ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I Versão Online OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Bactérias: sua importância à vida na Terra Maria José Fassina Ladeia1 Marcia Regina Royer2 Resumo Este artigo retrata os resultados obtidos nas atividades da produção didático-pedagógica produzida através do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE - no ano de 2014. A implementação do material foi aplicada aos alunos do 7º Ano A, Ensino Fundamental Anos Finais, do Colégio Estadual Fernando de Azevedo – EFM, no primeiro semestre do ano de 2015. A aplicabilidade da Produção demonstra os procedimentos e resultados das práticas metodológicas, gerando conhecimentos significativos aos educandos sobre os seres vivos do reino monera. O material é uma proposta de trabalho com várias atividades cujo objetivo foi o de ampliar o entendimento dos alunos sobre o mundo microbiano, em especial as bactérias, com seus papéis ecológicos fundamentais, bem como a prevenção de patogenias por meio de medidas de profilaxia, possibilitando aos estudantes reflexões e ações diferenciadas no seu dia a dia. Dentre as várias atividades realizadas, destacaram-se a construção de modelos de células e de formas das bactérias, a observação de experiências práticas em sala de aula com posterior preenchimento de relatórios, a compostagem no terreno da escola, práticas de higienização das mãos e peça teatral. A experimentação e a metodologia envolvendo práticas dialógicas sobre o tema abordado proporcionaram aos educandos o conhecimento científico que resulta da investigação da natureza. Palavras-chave: Bactérias. Ensino-aprendizagem. Experimentações. Ensino fundamental. Conhecimento científico. 1. Introdução A maioria das pessoas relacionam as bactérias a doenças como o tétano, meningite, pneumonia, tuberculose, entre outras, ademais a deterioração dos alimentos, logo, prejudiciais aos seres humanos. Desconhecem que somente uma pequena parte desses micro-organismos causam doenças e que muitos são indispensáveis à biosfera, contribuindo à manutenção dos organismos vivos e ao equilíbrio da estrutura química do planeta. Ainda que sejam frequentemente lembradas pelas doenças que causam, a grande maioria não é patogênica e realiza alterações no ambiente que são essenciais à manutenção da vida na Terra; Além disso, o seu uso mais recente em processos de manipulação genética as tornam ferramentas úteis em biotecnologia. Alguns dos principais campos de aplicação da 1 Professora de Ciências do Quadro Próprio de Magistério da SEED/PR, graduada em Ciências com Habilitação em Matemática pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí, pós-graduação Especialização em Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela UIVALE. 2 Professora Doutora Adjunto C, Colegiado de Ciências Biológicas, da Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR – Campus Paranavaí/PR. Bióloga, mestre e doutora em Agronomia, pela Universidade Estadual de Maringá, UEM. microbiologia incluem medicina, alimentos e laticínios, agricultura, indústria e ambiente (OVIGLI, 2010, p.146). O ensino fundamental anos finais enfatiza o estudo dos micro-organismos, referindo-se principalmente aos aspectos morfológicos, fisiológicos e taxonômicos, bem como às patogenias relacionadas a esses seres. Pouca ênfase se dá aos benefícios ocorridos através da sua ação ao equilíbrio do meio ambiente, ao funcionamento do organismo humano e de outros animais, tampouco a sua contribuição na indústria de alimentos e medicamentos. Nota-se, na maioria das vezes, o trabalho em sala de aula fica restrito a leitura de textos e observação de imagens do livro didático, bem como explicações do professor e resolução de atividades escritas, não sendo, portanto, propostas atividades de observação e experimentação as quais permitem melhor aprendizado do ensino do mundo microbiano. Para Ovigli (2010), a mera transcrição do livro didático é um recurso ainda predominante na prática docente, tornando o ensino de Ciências sem interação com os fenômenos naturais e tecnológicos, deixando lacunas na formação dos estudantes. Azevedo e Neto (2014), analisaram livros didáticos, em relação ao ensino de bacteriologia, concluíram que o tema se encontra explanado, na maioria dos livros, porém denotando pouca ênfase à importância das bactérias e são limitados em relação aos conteúdos com temas atuais, tornando, portanto, o estudo menos atrativo aos alunos. De acordo com as Diretrizes Curriculares de Educação Básica – Ciências, do Estado do Paraná, 2008, p. 76: A inserção de atividades experimentais na prática docente apresenta-se como uma importante ferramenta de ensino e aprendizagem, quando mediada pelo professor de forma a desenvolver o interesse nos estudantes e criar situações de investigação para a formação de conceitos. Observando os estudantes do ensino fundamental de Santa Isabel do Ivaí, Paraná, no decorrer dos anos, percebemos também a dificuldade encontrada pelos educandos em “acreditar” na existência desses seres minúsculos e que os mesmos se encontram em quase todos os lugares, inclusive no corpo humano. Em suas considerações, Barbosa e Barbosa (2010, p.140), afirmam: A grande dificuldade de se ensinar Microbiologia está no fato de que os “personagens principais” deste ramo da biologia são seres que, apesar de serem encontrados em toda parte, não podem ser vistos facilmente. Entretanto, compensando o reduzido tamanho destes organismos, encontramos um grande número de situações que exemplificam as relações dos micro-organismos com o meio ambiente. Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Ciências do Estado do Paraná, 2008, p. 40: A disciplina de Ciências tem como objeto de estudo o conhecimento científico que resulta da investigação da Natureza. Do ponto de vista científico, entende-se por natureza o conjunto de elementos integradores que constitui o Universo em toda a sua complexidade. Ao ser humano cabe interpretar racionalmente os fenômenos observados na natureza, resultantes das relações entre os elementos fundamentais como tempo, espaço, movimento, força, campo, energia e vida. Diante desse contexto, justifica-se o tema do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e a Produção Didático-Pedagógica, intitulado “Bactérias: Sua importância à vida na Terra”, desenvolvido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná/SEED, sendo implementado no primeiro semestre do ano de letivo de 2015, com o objetivo de aprimorar e ampliar o entendimento dos alunos sobre as bactérias, proporcionandolhes atividades e experimentos que comprovem a existência desses seres vivos nos diversos ambientes terrestres e as suas interações com os demais seres vivos existentes, revelando a importância destes no equilíbrio do planeta através de seus papéis ecológicos fundamentais, como a decomposição da matéria orgânica, a fixação de nitrogênio nas plantas, os benefícios para o organismo humano, a importância nos aspectos econômicos e biotecnológicos, ressaltando também a importância de medidas profiláticas simples na prevenção de patogenias causadas por esses micro-organismos, na intenção de que “o conhecimento teórico adquirido pelo educando (retorne) à prática social de onde ele partiu, visando agir sobre ela com entendimento mais crítico, elaborado e consistente, intervindo em sua transformação” (GASPARIN, 2003). Por fim, oportunizar aos educandos pesquisar a natureza, através de atividades diversificadas que foram desenvolvidas nessa pesquisa. Portanto, visamos superar as dificuldades encontradas no ensino-aprendizagem da Microbiologia, de forma especial às bactérias, tanto por parte do aluno como do professor. 2. Desenvolvimento Os micro-organismos, são formas de vida muito pequenas para serem vistas a olho nu. Esse grupo incluem as bactérias, fungos, protozoários e algas microscópicas. Os vírus, entidades acelulares, também são considerados microorganismos. Por serem diminutos para serem vistos a olho nu, os micro-organismos devem ser observados através de um microscópio, cujo termo é derivado da palavra em latim micro, que significa pequeno, e da palavra em grego skopos, olhar (TORTORA, FUNKE, CASE, 2012). Historicamente, a ciência da microbiologia floresceu com o aperfeiçoamento da capacidade de visualizar os micro-organismos. Em outras palavras, a microbiologia e a microscopia progrediram lado a lado [...] (MADIGAN, et al., 2010). Segundo Nóbrega e Bossolan (2010): Os microrganismos foram encontrados em quase qualquer lugar investigado: nos mares, rios e lagos, no ar, nos solos mais diversos, em geleiras, em fontes de águas termais a mais de 100°C, em grandes profundidades nos oceanos, no interior da terra, em salinas, associados a rochas, sobre plantas e no interior de certas estruturas de plantas, sobre a pele e em todo o tubo digestivo do homem e de todo animal investigado, assim como insetos. Ficou claro que a variedade, ou seja, o número de espécies bacterianas era astronômico e superava de muito todas as outras espécies de animais e plantas conhecidos. Durante muito tempo, cerca de mais de 3 bilhões de anos, apenas os microorganismos habitavam a Terra. Fósseis desses seres, foram encontrados em rochas com mais de 3,5 bilhões de anos (NÓBREGA e BOSSOLAN, 2010). Para facilitar os estudos sobre os seres vivos, procurou-se reuni-los em grupos, com base em alguns critérios. Grande contribuição para a classificação e a organização da vida foi realizada pelo naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778) ou Carolus Linnaeus, conhecido no Brasil como Lineu, através de vários trabalhos desenvolvidos (CARVALHO e GUIMARÃES, 2011). Referindo-se ao sistema de classificação desenvolvido por Lineu, Carvalho e Guimarães (2011) relatam que foi sendo aperfeiçoado por outros estudiosos e, a partir de 1969, a classificação dos seres vivos passou a ter cinco reinos: o das moneras, dos protistas, fungos, plantas e o dos animais, sendo, portanto, as bactérias pertencentes ao reino monera juntamente com as cianobactérias. Ao observarmos um vegetal, animal ou uma bactéria, notamos que eles são bem diferentes, tanto no tamanho como na aparência. No entanto, todos os seres vivos têm em comum o fato de serem formados por células (GODOY e OGO, 2012). As bactérias são unicelulares e procariontes, o que significa que são organismos constituídos de apenas uma célula, e não possuem membrana envolvendo o material genético e separando-o do restante da célula. Envolvendo a célula das bactérias, há um envoltório resistente denominado parede celular, o que permitiu a adaptação desses seres aos mais diversos meios, como o solo, a água ou ainda parasitando outros organismos (CARVALHO e GUIMARÃES, 2011). As células bacterianas podem apresentar várias formas, tais como: Bacilos (em forma de bastão), cocos (esféricos ou ovoides) e os espirilos (em forma de saca-rolha ou curvados), que são as formas mais comuns. Também, podem apresentar forma de estrela ou quadrada. Podem formar pares, cadeias, grupos ou outros agrupamentos (TORTORA, FUNKE, CASE, 2012). Prado, Teodoro e Khouri (2004, p.127), que conduziram trabalho com metodologia de ensino de microbiologia para o ensino fundamental e médio, ressaltam que: Há muito tempo, a Microbiologia, deixou de ser tema restrito às salas de aula do ensino superior ou a laboratório de pesquisa para ser tema relacionado às questões básicas de