Breves considerações sobre vendedores de pequi na BR 135, trecho Bocaiuva-Montes Claros/MG: o pequi, o ambiente, a população e o des-território urbano local PALAVRAS-CHAVE: Globalização; território; dinâmica populacional; comércio informal; pequi. Breves considerações sobre vendedores de pequi na BR 135, trecho Bocaiuva-Montes Claros/MG: o pequi, o ambiente, a população e o des-território urbano local Resumo: O processo de globalização transformou as relações sociais, econômicas, culturais e ambientais. Estas transformações nem sempre se deram a partir da apropriação igualitária entre todos os setores sociais. Neste sentido, as populações que ficaram à margem desse processo, se rearticularam territorialmente, construindo novas formas de apropriação do espaço, do ambiente e da economia. Este artigo objetiva analisar as estratégias e as dinâmicas socioespaciais, econômicas, populacionais e ambientais incutidas e redesenhadas pelos “vendedores de pequi”, que se apropriam do espaço da BR 135 construindo um novo território, o qual reflete a lógica global/excludente engendrada pelo capitalismo. Como resultado da pesquisa ficou evidente que os “vendedores de pequi” apropriam do espaço da BR 135 modificando a paisagem local e apropriando e construindo um novo território com regras próprias de organização, conseguindo por meio do comércio informal da venda do pequi se articularem para o enfretamento da exclusão socioeconômica imposta pelo processo de globalização. Palavras-Chave: Globalização; território; dinâmica populacional; comércio informal; pequi. Introdução Um dos aspectos em voga no cenário urbano contemporâneo refere-se às novas dinâmicas comerciais que conferem ao espaço geográfico diferentes tonalidades e processos detonadores de particularidades populacionais e que, notadamente, (re) significam as abordagens urbanas, ambientais e territoriais. Tais dinâmicas são intrínsecas ao processo de globalização enquanto mecanismo de aceleração dos fluxos globais, principalmente os de capital. Todavia, apesar de aproximar pessoas e lugares, a globalização mantém muitas pessoas exclusas das vantagens da mesma. A globalização promoveu o crescimento do comércio informal, seja pela tecnologização dos processos produtivos, pelo seu caráter “capital-globalcêntrico” ou, até mesmo, pela demanda de mão de obra polivalente e, paradoxalmente especializada, principalmente em termos tecnológicos. Desta feita, em muitos espaços urbanos, tornouse comum a práxis do comércio informal, seja como mecanismo de resistência, como alternativa refratária aos encargos globalizatórios ou ainda como exercício de uma nova (des) territorialidade na amálgama citadina. Considerando o alinhavado acima, este estudo objetiva compreender as dinâmicas socioespaciais, econômicas, populacionais e ambientais incutidas e redesenhadas pelos “vendedores de pequi” – fruto típico do Cerrado Brasileiro – ao longo da BR 135 no trecho entre Bocaiuva e Montes Claros, ambas as cidades localizadas na região Norte de Minas Gerais. Para alcance do objetivo proposto, adotou-se como direcionamento metodológico a observação direta, entrevistas transcritas e não transcritas, ressalvada a importância da oralidade asseverada em Edward Palmer Thompson. Ao todo foram realizadas 80 entrevistas entre o período de outubro de 2015 a janeiro de 2016. Nesse sentido, cada entrevistado recebia uma identificação segundo a ordem crescente de realização das entrevistas transcritas e não transcritas, que foram realizadas aleatoriamente conforme disponibilidade dos vendedores de pequi. Assim, o primeiro entrevistado foi denominado “Entrevistado 001”, o segundo “Entrevistado 002” e assim sucessivamente. À identificação do entrevistado também se deu com base no ano em que foi realizada a entrevista, 2015 e 2016. Logo, criou-se a sequência de identificação dos entrevistados a partir da ordem em que foi feita a entrevista e o respectivo ano. Assinale-se que o pequi, entre os vários frutos disponibilizados pela natureza, é o fruto mais encontrado e mais apreciado na região, sendo que, a dieta das famílias se inova durante a época de sua safra, tanto pela presença do fruto nas refeições quanto pela renda adquirida com a venda do fruto por diversas famílias e pessoas em várias cidades do Norte de Minas, criando e movimentando um comércio informal que marca e identifica a paisagem das cidades e das rodovias que cortam os municípios norte mineiros. Insta ainda elucidar que a relação estabelecida entre população, ambiente e espaço nos exige dialogar com os impactos das mudanças ambientais e os efeitos da globalização na dinâmica cotidiana dos citadinos. A população do norte de Minas Gerais carrega peculiaridades, identidade e características que diferem até mesmo