JOSÉ CARLOS BUENO CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO E UM APLICATIVO PARA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS COM ASSOCIAÇÃO DE FITOTERÁPICOS E PLANTAS MEDICINAIS Trabalho Final do Mestrado Profissional, apresentado à Universidade do Vale do Sapucaí, para obtenção do título de Mestre em Ciências aplicadas à Saúde. POUSO ALEGRE – MG 2016 JOSÉ CARLOS BUENO CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO E UM APLICATIVO PARA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS COM ASSOCIAÇÃO DE FITOTERÁPICOS E PLANTAS MEDICINAIS Trabalho Final do Mestrado Profissional, apresentado à Universidade do Vale do Sapucaí, para obtenção do título de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde. Orientador: Prof. Dr. Geraldo Magela Salomé Coorientador: Ivan Paulino Pereira POUSO ALEGRE – MG 2016 Bueno, José Carlos. Construção e validação de um algoritmo para tratamento de ferida utilizando fitoterápicos e plantas medicinais: desenvolvimento de um aplicativo / José Carlos Bueno. – Pouso Alegre: UNIVÁS, 2016. 49f. Trabalho Final do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade do Vale do Sapucaí, 2016. Título em inglês: Development and validation of an algorithm for wound treatment using medicinal plants: development of an application. Orientador: Prof. Dr. Geraldo Magela Salomé Coorientador: Prof. Ivan Paulino Pereira 1. Medicina herbária. 2. Algoritmos. 3. Protocolos. 4. Suplementos nutricionais. 5. Cicatrização. I. Título. UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE Coordenador: Prof. Dr. Taylor Brandão Schnaider Linha de Atuação Científico - Tecnológica: Padronização de Procedimentos e Inovações em Feridas. “Quia Deus Scientiarum Dominus Est” (Porque Deus é o Senhor das Ciências). “A Ciência emana, pois, de Deus e o trabalho dos homens é feito com a Sua colaboração. O trabalho é uma oração. Forma parte do amor, da redenção. Realiza a liberação humana, e a instaura como Lei Divina: que trabalhar no sentido de sua vocação, buscando o amor dos homens entre si, apoiando-se, não em vaidade própria, pois será nada menos do que um modesto obreiro, e o instrumento de Deus. Assim, a ciência se faz necessária, pois é o trabalho liberador do homem, sagrada, à qual o Altíssimo concederá toda a benevolência e apoio.” Samuel Hahnemann I DEDICATÓRIA À minha querida esposa, MARIA JOSÉ ADAMI BUENO, pela paciência, pelo incentivo e pelo companheirismo. dedicação. À minha mãe, BENEDITA DA SILVA BUENO, pelo exemplo de vida e Ao meu pai, PLÍNIO PEREIRA BUENO, exemplo de honestidade, perseverança e paciência. À minha filha, LARA ADAMI BUENO, pelo companheirismo e carisma, o que me incentivou nos momentos difíceis. À minha segunda mãe, NATÁLIA ARAÚJO RIBEIRO ADAMI, pelo acolhimento e pelo incentivo aos estudos. À minha mentora em fitoterapia, IRMÃ DANIELA GIORGI, exemplo de dedicação ao próximo e amor às terapias naturais. E a minha querida irmã, MARIA DE FÁTIMA ASHIDANI, com quem sempre pude contar nos momentos mais difíceis e importantes. II AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, PROF.DR. GERALDO MAGELA SALOMÉ, PROFESSOR ADJUNTO DO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, meu sincero agradecimento pela contribuição com suas orientações que elevaram meus conhecimentos científicos, sempre mantendo acesa a chama do querer saber mais e melhor. Aos PROFESSORES DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE, obrigado pelo conhecimento que nos transmitiram e pela dedicação de vocês aos alunos deste curso. Vocês tornaram esta conquista possível. DANIELA Ao PROF. DR. TAYLOR BRANDÃO SCHNAIDER e PROFA. DRA. FRANCESCATO VEIGA, COORDENADOR E COORDENADORA- ADJUNTA DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE VALE DO SAPUCAÍ, pela dedicação, empenho e paixão demonstrada ao ensino da ciência. Aos meus AMIGOS DO MESTRADO, pelos momentos compartilhados. Foi bom poder contar com vocês! Ao PROFESSOR IVAN PAULINO PEREIRA, ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS, E SEUS ALUNOS DO INSTITUTO FEDERAL SUL DE MINAS, CAMPUS INCONFIDENTES, meu muito obrigado pelo empenho na elaboração do Aplicativo. III LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ASJ- Ambulatório São João BDENF – Base de dados de enfermagem BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CINAHL – Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature COREN-SP – Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo HCSL - Hospital das Clínicas Samuel Libânio INI – International Nursing Index LILACS – Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciência da Saúde MEDLINE – National Library of Medicine-USA OMS – Organização Mundial da Saúde PNPMF – Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos SciELO – Scientific EletronicLibrary Online SOBEST – Sociedade Brasileira de Estomaterapia SPSS – Statistical Package for Social Sciences TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TiSobest – Titulação da Sociedade Brasileira de Estomaterapia UNIVÁS – Universidade do Vale do Sapucaí WCET – World Council of Enterostomal Therapists IV Sumário 1 CONTEXTO .......................................................................................................................... 1 2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 4 3 MÉTODO ............................................................................................................................... 5 3.1 Tipo ............................................................................................................................................... 5 3.2 Local de estudo ............................................................................................................................. 5 3.3 Casuística ...................................................................................................................................... 5 3.4 Critérios de inclusão ...................................................................................................................... 5 3.5 Critérios de não inclusão ............................................................................................................... 5 3.6 Coleta de dados ............................................................................................................................. 5 3.6.1 Desenvolvimento do algoritmo para avaliação e tratamento de feridas. .................................... 5 3.6.2 Validação do algoritmo .............................................................................................................. 7 3.6.3 Construção do aplicativo ............................................................................................................ 8 3.6.4 Aspectos Éticos ........................................................................................................................ 10 3.6.5 Análise dos dados ..................................................................................................................... 10 4 RESULTADOS .................................................................................................................... 11 5 PRODUTO ........................................................................................................................... 20 5.1 Algoritmo para Avaliação e Tratamento de Feridas Utilizando Plantas Medicinais ................... 20 5.2 Produto – Aplicativo HerbalHealing ............................................................................................ 21 6 APLICABILIDADE ............................................................................................................ 28 7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 36 8 IMPACTO SOCIAL ........................................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 38 Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................................... 47 Apêndice 2 – E-mail convite aos juízes ................................................................................... 49 Apêndice 3 – Questionário Para a avaliação do Algoritmo de Curativo .................................. 51 Anexo I – Parecer Consubstanciado do CEP............................................................................ 61 Fontes Consultadas ................................................................................................................... 65 V Lista de Gráficos Gráfico 1-Tempo de formado dos participantes da pesquisa .................................................. 11 Gráfico 2-Tipo de graduação dos participantes da pesquisa .................................................... 12 Gráfico 3-Tipo de Pós-graduação que os participantes da pesquisa realizaram....................... 13 VI Lista de figuras Figura 1: Desenho esquemático do Banco de dados do aplicativo .......................................... 09 Figura 2: Algoritmo para Avaliação e Tratamento de Feridas Utilizando Plantas Medicinais 20 Figura 3: Tela inicial do aplicativo .......................................................................................... 21 Figura 4: Tela de Editar Paciente .....................................................................................................22 Figura 5: Tela Detalhes do Paciente .................................................................................................23 Figura 6: Tela de Cadastro de Ferida ...............................................................................................24 Figura 7: Tela Avaliar Ferida ............................................................................................................25 Figura 8: Tela Exibir Informações do tratamento ..........................................................................26 Figura 9: Tela Exibir Sugestão de Suplemento Alimentar ............................................................27 VII Lista de Tabelas Tabela 1 – Fitoterápicos; frutas e verduras utilizadas para o suco verde. ............................... 