cidadania, envolvendo o meio ambiente, o cotidiano, a higiene, a maternidade, a empregada, o faxineiro, o engenheiro, o político, entre outros. Os micro-organismos são nossos hóspedes permanentes. Eles estabelecem relações com outros seres, com o solo, com a água e mesmo se associam entre si. Para Tortora, Funke e Case (2012), todos vivemos do nascimento até a morte em um mundo cheio de micro-organismos, tendo muitas espécies desses seres em nosso corpo fazendo parte da nossa microbiota normal, podendo ser benéfica. Algumas microbiotas normais nos protegem contra as doenças por prevenirem o crescimento de micro-organismos nocivos, e outras produzem substâncias úteis. Mas, sob certas condições, a microbiota normal pode nos fazer adoecer ou ainda, infectar as pessoas com as quais temos contato. Para corroborar com informações sobre a presença de micro-organismos em outros seres vivos, Madigan, et al., (2010) argumentam que os mamíferos, quando no útero, desenvolvem-se em um ambiente estéril. A partir do nascimento, a colonização, o crescimento de um micro-organismo, inicia-se à medida que os animais são expostos aos micro-organismos. Para Tortora, Funke e Case (2012), a grande maioria dos micro-organismos é benéfica aos animais e vegetais. O carbono, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo são essenciais para a manutenção da vida e abundantes na natureza, mas não nas formas que possam ser utilizados pelos organismos, sendo os micro-organismos, os principais responsáveis pela conversão desses elementos em formas que podem ser utilizadas pelos demais seres vivos. Na agricultura, as bactérias do gênero Rhizobium tem uma grande importância, pois apresentam grande capacidade de fertilizar o solo. Vivendo nas células das raízes de plantas leguminosas como soja, feijão, amendoim e ervilha, estimula o desenvolvimento de tecidos e formam nódulos, onde ficam alojadas. Captam o gás nitrogênio da atmosfera e o convertem em outros compostos nitrogenados, que são utilizados pelas próprias bactérias e pelas plantas. As plantas fornecem a essas bactérias, proteção e açúcares e outros compostos orgânicos, havendo uma relação benéfica para ambas às espécies (USBERCO, et al., 2012). Ainda exemplificando bactérias benéficas, mencionaremos as decompositoras, que se alimentam de folhas, galhos, frutos e outras partes de plantas, de restos de animais como carapaças, penas, fezes, urina e também de seus cadáveres (JORNADAS.cie, 2012). Zômpero e Laburú (2010), que investigaram a decomposição da matéria orgânica nas concepções de alunos do ensino fundamental: aspectos relativos à educação ambiental, afirmam que, para o desenvolvimento da conscientização sobre as questões ambientais é necessário que o aluno tenha conhecimentos básicos nessa área. Daí a importância do entendimento das interações entre os fatores bióticos e abióticos e a dinâmica que ocorre no ambiente ecológico. Os autores relatam ainda que os alunos são incentivados através dos meios de comunicação e de políticas públicas a separarem o lixo para a sua posterior reciclagem ou reutilização pelas indústrias especializadas, e não relacionam a ocorrência da “reciclagem” da matéria pelo fenômeno natural. Nassour (2003) relata que diante de tudo o que descartamos todos os dias e em qualquer lugar, é surpreendente que nosso planeta não fique coberto por uma malcheirosa camada de dejetos, e que isso só não acontece devido ao processo natural de biodegradação, em que vários micro-organismos, incluindo as bactérias, se alimentam de matéria orgânica, transformando-a em compostos orgânicos mais simples, que são devolvidos ao meio, inclusive na forma de alguns nutrientes. Segundo Tortora, Funke e Case (2012), algumas bactérias metabolizam (ou processam quimicamente) substâncias que são tóxicas para a maioria das plantas e animais: metais pesados, enxofre, nitrogênio gasoso, petróleo e mercúrio. Essas bactérias são encontradas naturalmente no solo e na água, mas em números pequenos, não conseguindo processar a contaminação em larga escala. Dessa forma, cientistas estão trabalhando para melhorar a eficiência desses microorganismos. O método que utiliza bactérias para degradar poluentes é chamado de biorremediação, onde a limpeza bacteriana elimina a substância tóxica e frequentemente devolve uma substância inofensiva ou útil ao ambiente, diferentemente de outras formas de limpeza ambiental em que substâncias nocivas são retiradas de um local e descartadas em outro. Ainda, vinculado ao assunto anterior, no que tange as bactérias benéficas, mencionamos os Lactobacillus e Streptococus que realizam a fermentação láctica, processo pelo qual são realizadas transformações energéticas na ausência de gás oxigênio. Durante essa fermentação, os açúcares do leite (lactose) são quebrados em unidades menores, produzindo o ácido láctico, que provoca a coagulação do leite, podendo produzir, por exemplo, o iogurte e a coalhada (JORNADA.cie, 2012). Para Tortora, Funke e Case (2012), o interesse das bactérias para a saúde humana levou ao estudo dos probióticos. Probióticos (pro= para, bios= vida) são culturas de micro-organismos vivos que devem ser aplicadas ou ingeridas para que exerçam benefícios. Referindo-se a probióticos e resposta imune, Coppola e Turnes (2004), asseveram que probióticos são bactérias que produzem efeitos benéficos no hospedeiro, usadas para prevenir e tratar doenças, como promotores de crescimento e, ainda, como imunoestimulantes. Ultimamente, a indústria alimentícia, através da mídia, tem explorado muito a venda de alimentos probióticos. Quão importante, também, é a bactéria Escherichia coli que, em nosso intestino grosso sintetizam a vitamina K e algumas vitaminas