do restante do Estado. Outra informação importante é que o trecho de pesquisa corresponde a uma das estradas de grande fluxo contínuo alocada na região que contempla o segundo maior entroncamento do país. Dessa forma, lançaremos olhar sobre os impactos globais, regionais e locais das mudanças ambientais e das transformações dos espaços. Para atender ao objetivo proposto este trabalho foi estruturado em três partes: primeiro, propõe-se uma caracterização fisiogeográfica do município de Bocaiúva, destacando as características do bioma do Cerrado e a importância tanto econômica quanto cultural do pequi na região norte mineira. Na segunda parte, realiza-se uma análise da relação entre população, espaço e ambiente, tomando com objeto de estudo a venda do pequi ao longo da BR 135, e por último, apresenta-se uma discussão analítica dos resultados dos dados coletados na pesquisa de campo, a partir da aplicação de questionários semiestruturados, destinados aos vendedores de pequi territorializados ao longo da BR 135, trecho Bocaiúva-Montes Claros/Minas Gerais. 1. Características fisiogeográficas Cerrado e do município de Bocaiúva/MG A região Norte Mineira é composta por 89 municípios, entre os quais, o município de Bocaiúva. Esse município faz fronteira com outros quatro municípios - Engenheiro Navarro, Olhos d’Água, Guaraciama e Montes Claros, distando-se deste último 42 km, sendo que Bocaiúva e Montes Claros estão diretamente interligados pela BR 135. De acordo com dados de IBGE (2010), o município de Bocaiúva se estende por 3 227,6 km², sendo ocupado por uma população de 46 654 habitantes no último censo, com uma densidade demográfica de 14,4 habitantes por km² no território do município. O bioma do município é o cerrado, mais conhecido como região de cerrado nortemineiro, o qual apresenta características bastante peculiares, pois em várias áreas é possível verificar a presença de espécies da flora do bioma da Caatinga convivendo em espécies do bioma do cerrado propriamente dito, ou seja, pode ser considerada uma área de transição entre os dois biomas. Em termos mais gerais, o bioma do cerrado se estende por 2.036.448 km2, o que representa 24% do território brasileiro, abrangendo dez estados brasileiros: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais, São Paulo e Paraná e cerca de 1.500 municípios. Faz limite com outros quatro biomas brasileiros: ao norte, encontra-se com a Amazônia, a leste e a nordeste com a Caatinga, a leste e a sudeste com a Mata Atlântica e a sudoeste, com o Pantanal. Nas áreas de contato, estão as faixas de transição ou ecótonos. Uma das características do cerrado é a grande presença e diversidade de frutos típicos, como o pequi (Caryocar Brasiliense)4, o araticum, panã ou "cabeça-de-nego" (Annona Cassiflora), o umbu (Spondias tuberosa), entre outros sem número de espécies. Estes frutos são encontrados em áreas consideradas de uso comum, e de acordo com a estação do ano, são extraídos do cerrado e movimentam o comércio informal de inúmeras cidades tanto do Norte de Minas quanto de outras regiões mais distantes, como a capital do estado - Belo Horizonte. Ao longo do ano, a disponibilidade desses frutos se alternam de acordo com a estação em que são encontrados no cerrado. Para Silva (2009, p. 07) "O pequi expressa uma forte relação entre o homem e a natureza no Norte de Minas Gerais. Esta relação evidencia o vínculo territorial existente entre o homem norte-mineiro que se apropria (ou territorializa) do espaço natural como forma de garantir a sustentabilidade, criando uma identidade territorial e simbólica". O pequi adquire tanto um faceta socioeconômica ou material, na medida que gera o sustento, quanto cultural ou simbólico, na medida em que está presente na alimentação e no folclore. Segundo Peixoto apud Oliveira et al (2009), o pequizeiro: (...) é uma planta perene, que pode ser classificada como frutífera ou oleaginosa, em razão das suas características e formas de utilização. A principal utilização do fruto é no consumo direto do caroço em forma de pequizada, em cozidos de carne de gado e de frango, no feijão, no arroz, e no conhecido baião de dois (feijão com arroz). É um produto indispensável na alimentação das populações que vivem ao redor das áreas de ocorrência das espécies, que fornece parte dos aportes energéticos e nutricionais necessários, principalmente para as famílias carentes, no período da safra. (PEIXOTO, 1973, p. 10). Uma característica interessante da comercialização do pequi é a sua venda ao longo das rodovias próximas as áreas produtoras do fruto. A BR 135 é um dos casos significantes da presença deste mercado informal criado pela venda do pequi. É possível verificar que ao longo do trecho da BR 135 que corta a cidade de Bocaiúva a forte presença dos chamados "vendedores de pequi", que ocupam a margem da rodovia durante cerca de 04 meses a fim de comercializar o produto, constituindo-se assim um território apropriado pelos vendedores de pequi. Ainda é possível considerar o valor cultural e democrático do pequi, que além de compor as diversas receitas da cozinha norte-mineira e de várias outras regiões, está presente nas músicas populares, nos poemas e festas tradicionais da região. 