07 Tabela 2- Faixa etária e gênero dos participantes da pesquisa ................................................ 11 Tabela 3 – Caracterização e conteúdo do algoritmo, segundo a avaliação dos participantes da pesquisa. ................................................................................................................................... 14 Tabela 4 – Opinião dos juízes quanto à capacidade de o algoritmo apoiar o profissional na escolha do curativo. .................................................................................................................. 15 Tabela 5- Consistência das questões apresentados no algoritmo ............................................ 16 VIII Lista de Quadros Quadro 1: Síntese da análise qualitativa das sugestões dos participantes que validaram o algoritmo................................................................................................................................... 17 IX RESUMO Objetivo: construir e validar um algoritmo para tratamento de ferida com plantas medicinais. Desenvolver um aplicativo para tratamento de ferida com plantas medicinais. Método: Estudo transversal, descritivo. Para construção do algoritmo, foi realizada revisão junto às bases de dados das Ciências da Saúde dos últimos 10 anos, utilizando como descritores: medicina herbária, algoritmos, protocolos, suplementos nutricionais, cicatrização. A avaliação do algoritmo foi realizada por 106 participantes. A consistência interna do algoritmo foi avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach e os testes utilizados foram o Qui-quadrado, Qui-quadrado de independência e o teste de Friedman. Resultados: a maioria dos participantes da pesquisa era do gênero feminino, o tempo de formação na área da maior parte era de 11 a 19 anos, sendo que 34% declararam possuir doutorado. Cento e dois (96,2%) dos juízes opinaram favoravelmente quanto à capacidade do algoritmo em apoiar o profissional na tomada de decisão na escolha do curativo. Todas as questões apresentadas no algoritmo contribuíram favoravelmente para a consistência interna do instrumento, Alpha de Cronbach de 0,959. O percentual para Ótimo obtido nas questões relativas à apresentação gráfica e à sequência foi de 75,5%. O máximo obtido de Ótimo (84%) foi para a questão sobre o tipo de exsudato. Cada questão apontou o instrumento como ferramenta capaz de ajudar o profissional na tomada de decisão na escolha da terapêutica proposta. Conclusão: o algoritmo na versão validada mostrou confiabilidade para avaliação, limpeza da ferida e proposta terapêutica com fitoterápicos e plantas medicinais e suplemento alimentar através de suco verde. Descritores: 1. Medicina Herbária; 2. Algoritmos; 3. Protocolos; 4. Suplementos Nutricionais; 5. Cicatrização X ABSTRACT Objective: To develop and validate an algorithm for treating wound with medicinal plants. Develop an application for wound treatment with medicinal plants. Method: Cross-sectional, descriptive study. For construction of the algorithm was performed with revision to databases of Health Sciences of the last 10 years, using as descriptors: herbal medicine, algorithms, protocols, nutritional supplements, healing. The evaluation was performed by the algorithm 106 participants. The internal consistency of the algorithm was assessed by Cronbach's alpha coefficient and the tests used were the chi-square, chi-square independence and the Friedman test. Results: The majority of respondents were female, time of training in the most was 11-19 years, and 34% claimed to have a doctorate. One hundred and two (96.2%) of the judges opined favorably on the algorithm's ability to support the business in decision making in the choice of dressing. All questions in favorably contributed algorithm to the internal consistency of the instrument, Alpha Cronbach of 0.959. The percentage for Great obtained on questions concerning the graphic presentation and the following was 75.5%. The maximum obtained from Great (84%) went to the question about the type of exudate. Each question pointed the instrument as a tool capable of helping the professional in decision-making in the choice of the proposed therapy. Conclusion: the algorithm in validated version showed reliability for assessment, wound care and therapeutic approach with herbal and medicinal plants and food supplement through green juice. Keywords: 1. Herbal Medicine; 2. Algorithms; 3. Protocols; 4. Dietary Supplements; 5. Wound Healing XI 1 CONTEXTO A pele é o maior órgão do corpo, indispensável para a vida humana e fundamental para o perfeito funcionamento fisiológico do organismo. Atua como uma barreira física contra microrganismos, traumatismos e perda de líquido corporal. Sua função aparentemente simples é de suma importância para a homeostasia do organismo (OLIVEIRA et al., 2009). Como qualquer outro órgão, está sujeita a sofrer várias agressões de fatores patológicos intrínsecos e extrínsecos que causarão o desenvolvimento de alterações na sua constituição (DECLAIR, 2002). A ferida é qualquer interrupção na continuidade de um tecido corpóreo, com uma maior ou menor extensão, podendo ser causada principalmente por trauma ou ser resultado de uma afecção clínica. São classificadas como agudas, quando cicatrizam em até seis semanas; se ultrapassarem este tempo serão classificadas como crônicas (LEITE et al., 2012). As feridas são um grave problema de saúde pública, pois acarretam severos transtornos psicológicos, alteração na qualidade de vida, na autoestima, na autoimagem, tiram o indivíduo do convívio social e o afastam do trabalho. Acarretam um alto custo econômico para o sistema de saúde (ALMEIDA, et al., 2014; ALMEIDA, et al., 2014; SALOMÉ et al., 2015; SILVEIRA et al., 2014; SALOMÉ et al., 2014; SALOMÉ et al., 2014; LOURENÇO et al., 2014; DUTRA et al., 2015). Plantas medicinais são usadas pelas populações tradicionais há milhares de anos como forma de tratamento. Constituem uma matéria-prima barata e de fácil acesso. O uso de plantas com o objetivo de tratamento de doenças nem sempre está associado à comprovação de sua eficácia. No caso do uso popular, a sua eficácia não é comprovada, porque não há preocupações científicas em testar o uso informal de plantas. Isso nos remete ao uso caseiro de plantas medicinais, aos saberes tradicionais, à medicina popular, isto é, aos usos feitos a partir de experiências e saberes passados de geração para geração e, em grande parte, passados oralmente (MACHADO, 2009). Estudos científicos ao redor do mundo comprovaram a eficácia das plantas medicinais e da fitoterapia no tratamento das mais diversas doenças que afligem o ser humano. No Brasil, a regulamentação desta prática medicinal veio com a elaboração, pelo Ministério da Saúde, da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada pelo Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006 (BRASIL, 2006). Esta lei prevê o uso 1 correto e seguro das plantas medicinais e de fitoterápicos, além de promover pesquisas no âmbito científico. Além disto, traz uma lista com 66 plantas medicinais que podem ser utilizadas e distribuídas pelos serviços de saúde, elucidando aspectos como dose, preparação e contraindicações. Dentre as plantas citadas, oito delas são indicadas para cicatrização de feridas, com comprovadas ações terapêuticas. Dentre as principais, destacam-se o cajueiro (Anacardium occidentale L.), pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart.), guaçatonga (Casearia sylvestris Sw.), aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolia Raddi), barbatimão (Stryphnodendrom adstrigens (Mart.) Coville), calêndula (Calendula officinalis L.), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reissek) e erva-de-bicho (Polygonum punctatum Elliott ) (PIRIZ, 2014). O tratamento fitoterápico de feridas pode representar uma forma econômica e eficaz de minimizar as questões ligadas à cicatrização de feridas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, atualmente, a prática do uso de plantas medicinais é tida como a principal opção terapêutica de aproximadamente 80% da população mundial. (TOMAZZONI, 2006). O mercado mundial desse grupo de drogas atinge vários bilhões de dólares anuais e cerca de 25% dos medicamentos comercializados atualmente foram desenvolvidos a partir de plantas (CALIXTO, 2003). A fitoterapia possibilita que o ser humano se reconecte com o ambiente, acessando o poder da natureza, para ajudar o organismo a normalizar funções fisiológicas prejudicadas, restaurar a imunidade enfraquecida, promover a desintoxicação e o rejuvenescimento (FRANCA et al., 2008). A fitoterapia é um universo a ser explorado, onde há muitas possibilidades de cura. Propicia uma diminuição dos custos com as terapias convencionais. Mas esta deve ser aplicada por profissionais habilitados e conhecedores dos princípios que a norteiam. Apesar de as plantas medicinais fazerem parte do universo popular há milhares de anos, vários autores apontam como um dos principais gargalos para a implementação da fitoterapia em órgãos oficiais e de atendimento ao público a falta de padronização das plantas medicinais conforme critérios científicos (DA ROSA et al., 2011). Durante muito tempo, o uso de plantas medicinais foi o principal recurso terapêutico para tratar a saúde das pessoas e de suas famílias; entretanto, com o avanço ocorrido no meio técnico-científico, sobretudo no âmbito das ciências da saúde, novas maneiras de tratar e curar as doenças foram surgindo. Uma dessas maneiras consiste no uso 2 de medicamentos industrializados, gradativamente introduzidos no cotidiano das pessoas