio
Foto 7. Jazida de exploração de sedimentos arenosos
eólicos da barreira III na localidade de Sanga do Veado,
observando-se o aspecto geral do Depósito Eólico do
Pleistoceno superior na forma de mantos eólicos e/ou
paleodunas. Fonte: Horn Filho et al. (2015j). (Foto 2 do
mapa 10, de Natália Steilein Livi, setembro de 2007, nas
coordenadas geográficas 29°00'36,2"S e 49°33'33,8"W,
fonte: Horn Filho, 2010).
Ambientes de baixa energia
As unidades litoestratigráficas do Holoceno
típicas dos ambientes hidrodinâmicos de baixa
energia são: Depósito Lagunar, Depósito FlúvioLagunar, Depósito Deltaico Intralagunar,
Depósito de Baía, Depósito Estuarino e Depósito
Paludial, as quais serão retratadas uma a uma a
seguir.
Essas unidades se encontram em ambientes
fechados e redutores, com circulação restrita de
suas águas e geralmente pouco profundos.
Depósito Lagunar
O Depósito Lagunar é caracterizado pela
dominância de sedimentos finos (areia fina a
muito fina e lama), de coloração cinza-escuro,
geralmente com presença de matéria orgânica.
Fragmentos de conchas de moluscos podem
constituir parte importante dos sedimentos
lagunares. Taxas variadas de sedimentação,
associadas à ação de ondas em ambiente lagunar,
produzem laminações nos sedimentos, as quais
podem ser destruídas pela bioturbação por
organismos perfuradores (Suguio, 1992).
GRAVEL
Horn et al.
O Depósito Lagunar do Holoceno aflora
localizadamente no setor Norte do estado nos
municípios de Barra Velha, Araquari, Balneário
Barra do Sul e São Francisco do Sul (Figura 21),
limitando-se de modo interdigitado com os
demais depósitos quaternários.
No setor Central, o depósito é constituído de
sedimentos
sílticos
a
areno-argilosos,
enriquecidos geralmente com matéria orgânica,
com tom marrom a cinza, típico de ambiente
redutor, podendo conter conchas calcárias. No
setor Sul, o Depósito Lagunar é o único depósito
que aflora, sem exceção, em todos os municípios
do litoral sul catarinense, na forma de terraço
alongado de superfície plana (Foto 8), quase
sempre paralelo à linha de costa. A textura é
argilo-arenosa e presença de matéria orgânica
dominante. As altitudes atingem no máximo 4-5
m acima do nível médio do mar atual.
75
erosão em depressões durante níveis marinhos
holocênicos mais altos, quando a extensão
lagunar atingia áreas maiores do que as atuais.
Depósito Flúvio-lagunar
O Depósito Flúvio-lagunar resulta da
acumulação de sedimentos oriundos da erosão e
do transporte de materiais de áreas situadas à
montante dos cursos fluviais dos rios da planície
costeira,
podendo
ser
retrabalhados
posteriormente em ambiente lagunar pela ação da
deriva litorânea, das ondas e dos ventos. Tais
depósitos estão associados às desembocaduras
dos rios, cursos fluviais esses que desaguaram
suas águas em corpos lagunares, influenciando na
sedimentação lagunar.
Este depósito faz contato com diversas
unidades
litoestratigráficas,
tanto
do
Embasamento Indiferenciado e depósitos do
sistema continental e sistema transicional
pleistocênico e holocênico.
Do ponto de vista geomorfológico, o
Depósito Flúvio-lagunar apresenta forma de
terraço isolado de superfície plana (Foto 9),
geralmente alongado e paralelo à linha de costa,
alguns levemente circulares e situados acima do
nível base dos rios.
Foto 8. Vista para noroeste do Depósito Lagunar do
Holoceno na planície costeira da região de passo de
Torres, sul do estado, exibindo superfície plana e
presença de sedimentos argilo-arenosos ricos em
matéria orgânica. No canto noroeste da foto observa-se
uma elevação isolada da Formação Botucatu. Fonte:
Horn Filho et al. (2015k). (Foto 2 do mapa 11, de Tânia
Helena Cernew Lisboa, setembro de 2007, nas
coordenadas
geográficas
29°17'33,5"S
e
49°46'02,1"W).
O Depósito Lagunar está associado às
margens dos corpos lagunares, tendo sido
originado da progressiva fragmentação de corpos
lagunares costeiros em locais abrigados e de
baixa energia próximo aos cursos fluviais. São
formados a partir de processos de inundação e
Foto 9. Vista para sudoeste do Depósito Flúvio-lagunar
holocênico, observando-se a forma de terraço lagunar
sob a influência do rio Aratingaúba. Fonte: Horn Filho
et al. (2015h). (Foto e do mapa 8, de Norberto Olmiro
Horn Filho, setembro de 2008, coordenadas geográficas
28°16'34,2"S e 48°52'59,7"W).
GRAVEL
76
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 21. Área de ocorrência em cor cinza claro da unidade litoestratigráfica “Depósito Lagunar”, do Holoceno,
na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
No setor Norte do estado, o Depósito Flúviolagunar aflora nos municípios de Barra Velha,
Araquari, Balneário Barra do Sul e São Francisco
do Sul, associado às margens fluviais e lagunares.
Aparece também em forma pontual próximo ao
canal do Linguado e rio Itapocu. Exibe forma de
terraços de superfície plana das planícies
lagunares, de forma alongada a levemente
circular e situados acima do nível base dos rios e
lagoas. No setor Central, esse depósito aflora nos
municípios de Palhoça, Florianópolis e Tijucas.
No setor Sul, o Depósito Flúvio-lagunar ocorre
em todos os municípios do litoral Centro-sul de
Santa Catarina (Figura 22).
Esse depósito é composto de sedimentos
moderadamente selecionados de granulometria
areno-lamosa,
coloração
acinzentada
e
quantidades significativas de matéria orgânica.
Os sedimentos são oriundos da ação combinada
de processos fluviais e lagunares, podendo exibir
as características dos dois ambientes de
sedimentação de forma miscigenada, a base de
areias muito fina, silte e argila.
Depósito Deltaico Intralagunar
O Depósito Deltaico Intralagunar aflora em
dois locais da planície costeira catarinense,
caracterizando um delta construtivo formado no
interior de lagunas costeiras, constituindo
sedimentação mista fluvial e lagunar, a partir de
cargas consideráveis de sedimentos aluviais
acumulados nos fundos lagunares.
Esse depósito ocorre exclusivamente no setor
Central do estado nos municípios de Garopaba e
Paulo Lopes (Figura 23), na confluência do rio
Linhares com a lagoa de Garopaba e do rio Paulo
Lopes com a lagoa do Ribeirão (Foto 10),
respectivamente.