4 Os nomes científicos desses frutos do cerrado pode ser consultados no site: http://www.cerratinga.org.br/ Em Palestra do Dr. Hermes de Paula5, no dia 23 / 08 / 1972, como encerramento da Semana Folclórica patrocinada pela COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE, o autor cita os versos colhidos em na cidade de Taiobeiras, também localizada no Norte de Minas Gerais, os quais ilustram muito bem o caráter e a importância do pequi, tanto em seu caráter cultural: LOUVAÇÃO AO PEQUIZEIRO6 Dá licença minha gente Preu falá do pequizeiro (...) É uma arve muito grande Do tamanho de um pinheiro Nativa em Minas Gerais Para orgulho dos mineiro Produz uma fruta amarela Que exala grande cheiro De sabor muito agradave Dispensa qualquer tempero (...) De dezembro prá janeiro O mundo é dos mais esperto É dos que chegá primeiro Quando é no mês seguinte Isto é, em fevereiro Ninguém queixa de miséria Todo mundo tem dinheiro Dr. Hermes de Paula viveu em Montes Claros - MG no período de 1909 a 1983. Foi médico e teve forte atuação em questões políticas, econômicas e sociais em Montes Claros e região. Além do mais, escreveu diversos textos sobre a história de Montes Claros e região, entre os quais pode-se citar: "Montes Claros, sua história, sua gente, seus costumes", "A medicina dos médicos e a outra" e "De padre Chaves a padre Dudu". 6 Poema extraído na integra da transcrição da entrevista concedida no encerramento da Semana Folclórica patrocinada pela COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE. Disponível em: <www.arara.fr/HermesPequiPequizeiro.doc> Acesso em: Abr 2016. 5 Da fruta faz um licor Procurado pelos festeiro No dizer dos intendido O pequi é casamenteiro. Este poema escrito pelos poetas norte mineiros sintetiza as características, os usos, a importância cultural e econômica do pequi na região do Norte de Minas, pois além de servir para o consumo direto, ainda serve de fonte de renda para que a alimentação de quem o comercializa, seja melhorada, pois permite que se adquira uma maior diversidade de alimentos com o dinheiro ganho com sua venda. 2. Relação entre população, espaço e ambiente: a venda do pequi e a mudança do cenário A priori, a globalização é tida como um traço da modernidade, do desenvolvimento. Contudo, a modernidade é pensada a partir da herança do colonialismo nas Américas e desde então coloca em xeque as dicotomias entre sujeito e objeto e entre natureza e cultura. Essas diferenças e fragmentações contribuíram para fortalecer a vertente hegemônica da “modernização ecológica” ou “ecologia do capitalismo” (DUPUY, 1980). Grandes projetos de desenvolvimento foram pensados e trazidos para a região a partir da inclusão do Norte de Minas na área Mineira da SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, que permitiu a chegada da “Revolução Verde” na região. Entretanto, é sabido que tais projetos beneficiaram apenas grandes produtores, monocultores e expulsou muitos agricultores das terras, além de modificar o ambiente da região com a derrubada de grandes áreas de cerrado. Os resultados desses projetos produziram localizações concretas e visíveis nas estruturas de exploração intensiva de recursos, que pode restringir ou confinar grupos aos reassentamentos e contribuir com a permanência em situações de vulnerabilidade e marginalização. O custo da globalização, da modernização, do desenvolvimento, é a degradação da natureza, uma degradação socioambiental. É um diálogo que tem que ser tecido pelo potencial de mobilidade e pelo controle sobre os territórios e seus recursos. A hierarquização das coisas globais sobre as coisas locais elucida as dimensões políticas, de relações de poder, de destaque às diferenças. Nesse sentido, a colheita e comercialização de pequi na região representa um movimento de defesa do lugar, de enraizamento e valorização do ambiente nativo. A globalização é carregada de símbolos e significados, um ícone utilizado de acordo com o interesse ou gosto de cada grupo. As lutas do movimento ecológico internacional destacam os custos ambientais do progresso industrial, na acumulação baseada na exploração de um sistema fechado de um mundo finito onde se faz urgente a reflexão das consequências das ações humanas. À medida que os atores no mercado global continuam crescendo, há