modernas, por via de campanhas publicitárias que prometiam curar as mais diversas doenças. Desde então, o uso de plantas medicinais vem sendo substituído pelos medicamentos alopáticos (BADKE et al., 2011). Neste contexto, é necessário diferenciar os conceitos de planta medicinal e de fitoterápico. Segundo Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, podemos definir planta medicinal como a espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos. E fitoterápico como o produto obtido de planta medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa (BRASIL, 2011). A adoção de instrumentos de medidas, escalas, algoritmo, protocolos e diretrizes clínicas auxilia os profissionais de saúde a avaliar o risco, formular o diagnóstico, escolher a dosagem e tipo de planta medicinal ou fitoterápico e medicação adequada para o tratamento, determinar o plano de cuidados, incluindo condutas preventivas. Além das escalas de avaliação, outra tecnologia que contribui para o gerenciamento do cuidado ao paciente são os algoritmos que constituem uma sequência finita de instruções bem definidas que podem ser realizadas sistematicamente. No âmbito da saúde, os algoritmos são instrumentos simples, diretos e de fácil acesso, além de serem ferramentas primordiais ao gerenciamento da qualidade, destacando-se como importante meio na organização de processos. Esses instrumentos conferem uma visão completa do processo de cuidado e são como mapas, servindo de guia para a tomada de decisões, especialmente quando essas são complexas (POTT et al., 2013; JELINEK, et al., 2013; HESS, 2013). Um algoritmo pode ser definido por duas visões diferentes: de acordo com a Matemática, “sequência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um número finito de dados, permite solucionar classes semelhantes de problemas” e no âmbito da Informática, “conjunto das regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um número finito de etapas” (HOUAISS, 2009). 3 2 OBJETIVOS Construir e validar um algoritmo para avaliação e tratamento de ferida com plantas medicinais e fitoterápicos. Desenvolver um software (aplicativo) para avaliação e tratamento de ferida com plantas medicinais e fitoterápicos. 4 3.1 Tipo 3 MÉTODO Estudo prospectivo, descritivo, analítico. 3.2 Local de estudo Este estudo foi realizado no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), no Ambulatório São João (ASJ) e na Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), com profissionais graduados nas áreas de: Enfermagem, Farmácia, Biologia, Fisioterapia, Biomedicina, Nutrição e Medicina. Também enfermeiros estomaterapeutas titulados (TiSobest), registrados na Sociedade Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) que aceitaram participar do estudo. 3.3 Casuística A população do estudo contou com 106 profissionais (médicos, enfermeiros, biólogos, fisioterapeutas, biomédicos, nutricionistas e farmacêuticos). 3.4 Critérios de inclusão Ter idade igual e/ou superior a 18 anos. Ser portador de certificado de curso de graduação em Enfermagem, Medicina, Farmácia, Biologia, Biomedicina, Fisioterapia e Nutrição. 3.5 Critérios de não inclusão Profissionais que não concordarem em participar e não assinarem o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). 3.6 Coleta de dados 3.6.1 Desenvolvimento do algoritmo para avaliação e tratamento de feridas Para a construção do algoritmo, foi realizada revisão da literatura, através das bases de dados das Ciências da Saúde, como a Biblioteca Cochrane, SciELO, (Scientific 5 Eletronic Library Online, LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciência da Saúde), a MEDLINE (National Library of Medicine-USA), International Nursing Index (INI) e o Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), além de consultar bibliografia, livros e teses da área dos últimos dez anos, utilizando como descritores: feridas, algoritmo, curativos, cicatrização, medicina herbária, suplementos nutricionais e Fitoterapia. Após a realização de ampla pesquisa bibliográfica em periódicos indexados nacionais e internacionais citados acima relacionados ao assunto (SILVA et al., 2015; BADKE et al., 2011; REZENDE e COCCO, 2002; ALVIM et al., 2006; MESSIAS et al., 2015; SILVA et al., 2008; MENDIETA et al., 2014, GOUVEIA et al., 2015; PIVA, 2003; FRANCA et al., 2008; TELMA e OLIVEIRA JUNIOR, 2008; STEPHEN, 2013; METCALF et al., 2014; VAN e BEITZ, 2015; BEITZ e VAN, 2010; BEITZ et al., 2010; BEITZ e VAN, 2012a; BEITZ e VAN, 2012b; KIMMEL e ROBIN, 2013; VAN e BEITZ, 2013; LEITE et al., 2012; PARENTE et al., 2009; ZUCCHI et al., 2013) e após a leitura dos resumos, foram selecionados os artigos que descreviam as feridas agudas e feridas crônicas, algoritmo, curativos, cicatrização de feridas, suplemento nutricional, plantas medicinas e Medicamentos Fitoterápicos. Esses procedimentos auxiliaram na obtenção de dados para a construção do algoritmo. A partir deste levantamento, elaborou-se o algoritmo que compreendeu uma sequência descrita em quatro etapas: Primeira etapa: o objetivo é avaliar a ferida quanto aos aspectos relacionados à(ao): mensuração, margem, tipo de tecido, tipo de exsudato, quantidade de exsudato e sinais e sintomas de inflamação. Segunda etapa: compreende a definição de duas plantas medicinais e um fitoterápico para que o profissional possa fazer a limpeza da lesão (Eucalipto (Eucalyptus globulus Labill), Camomila (Chamomilla recutita L.) e Papaína solução na concentração de 2%.) Terceira etapa: nesta etapa, o algoritmo fornece uma sugestão de conduta terapêutica, conforme o tipo de tecido e exsudato presente na lesão, com a finalidade de promover o meio úmido, o desbridamento dos tecidos desvitalizados presentes e estimular a cicatrização. Para o tecido desvitalizado, o algoritmo sugere a utilização da planta babosa (Aloe vera L.), própolis ou papaína gel a 6 ou 10%. Para o tecido de granulação, o 6 instrumento sugere a planta barbatimão (Stryphnodendron adstringen (Mart.) Covilles) na forma de decocto, ou o própolis ou a papaína gel a 2 ou 4%. Quarta etapa: elaboração de um quadro de suplemento alimentar contendo uma planta medicinal, uma hortaliça folhosa, uma fruta e um legume, conforme tabela abaixo: Tabela 1: Fitoterápicos, fruta e verdura utilizada para o suco verde. Fruta Fitoterápico Verdura Laranja Capuchinha (Tropaeolum majus L.) Espinafre Abacaxi Melancia Hortelã + 1 pedaço de gengibre. Melissa (Melissa officinalis) Banana Melão Maçã Limão Couve Folhas de Beterraba Bálsamo (Sedum dendroideum Moc. & Sessé ex DC.) Saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess) Capim-limão (Cymbopogon citratus) Tanchagem (Plantago major L.) Alface Salsinha Agrião Acelga 3.6.2 Validação do algoritmo sendo estes: Para a sua validação, o algoritmo foi submetido à apreciação de 106 juízes, enfermeiros, farmacêuticos, biólogos, biomédicos, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos. Estes juízes analisaram o conteúdo, a apresentação, a clareza e a compreensão do instrumento. O contato com esses profissionais foi feito por meio eletrônico de e-mail (Apêndice 2), onde foi apresentado o estudo por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1). O profissional que concordou em participar da pesquisa acessou o link que constava no texto do e-mail, preencheu o questionário até o final (Apêndice 3). O roteiro de avaliação do algoritmo foi construído após revisão de literatura relacionada ao tema (BAJAY e ARAUJO, 2003; TAYAR, 2007; MORAIS et al., 2008; FRANCO e GONÇALVES, 2008; COSTA et al., 2009; ARON e GAMBA, 2009; POTT el al., 2013; VAN e BEITZ, 2013; STEPHEN, 2013; KIMMEL e ROBIN, 2013; METCALF et al., 2014; KIMMEL e ROBIN, 2013; METCALF, et al., 2014; VAN e BEITZ, 2015; BEITZ e BATES-JENSEN, 2001; BEITZ e VAN, 2012c; BEITZ el al., 2010; BEITZ e VAN, 2012a; BEITZ e VAN, 2012b; VAN e BEITZ, 2013. Foi elaborado 7 um questionário, o qual foi encaminhado eletronicamente, através de e-mail, para 210 profissionais convidados. Ao aceitar participar da pesquisa, os juízes avaliaram os seguintes itens: a apresentação gráfica, a facilidade de leitura, a sequência do algoritmo, os tipos de plantas e fitoterápicos utilizados para o tratamento das feridas, conforme o tecido e exsudato e as sugestões dos suplementos alimentares. Quanto à descrição dos tipos de plantas medicinais utilizadas no tratamento de ferida e o suplemento alimentar, o algoritmo fornece informações capazes de apoiar os profissionais na escolha da planta mais adequada para o curativo e na eleição do suplemento alimentar. As alternativas de resposta foram: Ótimo (10 pontos), Bom (8 pontos), Regular (5 pontos), Ruim (2 pontos). Havia também espaço reservado para comentários e/ou sugestões. Foi considerado um percentual de 70% para mais, ou seja > 0,84 da respostas positivas compatíveis (Ótimo, Bom) instrumento aplicável. como 3.6.3 Construção do aplicativo A tendência atual para a utilização de Smartphones se dá pela sua facilidade de uso, sua estética e sua capacidade de acessar internet além de agregar múltiplas funções através de seus aplicativos. Esse equipamento já se tornou quase uma unanimidade no mercado consumidor de aparelhos no Brasil. Um aplicativo é um software que tem uma função específica, sendo capaz de nos auxiliar em uma determinada tarefa. Os Smartphones são importantes ferramentas, pois a maioria da população os possui e quase sempre estão disponíveis, tendo em conta a sua portabilidade. Levando-se em conta estas características, foi desenvolvido um aplicativo pela ITECH – Empresa Júnior de Informática do IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes, para dispositivos móveis em plataforma Android® através do aplicativo Android Studio® disponibilizado pela Google®. O aplicativo ora desenvolvido tem uma interface gráfica voltada ao usuário de fácil manejo e de modo que torne o seu dia a dia mais rápido. A interface do projeto consta de um banco de dados composto de três cadastros, o primeiro ou principal é o cadastro do paciente, que contém seus dados pessoais. O segundo, vinculado ao primeiro, é o cadastro das feridas, onde é feito o 8 cadastro de uma ou mais feridas presentes no paciente, e no qual constam o local no corpo do paciente onde a lesão se encontra e outros dados para sua identificação. O terceiro é o da avaliação, vinculado ao cadastro da ferida, onde são armazenados dados da avaliação, conforme o algoritmo. Figura 1: Desenho esquemático do Banco de dados do aplicativo A interface é simples, constando apenas de três telas de edição de dados e sete telas de exibição de dados. A primeira tela de cadastro é do paciente, com os campos de dados pessoais dele. O aplicativo é denominado HerbalHealing, o que traduz a sua forma de utilização e a sua finalidade. 