do complexo B. Essas vitaminas são absorvidas pelos vasos sanguíneos e distribuídas para serem usadas pelas células do corpo. Em troca, o intestino grosso provê nutrientes usados pelas bactérias, garantindo sua sobrevivência, numa relação chamada de mutualismo (TORTORA, FUNKE, CASE, 2012). Em relação ao uso de bactérias na indústria alimentícia, citamos as que realizam a fermentação acética, que transforma o álcool em ácido acético, formando o vinagre, como as bactérias do gênero Acetobacter, que são usadas para transformar o álcool do vinho em ácido acético, que dá origem ao vinagre de vinho (JORNADAS.cie, 2012). Referindo-se a utilização de bactérias modificadas por engenharia genética, podemos citar a produção de inúmeras substâncias importantes como hormônios e proteínas humanas, produtos de utilidade farmacêutica, tais como anticâncer, imunomoduladores e vacinas, o aprimoramento genético de plantas (transgênicas) na obtenção de plantas mais resistentes a doenças e produtos de melhor qualidade (MADIGAN, MARTINKO, PARKER, 2004). Como já mencionado, o corpo humano alberga vasta população bactérias sendo esses micro-organismos frequentemente benéficos e necessários para a manutenção da saúde. No entanto, alguns micro-organismos, denominados patógenos, colonizam, invadem e causam danos ao organismo. Esse processo é chamado de doença infecciosa (MANDIGAN, et al., 2010). À luz das reflexões da primeira etapa culminou com a aplicabilidade desta intervenção didático-pedagógica que versou sobre a importância das bactérias à vida na Terra. Primeiramente foi proposto um diálogo com os educandos de Ciências, do 7o ano do Ensino Fundamental, em que se relatou o que é o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e como seria a sua implementação, mencionando o tema de estudo e o título do projeto. O conhecimento dos alunos sobre o tema supramencionado, para sondagem e posterior análise, foi realizado através de um questionário que continha questões sobre a morfologia, fisiologia e taxonomia das bactérias; Nichos ecológicos das bactérias; Contribuição das bactérias ao equilíbrio do ambiente, ao funcionamento do organismo humano e à indústria de alimentos; Medidas de profilaxia. Por meio de análise das respostas apresentadas pelos alunos no questionário investigativo, verificamos que o conhecimento dos mesmos referente às bactérias era limitado e equivocado. O levantamento e a análise dos conhecimentos prévios dos educandos serviram de parâmetro para o encaminhamento das atividades. Para tanto, foram planejadas e aplicadas dezesseis atividades, as quais serão descritas a seguir, bem como a análise dos resultados obtidos em cada uma. A atividade “Apresentação do mundo bacteriano” através da utilização da ferramenta do programa software Prezi, permitiu aos alunos a apropriação de conhecimento mais amplo sobre as características morfológicas, fisiológicas e taxonômicas das bactérias, a origem da palavra micróbio e quais seres são incluídos nesse grupo, a origem da palavra microscópio e a sua importância para o estudo dos micro-organismos, a presença das bactérias nos mais variados ambientes, bem como algumas contribuições das mesmas ao equilíbrio do meio ambiente e a outros seres vivos. Ainda com a utilização do mesmo software, apresentou-se um vídeo, elucidando as características dos seres do reino Monera. Na sequência, foram propostas as demais atividades, envolvendo práticas dialógicas em grupo, as quais os alunos puderam evidenciar as características das bactérias e enfatizar a presença e os benefícios das mesmas. A construção de modelos de células procarióticas e eucarióticas, realizada em grupo, foi desenvolvida nas mesas do pátio do colégio onde, com o auxílio do livro didático, os alunos montaram modelos para diferenciar o tipo de célula formadora das bactérias (procariótica) da que constitui outros seres vivos (eucariótica). Utilizaram como material para essa construção, o fundo de garrafas transparentes (PET), massinha de modelar e gel de cabelo. A execução dessa atividade permitiu a compreensão do conceito de célula, suas estruturas e diferenças entre esses dois tipos celulares. Anterior à realização da atividade prática, explorou-se o conceito de célula, diferenças entre célula procariótica e eucariótica, conceito de material genético. Explicitou-se que, no caso das bactérias, o material genético encontra-se disperso no citoplasma e que esses microorganismos apresentam pequenas moléculas de DNA denominados plasmídeos, estruturas que permitem a utilização das bactérias na manipulação genética, em biotecnologia. Exemplificando essa utilização, mencionou-se a produção de insulina sintética, utilizada no tratamento de pessoas com diabetes (TORTORA, FUNKE, CASE, 2012). Dando continuidade as atividades, apresentamos slides contendo as formas básicas de bactérias para que, posteriormente, os alunos construíssem modelos de bactérias com massinha de modelar, sobrepondo-os em folha de papel sulfite e escrevendo a classificação que recebem quanto a sua forma. Os alunos demonstraram grande interesse na realização dessa atividade, compreendendo que esses seres apresentam formas variadas. Para reforçar a ideia da existência de micro-organismos em diversos ambientes, foram realizadas algumas práticas laboratoriais. A primeira atividade prática foi realizada com o uso de gelatina incolor, água, caldo de carne, cotonetes, placa de petri e etiquetas adesivas. Utilizamos um meio de cultura como fonte de alimentação à reprodução das bactérias e, posterior visualização das mesmas. Alguns alunos passaram o cotonete no chão, entre os dentes, entre os dedos dos pés, em cédula de dinheiro, em aparelho celular e, na