ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS NA NUTRIÇÃO E SAÚDE Neuza Maria Brunoro Costa Biotecnologia •Técnicas que utilizam o DNA recombinante para gerar produtos ou serviços; •Engenharia Genética ‐ é possível transferir, de forma controlada, genes de uma espécie doadora para uma receptora; •1953 descoberta do DNA James Watson Francis Crick •2000 mais de US$200 bi (USA) •2001 sequenciamento do genoma humano Nature Science Melhoramento Genético Convencional • Desenvolvimento de variedades adaptadas – Soja no cerrado, maçã no Brasil • Aumento da produtividade – Híbrido de milho • Maior resistência a pragas e doenças – Feijão resistente a carunchos • Melhor qualidade nutricional dos alimentos – Milho QPM Fases dos OGMs Primeira Fase: • Variedades tolerantes a herbicidas – Soja RoundupReady • Variedades resistentes a insetos – Milho YieldGard • Variedades com melhores características agronômicas – Algodão Bollard, milho, algodão e canola RoundupReady, milho e canola LibertyLink, melão, abóbora e batata NewLeaf OGM Segunda Fase: •Culturas de melhor qualidade – Grãos com alta densidade energética – Milho com alto teor de óleo – Sementes de oleaginosas com > teor de ácidos graxos saturados (esteárico) menor produção de transno processo de hidrogenação –Soja e feijão com melhor textura e flavor OGM Terceira Fase: • Plantas como Biofábricas: Biofortificação ‐ Óleo de canola, arroz, mandioca e milho: ⇑caroteno ( ⇓deficiência de vitamina A) ‐ Feijão, milho, soja, trigo e arroz: ⇑Fee Zn(< carência de minerais) ‐ Grãos: ⇓fitatoe ⇑fitase(> biodisponibilidadede minerais) ‐ Grãos: ⇑fitoesteróis( ⇓colesterol sanguíneo) ‐ Maior teor de licopenono tomate, vitamina E em grãos e β‐caroteno em cereais (antioxidantes) ‐ Vacinas alimentares e redução da alergenicidadede alimentos Outras Proteínas • Batata com genes de bactérias que codificam as enzimas aspartatoquinasee diidrodipicolinatosintase: lisina (x6), treonina(x8) e metionina(x2) (Sévenieretal., 2002) • Glicinina(proteína da soja) modificada com tabaco transgênico: melhor qualidade nutricional (> metionina) e funcional (> capacidade emulsificante) (Utzumietal., 1997) • Tabaco transgênico com αe β‐globina da hemoglobina humana (Dierycketal., 1997) • Batata com β‐caseína do leite humano • Tabaco com α‐lactalbuminae lactoferrina (Dunwell, 1999) Lipídios •Óleos de girassol e amendoim: ⇑ácido oléico (MUFA) •Óleo de soja: ⇓ácido palmítico e ⇑ácido esteárico ( ⇓risco de doenças cardiovasculares) (Liuetal., 2002) •Inibição da Δ9‐dessaturase: < conversão de ácido esteárico em oléico em oleaginosas (< produção de trans) •Supressão da Δ12‐dessaturase: < conversão de ácido oléico em ácido linoléicoe α‐ linolênico •Expressão da Δ6‐dessaturaseem tabaco: maior produção de ácido γ‐linolênico (função de membrana, transporte de colesterol, precursores de eicosanóides) (Sayanovaetal., 1997) Minerais • Zinco –> teor de Zn –< teor de fitato –> teor de fitase –> teor de aminoácidos sulfurados • Ferro – Suplementação medicamentosa: efeitos colaterais – Fortificação comercial: baixa abrangência – Biofortificação: > abrangência, > produtividade, sustentável Minerais Ferro ¾ Tabaco: > atividade da Fe³ quelato redutase: Fe³ Fe² (> absorção de Fe pelas plantas) ¾ Milho, trigo e arroz: > Nramp e IRT1(> transporte de Fedo solo para a planta) ¾ Arroz: > Fitoferritina (> transporte de Fepara as folhas e sementes) e Fitase (degradação do ácido fítico): dobrou o teor de Feno arroz (consumo