ID: 43008096 27-07-2012 Tiragem: 18000 Pág: 6 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 28,79 x 35,05 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Vida Económica lança “Código da Insolvência” anotado TERESA SILVEIRA [email protected] O Código da Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE) está em vigor desde 20 de maio de 2012, mas boa parte dos mecanismos de revitalização das empresas previstos no novo CIRE ainda “não estão disponíveis”. O reparo partiu do advogado António Raposo Subtil, durante a sessão de apresentação do livro “Código da Insolvência da Recuperação de Empresas” anotado, editado pela “Vida Económica”, que decorreu no Porto na última semana. Dando como exemplo o caso dos fundos regionais de revitalização para PME, com um volume financeiro de 220 milhões de euros (110 do QREN + 110 da banca) que o Ministério da Economia apenas garante estarem operacionais “em finais de agosto/princípios de setembro” ou, até, a revisão do Estatuto dos Administradores da Insolvência, tendo em vista reorientar a atividade para a revitalização (através da criação de prémios de performance) e a renovação da classe, António Raposo Subtil foi muito crítico. Disse, aliás, que o novo CIRE é “uma medida para salvar a economia”, mas que é “oca”, porque “o legislador é oco”. Numa alusão igualmente crítica ao novo CIRE, Paulo Valério, autor, com Maria José Esteves e Sandra Alves Amorim, do livro acabado de lançar, disse esperar que “as negociações dos devedores com os credores sejam bondosas e permitam, de facto, encontrar soluções” para as empresas em dificuldade. Receia, contudo, pelo “comportamento da Segurança Social, que normalmente é mais flexível, e pelo da Fazenda Nacional, que é mais inflexível”. Disse, pois, esperar que “o novo espírito da Lei seja devidamente interiorizado pelos representantes do Estado” e que o mesmo Estado “não venha a ser o coveiro das empresas em recuperação e que têm expectativas de sobreviver”. Em resposta a uma questão da assistência, quer António Raposo Subtil quer Paulo Valério foram igualmente críticos quanto à omissão do papel do Fundo de Garantia Salarial, que assegura os créditos dos trabalhadores, nos casos em que as empresas recorram ao novo Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE). É que, como disse o autor da questão vinda do público, “muitas vezes os sindicatos pressionam para a empresa ir para a insolvência para poderem recorrer ao Fundo de Garantia”, uma vez que, no que respeita ao SIREVE, não está previsto o seu acesso, estando apenas garantido no caso de haver sentença de insolvência. António Raposo Subtil (à esquerda na foto) fez a apresentação do livro na presença dos autores Sandra Alves Amorim, Paulo Valério e Maria José Esteves. O lançamento, do Código das Insolvências e da Recuperação de Empresas, foi lançado no Porto, no Palacete Viscondes de Balsemão. “A falta de formação dos administradores de insolvência vai ser mais um obstáculo” Questionado pela “Vida Económica” sobre a revisão do estatuto dos administradores de insolvência que está em curso, António Raposo Subtil deixou ainda mais críticas. Começou por afirmar que “o devedor deveria ter o direito de escolher o administrador de insolvência” para o processo, para depois pôr em causa a competência destes gestores nomeados pelo tribunal. “Como é que se requalificam estes administradores para serem gestores ou economistas nos novos processos de revitalização?”, perguntou. Para o advogado, “deveria ser permitido admitir outros técnicos especializados que mais tarde viessem até a ser integrados nas listas dos administradores de insolvência”. É que, como também respondeu à “Vida Económica” a co-autora do livro Sandra Alves Amorim, “a falta de formação dos administradores de insolvência vai ser mais um obstáculo ao sucesso da medida [de revitalização das empresas em situação difícil que adiram ao SIREVE]”.