sequência, num preparado de gelatina disposto em placas de petri identificadas. As observações das alterações ocorridas no meio de cultura foram realizadas em dias alternados e registradas em relatório. Através dessa atividade prática, os alunos puderam comprovar a existências desses micro-organismos em nosso corpo, nos objetos e no ambiente, ressaltando-se a importância da higiene corporal e com os objetos que se manuseia. Outra prática laboratorial realizada foi a observação da proliferação de micro-organismos em mesmo meio de cultura, porém em condições ambientais diferenciadas. O meio de cultura, um mingau preparado anteriormente pela professora, com amido de milho e água, foi distribuído em cinco copinhos numerados, preenchendo-se cinquenta por cento do seu volume total. O primeiro copinho ficou desprotegido; o segundo copinho, coberto com filme plástico. O terceiro copinho foi completado com óleo e o no quarto copinho, acrescentou-se vinagre até seu volume final. Os copinhos (um ao quatro) ficaram em temperatura ambiente, sobre uma mesa. O quinto copinho foi colocado na geladeira sem cobertura. Após várias observações, as alterações foram evidenciadas e transcritas em relatório. Observou-se que a proliferação dos micro-organismos ocorreu primeiramente e com mais intensidade no copinho número um, sem proteção e em temperatura ambiente. Os copinhos dois, três e quatro, sofreram menor ação de micro-organismos, demorando um tempo maior para a proliferação que a do copinho um. A menor proliferação de micro-organismos, num prazo maior de tempo, foi observada no copinho cinco, armazenado em geladeira. Os educandos relacionaram os resultados dessa prática aos cuidados que devemos ter ao acondicionarmos os alimentos em nosso dia a dia. No laboratório de informática, com o uso de computador e projetor multimídia, apresentamos aos alunos um infográfico que descreve os microorganismos encontrados no corpo humano e suas respectivas funções. Os alunos demonstraram curiosidade e interesse sobre a quantidade de micro-organismos, bem como a função dos mesmos no organismo humano, descrevendo-as, posteriormente em seu caderno. Para enfatizar a utilização de bactérias na produção de alimentos, propusemos a produção de iogurte. Durante a preparação, discutiu-se a importância das práticas de higiene, como a lavagem das mãos e dos utensílios antes da preparação dos alimentos. A receita foi distribuída aos alunos que, no dia seguinte observaram a consistência do alimento já pronto. Após as discussões supracitadas, através de uma aula expositiva evidenciamos que, para a produção do iogurte, são utilizadas bactérias como o Streptococus thermophilus e o Lactobacillus bulgaricus, e que esses microorganismos são exemplos de bactérias anaeróbias, ou seja, que não necessitam de gás oxigênio para obterem energia. O iogurte é produzido a partir do processo de fermentação do leite realizado por bactérias, em ambiente aquecido. Na sequência, propusemos a visualização das bactérias do iogurte natural (adquirido em supermercado) ao microscópio. Porém, houve grande dificuldade na visualização dessas bactérias, fato que atribuímos à ineficiência do aparelho de nossa instituição de ensino, causando uma análise rudimentar nessa atividade. Demonstramos a ação dos micro-organismos na decomposição dos alimentos e a conservação dos mesmos com o uso do sal de cozinha. Para tanto, utilizamos dois pedaços de carne, sendo um pedaço envolvido em sal de cozinha e o outro não. Colocados sobre recipientes de vidro que foram deixados durante alguns dias sobre uma mesa do laboratório e observados diariamente. As reflexões acerca dessa prática instigaram os alunos a indagarem sobre o que ocorreria ao planeta Terra sem a ação dos micro-organismos decompositores. As observações e conclusões foram transcritas em relatório. Enfatizando a existência das bactérias benéficas, foi proposta a observação de raízes de pés de soja. Nas raízes dessa leguminosa é comum a presença de nódulos formados por bactérias do gênero Rhizobium que absorvem o gás nitrogênio do ar e o transformam em sais de nitrogênio que fertilizam o solo. A atividade não foi realizada como prevista na produção didático-pedagógica, uma vez que, nos exemplares de soja cultivados pela professora, não ocorreu, de forma visível, a formação de nódulos causados pelas bactérias do gênero Rhizobium em suas raízes. Dessa forma, foram utilizadas imagens na televisão pendrive. Na sequência, os alunos assistiram a um vídeo que explica a ação dessas bactérias no ciclo do nitrogênio e a importância das leguminosas na chamada “adubação verde”. Para a compreensão do processo que envolve a decomposição da matéria, como condição necessária à manutenção da vida no planeta relacionado a ação de micro-organismos, realizamos a compostagem do lixo orgânico da cozinha escolar e, também, das folhas das árvores do pátio da escola, utilizando o método “pilha de compostagem”. Para tanto, a participação das agentes educacionais I da escola, na função de merendeiras foi essencial, já que as mesmas separavam o lixo orgânico da cozinha. Os alunos, em revezamento, cumpriram as tarefas de deposição do lixo orgânico, cobrindo-o com uma camada de solo e material seco, como folhas secas ou pó de serragem, em local apropriado no terreno da escola. O composto formado foi utilizado como adubo orgânico em vegetais cultivados na própria instituição. Usando o recurso da fotografia, pudemos realizar comparações sobre as transformações ocorridas e o aspecto do lixo orgânico com o passar do tempo. Além de servir como material para comparações, o registro da atividade através desse recurso, a exibição das fotos na televisão pendrive e a exposição