9 3.6.4 Aspectos Éticos A coleta de dados foi executada após o projeto de pesquisa ser aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas Dr. José Antônio Garcia Coutinho, sob o parecer nº873593 (anexo 1). 3.6.4 Análise dos dados Os dados obtidos foram tabulados eletronicamente com auxílio do programa Microsoft® EXCEL® - 97 e analisados quantitativamente sob orientação da empresa NRM Consultoria Estatística. O programa de computador utilizado para a análise estatística foi SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 2. Foram utilizados no estudo o Coeficiente Alfa de Cronbach e o teste Qui-quadrado de independência. O nível de significância foi estabelecido em 5% (P < 0,05). 10 4 RESULTADOS Na tabela 1,, observa-se que a maioria dos participantes da pesquisa era do gênero feminino e 34 (32%) tinham idade entre 50 a 60 anos. Tabela 2 - Faixa etária e gênero dos participantes da pesquisa Idade: (Faixas) n % % válido 27,4 28,7 23 a 29 anos 14 13,2 40 a 49 anos 29 27,4 30 a 39 anos 29 50 a 60 anos 34 Total geral Sexo: n 106 % Masculino 50 47,2 Total 106 100,0 Feminino 56 13,9 42,6 71,3 32,00 0,351 100,0 % válido % acumulado 52,8 100,0 47,2 52,8 13,9 28,7 32,00 100,0 % Valor acumulado do p 47,2 100,0 Teste Qui-quadrado quadrado de independên independência. *Nível de significância p < 0,05. No gráfico 11, é possível visualizar que 43 (40,60%) dos profissionais participantes do estudo tinham o tempo de formação entre 11 a 19 anos e 33 dos juízes (31,1%) tinham entre 20 a 29 anos de formado formados. Gráfico 1 - Tempo de formado dos participantes da pesquisa 45,00% 40,60% (43) 40,00% 35,00% 31,10% (33) 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 17,00% (18) 10,00% 11,30% (12) 5,00% 0,00% Menos de 10 anos 10 a 19 anos 20 a 29 anos Acima de 30 anos 11 No gráfico 2, evidenciou-se que, quanto à formação dos participantes do estudo, 48 (45,3%) são enfermeiros; 16 (15,1%), médicos; 14 (13,2%), biólogos; 12 (11,3%), fisioterapeutas e 1 (0,9%) biomédico. Gráfico 2 - Tipo de graduação dos participantes da pesquisa Biomedico 0,90% (1) Farmacêutico Nutricionista 6,60% (7) 7,50% (8) Fisioterapeuta Biólogo Médico Enfermeiro 11,30% (12) 13,20% (1 4) 15,10% (16) 45,30% (48) No gráfico 3, observa-se que entre os profissionais, 41 (38,7%) possuem especialização e 36 (34%), doutorado. Dos demais profissionais, 19 declararam ter concluído mestrado (17,9%) e 9 fizeram residência (8,5%) e apenas 1 (0,9%) declarou não ter feito pós-graduação. 12 Gráfico 3 - Tipo de pós ós-graduação graduação que os participantes da pesquisa realizaram 38,70%(41) 0,90%(1) 8,50%(9) 34,00%(36) 17,90%(19) Na tabela 2,, verificou-se a classificação das características e dos conteúdos apresentados no algoritmo algoritmo. Verifica-se valor máximo para Ótimo, com 89 (84 %) respostas para a descrição do tipo de ex exsudato; 80 juízes responderam Ótimo timo (75,5%) para os quesitos: apresentação gráfica e sequ sequência do algoritmo; 72 (67,9% %) assinalaram Ótimo para a facilidade de leitura e 75 (70,8%) avaliaram como Ótimo as sugestões de produtos a serem usados nos curativos curativos. No conceito Bom, om, o maior valor foi de 25 (23,6%) respostas quanto à facilidade de leitura e 22 (20,8%) para a apresentação gráfica. gráfica Na avaliação Regular, o maior número foi de 11 (10,4%) respostas para o item facilidade de leitura e 8 (7,5%) para a descrição dos tipos de plantas indicadas para os curativos curativos. Houve apenas duas questõess avaliadas como Ruim, sendo 02 (3,8%) sobre a descrição da técnica de limpeza por esfregaço aço para o tecido desvitalizad desvitalizado; 02 (3,8%) juízes também responderam como Ruim quanto à descrição do quadro de suplemento alimentar alimentar. Todas as questões apresentaram significância estatística (0,001). 13 Tabela 3 – Caracterização e conteúdo do algoritmo, segundo a avaliação dos participantes da pesquisa Ruim Regular Bom Ótimo Total n % n % n % n % n % 6 - Quanto à apresentação gráfica: 0 ,0 4 3,8 22 20,8 80 75,5 106 100,0 8 – Quanto à sequência do algoritmo: 0 ,0 ,9 25 23,6 80 75,5 106 100,0 7 – Quanto à facilidade de leitura: 9 – Quanto à descrição dos tipos de tecidos: 10 –Quanto à descrição da técnica de mensuração da ferida: 11 - Quanto à descrição do tipo de exsudato: 12 - Quanto à descrição da avaliação da quantidade do exsudato: 13 - Quanto à descrição dos sinais de infecção: 14 - Quanto à descrição da técnica de limpeza por esfregaço para o tecido desvitalizado: 15 - Quanto à descrição da técnica de limpeza a jato com seringa 20 mL com agulha 40x12 para tecido de granulação: 16 - Quanto à descrição do tipo de planta indicada para limpeza do tecido desvitalizado: 17 - Quanto à descrição do tipo de planta indicada para limpeza do tecido de granulação: 18 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas para a limpeza: 19 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas para os curativos: 20 – Quanto à descrição do quadro de suplemento alimentar: 1 0 0 1 ,9 11 10,4 ,0 5 4,7 1 ,9 ,0 ,9 2 1,9 4 3,8 2 1,9 1 5 4,7 2 1,9 4 3,8 4 3,8 22 16 17 15 21 14 17 20,8 15,1 16,0 14,2 19,8 13,2 16,0 72 85 84 89 81 86 81 67,9 80,2 79,2 84,0 76,4 81,1 76,4 106 106 106 106 106 106 106 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1 ,9 5 4,7 18 17,0 82 77,4 106 100,0 2 1,9 7 6,6 16 15,1 81 76,4 106 100,0 3 2,8 5 4,7 21 19,8 77 72,6 106 100,0 2 1,9 6 5,7 23 21,7 75 70,8 106 100,0 3 2,8 8 7,5 20 18,9 75 70,8 106 100,0 4 3,8 5 4,7 19 17,9 78 73,6 106 100,0 14 Tabela 4 – Opinião dos juízes quanto à capacidade do algoritmo em apoiar o profissional na escolha do curativo Opinião dos juízes N % % válido % acumulado 3,8 3,8 100,0 Sim 102 96,2 Total 106 100,0 Não 4 96,2 100,0 96,2 Valor do p *0,001 Teste Qui-quadrado de independência. *Nível de significância p < 0,05. A tabela 5 mostra que todas as questões apresentadas no algoritmo contribuem favoravelmente para a consistência interna do instrumento, uma vez que o resultado foi de 0,959, considerado pelo teste estatístico como excelente. 15 Tabela 5 - Consistência das questões apresentada no algoritmo Questões apresentadas no algoritmo Média do Variância do excluído o item excluído o item algoritmo se algoritmo se Alpha de Cronbach Correlação do item Alfa de Cronbach com o algoritmo, se excluído o item se excluído o item 0,959 6 - Quanto à apresentação gráfica: 65,50 51,319 0,717 0,956 8 – Quanto à sequência do algoritmo: 65,47 52,804 0,605 0,958 7 – Quanto à facilidade de leitura: 9 – Quanto à descrição dos tipos de tecidos: 10 –Quanto à descrição da técnica de mensuração da ferida: 11 - Quanto à descrição do tipo de exsudato: 12 - Quanto à descrição da avaliação da quantidade do exsudato: 13 - Quanto à descrição dos sinais de infecção: 14 - Quanto à descrição da técnica de limpeza por esfregaço para o tecido desvitalizado: 15 - Quanto à descrição da técnica de limpeza a jato com seringa 20 mL com agulha 40x12 para tecido de granulação: 16 - Quanto à descrição do tipo de plantas indicadas para limpeza para o tecido desvitalizado: 17 - Quanto à descrição do tipo de planta indicadas para limpeza para o tecido de granulação: 18 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas para a limpeza: 19 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas para os curativos: 20 – Quanto à descrição do quadro de suplemento alimentar: Teste Alpha de Cronbach. α > 0,7. 65,66 65,46 65,47 65,41 65,51 65,48 65,57 65,51 49,293 51,260 50,709 52,053 50,481 51,052 47,924 50,195 0,718 0,724 0,793 0,687 0,727 0,631 0,849 0,762 0,956 0,956 0,955 0,957 0,956 0,958 0,953 0,955 65,56 48,306 0,864 0,953 65,59 47,881 0,882 0,953 65,64 48,213 0,788 0,955 65,60 65,60 48,413 47,746 0,858 0,843 0,953 0,954 16 No quadro 1, são descritas as sugestões de alteração apresentadas pelos participantes que validaram o algoritmo. Foram consideradas as sugestões, conforme embasamento teórico. Quadro 1: Síntese da análise qualitativa das sugestões dos participantes que validaram o algoritmo Dados do Participante Número Profissão Especialização 2 Nutricionista Mestrado Dados do Participante Número Profissão Especialização 3 Médico Residência Sugestão Na parte do fitoterápico, não se usa "das de chá" e sim 1 xícara de chá (50g?) de folhas picadas de hortelã. Colocar também, além das medidas caseiras, as medidas em mL e/ou gramas. Suco de limão - fiquei na dúvida sobre a quantidade também. Talvez fosse melhor suco de 1 limão. No preparo também, colocar a medida acrescentar 1 copo de água - 200 mL Deixe o coar opcional. A fibra é excelente para melhora do índice glicêmico, fator que prejudica a cicatrização. Ao coar, você reduz a quantidade de fibra ofertada. Sugestão Pensar em acrescentar, apenas a título de lembrete: "Atenção a possíveis interações medicamentosas". Para o profissional de saúde ficar atento e abordar essa questão com o paciente, visto que muitas vezes o usuário faz uso de outras plantas medicinais e não relata. 