Depósito de Baía
Entende-se como Depósito de Baía os
sedimentos arenosos finos, estratificados e ricos
em matéria orgânica, acumulados em áreas
próximas às atuais baías.
O Depósito de Baía é identificado na planície
costeira de Santa Catarina apenas nos mapas 5 e
6, ambos inseridos no setor Central do litoral
(Figura 24).
77
Ao todo se somam quatro áreas com a
presença deste depósito: 1) município de
Florianópolis; 2) município de Tijucas, numa
porção da baía de Tijucas (enseada dos Ganchos);
3) município de Governador Celso Ramos,
cortado pelo rio Jordão; e 4) município de
Biguaçu, na planície de Tijuquinhas, enseada de
São Miguel, cortado pelo rio Camarão.
Foto 10. Vista para noroeste do Depósito Deltaico
Intralagunar junto ao setor sul da lagoa do Ribeirão
(Foto Norberto Olmiro Horn Filho, novembro de 2012,
coordenadas
geográficas
27°56'50,2"S
e
48°39'16,9"W).
No município de Florianópolis, o Depósito de
Baía está localizado na “Planície Entremares”
que
interliga
atualmente
os
bairros
Carianos/Tapera e Campeche, nas proximidades
do Aeroporto Internacional Hercílio Luz (Foto
11). Segundo Almeida (2004) esta planície limita
a descontinuidade dos maciços do setor sul e
centro-norte da ilha de Santa Catarina, que
durante o máximo transgressivo do Pleistoceno
superior, deveria estar situada a 8 ± 2 m acima do
atual a cerca de 120 ka AP.
A localização geográfica do Depósito de Baía
indica a proximidade com as atuais baías, porém
sua gênese e forma de terraço de superfície plana
está relacionada a ambientes de baixa energia, e
até mesmo à paleobaías. Os sedimentos que
constituem esse depósito são arenosos finos e
lamosos, moderadamente selecionados, com
presença de matéria orgânica responsável por sua
coloração escurecida e ocasional presença de
estratificação.
GRAVEL
78
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 22. Área de ocorrência em cor verde claro da unidade litoestratigráfica “Depósito Flúvio-lagunar”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
79
Figura 23. Área de ocorrência pontual em cor azul claro da unidade litoestratigráfica “Depósito Deltaico
Intralagunar”, do Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
80
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 24. Área de ocorrência em cor laranja claro da unidade litoestratigráfica “Depósito de Baía”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
81
Foto 11. Detalhe do Depósito de Baía, na Planície
“Entremares” da ilha de Santa Catarina, entre a praia do
Campeche e a localidade de Carianos, composto de
sedimentos arenosos finos, cinza escuros, com presença
de matéria orgânica. Fonte: Livi (2009), Horn Filho &
Ferreti (2010), Horn Filho et al. (2015f). (Foto 4 do
mapa 6, Norberto Olmiro Horn Filho, setembro de 2009,
nas coordenadas geográficas 27°40'57,6"S e
48°32'48,5"W).
Foto 12. Vista para norte da superfície plana do
Depósito Estuarino de idade holocênica no canto
sudoeste da ilha de São Francisco do Sul. Em segundo
plano, as elevações dos morros da Pedra e do Cantagalo
da Serra do Mar, cujo substrato é constituído dos
granitóides foliados arqueanos do Complexo Tabuleiro.
Fonte: Horn Filho et al. (2015b). (Foto 8 do mapa 2, de
Norberto Olmiro Horn Filho, setembro 1993,
coordenadas
geográficas
26°18'41,7"S
e
48°42'04,8"W).
Depósito Estuarino
Depósito Paludial
O Depósito Estuarino é constituído por
sedimentos encontrados nas desembocaduras,
deltas e canais estuarinos com movimentos
aquosos restritos, porém sujeito aos efeitos
sensíveis das marés. Geralmente esses
sedimentos são arenosos finos com teores de silte
e argila provenientes de baías e estuários,
podendo conter conchas de moluscos e cobertura
turfácea e eólica.
Esse depósito está contido no domínio
geomorfológico das Terras baixas e no
compartimento geomorfológico estuarino, cuja
forma apresentada é de terraços estuarinos de
superfície plana, levemente ondulados e
depressões intercaladas.
Na planície costeira de Santa Catarina, o
Depósito Estuarino restringe-se ao complexo
estuarino de São Francisco do Sul e Itapoá, nas
margens da baía da Babitonga, aflorando ao sul
do município de Itapoá e no canto noroeste da
ilha de São Francisco do Sul (Figura 25) (Foto
12).
O Depósito Paludial é composto por
sedimentos ricos em matéria orgânica
encontrados na planície costeira próximo à foz de
rios e intrínsecas à atuação das marés. Do ponto
de vista geomorfológico esse depósito apresenta
forma de planície de maré e terraço de maré, com
altitudes médias de no máximo 2 m.
Os sedimentos do Depósito Paludial são
arenosos finos com lama ou lamosos com
elementos de areia fina e muito fina,
moderadamente selecionados e extremamente
ricos em matéria orgânica em decomposição
originária de associações vegetais específicas.
Essas espécies são importantes para classificar do
ponto de vista ecossistêmico o Depósito Paludial
em marismas ou manguezais. Geralmente, os
marismas formados por gramíneas do tipo
Spartina densiflora e S. alterniflora, antecedendo
os mangues nas margens dos canais, que
consistem basicamente das espécies vegetais
Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa,
Rhizopora mangle e Hibiscus tiliaceus var.
fernambucensis.
GRAVEL
82
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 25. Área de ocorrência em cor vermelho claro da unidade litoestratigráfica “Depósito Estuarino”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
A formação e evolução geológica desse
depósito relaciona-se às transgressões e
regressões marinhas, em base às variações
relativas do nível médio do mar ocorridas nos
últimos 5,1 ka AP, associadas ao sistema lagunabarreira IV de idade holocênica.
Na planície costeira catarinense, o Depósito
Paludial é mais expressivo nos mapas 1 e 2 do
setor Norte, associado às margens da baía da
Babitonga e cursos fluviais sob influência das
marés (Figura 26). Nesta área, os depósitos
seguem os rios Areias Grandes ou da Conquista e
Pernambuco, aflorando também nas margens das
ilhas do Linguado e da Passagem, lagoa Saguaçu,
canal do Linguado, rios Parati e ParanaguáMirim e também nas margens das ilhas do Mel,
dos Barcos e Comprida.