maior exigência de proteção do meio ambiente. Entretanto, o processo globalizador econômico de muitos países vem bloqueando o avanço real de políticas ambientais nacionais, mesmo diante da carência de produções ambientalmente sustentáveis para garantir a continuidade comercial. A globalização está na transnacionalização das relações sociais que pressupõe muitos atores que se preocupam com uma terra, um mundo ameaçado de desaparecer pela ação “des-humana”. A globalização econômica consiste em outra transformação que altera a estrutura da sociedade, em virtude das alterações provocadas nas fronteiras mundiais relativas à produção, montagem e comercialização de bens e serviços. Isso foi em grande parte facilitado devido aos avanços das tecnologias de informação que permitem realizar diferentes tipos de comunicações instantaneamente em diversos lugares do mundo. Contudo, ainda não substitui integralmente a comunicação local, a vinculação com o lugar, as construções e ressignificações feitas face a face. Roborando, o lugar é o palco inicial para as reivindicações em nível global. Isto alinhavado, é necessário refletir que não acreditamos aqui na existência de um território rígido, delimitado top-down e intricado na perspectiva singular de espaço físico gerido exclusivamente pelo aparelho estatal, mas sim um território plural, com limites dinâmicos e com sujeitos atuantes e colaboradores para a materialização objetiva e subjetiva dele. Em outras palavras: O território não é apenas o resultado da superposição de um conjunto de sistemas naturais e um conjunto de sistemas de coisas criadas pelo homem. O território é o chão e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi. Quando se fala em território deve-se, pois, de logo, entender que se está falando em um território usado, utilizado por uma população. (SANTOS, 2008, p. 96-97) Assinale-se que a população é um dos elementos precípuos no tocante à existência territorial. É a partir da dinâmica dela que se definem e redefinem a organização espacial, sendo o elemento mola-propulsora na complexa relação sociedade-natureza. A lógica de identidade e de interatividade manifesta pela população com o solo que consubstancia a evidenciação da dinâmica territorial. Embora não seja o único elemento na expressão do território, é ela a razão de fato e fator da amálgama territorial. A propósito, a cidade de Bocaiuva, segundo Alves (2014), representa o encontro identitário, oriundo culturalmente no fundamento do sentimento religioso e constitui-se como “terra” e ainda mais, como “Terra do Senhor do Bonfim”. Para além dos tradicionais festejos impregnados pelos valores religiosos locais, a cidade tem como fonte de renda o setor primário, ressalvado nas premissas da agricultura familiar; no setor secundário com forte predominância e dominância do “Grupo Empresarial Rima”, líder na produção e comercialização de ligas à base de silício no Brasil, além de ser o único produtor de magnésio primário do Hemisfério Sul. Por sua vez, o setor terciário vê-se inflamado pelo comércio alimentar, vestuário, farmacêutico e de “utilidades gerais”, amplamente vivido na região central da cidade à luz da Avenida Francisco Dumont. É nesse cenário socioeconômico que se enquadram os vendedores de pequi às margens da BR 135. Conforme IBGE (2016), em 2014 Bocaiuva produziu cerca de 68 toneladas de pequi. Este número é expressamente importante para a economia sazonal no município. Colhido e vendido principalmente no quadrimestre no Outubro-Janeiro, o mesmo representa uma fonte de renda complementar para os habitantes locais, tanto da zona urbana quanto da zona rural, que têm a oportunidade de revenda nas feirinhas locais, ao longo das ruas da cidade e ao longo da supracitada BR. Com menor frequência revivese em todo o ano a venda do pequi no comércio local sob a forma de conservas. 3. Relatos e vivências dos vendedores de pequi na BR 135 Isto posto e considerado, seguem brevíssimas considerações tangentes à experiência inicial de trabalho de campo realizado junto aos vendedores de pequi ao longo da BR 135, trecho Bocaiuva-Montes Claros. Alguns dados gerais foram colhidos por meio da observação e da aplicação de questionário e entrevistas abertas com tais sujeitos, sendo os mais relevantes na caracterização de perfil dos entrevistados: 45% do sexo feminino, 55% do sexo masculino; faixa etária compreendida entre 17 e 59 anos, renda bruta familiar em torno de um salário mínimo (excetuando a renda advinda da venda do pequi); 53% consideram-se pardos, 35% consideram negros e 12% brancos; 15% asseveram ser analfabetos, 42% possuem ensino fundamental incompleto; 33% ensino médio incompleto, 7% ensino médio incompleto, 2% ensino médio completo e 1% com possuem curso