17 Dados do Participante Número Profissão 8 Enfermeiro Dados do Participante Número 16 Profissão Enfermeiro Especialização Mestrado Dados do Participante Número 27 Profissão Farmacêutico Especialização Doutorado Dados do Participante Número Profissão Especialização 32 Enfermeiro Mestrado Dados do Participante Número Profissão Especialização 34 Enfermeiro Não possuo Sugestão . Nomearia os exsudatos apresentados na literatura (WCET): seroso, sanguinolento, serossanguinolento, purulento, piossanguinolento, purulento pútrido. Sugestão Sugiro inserir a possibilidade de acessar o nome científico da planta indicada, assim como os benefícios/indicação de cada uma. Sugestão A letra dificulta muita a leitura, mesmo salvando em outro arquivo e ampliando não apresenta nitidez em papaína gel colocar 2 e 4% na mesma linha igual o primeiro quadrante. A parte estrutural está ok Sugestão Sugiro acrescentar sinais de infecção e/ou sinais inflamatórios Sugestão Colocar a necessidade de desbridamento instrumental durante a limpeza da ferida. Quanto ao tipo de planta indicado ao tecido desvitalizado, para necrose seca, não poderia utilizar uma concentração maior de papaína para este tipo de tecido, como a 10%. 18 Dados do Participante Número Profissão Especialização 78 Médico Doutorado Dados do Participante Número Profissão Especialização 106 Enfermeiro Mestrado Dados do Participante Número Profissão Especialização 107 Enfermeiro Doutorado Sugestão Não deve colocar o nome popular das plantas e sim o nome científico Sugestão Acredito que o nome da tabela "Suplemento Alimentar com Fitoterápico" não esteja adequado. Ver sobre Suplementação. Quanto a "fitoterápico" diz respeito a algum medicamento manipulado à base de principio ativo vegetal (http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fit oterapicos/poster_fitoterapicos.pdf). A tabela mostra uma orientação adjuvante no tratamento ou é fundamental no algoritmo? Sugestão Na Limpeza - a "caixa verde" pode ser única, já que a informação é a mesma na proposta terapêutica (caixa título) acredito ser desnecessário o complemento "com fitoterápico no tratamento de feridas". Como os fitoterápicos são os mesmos para tratar diferentes tipos de tecidos, acredito ser desnecessário colocar uma caixa para cada um. O algoritmo se chama "algoritmo para tratamento de ferida utilizando plantas medicinais" Sendo assim, acho importante rever as citações do termo fitoterápico e outra, como o instrumento é para tratamento, acho desnecessário a parte da avaliação ou então, insira a palavra avaliação no título. 19 5 PRODUTO 5.1 Algoritmo para Avaliação e Tratamento de Feridas Utilizando Plantas Medicinais Figura 2: Algoritmo 20 5.2 Produto – Aplicativo Herbal Healing A tela inicial é composta pelo nome do aplicativo e o logotipo do sistema e os botões: “Cadastrar pacientes”, que abrirá a tela para a inclusão de um novo paciente; “Exibir paciente” que possibilita localizar um registro de um paciente já cadastrado e “Suplemento alimentar” que exibe a tela de suplemento alimentar (Figura 3). Figura 3: Tela inicial do aplicativo 21 Na tela inicial, ao clicar em Cadastrar paciente, abre-se a tela “Editar paciente” com os dados básicos, como CPF, sexo, endereço e nome, sendo que o campo nome é o único obrigatório. O campo “Ficha do paciente” é um campo numérico livre, em que o usuário poderá colocar o número do prontuário do paciente, se houver (Figura 4). Figura 4: Tela Editar Paciente 22 Após o cadastro do paciente, os dados são exibidos na tela “Detalhes do paciente” e, a partir desta tela, é possível cadastrar uma ou mais feridas ou listar aquelas que já estiverem cadastradas, através de botões específicos. No menu suspenso, é possível abrir a tela de edição ou de exclusão (Figura 5). Figura 5: Tela Detalhes do Paciente 23 A tela “Cadastrar ferida” permite que sejam cadastradas uma ou mais feridas por paciente; os dados solicitados são o local do corpo em que se apresenta e qual a data em que se começou o tratamento desta ferida (Figura 6). Figura 6: Tela de Cadastro de Ferida 24 A tela mais importante do software é a “Avaliação da ferida”, pois é por via deste trabalho que o profissional vai obter informações da evolução do tratamento, e é também por meio desta avaliação que o software fará as sugestões de tratamento fitoterápico. É composto por campos de checagem, levando-se em conta a facilidade de manuseio dos dispositivos móveis para esta finalidade. Também conta com dois campos tipo “drop-down”, onde serão selecionados valores em uma lista para o campo “Quantidade de Exsudato” e para o campo “Tipo de tecido” (Figura 7). Figura 7: Tela Avaliar Ferida 25 Após a avaliação da ferida, é exibida uma tela com a terapia fitoterápica proposta. De acordo com os dados obtidos pela avaliação da ferida, a indicação é feita levando-se em conta o tipo de exsudato, a quantidade e os tipos de tecidos. Os dados são então armazenados no próprio dispositivo, ficando a cargo do usuário a responsabilidade pela guarda e pela manutenção dos dados (Figura 8). Figura 8: Tela Exibir Informações do tratamento 26 Na tela de visualização das opções do suplemento alimentar, suco verde com planta medicinal, conforme o algoritmo validado, as informações deslizam na tela de forma que todas as propostas sejam visíveis sem que haja necessidade de mudar de tela. É sugerido um suco para cada dia da semana e, no final, apresenta-se a possibilidade de permutar os ingredientes entre si, desde que mantendo a proporção de uma verdura, um fitoterápico e uma fruta (Figura 9). Figura 9: Tela Exibir Sugestão de Suplemento Alimentar 27 6 APLICABILIDADE O quadro de transição demográfica apresentado no Brasil, com o aumento da expectativa de vida da população, aliado ao aumento do número de pessoas em condições crônicas, predispõe a complicações, dentre elas, a presença de feridas. Os indivíduos com feridas apresentam dificuldades no processo de sua cicatrização, o que gera impacto econômico e social aos serviços de saúde, dificuldade para a pessoa desenvolver atividades diárias, alteração na sua qualidade de vida, na autoestima, na autoimagem, na sexualidade. Ter uma ferida traz como consequências o isolamento social e familiar e afastamento do lazer (REZENDE et al., 2008; GONÇALVES et al., 2014; ALVES et al., 2013; ALMEIDA et al., 2014; SALOMÉ et al. 2015). O autocuidado da pessoa com úlcera é primordial para a efetivação do tratamento e, consequentemente, da cicatrização da lesão em um período de tempo reduzido, por isso as orientações são tão importantes e devem ser apresentadas aos pacientes de forma clara e de fácil entendimento. Assim sendo, percebe-se a grande importância do professor especialista em feridas na formação dos profissionais nesta especialidade (OLIVEIRA e RODRIGUES 2003; SANTOS et al., 2010), cabendo a esse profissional, dentre outros aspectos, avaliar a lesão e prescrever o cuidado mais adequado, além de orientar e supervisionar a equipe de profissionais na execução do curativo. Portanto, é necessário que o profissional perceba que essas competências são intrínsecas ao seu cotidiano. Entretanto, alguns profissionais, como enfermeiro, médico, fisioterapeuta e nutricionista baseiam seus cuidados em evidências frágeis, de modo empírico e que, frequentemente, não atendem às informações e condutas precisas e cientificamente validadas (SALOMÉ e ESPOSITO, 2008; MIYAZAKI et al., 2010). A maior parte dos participantes da pesquisa estava com 30 a 49 anos e eram do sexo feminino, com tempo de formação entre 11 a 19 anos, mostrando que este grupo ingressante na área da saúde se constituía, em sua maioria, de profissionais jovens, o que vem ao encontro das características da profissão apontadas por diversos autores. (GUERRER e BIANCHI, 2008; SALOMÉ et al., 2008a; SALOMÉ e ESPOSITO 2008b; SILVA e ROGENSKI, 2010; CUNHA e SALOMÉ, 2015). Em relação à realização de cursos de pós-graduação, verificou-se que 45,30% dos participantes da pesquisa eram enfermeiros. No que se refere à pós-graduação, 38,70% eram especialistas e 34%, doutores. Isso demonstra que os profissionais de saúde estão 28 cada vez mais preocupados com seu desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, apesar de se tratar de uma população jovem e com pouco tempo de graduados, buscando assim aprimorar o conhecimento para realizar o cuidar dos profissionais envolvidos na assistência. Acredita-se também que, atualmente, o mercado de trabalho, cada vez mais, exige profissionais altamente capacitados, e fazer pós-graduação significa ter um diferencial para alcançar este objetivo. Tais resultados corroboram os achados de vários estudos (SILVA e ROGENSKI, 2010; MOREIRA e TOJAL 2013; SALOME et al., 2014; FICO, 2015; CUNHA e SALOMÉ, 2015). O profissional que presta assistência ao paciente com ferida deve ter sua prática fundamentada em evidências científicas. Esse conhecimento inicia-se durante sua habilitação formal nos cursos de graduação e prossegue na pós-graduação, constituindo-se fator primordial para a viabilização e implementação de cuidados, tanto para a prevenção quanto no tratamento de feridas (RANGEL e CALIRI 2006; MIYAZAKI et al., 2010). Sendo assim, torna-se sua responsabilidade, juntamente com outros profissionais da saúde, a elaboração e implementação de protocolos, algoritmo e diretrizes clínicas. A maioria dos profissionais de saúde desenvolveu barreiras quanto à prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos. Vale destacar que a fitoterapia é amplamente utilizada pela população de maneira geral, como complemento e até mesmo em substituição aos medicamentos alopáticos, na maioria das vezes sem o conhecimento do médico. Os profissionais em questão não abordam o tema, por desconhecimento ou por temer efeitos adversos, conforme foi apontado em um trabalho de pesquisa