No setor Central, o Depósito Paludial ocorre
na planície costeira do município de
Florianópolis, ilha de Santa Catarina, com
destaque para a exposição de cerca de 20km²
existente na foz da bacia hidrográfica do rio
Ratones. Outra pequena porção é observada no
município de Biguaçu, na foz do rio homônimo
com forma sigmoidal. No município de Palhoça,
o depósito possui forma longitudinal no sentido
leste-oeste, na foz dos rios Massiambu Grande e
Fugido em uma extensão de cerca de 3 km.
Ainda no setor Central, o Depósito Paludial
restringe-se a um ponto a oeste da laguna Santo
Antônio e lagoa Ribeirão Grande e representa a
última exposição do ecossistema manguezal ao
sul de Santa Catarina e no Brasil (Foto 13).
No setor Sul o depósito é encontrado no mapa
11, por vezes na forma circular e localizado nas
margens de lagoas e lagunas onde são
identificadas vegetação de marisma. Ao norte da
lagoa de Caverá identifica-se uma superfície
plana de ambiente pantanoso ou paludial com
presença de sedimentos turfáceos explorados
economicamente na região como corretivo de
solo e fertilizante.
Ambientes de alta energia
As unidades litoestratigráficas do Holoceno
típicas dos ambientes hidrodinâmicos de alta
energia são: Depósito Marinho Praial, Depósito
Lagunar Praial, Depósito Estuarino Praial,
Depósito de Chenier e Depósito Eólico, as quais
serão retratadas uma a uma a seguir.
83
Essas unidades se encontram em ambientes
abertos e oxidantes, com maior circulação de suas
águas e atuação intensa dos ventos.
Foto 13. Vista para nordeste do Depósito Paludial
holocênico às margens da laguna Santo Antônio,
constituído de sedimentos síltico-argilosos, rico em
matéria orgânica, recobertos por vegetação típica de
mangue (Lagucunlaria racemosa), que representa o
limite sul de ocorrência de manguezais do estado de
Santa Catarina e do Brasil. Fonte: Joaquim et al. (2009)
e Horn Filho et al. (2015h). (Foto 8 do mapa 8, de
Norberto Olmiro Horn Filho, setembro de 2008, nas
coordenadas
geográficas
28°28'39,2"S
e
48°51'47,9"W).
Depósito Marinho Praial
O Depósito Marinho Praial é representado
pelos sedimentos das praias atuais e praias
pretéritas. Situa-se na interface entre a terra e o
mar, ao longo da linha de costa, na forma de
cordões arenosos paralelos a subparalelos. No
caso das praias contemporâneas, o Depósito
Marinho Praial se estende desde o nível de baixamar média, até a linha de vegetação permanente,
que configura o limite superior das ondas de
tempestade (Suguio, 2003).
Esses depósitos sofrem influência dos
processos de sedimentação marinho e eólico e sua
gênese está relacionada com eventos
transgressivos e regressivos do Holoceno. A
partir de 5,1 ka AP, o abaixamento relativo do
nível do mar promoveu a transferência de areias
da plataforma continental interna para a zona
praial. Essas areias foram retrabalhadas pela
dinâmica costeira, tendo contribuído para a
construção dos depósitos marinho praiais
intermarés (Foto 14)
GRAVEL
84
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 26. Área de ocorrência em cor verde escuro da unidade litoestratigráfica “Depósito Paludial”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
Foto 14. Vista para sul do Depósito Marinho Praial do
Holoceno, no setor sul da praia do Rosa, observando-se
a falésia que limita o Depósito Marinho Praial e o
Depósito Eólico de mesma idade. Fonte: Horn Filho et
al. (2015g). (Foto 2 do mapa 7, de Norberto Olmiro
Horn Filho, abril de 2009, coordenadas geográficas
28°08'11,7"S e 48°38'31,6"W).
O Depósito Marinho Praial pode ser
visualizado ao longo de todo o litoral catarinense
(Figura 27). No litoral Sul do estado de Santa
Catarina, os depósitos marinhos praiais do
Holoceno encontram-se bem distribuídos, na
forma de praias atuais ou terraços marinhos e
cordões regressivos, sendo que o último
apresenta as maiores dimensões no extremo sul
catarinense.
No setor Norte do estado, o Depósito Marinho
Praial apresenta ampla distribuição ao longo de
todo o litoral. Contudo, na área mais ao sul, que
contempla a faixa litorânea entre as praias de
Balneário Camboriú e Piçarras, tal depósito
apresenta-se descontínuo, recortado por
afloramentos de rochas cristalinas do
embasamento, e muitas vezes sobrepostos por
áreas antropizadas.
Na área ao norte da foz do rio Itajaí-Açú,
observa-se um relevante incremento na dimensão
do Depósito Marinho Praial, os quais avançam
em direção ao interior da planície costeira e
atingem os sedimentos do Depósito Aluvial.
Ao norte da praia de Piçarras, esse depósito
adota formas mais estreitas, porém com ampla
continuidade lateral, sobretudo devido à
existência de apenas um afloramento de rochas
do embasamento, na praia das Pedras Brancas e
Negras. Já ao norte do canal do Linguado, os
85
depósitos ampliam-se novamente com a
ocorrência de sedimentos eólicos e áreas
antropizadas sobrepostos aos sedimentos
marinho praiais.
No setor Central, o Depósito Marinho Praial
constitui tanto as praias atuais bem como os
cordões regressivos, muitas vezes recobertos por
sedimentos
eólicos
holocênicos.
Nas
proximidades da ilha de Santa Catarina, tal
depósito sofre expressiva redução, tanto em área
quanto em continuidade.
Nas adjacências da praia da Pinheira, o
Depósito Marinho Praial assume uma expressiva
largura típica da planície de cordões regressivos
litorâneos. Na região do cabo de Santa Marta
Grande, no setor Sul, observa-se o contato entre
os sedimentos das praias atuais e os cordões
regressivos mais interiorizados, muitas vezes
sobrepostos por sedimentos eólicos do Holoceno.
O Depósito Marinho Praial é constituído na
sua maioria por areias quartzosas, finas a grossas,
maturas a imaturas, de coloração esbranquiçada,
podendo apresentar concentrações variadas de
minerais pesados e bioclastos carbonáticos.
Depósito Lagunar Praial
O Depósito Lagunar Praial representa as
praias arenosas que afloram nas margens
lagunares, bem como nos cordões regressivos
lagunares. A formação desse depósito é resultado
de eventos regressivos ocorridos durante o
Holoceno. A diminuição do nível relativo médio
do mar e a consequente redução da altura da
lâmina d’água nas lagunas expôs parte dos
sedimentos outrora depositados em ambiente
subaquoso.