superior em andamento. É valido ressaltar, que esses dados não refletem uma totalidade axiomática dos vendedores de pequi, até mesmo porque como veremos à frente trata-se de uma população móvel e flutuante, mas reflete o recorte espaço-temporal efetuado conforme esclarecido na introdução deste trabalho. Os vendedores de pequi adaptam-se à paisagem do BR de maneiras diversificadas e, diga-se, criativa: por meio de barracas de lona/palhas de coco e madeira, carrinhos de mão, muitos acoplados a guarda-sóis, bicicletas, carros, carroças, além de bancas feitas de troncos de árvores e caixotes. Para ilustrar um pouco o cenário, buscamos algumas imagens sobre o lugar no período de comercialização os frutos. IMAGEM 001 FONTE: https://www.google.com.br/search?q=pequi+br+135&biw=1366&bih=667&espv=2&tb m=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwikk7np5bLMAhXKkZAKHbEZ Imagem 002 FONTE: https://www.google.com.br/search?q=pequi+br+135&biw=1366&bih=667&espv=2&tb m=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwikk7np5bLMAhXKkZAKHbEZ Nessas adaptações o pequi é armazenado e vendido. Essa forma de ocupação, por certo, tangencia à dinâmica da paisagem. Urge por à ordem que a paisagem não é o espaço belo, natural e intocável, muitas vezes retratados em cartões postais e quadros de parede. Antes, é a materialização de um instante rugoso da sociedade. Por isso, a análise da paisagem suscita o debate e a compreensão da organização social e toda a dialética que se instaura sobre ela num determinado momento. Assim, reverbera-se que: Não há, na verdade, paisagem parada, inerte, e, se usamos esse conceito, é apenas como recurso analítico. A paisagem é materialidade, formada por objetos materiais e não materiais. A vida é sinônimo de relações sociais, e estas não são possíveis sem a materialidade, que fixa as relações sociais do passado. Logo, a materialidade construída vai ser fonte de relações sociais, que também se dão por intermédio dos objetos. (SANTOS, 2014, p. 78). Neste sentido, a paisagem no período de venda do pequi é fluida e dinâmica na fugacidade entre o dia e a noite, entre a manhã e a tarde, bem como no ponto-local em que a demanda pelo produto se faz mais evidente. Havemos de considerar que a paisagem constituída pelos vendedores representa a rugosidade manifesta pela necessidade de completar a renda familiar e reprodução da cultura criada e repassada de pai para filho. Ademais, é uma paisagem assinacrônica, irregular, fugaz e regida pela relação entre o solo, o território, as condições ambientais locais, o objetivo-subjetivo do vendedor (além de todos os demais, como viajantes, comércios fixos, habitações, escolas, etc.). De fato, as migrações pendulares realizadas ao longo da BR 135, associadas à busca por melhores pontos de venda, como os próximos a restaurantes, postos de combustíveis e borracharias, endossam o “fazer-desfazer” da paisagem em autoria dos vendedores de pequi. A partir das 06:00 os vendedores já estão situados, primando por “Tem que levantar cedo para marcar o ponto mais perto da BR e ainda debaixo da árvore”. (ENTREVISTADO 05, 2016). Eles migram de todos os bairros da cidade de Bocaiuva, das zonas rurais adjacentes, e de municípios vizinhos, como Engenheiro Navarro e Montes Claros. A concentração maior da população vendedora de pequi se dá nos primeiros nove quilômetros do perímetro urbano interceptado pela BR 135 a contar do início entre o trevo Bocaiuva/Olhos D’Água e Bocaiuva/Engenheiro Navarro, com maior disposição de vendedores do município de Bocaiuva e nas adjacências dos povoados de Espigão, Lagoinha e Planalto Rural, onde se concentram os vendedores de Montes Claros e desse povoado. O contexto geral percebido na pesquisa indica forte ligação entre o homem e a natureza. Talvez ainda sem a condição compreensiva disso, mas numa práxis inexorável do processo, os vendedores de pequi rompem a dicotomia entre tais domínios. Ao colher o pequi, conforme relatado por muitos entrevistados, adota-se um mecanismo metódico e robustamente seguido: não se derruba o pequi verde, pois “Pequi verde amarga e o cliente saca na hora que não vai vingar” (Entrevistado 016, 2015); não se quebra a galha do pequizeiro; e pequi com casca em inicio de decomposição é retirado da casca, avaliado e se “bom” utilizado para consumo próprio ou vendido; o pequi “ferido” (aquele que já mostra os espinhos) não são colhidos. Além disso, o pequi traz carregado em si um leque multidimensional da cultura do homem do cerrado: é concomitante a identidade inequívoca geradora do cerrado e a recepção transformadora desta identidade em ressignificações alimentares, habituais, natureza e, portanto, elemento substancial do homem do cerrado. Para além desta perspectiva, a colheita do pequi