das mesmas em cartaz afixado em sala de aula, estimularam os alunos à continuidade do trabalho. Muitos testemunharam algumas ações e começaram a praticar em casa, em relação à compostagem. Ressaltamos que a prática da compostagem teve continuidade, mesmo após o término da aplicação do Projeto, tendo o apoio da equipe diretiva do Colégio. A atividade seguinte causou grande interesse por parte dos alunos por se tratar de um tema muito discutido atualmente: a dengue. A doença acometeu várias pessoas de nossa comunidade, inclusive a alguns alunos da sala de aula e seus familiares. A atividade intitulada: “Bactérias Wolbachia na guerra contra a dengue”, trouxe informações sobre o combate à dengue através do controle biológico, com a utilização da bactéria Wolbachia pipientis. Uma das maneiras de combater a doença é “eliminar” os criadouros dos mosquitos vetores, não deixando recipientes que pudessem acumular água, já que a fêmea do mosquito utiliza água parada e limpa para a postura de seus ovos. Tarefa essa, nem sempre executada com sucesso apesar de inúmeras campanhas feitas pelos governos federal, estadual e municipal, juntamente com as escolas. Outra forma de combate, é a de aplicar inseticidas que, através de seu uso intensificado, pode causar “resistência” aos mosquitos, fadado na perda do efeito desejado em longo prazo. Torna-se necessário também destacar que, o combate à dengue pode ocorrer através do controle biológico, isto é, utiliza-se a bactéria Wolbachia pipientis, a fim de interferir na transmissão do vírus. Descobriu-se que, quando mosquitos Aedes aegypti são transfectados com a bactéria Wolbachia, esse micro-organismo inibia a replicação do vírus da dengue (OLIVEIRA, MOREIRA, 2012). Essa forma natural e autossustentável já está sendo utilizada no Brasil, através do Projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como uma alternativa para o controle da doença. Esse método está sendo testado na Austrália, Vietnã, Indonésia e agora, no Brasil, sendo parte do Programa Internacional eliminar a dengue: nosso desafio (INSTITUTO FIOCRUZ, 2014). Propusemos a leitura de textos e a exibição de um vídeo explicativo sobre o método utilizado para a inibição da replicação do vírus da dengue, havendo indagações e explicações necessárias por parte da professora. Dessa forma, além de mais um exemplo de bactérias benéficas, os alunos tiveram a oportunidade de “conhecer” a importância das pesquisas e de como podem colaborar para a melhoria da qualidade de vida da população. Outro aspecto abordado, não menos importante, foi proposto através de atividades relacionadas às medidas de profilaxia simples imprescindíveis à prevenção de patogenias relacionadas aos micro-organismos, tais como: Teste da eficiência da lavagem das mãos, vídeos, treinamento da lavagem das mãos e jogo didático. Os alunos entenderam e compreenderam a importância de tais proposições, uma vez que, embora a minoria das bactérias seja patogênica, é imprescindível enfatizar aos educandos a importância da prevenção das doenças acometidas por esses seres e que, a forma mais simples e eficaz é a higienização, principalmente de nossas mãos. A despeito disso, o artigo intitulado: Higienização das mãos no controle das infecções em serviços de saúde, a autora afirma que “A utilização simples de água e sabão pode reduzir a população microbiana presente nas mãos e, na maioria das vezes, interromper a cadeia de transmissão de doenças” [...] (SANTOS, 2012). Para a verificação da eficiência da lavagem das mãos, realizou-se uma atividade prática com o uso da luz negra, fios e soquete, alicate, álcool em gel, caneta marca texto, água, sabonete líquido e papel toalha. Retirou-se a ponta de uma caneta marca texto com o auxílio de um alicate e a colocamos em um recipiente contendo 10 ml álcool em gel. Em ambiente escuro e acendendo a luz negra, demonstramos que o gel fica fluorescente, o que não ocorre com as mãos. Em seguida, passamos o álcool em gel com o corante fluorescente nas mãos de alguns alunos que o espalharam e esperaram secar. Na luz branca a mão fica com a coloração normal, mas em ambiente escuro, com a incidência da luz negra, as mãos ficaram fluorescentes em determinadas regiões. Na sequência, os alunos lavaram as mãos normalmente, como sempre fazem. Lavadas as mãos, verificamos com a luz negra se a lavagem foi suficiente ou não para eliminar a tinta fluorescente ou em que pontos das mãos a mesma não foi retirada. A prática demonstrou que, próximo às unhas, entre os dedos e, também, o dorso das mãos, permaneceram fluorescentes após a lavagem, na maioria dos casos. Isso ocorre quando as mãos não são lavadas corretamente já que, as pessoas geralmente esfregam as palmas das mãos, não fazendo o mesmo no dorso e nas unhas, o que contribui para disseminação de micro-organismos. A lavagem inadequada das mãos aumenta as chances de contaminação e a disseminação de doenças. Propusemos aos alunos que assistissem a um vídeo que retrata uma época em que os seres humanos não tinham o conhecimento de que as mãos poderiam ser veículos de agentes infecciosos e as mortes por essas doenças eram comuns. Após o vídeo, realizamos discussões sobre os principais aspectos abordados. Somado a isso, os alunos assistiram a outros vídeos, demonstrando a importância da higienização das mãos, quais são os momentos imprescindíveis para a realização dessa ação e a forma correta da lavagem das mesmas para eliminar todas as sujidades. Através da análise de um cartaz sobre a correta lavagem das mãos, os educandos fizeram um treinamento dessa ação, sendo orientados e supervisionados pela professora. A atividade prática foi estendida a outras turmas do colégio nas quais a professora