Esses depósitos são constituídos de areias
grossas a finas, mal selecionadas, com
participação de biodetritos carbonáticos e matéria
orgânica
em
decomposição.
Estruturas
sedimentares como estratificação plano-paralela
ocorrem com frequência neste tipo de depósito.
Ao longo do litoral catarinense é mapeado o
Depósito Lagunar Praial somente nos setores
Central e Sul do estado. No setor Central aflora
na ilha de Santa Catarina, nas adjacências da
laguna da Conceição e nas margens da lagoa do
Peri (Foto 15). Em direção ao sul ocorre nas
adjacências do complexo lagunar Mirim - Imaruí
- Santo Antônio.
GRAVEL
86
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 27. Área de ocorrência em cor amarela da unidade litoestratigráfica “Depósito Marinho Praial”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
No setor Sul, ainda sobre influência do
complexo lagunar e do rio Tubarão, observam-se
extensas manchas de Depósito Lagunar Praial nas
adjacências das lagoas Garopaba do Sul,
Camacho, Santa Marta e Manteiga, sendo essa a
maior expressão do Depósito Lagunar Praial da
planície costeira de Santa Catarina (Figura 28).
Depósito Estuarino Praial
Segundo Nordstrom (1992), o Depósito
Estuarino Praial pode ser constituído por
sedimentos cuja textura varia desde areia fina a
areia grossa, imaturos e compostos de quartzo,
feldspato, carbonato e fragmentos de rocha. De
caráter intermarés, os depósitos estuarinos praiais
apresentam processos de retrabalhamento dos
sedimentos dominados por maré ou ondas
geradas localmente. Ondas formadas sob essas
condições são caracterizadas principalmente por
seu curto período.
Foto 15. Vista para sul do Depósito Lagunar Praial do
Holoceno formado junto à praia do Peri, na lagoa do
Peri, ilha de Santa Catarina, observando-se a
sedimentação arenosa com minerais pesados e as
cúspides lagunares. Fonte: Horn Filho & Ferreti (2015f)
(Foto 6 do mapa 6, de Norberto Olmiro Horn Filho,
maio de 1998, nas coordenadas geográficas
27°43'37,6"S e 48°30'34,1"W).
Fatores locais como velocidade dos ventos,
orientação da linha de costa, configuração dos
fundos adjacentes bem como o condicionamento
antrópico assumem maior relevância nos
depósitos estuarinos praiais em relação às zonas
87
costeiras abertas (Nordstrom, 1992). A influência
de tais fatores locais altera o regime de ondas nas
praias, o que modifica, de forma relevante, tanto
a magnitude quanto a extensão do
retrabalhamento do sedimento ao longo do perfil
praial, podendo resultar numa grande variedade
morfológica.
O Depósito Estuarino Praial na planície
costeira de Santa Catarina é encontrado no setor
Norte, nos municípios de São Francisco do Sul e
Itapoá (Figura 29), associado à margem sudeste
da baía da Babitonga, adjacente ao Depósito
Estuarino que aflora à retaguarda na ilha de São
Francisco do Sul e praia Figueira do Pontal (Foto
16).
Depósito de Chenier
O Depósito de Chenier está associado ao sistema
laguna-barreira IV do Holoceno, formado entre
5,1 ka AP e o presente, relacionado com a gradual
descida do nível do mar nos últimos milhares de
anos. Os depósitos associam-se à sedimentação
lamosa oriunda dos sedimentos transportados por
meio fluvial, representando uma deposição
complexa e única no litoral de Santa Catarina.
Foto 16. Vista para sudoeste dos sedimentos arenosos
finos do Depósito Estuarino Praial, observando-se o
setor morfológico do pós-praia da praia Figueira do
Pontal junto à baía da Babitonga, município de Itapoá.
Fonte: Horn Filho et al. (2015a). (Foto 6 do mapa 1, de
Norberto Olmiro Horn Filho, maio de 2009, nas
coordenadas
geográficas
26°09'35.3"S
e
48°35'08.1"W).
GRAVEL
88
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 28. Área de ocorrência em cor verde claro da unidade litoestratigráfica “Depósito Lagunar Praial”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
89
Figura 29. Área de ocorrência em cor verde claro da unidade litoestratigráfica “Depósito Estuarino Praial”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
90
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
As planícies de cordões regressivos litorâneos
de chenier foram originadas durante as fases de
progradação costeira a partir de processos
marinhos acrescivos e erosivos propiciando a
acumulação de sedimentos arenosos médios a
grossos na forma de feixes de cordões, onde
ocorre a sedimentação lamosa intercalada com as
areias dos cordões regressivos litorâneos.
Os depósitos são encontrados somente no
setor Central do litoral de Santa Catarina, no
município de Tijucas e parte do município de
Governador Celso Ramos, na enseada de
Ganchos (Figura 30). O Depósito encontra-se em
toda faixa leste do município de Tijucas sob a
influência da sedimentação fluvial do rio Tijucas
e da baía/enseada de Tijucas (Foto 17).
A praia de Tijucas representa uma das únicas
exposições de sedimentos lamosos do litoral de
Santa Catarina. Essa praia acompanha a planície
de cordões do tipo chenier junto à enseada de
Tijucas, produto da remobilização de sedimentos
finos tipicamente fluviais em ambiente regressivo
litorâneo. Esses depósitos representam uma
extensa sequência progradacional, associando-a
com a dinâmica de sedimentos coesivos e não
coesivos do tipo chenier. Observaram igualmente
fases de progradação regular cíclica por acresçãoerosão de sedimentos areno cascalhosos
formando feixes de cordões e fases de
progradação por deposição de sedimentos
lamosos com eventuais deposições de sedimentos
grossos, resultando em cordões do tipo chenier.
Foto 17. Vista para sul do Depósito de Chenier na
planície costeira adjacente ao rio e baía de Tijucas, setor
Central do litoral de Santa Catarina (Foto de Norberto
Olmiro Horn Filho, novembro de 2010, nas coordenadas
geográficas 27°14'36.8"S e 48°36'50.2"W).
Depósito Eólico
O Depósito Eólico encontra-se disposto em
áreas próximas à linha de costa atual ou à
paleolinhas de costa. São constituídos por
sedimentos
que
apresentam
geralmente
estratificação, constituídos de grãos arenosos
finos a médios, quartzosos, arredondados, de boa
seleção, presença de minerais pesados ou não,
coloração em tons de bege, ocre a amarelados. Os
depósitos estão relacionados ao sistema
deposicional laguna-barreira IV de idade
holocênica.