representa o respeito ao tempo da natureza e ao ciclo reprodutivo do pequi. Quando seguido o mecanismo metódico explicitado acima, traça-se o sentimento de que o homem é parte da natureza e dela deve cuidar e amar. Aproveitar um recurso natural resguardando os ciclos naturais evidencia uma verdadeira e necessária coadunação entre o ser humano e a dádiva da natureza, que ultrapassa o simples ato de “raspar” o fruto e recai na peculiaridade substantivada do sujeito que o manuseia. Neste sentido, duas categorias de análise, além da paisagem, conforme mencionado anteriormente, evidenciam-se na lida diária dos vendedores de pequi: o lugar e o território. O lugar, segundo Gonçalves (2008) é a porção do espaço geográfico marcada pela associação do espaço a algum sentimento, sendo ele bom ou ruim, em outras palavras, e em diálogo com Tuan (1980), topofilia e topofobia, respectivamente. É o lócus da manifestação humana em relação a determinado espaço, ou abstraindo em Bourdieu (2004), encetado por práticas objetivas e subjetivas. Partindo dessas premissas, muitos vendedores de pequi relataram passar até 9 horas consecutivas na BR, com o objetivo de aproveitar todos os fluxos de movimentação populacional no local (estudantes, transportes alternativos, caminhoneiros, turistas, ciclistas, fazedores de caminhada, entre outros). Nessa lógica, eles afirmam que acabam por criar vínculo com a dinâmica da BR e das variadas realidades que a sublinha. O fato de passar muitas horas em um mesmo local, incentiva o contato com os “vizinhos de venda”, troca de informações, observação das rotinas desta região, além do “[...] bom papo que eu bato com gente de todo lugar” (ENTREVISTADO 069, 2015). Mesmo com algumas condições ambientais adversas que eles enfrentam (calor intenso, ventos quentes produzidos pelo deslocamento dos automóveis juntamente com o ar quente em ascensão no asfalto), ou ainda a falta de segurança (risco de acidentes e assaltos), a “barraca improvisada” se torna topofílica. O lugar se constrói na mediação pela venda do pequi e pela experiência praticada no local de venda desse fruto. A efeito, faz-se necessário esclarecer que, para Escobar (2005), há em vigor um novo debate que ressignifica o lugar em face da globalização, do pós-desenvolvimento, dos modelos culturais e das respectivas dinâmicas, bem como das relações entre o discurso da Ecologia Política e a perspectiva local. Em Escobar (2005) fica clarividente a existência da transformação dos lugares pelos fluxos transnacionais decorrentes da globalização e, consequentemente, da ação de organizações supranacionais que, por sua vez, atribuem novas especificidades às estruturas socioeconômicas. Em via dupla, o lugar se redefine e se reforça para contracenar com as disparidades hereditárias do movimento de internacionalização do capital. Por isso, automaticamente a categoria território se posta com implicação. Certamente, o comércio do pequi, tal qual se investigou, não é legalizado em nível político-administrativo. Muitos foram os relatos de que eles fogem quando percebem que estão sendo fiscalizados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e a Polícia Rodoviária Federal. Relataram também que sempre se fala em manifestação contra à repreensão do aparelho estatal, mas que ainda não reuniram esforços e solidariedades o suficiente para dar robustez à resistência. Por exemplo, no dia 15 de Dezembro de 2015, ao serem retirados do local, um pequeno grupo dos feirantes fecharam a BR, no Km 412, incendiaram pneus, interditaram com predas e madeiras, mas em menos de 40 minutos o protesto foi silenciado. Todavia, novas ocupações foram estabelecidas uma semana após serem retirados. Trava-se se ai uma disputa pela “margem da BR”, engendrando o que optamos por denominar “reordenamento territorial”. Partindo do conceito de território dado por Santos (2008), anteriormente citado, a BR se constitui um território à medida que a população, sejam os vendedores de pequi, sejam os demais usuários da mesma, passam a usá-la num contexto socioeconômico. O reordenamento se dá, á medida que um espaço gerido administrativamente pelo poder público, se ver reconstituído e requerido sob uma nova perspectiva de uso. Em face disso, requer saliência a noção de territorialidade(s) isto é, a identificação, o sentimento de pertencimento e de valorização de um sujeito e/ou grupo social em relação a um dado território ordenado e reordenado por polifurações materiais e imateriais, implicando em distintas manifestações de (re)modelamento do dito território. (SOUZA, 2000). Por isso, o território da BR 135 ocupado e reocupado pelos feirantes do pequi não é apenas o território, mas é o território-lugar e o lugar no território. Ao observamos o eminente conflito