de 300 g de arroz/dia: 6 mg de Fe= 20% das IDRs) ¾ Introdução de peptídeos ricos em cisteína e de hemoglobinano tecido vegetal ¾ ⇑Teor de ácido ascórbico Vitaminas • Vitamina E – Antioxidante – Introdução do gene tocoferol metiltransferase (γ‐TMT): converte γ‐tocoferol em α‐tocoferol: > atividade da vitamina (Rochefordetal., 2002) • Vitamina C – Antioxidante, > biodisponibilidade de Fe – > expressão do gene que codifica a enzima L‐galactona‐α‐lactona desidrogenase: > teor de vitamina C –Glicose ácido 2‐cetogulônico ácido ascórbico Vitaminas Vitaminas •β‐caroteno –Pró‐vitamina A e antioxidante –Arroz dourado ou Golden Rice: Geranilgeranil difosfato fitoeno Fitoeno sintase β‐caroteno ¾1,6 a 2 μg β‐caroteno/g de arroz fresco ¾Desenvolvido em 1990 (Fundação Rockefeller) ¾Importante alternativa para Ásia, África e América do Sul no combate à hipovitaminose A (cegueira) Fatores Antinutricionais • Inibidores de Proteases – Kunitz(KTI) e Boman‐Birk(BBI) – Soja sem KTI e BBI: melhor digestibilidade, porém < teor de AA sulfurados •Lipoxigenase – Soja sem LOX: melhor sabor e > oxidação dos ácidos linoléicoe α‐linolênico • Fitato – Soja com adição de fitase(Aspergillusninger): < excreção de P nas fezes de suínos e aves: > biodisponibilidadede P, Fee Zn Biotecnologia e Valor Funcional dos Alimentos • Ácidos Graxos – > teor de mono e polinsaturados – < teor de ácido palmítico – > teor de ácido γ‐linolênico ⇓LDL‐colesterol e risco de DVC • Frutanas – Frutooligossacarídeos(FOS) e inulina – Não digerida: fermentada no cólon: ácidos graxos de cadeia curta – Fator bifidogênico – Sacarose (SST e FFT) frutanas (beterraba e cana‐de‐açúcar) Biotecnologia e Valor Funcional dos Alimentos • Antioxidantes – Carotenóides •β‐caroteno (arroz dourado, canola, tomate, mandioca) •licopeno(tomate) – Vitamina E • > teor de α‐tocoferol – Flavonóides • > teor de antocianinas e flavonóides – Fitoestrógenos •Isoflavonas •Introdução da isoflavona sintase da soja em Arabidopsis: conversão de naringeninaem genisteína (Forkemanne Martens, 2001) Biotecnologia e Valor Funcional dos Alimentos • Sistema Imune – Proteínas do leite humano – Tabaco e batata transgênicos: lactoferrina, α‐lactoalbumina e β‐caseína (Dunwell, 1999) • Vacinas Alimentares – Batata com gene LT‐B (enterotoxina B termolábil da E. coli: imunidade em camundongos (Masonetal., 1998). • Probióticos – Lactobacillus jonhsonii: piruvatoL‐lactato e ausência de D‐lactato(< risco de acidose e encefalopatia) – > benefício à saúde (> fermentação de fibras, > produção de imunogenes) – > resistência ao processamento industrial Considerações finais • Biotecnologia: potencial para a produção de alimentos com melhores propriedades nutricionais e funcionais. • Deve ser avaliada a segurança do produto no lugar de julgar a tecnologia por si só. • Não existe Risco Zero. Risco tolerável é o alvo! • Conhecimento do genoma e as possíveis modificações na composição nutricional e funcional dos alimentos perspectiva futura para diagnóstico e tratamento de: – fenilcetonúria, – intolerância à lactose – doença celíaca –doenças crônico ‐ degenerativas não transmissíveis (diabetes, câncer, obesidade, DCV, mal de Parkinson, doença de Alzheimer) Considerações finais • As reações de desconfiança e medo dos “frankenfoods” • As aplicações nutricionais e a saúde •As evidências, após 20 anos e milhões de hectares. • Precaução sem preconceito • A sociedade precisa de fatos; aos cientistas cabe fornecê‐los e explicá‐los.