As formas de relevo do Depósito Eólico do
Holoceno são representadas por dunas e mantos
de aspersão eólico que recobrem geralmente as
planícies de cordões regressivos litorâneos. As
dunas podem ser encontradas ativas, móveis e
desprovidas de vegetação ou semifixas, fixas e
bem vegetadas (Foto 18). Nas encostas a
barlavento e nas depressões entre dunas, a
superfície dos depósitos aparece ornamentada por
marcas ondulares perpendiculares à direção do
vento predominante. Ao longo de toda a extensão
do litoral catarinense observam-se depósitos
eólicos do Holoceno (Figura 31).
No setor Norte do estado, o Depósito Eólico
do Holoceno apresenta-se menos expressivo em
relação aos demais setores costeiros do litoral. Os
sedimentos de origem eólica estão depositados de
forma paralela à orla das praias Brava e
Navegantes. Já ao norte do canal do Linguado,
observa-se um significativo aumento no volume
dos depósitos eólicos, que se estendem paralelos
à linha de costa, até a localidade da praia da
Enseada.
No setor Central, os depósitos eólicos
apresentam-se de forma esporádica, paralelos à
linha de costa. Os expoentes mais extensos destes
depósitos estão localizados na porção mais ao sul
do referido litoral, nas adjacências da praia
Balneário do Sol e na costa leste da ilha de Santa
Catarina. Ao norte do município de Florianópolis,
os depósitos tornam-se menores e mais
descontínuos.
No litoral Sul do estado de Santa Catarina os
depósitos eólicos apresentam-se bem distribuídos
ao longo da linha de costa. Possuem as maiores
dimensões no extremo sul catarinense,
apresentando significativas reduções em direção
ao litoral Central. Os sedimentos de origem eólica
encontram-se muitas vezes sobrepostos aos
depósitos marinho praiais de mesma idade.
GRAVEL
Horn et al.
91
Figura 30. Área de ocorrência em cor marrom escuro da unidade litoestratigráfica “Depósito de Chenier”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
92
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 31. Área de ocorrência em cor amarela da unidade litoestratigráfica “Depósito Eólico”, do Holoceno, na
planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
Foto 18. Vista para norte da depressão interdunas do
Depósito Eólico holocênico em Itapirubá, constituído de
sedimentos arenosos finos na forma de dunas barcanas
móveis. Fonte: Joaquim et al. (2009) e Horn Filho
(2015h). (Foto 9 do mapa 8, de Norberto Olmiro Horn
Filho, setembro de 2008, nas coordenadas geográficas
28°20'12,6"S e 48°43'33,9"W).
93
bem selecionadas, dos ambientes marinho praial
e eólico. Os materiais de origem orgânica
consistem de conchas de moluscos e de ostras,
esqueletos e fragmentos de ossos humanos, de
peixes, de aves e de mamíferos marinhos. Os
materiais de origem arqueológica compreendem
restos de carvão e cinzas, objetos líticos como
pontas de flecha, utensílios de cozinha e adornos
diversos. A mistura de todos esses materiais
constitui a essência do depósito no momento de
sua acumulação, deixando praticamente
impossível uma separação nítida entre eles.
Os sambaquis apresentam formatos de cone e
colina (Foto 19), com altitudes entre 7 e 15 m.
Estratificação plano-paralela, horizontal a subhorizontal, atesta a sobreposição de camadas
calcinadas de origem deposicional.
Sistema deposicional antropogênico
O sistema deposicional antropogênico inclui
os depósitos formados natural ou artificialmente
sob a influência antrópica, sendo classificados em
Depósito do tipo Sambaqui e Depósito
Tecnogênico. Os sambaquis constituem
acumulações de origem natural, com mistura de
materiais de origem sedimentar, artefatos líticos
e restos orgânicos. Os sedimentos tecnogênicos
constituem acumulações de origem artificial,
resultado de intervenções humanas atuais com
uso de técnicas especializadas, destacando-se os
aterros mecânicos e hidráulicos, enrocamentos,
rejeitos minerais e construção de rodovias.
Depósito do tipo Sambaqui
O Depósito do tipo Sambaqui constitui uma
acumulação de origem natural, com mistura de
materiais de origem sedimentar, artefatos líticos
e restos orgânicos. Do ponto de vista da
arqueologia
costeira,
essa
unidade
litoestratigráfica é considerada um sítio
arqueológico. As comunidades indígenas que
criaram esse depósito tinham aparentemente uma
alimentação proveniente dos oceanos e ambientes
lagunares, dando explicação à posição próxima à
linha de costa.
Três principais tipos de substâncias compõem
os sambaquis. Os materiais de origem sedimentar
são geralmente areias finas, claras, quartzosas,
Foto 19. Vista geral para sudeste do sambaqui Ponta da
Garopaba do Sul, na forma de colina, localizado na
planície costeira do município de Jaguaruna, cujas
medidas de 200 m de comprimento, 30 m de altitude e
10 ha de extensão, o qualificam como o maior sambaqui
do mundo. Fonte: Horn Filho et al. (2015i). (Foto 6 do
mapa 9, de Norberto Olmiro Horn Filho, julho de 2011,
nas coordenadas geográficas 28°37'31,8"S e
48°53'34,4"W).
A distribuição do Depósito do tipo Sambaqui
ao longo do litoral de Santa Catarina se
caracteriza pela presença pontual em diferentes
locais. Foram mapeados 169 sítios arqueológicos
ao longo do litoral, tendo como substrato as
rochas do embasamento em distintos tipos de
elevações, como pontas, promontórios, ilhas,
dentre outras e os sedimentos quaternários de
diferentes depósitos da planície costeira (Figura
32).
GRAVEL
94
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 32. Áreas pontuais de ocorrência em forma de triângulo da unidade litoestratigráfica “Depósito do tipo
Sambaqui”, do Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
Horn et al.
95
Figura 33. Área de ocorrência em cor vinho escuro da unidade litoestratigráfica “Depósito Tecnogênico”, do
Holoceno, na planície costeira catarinense.
GRAVEL
96
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Dos 169 sítios, 80 ocorrem no setor Norte, 64
no setor Central e 25 no setor Sul, predominando
suas ocorrências na região da baía da Babitonga,
ilha de Santa Catarina e Laguna, respectivamente.
Depósito Tecnogênico
O Depósito Tecnogênico é composto de
materiais retirados ou alterados pelos humanos
para construções e outros usos antrópicos.
Segundo Fanning (1989), eles podem ser
divididos entre quatro categorias: os materiais
úrbicos,
constituídos
pelos
artefatos
manufaturados pelo homem moderno (vidro,
asfalto, plásticos); os materiais gárbicos
constituídos pelo lixo orgânico gerado pelo
homem em quantidade significante e que alteram
os teores do metano e do oxigênio; os materiais
espólicos provenientes de escavações e
terraplanagem (minas, rodovias); e por fim, os
materiais dragados provenientes de cursos
d’água.