no interior do Rio de Janeiro (VEIGA-JUNIOR, 2008). Outro aspecto importante é que a aplicação de plantas medicinais e fitoterápicos configura-se como uma possível ampliação da área de trabalho dos profissionais de saúde, os quais, de um modo geral, estão pouco informados e preparados para lidar com estes recursos alternativos (BRUNING et al., 2012). Por não possuir o conhecimento das ervas e não ter a tradição vivida pelos ancestrais no manuseio e uso das ervas medicinais, é necessário que estes profissionais elaborem e implantem protocolos e diretrizes clínicas relacionadas aos princípios ativos das plantas medicinais ou fitoterápicos, ao cuidado no uso de planta medicinal, à forma de utilização de fitoterápicos ou da planta medicinal em lesões da pele, procurando conhecer as principais plantas utilizadas para lesão de pele e feridas, de modo a estarem seguros para 29 fazer a avaliação do candidato ao tratamento fitoterápico em lesão de pele e suas indicações e contraindicações. No âmbito da saúde, os algoritmos são instrumentos simples, diretos e de fácil acesso, além de serem ferramentas primordiais ao gerenciamento da qualidade, destacando-se como importante meio na organização de processos. Esses instrumentos conferem uma visão completa do processo de cuidado e são como mapas, servindo de guia para a tomada de decisões, especialmente quando essas são complexas (POTT et al., 2013; JELINEK et al., 2013; HESS, 2013). A abordagem passo a passo para o tratamento de feridas pode reduzir a complexidade e facilitar a implementação de diretrizes da prática clínica (BEITZ e VAN, 2012c). Optou-se por elaborar um algoritmo para tratamento de ferida, utilizando plantas medicinais, pois estes são mapas gráficos, usados para maior visualização dos componentes e processos de um problema. Algoritmos clínicos possibilitam passos corretos da evolução de um aspecto específico no cuidado do paciente. A maioria das avaliações feitas pelos juízes considerou positivamente (bom e ótimo) cada questão do algoritmo mencionada acima e aponta o instrumento como ferramenta capaz de ajudar o profissional de saúde na tomada de decisão na escolha do fitoterápico ou da planta medicinal utilizados na limpeza. Esse instrumento auxilia na conduta terapêutica para a ferida e na escolha do suplemento alimentar. No processo de análise da confiabilidade do instrumento (Alpha de Cronbach = 0,959), foram incluídas as contribuições dos juízes que forneceram informações relevantes para a modificação da escrita e ilustração. A maioria dos juízes concordou com a aplicabilidade do algoritmo para a prática clínica, ou seja, consideram mais uma importante ferramenta que contém informações capazes de apoiar a decisão do profissional na avaliação e escolha do fitoterápico ou planta medicinal para a limpeza da ferida e na conduta terapêutica e prescrição de suporte alimentar ideal à cicatrização da ferida. Algoritmos têm sido desenvolvidos para cuidar, guiar decisões clínicas e tratamento de feridas agudas e crônicas. São estudos validados e resultados de recomendações baseadas em pesquisas para a prática (RIJSWIJK e BEITZ, 2013; RIJSWIJK e BEITZ, 2015). O cuidado da ferida deve conter a limpeza, a hidratação, o cuidado com exsudato, infecção e a utilização de produtos que retêm a umidade. 30 A primeira parte do algoritmo desenvolvido é a avaliação da lesão. Ao avaliarem as feridas, os profissionais precisam tomar decisões fundamentadas no conhecimento da anatomia da pele, em princípios de fisiologia da reparação tissular e fatores que nele interferem. Estes profissionais devem conhecer os tipos de feridas e as diversas formas de tratamento existentes, sendo capazes de desenvolver a habilidade de observar a perda tecidual, o aspecto clínico da lesão, sua localização e dimensão, presença de exsudato, características da pele que circundam a ferida, dor e sinais de infecção (BAJAY et al., 2003b; SANTO et al., 2013; GARDONA et al., 2014; ALMEIDA et al., 2014; DUTRA et al., 2015). Avaliar uma ferida é bastante difícil, porque envolve, além do conhecimento do profissional, diversos fatores subjetivos que normalmente são bastante variáveis e, por vezes, conflitantes: a identificação quanto à natureza, à forma e à localização da lesão, além dos aspectos fisiológicos de evolução da lesão. A utilização de protocolos, algoritmos e diretrizes clínicas facilita o trabalho dos profissionais de saúde, por tornar padrão o procedimento de avaliação das feridas e escolha do tratamento, além de permitir o registro da evolução da ferida, análises de custo-benefício, sistematização da assistência e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente (BAJAY et al., 2003a; TAYAR, 2007; SANTO et al., 2013; ALMEIDA et al., 2014; GONÇALVES et al., 2014; GARDONA et al., 2014; GABISON et al., 2015; DUTRA et al., 2015). Para a limpeza de qualquer tipo de ferida, no algoritmo foi sugerido o uso de duas plantas medicinais por meio de infusão (infusão de eucalipto, infusão de camomila) e um fitoterápico (papaína a 2%) para a limpeza dos tecidos de granulação e desvitalizados. Para lesões com presença de tecido desvitalizado, a limpeza foi padronizada com o método de desbridamento mecânico. Na lesão com tecido de granulação, a limpeza deve ser feita com solução morna e em jato. Este tipo de limpeza impede a quebra das fibras dos novos tecidos e garante a limpeza adequada, sem causar trauma no leito da ferida. No entanto, a pressão excessiva na irrigação pode arrastar os detritos mais profundamente no leito da ferida, aumentando o risco de infecção, enquanto a pressão insuficiente não é eficaz na remoção dos detritos ou exsudato. Ao limpar uma ferida com solução morna, estaremos prevenindo a diminuição da temperatura do leito da ferida e estimulando a vasodilatação local, acelerando o processo cicatricial (CARVILLE; 1995). A força hidráulica adequada é de 8 psi para a limpeza e pode ser obtida com uma seringa de 35 mL e agulha de calibre 19 31 (padrão norte-americano). No Brasil, não dispomos deste material; portanto, os serviços utilizam seringa de 20 mL com agulha 40 x 12 para realizar o jato (FERREIRA e ANDRADE, 2008; MARTINS e MENEGHIN, 2012). O desbridamento trata da remoção de tecido inviável presente na ferida, e faz parte do processo autolítico e fisiológico do processo cicatricial da lesão em condições normais e adequadas. Os neutrófilos e macrófagos agem na fase inflamatória, digerem e removem detritos celulares. O processo natural de desbridamento, entretanto, torna-se insuficiente diante do acúmulo de tecido desvitalizado. A demanda aumentada de células fagocitárias retarda o processo de cicatrização. Portanto, o desbridamento é um componente essencial para que a terapia tópica seja bem-sucedida e o manejo da ferida desenvolva seu potencial. Essa etapa da terapia tópica reduz a carga bacteriana da ferida, de modo a prevenir as infecções, facilitar a visualização e avaliação da ferida. Em nível molecular, o desbridamento interrompe o ciclo da ferida crônica. O desbridamento mecânico consiste na aplicação de força mecânica (esfregaço, fricção) diretamente sobre o tecido desvitalizado, usando gazes ou esponja embebida com solução apropriada de limpeza da ferida. Este esfregaço deve ser realizado no leito da ferida em um único sentido (GONÇALVES et al., 2014). A limpeza da ferida através da técnica mecânica e a jato, utilizando as plantas Eucalipto e camomila e o fitoterápico papaína a 2%, remove as bactérias do leito de ferida, elimina material solto, agentes patogênicos, corpos estranhos, tecido necrosado e excesso de exsudado, que podem contribuir para o desenvolvimento de infeção. Esse método de limpeza com plantas medicinais dispensa o uso de antisséptico, já que estas plantas têm propriedade desinfetante, bactericida e antimicrobiana, podendo serem indicadas para assepsia de feridas. A papaína durante a limpeza tem capacidade de reduzir a formação de biofilme (GEOVANINI e OLIVEIRA JUNIOR, 2008; OLIVEIRA et al., 2014; CARVALHO et al., 2014). O princípio para este estudo vem da proposta em tratar feridas com terapêutica fitoterápica. Escolher uma planta medicinal que tenha capacidade de prevenir infecção, de manter a lesão em um ambiente fisiológico (meio úmido), favorecendo a migração das células para o leito da ferida, a partir da formação de tecido de reparação, e a reepitelização da ferida. A proposta do presente algoritmo é utilizar babosa, própolis e papaína 6% ou 32 10% no tecido desvitalizado e, no tecido de granulação, papaína 2% ou 4 %, barbatimão e própolis, tendo como suplemento alimentar: alimentos e fitoterápicos. Um suplemento alimentar fitoterápico é rico em nutrientes essenciais para a cicatrização da pele, pois a folha do suco verde é rica em vitaminas, proteína, sais minerais, arginina e micronutrientes, como zinco, vitaminas A, E, C e carotenoides. Também melhora a resposta imunológica do indivíduo com ferida, importante para a cicatrização da ferida. Além de ser hidratante e refrescante, fornece o equilíbrio hidroeletrolítico necessário para o processo de cicatrização (ALLER, 2007; GEOVANINI e OLIVEIRA JUNIOR, 2008). Em um estudo morfológico do efeito da sulfadiazina de prata, extrato de ipê- roxo e extrato de barbatimão na cicatrização de feridas cutâneas, foram utilizados 96 ratos Wistar. Todos foram submetidos à ligadura da veia femoral direita para produzir hipertensão venosa. Após 30 dias, foi confeccionada a ferida cutânea. Dividiram-se os animais em quatro grupos. O grupo S recebeu aplicação tópica de sulfadiazina de prata; o grupo IR, extrato de ipê-roxo; o grupo B, extrato de barbatimão e o grupo C, aplicação de solução salina a 0,9%, diariamente, nas feridas por um período de sete, 14 e 30 dias. A análise histológica avaliou: proliferação vascular, neutrófilos, linfócitos, fibroblastos, fibras