estabelecido, indagamos o motivo de se insistir na venda do pequi às margens da BR. Muitas foram as respostas, como a necessidade de completar a renda familiar, ser a única chance de trabalho, gostar de vender o pequi por ser algo ensinado pelos pais, oportunidade de conhecer novas pessoas, entre os principais. Todavia, parte significativa dessas justificativas têm em interface o processo excludente da globalização e da mecanização do campo e dos processos produtivos. Os entrevistados, 63%, afirmaram que já trabalharam na lavoura, como na colheita do café na região Sul de Minas Gerais, no corte de cana, colheita e plantio do feijão; e eram empregados de pequenas indústrias locais. Elas afirmaram que a “crise” e a falta de qualificação e a aquisição de maquinários pelos “patrões” aumentaram o desemprego. O cerne da questão se assenta ai. A inserção tecnológica nos processos agro-rurais de lida com a terra e nos processos fabris-produtivos fomentaram o desemprego estrutural, situação explicita e repetidamente no cenário globalizatório. Isso nos conduz a concordar com Santos (2000) ao caracterizar a globalização como perversa e excludente. Talvez, a consciência dessa realidade se verbalize na fala do Entrevistado (057, 2016) ao afirmar que: “Quando ‘os homem’ vem, tem que juntar tudo e sair correndo, porque eles é que mandam aqui”. Assim, e em suma, Soja (1993) traz em síntese uma análise do que representa tal realidade. A instrumentalidade das estratégias espaciais e locacionais da acumulação do capital e do controle social está sendo revelada com mais clareza do que em qualquer época dos últimos cem anos. Simultaneamente, há também um crescente reconhecimento de que o operariado, bem como todos os outros segmentos da sociedade que foram periferalizados e dominados, de um modo ou de outro, pelo desenvolvimento e reestruturação capitalistas, precisam procurar criar contra-estratégias espacialmente conscientes em todas as escalas geográficas, numa multiplicidade de locais, a fim de competir pelo controle da reestruturação do espaço" (Soja, 1993, p. 210). Outro aspecto que se coaduna ao exposto, advém da afirmação dos entrevistados de que o fato de o pequizeiro ser “madeira de lei”, isto é, madeira que pode ser extraída apenas sob extrema vigilância dos órgãos ambientais competentes, mesmo com tanto desmatamento o pequi ainda é fácil de ser encontrado na região. O cerrado brasileiro ao ser intensamente desmatado com a expansão da fronteira agrícola e com a grande demanda de carvão vegetal, trouxe implicações não apenas para o ambiente físico, como a redução da biodiversidade e o empobrecimento do solo, mas graves consequências sociais como aumento do êxodo rural bem como do já mencionado e, consequente, aumento do desemprego estrutural em face da mecanização do campo. Consta pontuar que a revenda de pequi subsidia o contato cultural. Como se sabe, a BR 135 é um dos mais importantes eixos rodoviários do Brasil. A observação em campo permitiu visualizar carros com placas de variados estados brasileiros. Como o pequi é nativo do cerrado brasileiro, ele não é encontrado com facilidade em outros biomas. Desta feita, muitas pessoas ao passarem pela região realizam a compra do pequi, normalmente vendido em “sacos de linhagem”, expressão comum entre os vendedores. Isto alinhavado acima implica que os significados culturais-locais vinculados ao pequi são repassados oralmente aos compradores tais como a forma de armazenamento, receitas alimentares, remédios caseiros, como “raspar” o pequi, a “fertilidade” fortalecida por ele, lendas e mitos folclóricos que tomam escopo a partir dele. Além disso, vai junto com o pequi a marca histórica, identitária e simbólica vivida pelo coletor e feirante do mesmo. Ao parar para “barganhar” o menor preço, os moradores locais e turistas estabelecem diálogo com os vendedores e, assim, traçam aprendizagem sobre o modus vivendi local-regional, assim como compartilham experiências vividas do espaço de onde advêm. Neste ponto, podemos recorrer a Laraia (2000) quando esclarece a cultura não é inerte e unívoca, podendo influir sobre outras culturas, sofrer a interferências e modificarse em consonância ao desenrolar da história, devendo a algumas ciências, como a Antropologia, por exemplo, a compreender toda esta dinâmica, por vezes conflituosa. De modo sintético, vê-se que há a inserção “dos de fora” no contexto cultural, econômico e ambiental “dos de dentro” e, portanto, bem como os de fora emitem “inputs” culturais aos “de dentro”. Um aspecto relevante observado foi o fato de que a venda do pequi não é a única a ser realizada. Principalmente nos meses iniciais e finais da venda, quando se está começando e terminando a safra, são vendidas outras mercadorias, como