Devido à proveniência antrópica e à geração
por técnicas artificiais diretas (construção) ou
indiretas (acumulação derivada de uma ação
antrópica), os depósitos tecnogênicos podem
aparecer
sob
formatos
infinitamente
diversificados tais como rodovias, aterros
mecânicos e hidráulicos, molhes, terrenos, pistas
de aterrissagem e acumulações de rejeitos. As
técnicas usadas para a criação de depósitos
tecnogênicos são diversificadas, deixando a
formação pelos processos artificiais de
construção humana e de acumulação de depósitos
removidos de maneira antrópica. Os depósitos
tecnogênicos existem desde a mais recente fase
do Holoceno, que pode ser chamada de Recente,
Tecnógeno ou Quinário, dando início
significativo a essas obras a partir dos anos 50.
A distribuição do Depósito Tecnogênico ao
longo dos três setores do litoral de Santa Catarina
encontra-se relativamente homogênea, pois
grande parte destes representam as rodovias.
É possível encontrar diversos tipos de
depósitos tecnogênicos no setor Norte, nos
aeroportos das cidades de São Francisco do Sul e
de Joinville assim como nos molhes do porto de
São Francisco do Sul e do rio Piçarras, do campo
de golfe em Itapema, dos tômbolos artificiais e
dos engordamentos de praia no município de
Itapema e nos cais da PETROBRAS (Figura 33).
No setor Central, são depósitos tecnogênicos
os aterros dos municípios de Florianópolis e São
José,
dos
aeroportos
de
Navegantes,
Florianópolis e São José, da acumulação de
rejeitos fosfáticos e de refugos piritosos do porto
de Imbituba, das obras de terraplanagem, de
diversos molhes, do enrocamento do setor da
praia de Balneário Camboriú, assim como dos
diversos terrenos de loteamentos residenciais.
O setor Sul apresenta também áreas de
terraplanagem e de aterros mecânicos e
hidráulicos que se juntam as obras de construção
em geral e as rodovias (Foto 20), constituindo o
Depósito Tecnogênico. Apesar da distribuição
contínua de depósitos tecnogênicos ao longo da
planície costeira catarinense, pode ser constatada
a predominância destes no setor Central.
Foto 20. Vista do Depósito Tecnogênico às margens da
BR-101, na forma de um muro de gabião, constituído de
diabásios do Embasamento Indiferenciado (Formação
Serra Geral) explorado de uma jazida a céu aberto na
região de Maracajá. Fonte: Horn Filho et al. (2015j).
(Foto 5 do mapa 10, de Norberto Olmiro Horn Filho,
setembro de 2010, nas coordenadas geográficas
28°56'26,1"S e 49°21'29,3"W).
CONCLUSÕES
Os elementos da Estratigrafia da planície
costeira de Santa Catarina foram elucidados a
partir dos depósitos clásticos quaternários
superficiais por meio da análise de 20 unidades
litoestratigráficas mapeadas. A interpretação e a
descrição da evolução paleogeográfica e
fisiográfica da planície costeira do estado de
Santa Catarina proporcionou a divisão em três
setores: Norte, Central e Sul. Nos três setores a
distribuição do embasamento e dos depósitos
GRAVEL
Horn et al.
apresenta-se
diferenciada
mostrando
a
homogeneidade e regularidade.
O setor Norte apresenta um relevo costeiro
misto, abrigando a divisão morfológica entre as
cadeias montanhosas das serras do Leste
Catarinense e da serra do Mar e da planície
costeira. A baía da Babitonga, a ilha de São
Francisco do Sul, os bosques de manguezais e a
singular ocorrência de depósitos do tipo
sambaqui, a mais representativa de toda a área do
estado, caracterizam esse setor.
O setor Central é o mais diversificado em
termos de unidades litoestratigráficas, onde,
muitas vezes, o embasamento avança até a linha
de costa e recorta a planície costeira que ocorre
de forma mais estreita, pontuada por estreitos,
promontórios, baías, enseadas, tômbolos, campos
de dunas, lagunas, lagoas, morros, ilhas e
penínsulas, tornando-se, desta forma, o setor
ímpar em termos de relevo do litoral de Santa
Catarina.
A planície costeira no setor Sul é menos
diversificada, formada por amplo terraço marinho
dominado pelo sistema laguna-barreira à
semelhança da planície do Rio Grande do Sul,
onde o recuo do embasamento em relação à linha
de costa atual é maior do que em relação aos
demais setores. O destaque aqui é representado
pelo traçado retilíneo do litoral, com praias muito
extensas e grande número de lagoas e
sangradouros, além do desenvolvimento do
extenso campo de dunas, condicionado por um
relevo muito plano e que oferta condições
favoráveis ao transporte eólico.
A hidrodinâmica da planície costeira é
marcada pela interrupção da linha de costa ao
longo de diversos segmentos do litoral
catarinense, sendo exemplos desses acidentes
geográficos: o complexo estuarino da baía da
Babitonga, o canal do Linguado e a foz dos rios
Itapocu, Piçarras, Itajaí-Açu, Camboriú, Perequê,
Tijucas, Biguaçu, Cubatão, Maciambu, Madre,
Araranguá e Mampituba.
Outra feição de relevo imponente dessa
planície é constituída pela distribuição do sistema
lagunar ao longo dos três setores analisados nesse
trabalho, com destaque, no sentido norte-sul, para
as lagoas de Barra Velha, Conceição, Peri, Siriú,
Garopaba, Ibiraquera, Mirim, Imaruí, Santo
Antônio, Santa Marta, Manteiga, Garopaba do
Sul, Sombrio e Caverá.
97
As baías também possuem representatividade
na área de estudo, sendo exemplos disso a da
Babitonga, de Tijucas e as baías de Florianópolis.
As particularidades da morfologia da linha de
costa contam, ainda, com elementos de menor
amplitude morfológica no setor Norte e,
principalmente, no setor Central, formada pelos
tômbolos do Mariscal, ilha do Papagaio,
inúmeras pontas, promontórios, penínsulas, com
destaque para a de Porto Belo, a mais
proeminente da área de estudo, cabos e flechas
litorâneas como as do pontal do rio Itapocu, em
Barra Velha, do pontal de Capri, na ilha de São
Francisco do Sul, pontal da Daniela e Ponta das
Canas, na ilha de Santa Catarina.