PDE leciona. Dando continuidade, sobre as medidas profiláticas das patogenias relacionadas às bactérias, propusemos um jogo didático. O jogo inicia com o despertar de um dia onde micro-organismos e outros seres vivos coexistem harmonicamente dentro de uma casa. O desafio do jogo é chegar ao final da trilha sem que este equilíbrio seja desfeito. As ações individuais e coletivas dos jogadores determinam a manutenção ou não desse equilíbrio. O jogo tem como ponto de partida a utilização do conhecimento gerado pela pesquisa científica como referência para as ações do dia a dia capazes de prevenir a contaminação de seres humanos e animais com micro-organismos indesejáveis, tornando-os doentes e mostra a importância das ações individuais para evitar a auto contaminação, assim como a de outras pessoas, trazendo benefícios para toda a sociedade e o sistema de saúde pública (Projeto Microtodos). Finalizando, os conceitos e informações apreendidos sobre os microorganismos foram compartilhados com a comunidade escolar através de uma peça teatral protagonizada por alguns alunos. Através dessa peça teatral, a partir de uma conversa polêmica sobre bactérias entre jovens amigos e professor, são apresentadas as características das bactérias, bem como as suas ações benéficas. Ao final da aplicação das atividades, novos questionamentos acerca do conhecimento dos alunos sobre as bactérias foram realizados e comparados aos iniciais, demostrando resultados satisfatórios quanto à compreensão do conteúdo, bem como as relações de contexto permitidas. Além da aplicação da produção didático-pedagógica aos educandos da rede de ensino, realizamos a produção, edição e aplicação do GTR – Grupo de Trabalho em Rede, sendo uma proposta da Secretaria de Estado da Educação – Paraná, que se caracteriza pela interação a distância entre o professor que participa do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE e professores da rede pública estadual de ensino do Paraná que se inscreveram para participar do curso cujo início ocorreu em trinta e um de agosto e término em dois de dezembro de dois mil e quinze. Um dos objetivos do referido curso é contribuir para o aprimoramento dos professores da rede estadual de ensino, uma proposta de formação continuada, mediante os estudos das proposições dos professores PDE. Além disso, permite ao cursista, após os conhecimentos construídos pelo grupo, elaborar estratégias para pôr em prática, em sua própria escola, as propostas apresentadas. Na fase inicial do curso, denominada Módulo 1, propusemos um aprofundamento teórico sobre o tema de pesquisa adotado, através da indicação de leituras de artigos científicos, além de outros materiais selecionados pela professora PDE, solicitando ainda aos professores cursistas a menção de outros referenciais teóricos. A segunda etapa, Módulo 2, objetivou socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola e a Produção Didático-Pedagógica, além do texto "O projeto de intervenção pedagógica e a realidade escolar" com o intuito de refletir sobre a relevância do mesmo no processo ensino-aprendizagem, discutindo-se as proposições e objetivos do Projeto, oportunizando também ao cursista repensar a sua prática pedagógica. A terceira e última etapa do curso, o Módulo 3, objetivou analisar a implementação do projeto de intervenção pedagógica, sendo também um momento de avaliar em que medida os procedimentos previstos no projeto foram concretizados na realidade do ambiente educacional. Para tanto, o cursista contou com a disponibilidade, além do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, do relato da implementação do Projeto, contendo o cronograma, estratégias de ação, dificuldades encontradas e a receptividade do público alvo. Esse modelo de curso a distância é organizado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná com a coparticipação do professor PDE o qual se embasa no Caderno de Orientações para a edição do GTR PDE. Nesse GTR, os cursistas manifestaram suas considerações em relação à relevância da aplicabilidade do projeto. Dentre elas, destacamos algumas: Cursista 1 - “Com certeza é importante trabalhar esse assunto tanto no ensino fundamental como no médio. Quando questionamos aos alunos o que são bactérias e sua função na natureza logo respondem que são causadoras de doenças, mas nosso papel como professor é esclarecer e informar a real importância desses seres para o planeta”; Cursista 2 - “O estudo dos micro-organismos é de extrema importância, pois fazem parte do meio ambiente e de todos os organismos vivos. Alguns são prejudiciais aos seres vivos, outros, porém, são utilizados na produção de alimentos, bebidas, medicamentos e em biotecnologia. Alguns atuam na reciclagem de restos mortais através da decomposição, com papel importante nas cadeias alimentares”; Cursista 3 - “As bactérias estão presentes em uma série de processos, como o ciclo do nitrogênio e, se pensarmos de forma mais ampla, a grande transformação da vida se dá exatamente através do trabalho de micro-organismos, já que são eles que realizam a reciclagem de restos mortais através da decomposição. Outro exemplo, o das bactérias presentes em nossa microbiota intestinal, um grupo de seres invisíveis que sobrevivem em nosso corpo e, ao mesmo tempo, auxiliam no equilíbrio de seu funcionamento. Portanto, percebemos que as bactérias são extremamente importantes em todos os momentos da nossa vida e que esses pequenos seres são necessários para a nossa sobrevivência e a de outros seres”; Cursista 4 - “O projeto apresentado pela professora PDE é de grande importância, pois infelizmente as bactérias não são bem vistas pela maioria da população por não saberem da importância e a utilidade que elas têm para o corpo e no dia a dia. Nesse sentido é de fundamental importância evidenciar a atuação destas nas diversas áreas como ambiental, nutricional, econômica e na saúde. Destacando como são essenciais na manutenção da vida pelo fato de terem sido os primeiros organismos a aparecerem na superfície terrestre […]”; Cursista 5 – “O projeto da professora é importante às escolas, pois como trabalho em uma escola indígena que não possui laboratório, se torna muito difícil para o aluno conseguir entender e até imaginar os microrganismos, pois esse tipo de conhecimento científico ainda está muito distante dos nossos educando indígenas [...]