CAPA_Do Desenvolvimento Renegado ao Desafio

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Textos publicados em publicado em Rumos, Economia e Desenvolvimento para os Novos Tempos, Ano 36 – número 260 - Novembro/Dezembro 2011, páginas 15 e 16.
“De todos os atributos de Castro, o que mais me encantou foi o seu método analítico, que reside na combinação entre história e teoria, entre o momento do conhecimento empírico e o momento da formulação analítica: a história alimenta a teorização e a teoria facilita a interpretação da história. É a chamada “história
pensada”, analisada, interpretada, num diálogo permanente entre a observação das tendências históricas
e a teorização sobre as mesmas”. Ricardo Bielschowsky.
“Castro era uma espécie de heterodoxo dentro da heterodoxia, uma vez que na busca pelo entendimento
das questões mais intrigantes com que se defrontava não poupava críticas tanto à sabedoria convencional,
como muitas vezes também às teses caras ao pensamento heterodoxo. (...) Como era ao mesmo tempo
muito rigoroso, vivia imerso em dúvidas e inquietações, que condenaram à gaveta muitos argumentos e
idéias instigantes, que só agora começam a vir à luz, em edições póstumas”. Francisco Eduardo Pires de
Souza.
“Mais recentemente era a China o centro das reflexões de Castro. Era o impressionante desenvolvimento
chinês dos últimos anos que lhe chamava a atenção. Como em praticamente todos os debates anteriores
em que se envolveu, Castro chocou seus interlocutores ao propor que os caminhos do futuro se desenhavam no gigante asiático e que não apenas entender, mas também integrar-se a esta trajetória era vital para
o desenvolvimento brasileiro. Esta tese enfrentou o ceticismo, até de seus amigos mais próximos, mesmo
aqueles acostumados não apenas a vê-lo propor idéias chocantes, pelo menos à primeira vista, como, em
grande parte das vezes, acabar por estabelecê-las de modo tão claro que se tornava difícil saber como
se podia ter pensado diferente. Infelizmente, não será possível testemunhar o fascínio com que via suas
idéias triunfarem e se tornarem quase a sabedoria convencional”. Fernando Cardim de Carvalho.
“Castro era um profundo estudioso das estratégias de crescimento, das empresas e dos governos. Entender tais estratégias, e sua implementação, seria para ele a única forma de empreender cenários. Não havia
mecanicismos nas trajetórias, nem tampouco erros que não pudessem ser corrigidos. O futuro sempre
aparecia proto para ser criado. No momento em que o Brasil enfrenta colossais desafios, ler e reler Castro
deveria ser uma obrigação para quem quer, e sobretudo para quem deve, pensar o futuro do nosso país.”
Rogério Studart.
(Textos publicados em Rumos, Economia e Desenvolvimento para os Novos Tempos, Ano 36 – número 260 - Novembro/
Dezembro 2011, páginas 9 a 12.)
Do Desenvolvimento Renegado
ao Desafio Sinocêntrico
“Castro não economizava pensamento. Ele não tinha medo dos
custos e riscos daqueles que se aventuram a pensar. Ao invés
disso, ele se dedicava ao pensamento com carinho, com cuidado, sem pressa. Ele partia de algum problema que lhe chamava
a atenção, e então se punha a pensar – a fazer deduções e a
submeter tudo à crítica. Seu objetivo era compreender as estratégias envolvidas: as estratégias dos agentes econômicos, as
dos formuladores de política econômica e a sua. (...) Sua conclusão era tão arriscada quanto merecedora de atenção; pela
última vez esse notável intelectual que foi Antonio Barros de
Castro pensava o novo e pensava o Brasil com coragem e amor
por seu país”. Luiz Carlos Bresser Pereira.
“Antonio Barros de Castro foi um economista mestre, cujo trabalho tem poderosas implicações, não só para o nosso conhecimento sobre o desenvolvimento brasileiro, mas também para o
nosso entendimento da economia política global e das políticas
apropriadas para este novo contexto.
Ana Célia Castro
Lavinia Barros de Castro
“Antonio Barros de Castro é um raro exemplo de integridade em
seu mais amplo sentido: moral, familiar, intelectual e profissional. Professor emérito da UFRJ, Castro é reconhecido internacionalmente como um dos mais criativos e instigantes entre os
brilhantes economistas brasileiros. O legado de suas contribuições para promover o desenvolvimento brasileiro merecerá a
organização de ciclos de debates e a edição de livros sobre os
temas por ele abordados. Cabe destacar também a sua atuação
como Presidente (1992/93) e diretor de Planejamento do BNDES (governo Lula) e como consultor/orientador de estratégias
governamentais, setoriais e empresariais em sintonia com rigorosa concepção teórica. (...) Convidamos Castro para definir as
diretrizes do novo modelo de desenvolvimento e para orientar a
elaboração do novo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND)
para o Brasil. Ele propôs o modelo “Consumo de Massas e Retomada do Crescimento”, como fio condutor para orientar o novo
PND e para as ações estratégicas do Banco do Brasil. Somente
a partir de 2004, já no governo Lula, o modelo começou a ser
implantado.” Cézar Manoel de Medeiros.
Ana Célia Castro
Lavinia Barros de Castro
Do Desenvolvimento
Renegado ao Desafio
Sinocêntrico
Reflexões de
Antonio Barros de Castro
sobre o Brasil
Comparações com Albert Hirschman me vêm a mente imediatamente. Hirschman é o arquétipo do economista capaz de juntar
um domínio da realidade empírica da América Latina com habilidades teóricas sutis para produzir visões desbravadoras e
politicamente relevantes para o processo de desenvolvimento.
O estilo intelectual de Castro foi bastante diferente do de Hirschman, mas eles compartilharam alguns traços chave. Ambos
eram profundamente comprometidos com desvendar o que estava acontecendo no “mundo real” e aprender com ele. Ambos
eram também teoricamente ambiciosos, determinados a forçar
uma realidade concreta desregrada a render lições gerais úteis.
Ambos amavam a vida acadêmica, mas sempre sabendo que
a pesquisa e análise podem e devem informar as decisões e
opções políticas. Ambos compartilhavam o que Hirschman chamava “a paixão pelo possível”. Num momento em que o mundo está desesperado por uma liderança intelectual que possa,
persuasivamente e crívelmente, construir propostas corajosas
mas realistas de como lidar com a nossa economia global, a
morte precoce de Barros de Castro é difícil de aceitar (....) Os
Estados Unidos podem não ter tido o seu próprio Castro, mas
isto não nos deveria impedir de fazer uso dos insights que ele
nos ofereceu.”
Peter Evans em “Antonio Barros de Castro: Remembering an
Economic Visionary”, publicado em Berkeley Review of Latin
American Studies. Fall 2011 - Winter 2012, pgs. 18 a 24. Berkeley, Estados Unidos.
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