Duas grandes ilhas costeiras recortam a
plataforma continental submersa, a ilha de São
Francisco do Sul e a ilha de Santa Catarina,
ambas de domínio misto, a primeira, sob
condição oceânica, estuarina e fluvial e a
segunda, sob condição oceânica e de baía. Além
disso, outras ilhas, algumas vezes formando
arquipélagos, com o conjunto representando
pelas ilhas do Macuco, Deserta, das Galés e
Arvoredo, o grupo Moleques do Sul, no litoral
Central ou as ilhas do Cação e do Veado, Feia e
do Itacolomi, todas no litoral Norte; e, outras
vezes, ocorrendo isoladas, como as ilhas dos
Tamboretes, João da Cunha ou Porto Belo, além
das ilhas do Xavier, Aranhas, Campeche, entre
outras, todas adjacentes à ilha de Santa Catarina.
No que diz respeito à descrição das unidades
litoestratigráficas,
o
Embasamento
indiferenciado nos setores Norte e Central é
composto por rochas magmáticas ácidas e
básicas, metamórficas e vulcano-sedimentares.
No setor Sul, as rochas são predominantemente
magmáticas básicas da Formação Serra Geral e
sedimentares da Bacia do Paraná.
Os sedimentos continentais do Depósito
Coluvial e do Depósito de Leque Aluvial são
considerados depósitos de transição entre o
embasamento e os depósitos transicionais, onde a
dinâmica de transporte e deposição depende da
energia gravitacional, pluvial e fluvial. O
Depósito Aluvial apresenta-se como uma
interface com os demais depósitos da planície
costeira retrabalhando os sedimentos, pois
transgridem grande parte dos demais depósitos
até alcançar o mar através dos sistemas de
drenagem da vertente do Atlântico.
Os depósitos do sistema deposicional
transicional estão relacionados aos eventos de
GRAVEL
98
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
transgressão e regressão do nível relativo médio
do mar durante o Quaternário, subdivididos em
unidades litoestratigráficas do Pleistoceno e
Holoceno. Ocorrem, principalmente, nas formas
estruturais do sistema laguna-barreira associados
a outros depósitos originados por mecanismos
hidráulicos continentais.
O Depósito Paludial com vegetação
característica de mangue tem seu limite de
ocorrência nas proximidades no complexo
lagunar Mirim - Imaruí - Santo Antônio, no sul
do estado. Deste ponto para o sul, o Depósito
Paludial continua a ocorrer, porém a vegetação
predominante, condicionada pelas condições
climáticas, é a de marismas.
O sistema deposicional antropogênico
abrange o Depósito do tipo Sambaqui e o
Depósito Tecnogênico. A existência desses
depósitos permite reconhecer e incluir o homem
como agente transformador das feições
geológico-geomorfológicas.
Destaca-se a concentração e distribuição dos
sambaquis em Santa Catarina ao longo da
planície costeira. Estes depósitos, muitas vezes,
apresentam oficinas líticas e escrituras rupestres,
a maioria em diabásios. O Depósito do tipo
Sambaqui ocorre em maior número no setor
Norte, diminuindo sua concentração no setor
Central e pouca ocorrência no setor Sul. A sua
distribuição ao longo da planície costeira se
caracteriza pela presença pontual em diferentes
locais e distâncias em relação ao nível do mar
atual. Foram mapeados 80 sítios no setor Norte,
64 sítios no setor Central e 25 sítios no setor Sul.
Este depósito tem predomínio na região da baía
da Babitonga, na ilha de Santa Catarina e no
município de Laguna, respectivamente.
Foram
mapeadas
20
unidades
litoestratigráficas para a planície costeira de
Santa Catarina em base aos mapas geológicos na
escala 1:100.000 e mapas geológicos dos cinco
setores do Plano Estadual de Gerenciamento
Costeiro de Santa Catarina (GERCO/SC). Os
dados referentes às áreas das unidades
litoestratigráficas e sua representatividade
numérica em relação aos setores Norte, Central e
Sul e à área total da planície costeira aparecem no
Quadro 7.
Quadro 7. Unidades litoestratigráficas da planície costeira catarinense e sua representatividade numérica.
UNIDADE LITOESTRATIGRÁFICA
20. Depósito Tecnogênico
19. Depósito do tipo Sambaqui
18. Depósito de Chenier
17. Depósito de Baía
NORTE
CENTRAL
SUL
TOTAL
PLANÍCIE (%)
26,56
25,48
17,31
69,34
0,782
80*
60*
24*
164*
-
-
35,15
-
35,15
0,397
-
35,84
-
35,84
0,404
16. Depósito Estuarino Praial
1,58
-
-
1,58
0,018
15. Depósito Estuarino
17,12
-
-
17,12
0,193
14. Depósito Deltaico Intralagunar
-
0,17
0,17
0,002
13. Depósito Lagunar Praial
-
8,92
8,33
17,25
0,195
16,12
61,69
199,71
277,52
3,131
12. Depósito Eólico
11. Depósito Flúvio-lagunar
8,19
60,53
101,03
169,75
1,915
10. Depósito Paludial
111,80
37,49
14,01
163,29
1,842
9. Depósito Marinho Praial
83,55
71,08
131,79
286,42
3,192
8. Depósito Lagunar
14,48
107,44
307,71
429,63
4,847
7. Depósito Eólico
537,04
150,96
398,36
1.086,36
12,256
6. Depósito Lagunar
11,37
9,82
77,12
98,31
1,109
5. Depósito Eólico
23,84
24,90
-
48,74
0,550
4. Depósito Aluvial
259,07
90,08
109,36
458,51
5,173
3. Depósito de Leque Aluvial
753,05
350,64
208,16
1.311,85
14,800
2. Depósito Coluvial
185,94
137,07
150,36
473,37
5,340
1.384,97
1.990,62
100,04
3.475,63
39,211
-
-
-
8.455,84
95,395
1. Embasamento Indiferenciado
TOTAL
GRAVEL
Horn et al.
A unidade litoestratigráfica (1) Embasamento
Indiferenciado ocupa 39,211% da área total da
planície costeira, seguido das unidades (3)
Depósito de Leque Aluvial (14,800%) e (7)
Depósito Eólico do Pleistoceno superior
(12,256%). Seguem as unidades (2) Depósito
Coluvial (5,340%), (4) Depósito Aluvial
(5,173%), (8) Depósito Lagunar do Holoceno
(4,847%). Todas as demais unidades
litoestratigraficas aparecem em percentuais
menores que 2%.
Neste contexto, o estudo geológicogeomorfológico integrado às demais análises
ambientais são o suporte à manutenção e
preservação
dos
ecossistemas
costeiros
relacionados às unidades litoestratigráficas
estudadas, nos quais o homem já é um agente
reconhecido. Ao mesmo tempo em que, aponta as
fragilidades e potencialidades do mosaico de
paisagens que compõe a planície costeira.