. As discussões e reflexões dos cursistas revelaram a viabilidade e importância da aplicação do Projeto. 3. Conclusão O estudo relacionado ao tema bactérias e as suas inúmeras relações de contexto, oportunizaram aos educandos desvendar um mundo repleto de interações entre os seres bióticos e abióticos, revelando a complexidade e a importância existente entre eles e que, o ser humano pode se beneficiar, ou não, dessas interações. Evidenciamos, ao trabalharmos os conteúdos sobre os seres vivos que seguiram durante o ano letivo, que os educandos eram capazes de fazer analogias às práticas e conteúdos trabalhados durante o projeto, com os atuais, demonstrando a apreensão dos mesmos. A continuidade da realização da atividade “Cuidando do próprio lixo: A compostagem”, após o término da aplicação do projeto, favoreceu o protagonismo dos alunos através do revezamento dos mesmos na realização da atividade durante as aulas de Ciências. Dessa forma, os educandos contribuíram para a diminuição do lixo orgânico produzido na escola e sua transformação em nutrientes que fertilizam o solo. A presença de minhocas no produto obtido através da compostagem, em relação ao solo do terreno do colégio, é mais uma evidência da riqueza dos nutrientes acrescentados ao solo pobre, através da ação dos micro-organismos, agora também, com a contribuição dos anelídeos. A prática da compostagem também beneficiou alunos de outras turmas do colégio, uma vez que serviu como base para estudos de conteúdos relacionados, como por exemplo, o solo. Além disso, os educandos puderam observar e evidenciar, na prática, uma forma sustentável de dar o destino final ao lixo orgânico da instituição, sendo que essa prática pode ser estendida às suas casas. Assim, como a atividade relacionada à prática da compostagem, notamos que outras atividades do projeto eram inerentes aos alunos de outras turmas, como às relacionadas às medidas simples de profilaxia a doenças. Dessa forma, as práticas sobre a verificação e a lavagem correta das mãos foram estendidas a outras turmas do colégio para que pudessem se apropriar dos conhecimentos relativos à atividade. A oportunidade em compartilhar nosso trabalho com os demais professores da rede pública estadual de ensino através do Grupo de Trabalho em Rede – GTR reiterou nossas proposições iniciais, ao pensar no tema de estudo. Através de relatos, reflexões e discussões entre os professores cursistas do GTR da Rede Estadual de Ensino nos diversos fóruns realizados, confirmamos a ideia de que a maioria dos educandos relacionam as bactérias a doenças e deterioração de alimentos, sendo prejudiciais aos seres humanos e que o conteúdo abordado é de difícil compreensão. As considerações dos cursistas quanto à importância da aplicabilidade do projeto revelaram as preocupações dos educandos inerentes ao tema. Assim, como guisa de conclusão final, o Projeto de Intervenção Pedagógica e a Produção Didático-pedagógica contribuíram significativamente para aprimorar e ampliar o conhecimento dos alunos sobre a temática proposta. Enfatizar os benefícios ocorridos através da ação das bactérias ao equilíbrio e manutenção do meio ambiente, ao funcionamento do organismo humano, a contribuição na indústria de alimentos, medicamentos e em biotecnologia, desmitificou a ideia de que todas as bactérias são patogênicas e instigou o interesse dos alunos acerca do mundo microscópico. É importante salientar que o estudo sobre os aspectos morfológicos, fisiológicos e taxonômicos são também de grande relevância, devendo ser propiciado condições favoráveis ao seu aprendizado que vai além das atividades escritas do livro didático. A medida simples de profilaxia, como a lavagem correta das mãos, deve sempre ser pontuada, na intenção de que se torne um hábito, sendo primordial para a melhoria da qualidade de vida dos educandos e de seus familiares, já que os mesmos se tornam agentes multiplicadores dos conceitos e práticas que aprendem no ambiente escolar. Assim, poder-se-á dizer que, a aplicabilidade do Projeto atingiu os objetivos propostos, visto que o ensino-aprendizagem sobre os seres vivos do reino monera aconteceu na sua essência maior, favorecendo uma educação de qualidade aos educandos do 7º ano A. 4 – Referências AZEVEDO, T.M; NETO, L.S. Bacteriologia na Educação Básica: como esse tema é abordado nos livros didáticos? Acta Scientiae, Canoas, v.16, n.3, p.631-647 set/dez, 2014. Disponível em: <file:///C:/Users/MariaJos%C3%A9/Downloads/9933771-1-PB.pdf>. Acesso em 27/11/15. BARBOSA, F.H.F.; BARBOSA, L.P.J. de L. Alternativas metodológicas em Microbiologia - viabilizando atividades práticas. Biologia e Ciências da Terra, Paraíba, v. 10, n. 2, p. 140, 2010. CARVALHO, W. L. P. de; GUIMARÃES, M. A. Ciências Para o Nosso Tempo. 7° ano. 1. ed., Curitiba: Positivo, p. 51-56 e 291, 2011. COPPOLA, M. de M.; TURNES, C.G. Probióticos e resposta imune. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p. 1297-1303, julho/ago. 2004. GASPARIN, J. L. 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