70 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2013. ISSN 2317-9759 PROFUNDIDADE DO GRÁBEN DE PONTA GROSSA/PR GOMES, Ricardo Marins MELO, Mário Sergio de Introdução Desde os mapeamentos da Petrobras na região de Ponta Grossa em 1970 já se reconheceu na cidade a existência de uma faixa de afloramento de rochas do Grupo Itararé em meio a rochas da Formação Ponta Grossa. Assim se referiu a essa feição Soares (1975, p.92): “Estruturalmente, Ponta Grossa se localiza sobre uma fossa tectônica (“graben”) que conservou sedimentos arenosos e diamictitos do tempo Carbonífero na mesma posição topográfica dos folhelhos marinhos devonianos mais antigos”. No mapa geológico que acompanha o trabalho de Soares (1975) tal fossa tectônica é denominada “Graben de Ponta Grossa”. Em todos os mapas geológicos subsequentes (v.g. AGUIAR NETO 1977, MINEROPAR 2007, ver Figura 1) é notável a presença dessa feição geológica. O gráben pode ser descrito como uma depressão alongada na direção NE-SW, com cerca de 3 km de largura média e até 10 km de comprimento (Figura 1). Não é uma estrutura simples, mas divide-se em compartimentos, alguns delimitados por falhas NW-SE, que se combinam com as falhas NE-SW na configuração dos blocos abatidos. Em alguns locais, como ao longo do Arroio Pilão de Pedra no perímetro urbano de Ponta Grossa, as falhas que delimitam o gráben alojam diques de diabásio. Estes diques aparecem em alguns mapas geológicos (AGUIAR NETO 1977, MINEROPAR 2006), mas não aparecem no mapa geológico em escala 1:100.000 (MINEROPAR 2007). A presença destes diques é indicativa de que o gráben seja de idade mesozoica, quando aconteceu o magmatismo básico da Bacia do Paraná. Materiais e métodos Foi realizada a atualização de dados geológicos das outorgas de poços tubulares profundos no Instituto de Águas do Paraná. Os dados utilizados foram vazão, profundidade e perfil litoestratigráfico. Estes dados foram compilados no programa ArcGis 9.3 para se chegar aos mapas de profundidade e cota. Usou-se a carta geológica 1:100.000 da Mineropar como base para os mapas e os perfis. Resultados e Discussão Na área do Gráben, existem 20 poços tubulares que explotam águas subterrâneas, porém, apenas 11 deles possuem dados litoestratigráficos. Estes foram usados para a elaboração dos perfis e mapas de profundidade e cota da base do Grupo Itararé. A espessura perfurada desta unidade geológica varia de 40m a até 246m. XX Semana de Geografia; XIV Jornada Científica de Geografia da UEPG; IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico; II Semana e Jornada Científica de Geografia do Ensino a Distância da UEPG 71 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2013. ISSN 2317-9759 Os resultados obtidos foram: perfis geológicos NW-SE e W-E (Figuras 2 e 3); mapa de profundidade do gráben, que atinge profundidade máxima superior a 240m; e mapa de cota da base do Grupo Itararé, onde apresenta cota mínima de 691m. A D C B Figura 1 – Mapa geológico da quadrícula de Ponta Grossa 1:50.000 com poços dentro e próximos do Gráben de Ponta Grossa e localização dos perfis das figuras 2 e 3 (baseado em MINEROPAR 2007). Os perfis geológicos elaborados a partir dos dados de poços tubulares profundos indicam afloramento de rochas do Grupo Itararé a NW do gráben (trecho AC dos perfis). Neste local no mapa da Mineropar em escala 1:100.000 (Figura 1) aparecem rochas da Formação Ponta Grossa. Esta divergência indica a necessidade de revisão do mapa geológico principalmente quando for necessário trabalhar em escalas maiores. XX Semana de Geografia; XIV Jornada Científica de Geografia da UEPG; IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico; II Semana e Jornada Científica de Geografia do Ensino a Distância da UEPG 72 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2013. ISSN 2317-9759 Figura 2 – Perfil geológico A-B de NW a SE com poços tubulares profundos utilizados na sua elaboração (legendas na Figura 1). Figura 3 – Perfil geológico C-D de W a E com poços tubulares profundos. XX Semana de Geografia; XIV Jornada Científica de Geografia da UEPG; IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico; II Semana e Jornada Científica de Geografia do Ensino a Distância da UEPG 73 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2013. ISSN 2317-9759 Conclusões Os dados analisados indicam que o Gráben de Ponta Grossa foi formado por falhas que excedem 240 m de desnivelamento. Esta notável estrutura geológica do espaço urbano de Ponta Grossa já vem sendo utilizada para explotação de águas subterrâneas, conhecendo-se vinte poços. Da mesma forma, nas proximidades do gráben, fora dele, já existem dezenas de outros poços tubulares profundos. A gestão responsável dos recursos hídricos subterrâneas em Ponta Grossa deverá levar em conta a existência desta importante estrutura, e sua influência na dinâmica e na qualidade da água subterrânea. Agradecimentos Ao CNPq pela concessão de bolsa de Iniciação Científica para o desenvolvimento da pesquisa, ao Instituto das Águas do Paraná, na pessoa do Geólogo Mário Kondo, pela facilitação dos dados analisados, e às minhas colegas de laboratório. Referências AGUIAR NETO, A. 1977. Folha Ponta Grossa (SG-22-X-C-I1-2), escala 1:50.000. Comissão da Carta Geológica do Paraná – Projeto Leste do Paraná, Convênio CPRM DNPM - BADEP UFPR. BAGATIM, H.Q. Utilização das águas subterrâneas em Ponta Grossa, PR. 2010. 75p. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Geografia), Departamento de Geociências, Universidade Estadual de Ponta Grossa. BARBOSA, D.V.; ZIMMER, J.R.; CUTRIM, A.O.; RUIZ, A.S. 2007. Avaliação da vulnerabilidade à contaminação do Aqüífero Furnas na área urbana de Rondonópolis (MT), utilizando o método AVI. In: I Simpósio de Recursos Hídricos do Norte e Centro-Oeste, Cuibá, 2007. MELO, M.S. ; GUIMARÃES, G.B. ; PONTES, H.S. ; MASSUQUETO, L.L. ; PIGURIM, I. ; BAGATIM, H.Q. ; GIANNINI, P.C.F. 2011. Carste em rochas não-carbonáticas: o exemplo dos arenitos da Formação Furnas, Campos Gerais do Paraná/Brasil e as implicações para a região. Espeleo-Tema (São Paulo), v. 22, p. 81-97. MINEROPAR - Minerais do Paraná S/A. 2007. Mapa geológico do Estado do Paraná, Folha de Ponta Grossa. SG.22-X-C-II. Curitiba, mapa geológico, escala 1:100.000. SOARES, O. 1975. Geologia. In: REQUIÃO, R. (Ed.), Ponta Grossa - História, Tradições, Geologia, Riquezas. Ponta Grossa, Requião e Cia., p.87-92. (Publicação Comemorativa do 152° Aniversário de Ponta Grossa). XX Semana de Geografia; XIV Jornada Científica de Geografia da UEPG; IX Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico; II Semana e Jornada Científica de Geografia do Ensino a Distância da UEPG