O mapeamento geológico-geomorfológico da
planície costeira de Santa Catarina é de grande
importância para o registro dos depósitos frente
às significativas alterações, que artificializam a
paisagem, provocadas pela ação socioeconômica
sem o devido planejamento e o reconhecimento
das especificidades geológico-geomorfológicas.
Um exemplo dessa condição, na planície
costeira, é a invasão da faixa do sistema
praia/duna pela urbanização alterando a
configuração das unidades litoestratigráficas
causando, em alguns casos, dano ambiental as
mesmas.
Em termos de concentração, as áreas
urbanizadas ou antropizadas que representam os
sítios associados à unidade litoestratigráfica do
Depósito Tecnogênico (Figura 34), têm
predominância no setor Central, junto à Grande
Florianópolis, capital do estado; e no setor Norte,
em Joinville, a cidade catarinense com o maior
efetivo populacional, traduzido em área de denso
núcleo urbano.
Secundariamente, aparecem os núcleos
urbanos de Itajaí, Balneário Camboriú, Porto
Belo, Bombinhas e Tijucas, no setor Central,
vinculados às características balneárias desses
locais, aonde o desenvolvimento de loteamentos
vem alterando as feições superficiais e
subterrâneas dos depósitos clásticos da planície
costeira em estudo.
99
Por fim, estão em desenvolvimento, com
menor escala, os balneários e áreas de expansão
urbana no setor Norte, nas imediações da ilha de
São Francisco do Sul, nos municípios de Itapoá,
Araquari, Balneário Barra do Sul e Barra Velha,
além de locais com semelhante configuração no
setor Central, como Garopaba, Imbituba, Laguna,
e no setor Sul, nos municípios de Araranguá,
Sombrio, Balneário Arroio do Silva e Balneário
Gaivota. Todos esses elementos urbanos estão
alterando, de forma significativa, a estrutura e
forma dos depósitos clásticos em estudo e
merecem ser analisados na perspectiva de estudos
geológicos do Quinário.
Em resumo, as áreas antropizadas ocupam
4,60% da planície costeira, o que corresponde a
408,16 km², sendo 48,03% no setor Central
(196,04 km²), 46,77% no setor Norte (190,90
km²), e 5,20% no setor Sul (21,22 km²).
Em eventos de tempestade, coincidentes com
marés astronômicas (sizígias), o mar recupera a
dinâmica erosiva ocasionando a alteração da
linha de costa e, consequentemente, destrói
edificações e infraestruturas, sobretudo nas
unidades litoestratigráficas Depósito Marinho
Praial e Depósito Eólico, ambos holocênicos.
Essas ocorrências e os resultados apontam
para a importância da descrição da Estratigrafia
dos depósitos clásticos na compreensão dos
sistemas deposicionais que formam a planície
costeira catarinense. Visto que as unidades
litoestratigráficas e as suas respectivas fácies,
refletem a dinâmica dos sistemas de deposição ao
longo do tempo geológico.
As referidas unidades litoestratigráficas
também ratificam o caráter cíclico das mudanças
ambientais ou climáticas na linha de costa como,
por exemplo, processo inerente à evolução
geológica da terra resultando, por tanto, na
variação relativa do nível médio do mar e,
consequentemente, nas fases de regressão e
transgressão e os depósitos associados.
Recomenda-se como trabalhos posteriores a
realização da estratigrafia de subsuperfície,
datações absolutas, estudos para a reconstrução
dos paleoambientes e, a continuação do
mapeamento em escala de detalhe especificando
a litoestratigrafia, aferindo a cronologia, a
geodiversidade potencial e a fragilidade
ambiental da planície costeira do estado de Santa
Catarina.
GRAVEL
100
Estudo Geológico dos Depósitos Clásticos Quaternários Superficiais da Planície Costeira de Santa Catarina, Brasil
Figura 34. Distribuição das áreas antropizadas e do Depósito Tecnogênico na planície costeira do estado de
Santa Catarina.
GRAVEL
Horn et al.
101
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Universidade Federal
de Santa Catarina e suas respectivas instituições:
Centro de Filosofia e Ciências Humanas,
Departamento de Geociências e Programa de
Pós-Graduação
em
Geografia,
pela
infraestrutura.
Ao Conselho Nacional do Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão
de Bolsa de Produtividade em Pesquisa e de
Iniciação Científica (PIBIC) e à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão de bolsas de estudo.
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Centro-Norte ou setor 2 do Plano Estadual
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Pós-graduação em Geografia), CNPq. (no
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Geociências e Programa de Pós-graduação
em Geografia), CNPq. (no prelo).
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1969. Mapa
planialtimétrico da folha Guaratuba.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1974. Mapa
planialtimétrico da folha Biguaçu. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976a. Mapa
planialtimétrico da folha Araranguá.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976b. Mapa
planialtimétrico da folha Imbituba. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976c. Mapa
planialtimétrico da folha Jaguaruna.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976d. Mapa
planialtimétrico da folha Lagoa Garopaba
do Sul. Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976e. Mapa
planialtimétrico da folha Rincão. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976f. Mapa
planialtimétrico da folha Rio Sangrador.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976g. Mapa
planialtimétrico da folha Turvo. Escala
1:50.000.
GRAVEL
Horn et al.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1976h. Mapa
planialtimétrico da folha Vila Nova. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1979. Mapa
planialtimétrico da folha Torres. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1980a. Mapa
planialtimétrico da folha Laguna. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1980b. Mapa
planialtimétrico da folha São Francisco do
Sul. Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1980c. Mapa
planialtimétrico da folha Três Cachoeiras.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981a. Mapa
planialtimétrico da folha Araquari. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981b. Mapa
planialtimétrico da folha Barra Velha.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981c. Mapa
planialtimétrico da folha Canasvieiras.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981d. Mapa
planialtimétrico da folha Florianópolis.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981e. Mapa
planialtimétrico da folha Garuva. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981f. Mapa
planialtimétrico da folha Gaspar. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981g. Mapa
planialtimétrico da folha Itajaí. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981h. Mapa
planialtimétrico da folha Joinville. Escala
1:50.000.
105
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981i. Mapa
planialtimétrico da folha Lagoa. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981j. Mapa
planialtimétrico da folha Praia Grande.
Escala 1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1981k. Mapa
planialtimétrico da folha Sombrio. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1983a. Mapa
planialtimétrico da folha Camboriú. Escala
1:50.000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. 1983b. Mapa
planialtimétrico da folha Paulo Lopes.
Escala 1:50.000.
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