colágenas e epitelização. Na análise histológica aos 14 dias, apenas o grupo C ainda apresentava epitelização incompleta em seis animais; neste mesmo período, houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo-controle e os demais grupos quanto ao processo inflamatório e à neovascularização. Observou-se que os grupos Sulfadiazina, Ipê-roxo e Barbatimão foram favorecidos no processo de cicatrização das feridas cutâneas, quando comparados com o grupo-controle (COELHO et al., 2010). A utilização da papaína 6 a 10% na lesão promove o desbridamento enzimático, por fazer proteólise, proporcionar rápida remoção não traumática do material proteico não desejável nas lesões, sem, contudo, oferecer riscos para o paciente. Quando utilizada a papaína na concentração 1 a 4 na ferida, ocorre um alinhamento das fibras que compõem o colágeno, favorecendo o crescimento tecidual uniforme e a cicatrização mais plana (LOPES et al., 2008). O reparo tecidual de úlceras venosas foi analisado através de um estudo comparando os géis de papaína a 2% e 4%. Trata-se de estudo quase experimental, com amostra consecutiva de 16 pacientes com 30 úlceras venosas, atendidos no ambulatório de 33 um hospital universitário, de abril a novembro de 2011, com formulário para avaliação clínica do paciente e da lesão. Predomínio do sexo feminino; idade entre 51 e 59 anos; obesas; com Hipertensão Arterial Sistêmica. Quanto às úlceras, houve redução média de 7,9 cm2 (50% do tamanho) em 90 dias; 20% cicatrizaram completamente em 56,67 dias. Houve aumento da epitelização, redução significativa do esfacelo e do edema, melhora na profundidade, no tipo e na quantidade de exsudato (p < 0,0001). Os géis de papaína a 2% e 4% foram efetivos na cicatrização de úlceras venosas (RIBEIRO et al., 2015). Em um trabalho clínico em que se comparou o tratamento de pé diabético tratado com própolis tópico e com o grupo controle, onde a cicatrização ocorreu em 3 e 7 semanas respectivamente, não foram relatados efeitos adversos com o uso da própolis. A composição da própolis inclui flavonoides, ácidos aromáticos, terpenoides e fenilpropanoides, ácidos graxos e vários outros compostos (HENSHAW et al., 2014). Outro trabalho de 2013, foi demonstrado que a utilização de pomada de própolis a 7% alcançou resultado satisfatório no tratamento de úlceras venosas em membros inferiores, onde dois grupos de 28 pacientes foram tratados com Bota de Unna, em um dos grupos, foi aplicada a pomada de própolis a 7%. No grupo própolis, todos os pacientes obtiveram a cicatrização satisfatória na sexta semana de tratamento e, no grupo controle, somente seis tiveram cicatrização completa nesse período; o restante levou até dezesseis semanas para a cicatrização total (KUCHARZEWSKI et al., 2013). A própolis foi apontada como importante fator para a cicatrização de feridas crônicas (SANTOS et al., 2007). Numa revisão integrativa da literatura, os autores analisaram estudos que abordam o uso terapêutico da própolis em lesões cutâneas. Os dados foram obtidos por meio de busca nas bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF, abrangendo o período de 1980 a 2007. Identificaram-se 1.127 artigos, dos quais 38 atenderam aos critérios de inclusão deste estudo. Destes artigos, 7 (18,4%) eram estudos clínicos e 31 (81,6%) experimentais in vitro e em animais. Quanto à abordagem, foram classificados em dois focos temáticos: atuação terapêutica da própolis na cicatrização das lesões e ação antimicrobiana da própolis. A análise dos trabalhos destacou a eficácia da própolis no tratamento de feridas, atuando como agente cicatrizante e antimicrobiano natural, cujas propriedades dependem diretamente da forma e local de extração e concentração do produto (BARBOSA et al., 2009). 34 O algoritmo ora construído classifica as plantas por finalidade de uso e distinção entre os tipos de feridas; leva à seleção de plantas mais confiáveis, gerando uma matriz que classifica e conecta tratamentos fitoterápicos disponíveis. Em um trabalho, constatou-se que a importância do uso dos algoritmos está nas informações sobre diferentes aspectos, nas respostas a diferentes questões e na geração de diferentes soluções que proporcionam (CARVALHO et al., 2009). A construção e a validação do algoritmo mostraram-no válido como estratégia de formação, principalmente na relação teoria e prática assistencial, foco deste estudo, e na inter-relação de saberes e contextualização da aprendizagem dos profissionais que prestam assistência ao paciente com ferida. Diante do exposto, faz-se importante a utilização de ambientes multimídia por meio de aplicativos; sendo assim, foi tomada a decisão de construir um aplicativo para avaliação, conduta terapêutica e guia de suplemento alimentar para indivíduos com ferida, por meio de fitoterápicos. Este aplicativo serve como ferramenta complementar para os profissionais que prestam cuidado ao paciente com ferida, uma vez que poderão avaliar a lesão, escolher a proposta terapêutica, um suplemento alimentar, levando em consideração que cada indivíduo é único, com necessidade diferente. A conduta deve ser individualizada e sistematizada. Este estudo teve como perspectiva a validação do aplicativo. 35 7 CONCLUSÃO O algoritmo elaborado e validado determinou confiabilidade para a avaliação e limpeza de ferida, proposta terapêutica com fitoterápicos e plantas medicinais e suplemento alimentar composto de suco verde com plantas medicinais. Também foi desenvolvido o aplicativo para tratamento de feridas utilizando fitoterápicos e plantas medicinais, o qual, após registrado, será disponibilizado. 36 8 IMPACTO SOCIAL Segundo dados do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), famílias mais pobres aplicam 66% do total de sua renda com saúde na compra de medicamentos, tendo acesso a somente 7% dos medicamentos disponibilizados em farmácias (CAPANEMA e PALMEIRA FILHO, 2004). Tendo em vista esta realidade, torna-se necessária a adoção de políticas públicas e medidas que viabilizem o acesso ao medicamento de forma igualitária, buscando a equidade e a inclusão social. Neste contexto, a fitoterapia é uma importante forma de resgate cultural e diminuição de custos. Com esta terapêutica, o paciente torna-se agente de sua própria história, resgatando os conhecimentos de seus antepassados, sendo valorizado como cidadão e melhorando sua autoestima. Após a avaliação por especialistas, o presente algoritmo passa a representar um protocolo em saúde e poderá ser adotado em instituições de saúde, visando a uma redução de custos. Aos prescritores, profissionais de saúde credenciados para definir o medicamento a ser usado segundo a definição da PNPMF (Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos), recomenda-se a elaboração de Protocolo Institucional conforme normas e legislação preconizadas nos Protocolos do Ministério da Saúde para uso de fitoterápicos e plantas medicinais, o que vai ao encontro dos pareceres dos Conselhos de Enfermagem, como por exemplo, o parecer do COREN-SP (Parecer 28/2010 - COREN-SP). O aplicativo ora proposto possibilitará maior aplicação da fitoterapia nas instituições, em se tratando de procedimentos que visam à cicatrização de feridas. Como as plantas medicinais apresentam maior facilidade quanto ao acesso, custo e manipulação, passam a atuar como a primeira ou talvez única escolha para o acesso à saúde (FALEIRO et al., 2009; SOUZA et al., 2011). 37 REFERÊNCIAS Aller DDLR. Revision sistematica del soporte nutricional en las ulceras por presion. An Med Interna. 2007; 24(7): 342-45. Almeida AS, Moreira CNO, Salomé GM. Pressure Ulcer Scale for Healing no acompanhamento da cicatrização em pacientes idosos com úlcera de perna.Rev. Bras. Cir. Plást. 2014;29 (1): 120-27. Almeida AS, Salomé GM, Dutra RAA, Ferreira LM. Feelings of powerlessness in individuals with either venous or diabetic foot ulcers. Journal of Tissue Viability. 2014. 23 (3): 109-14. Alves SG, Reis BC, Gardona RGB, Vilela LHR, Salomé GM. Associação dos fatores sociodemográficos e da lesão relacionados aos Sentimentos de impotência e Esperança em indivíduos com úlcera venosa. Rev. Bras. Cir. Plást. 2013; 28(4): 672-80. 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Plantas Med., 201315(2), 273-79. 46 Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido EU, José Carlos Bueno, acadêmico do curso de Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde da Universidade do Vale do Sapucaí – Univás, juntamente com o Professor Dr. Geraldo Magela Salomé, aluno e docente, respectivamente, da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), Pouso Alegre, MG, estamos realizando uma pesquisa intitulada: “Construção e Validação de Um Algoritmo Para Tratamento de Ferida Utilizando Plantas Medicinais: Desenvolvimento de Um Aplicativo” com os objetivos de construir e validar um algoritmo para tratamento de ferida com planta medicinal. A realização deste estudo permitirá desenvolver um software (aplicativo) para tratamento de ferida com plantas medicinais. Para a validação do algoritmo, o mesmo será submetido à apreciação de 50 juízes com experiência na área, sendo estes: enfermeiros, médicos, biólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e biomédicos. Estes juízes analisarão o conteúdo, a apresentação, a clareza e a compreensão do instrumento. O contato com estes profissionais será feito por meio de apresentação do algoritmo em e-mail com o instrumento para a resposta do aceite em participar do estudo e responder o questionário. Para a realização desta pesquisa, o(a) senhor(a) não será identificado(a) pelo seu nome. Será mantido o anonimato, assim como o sigilo das informações obtidas e será respeitada a sua privacidade e a livre decisão de querer ou não participar do estudo, podendo-se retirar dele em qualquer momento, bastando para isso expressar a sua vontade. A realização deste estudo não lhe trará consequências físicas ou psicológicas, podendo apenas lhe trazer, não necessariamente, algum desconforto mediante a entrevista, porém serão tomados todos os cuidados para que isso não ocorra. Em caso de dúvidas e se quiser ser melhor informado(a), poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde “Dr. José Antônio Garcia Coutinho”, que é o órgão que irá controlar a pesquisa do ponto de vista ético. O CEP funciona de segunda à sexta-feira e o seu telefone é (35) 3449 9271, Pouso Alegre, MG. O senhor(a) concorda em participar deste estudo? Em caso afirmativo, deverá ler a “Declaração”, que segue abaixo, assinando-a no local próprio ou imprimindo a impressão digital do polegar direito. 