coco, jabuticaba, mangaba e manga, assim como outros frutos do Cerrado. Ademais e por fim, ficou evidente que os vendedores de pequi engrossam as relações comerciais entre os munícipios vizinhos a Bocaiuva, como Montes Claros, Engenheiro Navarro, Olhos D’Água e Guaraciama. Populações de todas essas cidades se entrepõem na BR 135, trecho Bocaiuva-Montes Claros para vender o pequi. O período em que se encontram maior quantidade de vendedores dessas cidades vizinhas na BR 135 ocorre nos meses de Dezembro e Janeiro, haja vista que são os meses de férias e de grande fluxo de pessoas. Este fato convida reportarmos à fala do Entrevistado (005, 2015): “Eu encontro muita gente por aqui, inclusive parentes de Navarro, Montes Claros e também de Bocaiuva. Todo mundo quer tirar um troco a mais para gastar no Natal e no Ano Novo”. 4. Considerações finais Indubitavelmente, este artigo não esgotou todas as possibilidades de estudo e não tinha tal pretensão. O mesmo está inserido num contexto em campo novo de pesquisa e de modo introdutório, o que traz a necessidade de continuidade da pesquisa em um intervalo de tempo ainda maior e de uma ampliação das discussões plausíveis dentro desse contexto, como o modo de vida dos moradores da região, comércio informal de frutos nativos, uso comum de determinados territórios, relação homem-natureza, entre outros temas transversais. Todavia, há de se ter em mente que o objetivo proposto foi atingido, uma vez que apreendemos a dinâmica promovida pelos vendedores de pequi às margens da BR 135 no trecho Bocaiuva-Montes Claros. A partir do alcance deste objetivo evidenciamos que a perspectiva de novos atores na configuração socioespacial e territorial fincada ao longo da BR e pontificada pelo pequi impele-nos a refletir a complexidade da dinâmica populacional contemporânea, haja vista a globalização e as novas territorialidades engendradas nos diversos ambientes socioeconômicos. A pesquisa evidenciou que os “vendedores de pequi” em pauta refletem as “transformações” do cenário global/excludente engendrado pelo capital e, pelos novos reordenamentos socioespaciais em face da exploração econômica e ambiental acentuada. Nos períodos de safras, a paisagem das margens da BR 135 passa por um processo de remodelagem. Nesse trecho, vê-se a realização de migrações pendulares (ainda que em curto espaço), rompe-se a dicotomia entre homem e natureza na perspectiva da colheita do pequi, engrossam as relações comerciais em toda região, por tratar de uma via de grande fluxo contínuo, especialmente entre as cidades de Montes Claros e Bocaiuva. O cenário da safra do pequi é um apontamento para a ressignificação da categoria “território”. As margens da BR passam a ser palco de sociabilidades e instrumento de manutenção dos modos de vida da região, por meio da gastronomia, do modo de fazer. O território ganha sentido ao inserir “os de fora” no contexto cultural, econômico e ambiental “dos de dentro” e, portanto, estabelecem interfaces entre o consumo do pequi, ambiente, território e população, não apenas dos habitantes das duas cidades, mas também da população que transita pela BR 135 e aprecia o fruto. Neste sentido, a população constitui o território dando sentido funcional ou simbólico a ele. É a situação entre o paradigma da apropriação versus a dominação. Nesse trecho da BR 135 é possível ver os deslocamentos e mobilidades de acordo com a safra do pequi. A distribuição espacial se constitui prioritariamente pela proximidade dos aglomerados de pés de pequi carregados do fruto pronto para a colheita e comércio. A relação que a região estabelece com o ambiente acaba apresentando pontos de atração, de expulsão e de retenção, traços de mudanças e de estagnação, por outro lado, nos ambientes e cenários na BR 135 e nos modos de vida dos citadinos. Pensando na realidade da região, o tempo da colheita e venda representa uma estratégia temporária de relação sustentável com o ambiente, já que a colheita não pressupõe corte e as árvores são nativas na região. Uma possibilidade de equilíbrio entre população e ambiente, entre relações econômicas e território. Contundentemente, vigorou-nos o fato de que o pequi vendido na BR 135 extrapola a perspectiva existencial do mesmo apenas enquanto “fruto do cerrado aproveitado economicamente”. Ele encerra em seu bojo distintas nuances e matrizes populacionais, históricas, socioeconômicas e ambientais. É capaz de produzir um contexto complexo e detonador de novas idealidades oriundas do modo teórico e prático vivido pelas populações que dele se fazem uso. Referências Bibliográficas ALVES, Renata Mirian. Cemitérios entre Tumbas e Esquecimento um Patrimônio à Sombra da Memória. Dissertação. 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