Assunto: Serviços concentra trabalho formal Veículo: Brasil Econômico Data: 18/12/2012 Serviços concentra trabalho formal A maior parte das pessoas empregadas no mercado formal brasileiro está no setor de serviços, especialmente nas áreas de vendas e atendimento ao consumidor, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado ontem. De acordo com o boletim Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior, outras ocupações em que há grande concentração de mão de obra no Brasil são as relacionadas à necessidade de força física, à assistência, à saúde, ao ensino, às ciências sociais, às telecomunicações e ao transporte. O comércio, a administração pública, a construção civil e o ensino são responsáveis por cerca de metade dos empregos formais no país, segundo dados do ipea, que são relativos a dezembro de 2010. Em contraponto, as ocupações em que há menor concentração de trabalhadores no país são as relacionados às ciências naturais, aos trabalhos rotineiros, ao monitoramento, à manutenção e às habilidades cognitivas e artísticas. O uso da mão de obra no mercado brasileiro aponta as tendências mais estruturais da economia do país, delineia possíveis alterações no perfil da força de trabalho e influencia a implementação de políticas de capacitação e qualificação do trabalhador, com o objetivo de adequar medidas tomadas pelo Estado às características de cada mercado e das regiões geográficas específicas. Os dados são baseados em informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre 2003 e 20l0. De acordo com o ipea, as atividades que requerem o maior uso de capacidades cognitivas, por exemplo, têm demanda em constante expansão. É o caso das áreas ligadas à intermediação financeira, à produção e à distribuição de petróleo e derivados, à educação e à informática. Geograficamente, segundo o estudo, a mão de obra dotada de uso mais intensivo das capacidades cognitivas está concentrada nas grandes regiões metropolitanas, segundo a denominação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. De acordo com textos do geógrafo brasileiro Milton Santos, já falecido, o fenômeno é denominado “desconcentração concentrada”, o que quer dizer que, apesar da disseminação da industrialização e do desenvolvimento por todo o país, as grandes capitais detêm a maior parte da renda brasileira, pois continuam sendo os centros de tomada de decisão, onde há a concentração de atividades mais intensivas em tecnologia, com mais demanda intelectual e com produção de maior valor agregado. No caso de trabalhadores cuja ocupação demanda atividades mais intensivas em uso de força física, em áreas de manutenção e transportes, por exemplo, há maior concentração em cidades menores — com menos de 250 mil habitantes. As cidades de médio porte, ou médio-alto (com mais de 250 mil habitantes) são mais intensivas em habilidades relacionadas a engenharia, design e ciências naturais, como São José dos Campos (SP). Segundo a pesquisa, os setores da economia relacionados à engenharia e ao design apresentam rotatividade positiva no mercado de trabalho nas oito maiores regiões metropolitanas brasileiras (São Paulo, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de Porto Alegre, do Distrito Federal, do Recife, de Fortaleza e de Salvador).