47 DECLARAÇÃO Declaro para os devidos fins que fui informado(a) sobre esta pesquisa, estou ciente dos seus objetivos, entrevista e relevância, assim como me foram retiradas todas as dúvidas. Mediante isto, concordo livremente em participar dela, fornecendo as informações necessárias. Estou também ciente de que, se quiser e em qualquer momento, poderei retirar o meu consentimento deste estudo. Para tanto, lavro minha assinatura (impressão digital do polegar direito) em duas vias deste documento, ficando uma delas comigo e a outra com o pesquisador(a). Pouso Alegre, , 20 Participante: Assinatura: Pesquisador(a): Assinatura: 48 Apêndice 2 – E-mail convite aos juízes Eu, José Carlos Bueno, acadêmico do curso de Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde juntamente com o Professor Dr. Geraldo Magela Salomé, aluno e docente, respectivamente, da Universidade do Va le do Sapucaí (Univás), Pouso Alegre, MG, estamos realizando uma pesquisa com os objetivos da CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO PARA TRATAMENTO DE FERIDA UTILIZANDO PLANTAS MEDICINAIS: DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO, conforme carta convite abaixo. Solicitamos a participação de V. Sa. para compor o Corpo de Jurados da pesquisa: Para tanto, solicitamos, se nos honrarmos com sua participação, clicar no link no final da carta convite para acessar o questionário. Obrigado José Carlos Bueno CARTA CONVITE AOS JUÍZES DA PESQUISA Aos avaliadores, Vimos, respeitosamente, convidá-lo a compor o Corpo de Juízes da pesquisa de mestrado intitulada “ CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO PARA TRATAMENTO DE FERIDA UTILIZANDO PLANTAS MEDICINAIS: DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO”, destinado a avaliar um algoritmo para tratamento de ferida com plantas medicinais. Solicitamos sua colaboração na leitura e apreciação dos instrumentos, assim como sugestões acerca da modificação na redação, manutenção ou substituição dos itens, caso julgue necessário. A avaliação deste material compõe a primeira etapa da pesquisa que obteve parecer favorável junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas DR.José Antônio Garcia Coutinho - FACIMPA sob o parecer número 1.133.797. Caso nos honre com a sua participação para compor o quadro de juízes, o material a ser avaliado está disponibilizado através de dois formulários eletrônicos que deverão ser avaliados em 10 dias a contar da data de recebimento deste email, contendo o link de acesso aos instrumentos. Na certeza de contarmos com a sua colaboração e empenho, agradecemos antecipadamente. Atenciosamente, José Carlos Bueno 49 Mestrando: Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde – UNIVAS. Por favor, clique no link abaixo para acessar o questionário, se necessário utilize o recurso de Zoom de seu navegador para melhor visualizar a imagem anexa ao questionário: 50 Apêndice 3 – Questionário Para a avaliação do Algoritmo de Curativo 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 FACULDADE DECIÊNCIAS MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO GARCIA COUTINHO - Anexo I – Parecer Consubstanciado do CEP PARECER CONSUBSTANCIADO DOCEP DADOS DO PROJETO DE PESQUISA Título da Pesquisa: CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO PARA TRATAMENTO DE FERIDA UTILIZANDO PLANTAS MEDICINAIS: DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO Pesquisador: Geraldo Magela Salomé ÁreaTemática: Versão:2 CAAE:45818715.8.0000.5102 Instituição Proponente: FUNDACÃO DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DOSAPUCAI Patrocinador Principal: Financiamento Próprio DADOS DO PARECER Número do Parecer: 1.133.797 Data do Relatório: 29/06/2015 Apresentação do Projeto: A pele é o maior órgão do corpo, indispensável para a vida humana e fundamental para o perfeito funcionamento fisiológico do organismo. Atua como uma barreira física contra microrganismos, traumatismos e perda de líquido corporal. Sua função aparentemente simples é de suma importância para a homeostasia do organismo (OLIVEIRA et al., 2009). Como qualquer outro órgão, está sujeito a sofrer varias agressões de fatores patológicos intrínsecos e extrínsecos que causarão o desenvolvimento de alterações na sua constituição (DECLAIR, 2002. Os ferimentos causados por cortes e escoriações, bem como as feridas cirúrgicas, comprometem a integridade da pele e demandam uma rápida e eficiente cicatrização. A ferida é qualquer interrupção na continuidade de um tecido corpóreo, com uma maior ou menor extensão, podendo ser causada principalmente por trauma ou ser resultado de uma afecção clínica. São classificadas como agudas quando cicatrizam em até seis semanas, se ultrapassarem este tempo serão classificadas como crônicas. As feridas são um grave problema de saúde pública, pois acarretam severos transtornos psicológicos, tiram o indivíduo do convívio social, e o afastam do trabalho. Acarretam um alto custo econômico para o sistema de saúde (LEITE et al., 2012). Plantas medicinais são usadas pelas populações tradicionais há milhares de anos como forma de tratamento. Constituem uma matéria-prima barata e de fácil acesso. O uso de plantas com o objetivo 61 FACULDADE DECIÊNCIAS MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO GARCIA COUTINHO Continuação do Parecer: 1.133.797 de tratamento de doenças nem sempre está associado à comprovação de sua eficácia. Isso acontece no caso do uso popular. Assim sua eficácia não é comprovada, porque não há preocupações científicas nem comprobatórias nesse uso informal de plantas. Isso nos remete ao uso caseiro de plantas medicinais, aos saberes tradicionais, à medicina popular, isto é, aos usos feitos a partir de experiências e saberes passados de geração para geração, e em grande parte passados oralmente (MACHADO, 2009). Estudos científicos ao redor do mundo têm comprovado a eficácia das plantas medicinais e da fitoterapia no tratamento das mais diversas doenças que afligem o ser humano. No Brasil, a regulamentação desta prática medicinal veio com a elaboração pelo Ministério da Saúde, da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada pelo Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, (BRASIL, 2006). Esta lei prevê o uso correto e seguro das plantas medicinais e de fitoterápicos, além de promover pesquisas no âmbito científico. Além disto, traz uma lista com 66 plantas medicinais que podem ser utilizadas e distribuídas pelos serviços de saúde, elucidando aspectos como dose, preparação e contraindicações. Dentre as plantas citadas, oito delas são indicadas para cicatrização de feridas, com comprovadas ações terapêuticas. Dentre as principais, destacam-se a Anacardiumoccidentale L., Caesalpiniaferrea Mart., Casearia sylvestrisSw., SchinusterebinthifoliaRaddi, Stryphnodendromadstrigens (Mart.) Coville, Calendulaofficinalis L., Maytenusilicifolia Mart. exReissek e Polygonumpunctatum Elliott (PIRIZ et al., 2014). O tratamento fitoterápico de feridas pode representar uma forma econômica e eficaz de minimizar estes males, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, atualmente, a prática do uso de plantas medicinais é tida como a principal opção terapêutica de aproximadamente 80% da população mundial. (TOMAZZONI, 2006). O mercado mundial desse grupo de drogas atinge vários bilhões de dólares anuais, sendo que cerca de 25% dos medicamentos comercializados atualmente foram desenvolvidos a partir de plantas (CALIXTO, 2003). Os algoritmos representam uma forma eficiente de estruturar um método de tratamento. Possui uma estrutura simples capaz de levar a uma rápida e eficiente tomada de decisão pelo profissional assistente. Segundo o dicionário Houssais, um algoritmo pode ser definido por duas visões diferentes, de acordo com a Matemática: “sequência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um número finito de dados, permite solucionar classes semelhantes de problemas” e de acordo com a Informática: “conjunto das regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um número finito de etapas” (HOUAISS, 2009). A construção de um algoritmo que classifique as plantas por finalidade de uso e distinção entre os tipos de feridas levaria à seleção de plantas mais confiáveis, gerando uma matriz que classificará e 62 FACULDADE DECIÊNCIAS MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO GARCIA COUTINHO Continuação do Parecer:1.133.797 conectará tratamentos fitoterápicos disponíveis. Em um trabalho, constatou-se que a importância do uso dos algoritmos está nas informações sobre diferentes aspectos, nas respostas a diferentes questões e na geração de diferentes soluções que proporcionam (CARVALHO et al., 2009). Objetivo da Pesquisa: Construir e validar um algoritmo para tratamento de ferida com plantas medicinais. Desenvolver um software (aplicativo) para tratamento de ferida com plantas medicinais. Avaliação dos Riscos e Benefícios: Os riscos serão mínimos quando comparados com os benefícios do trabalho e poderão ser decorrentes do possível desconforto em relação aos participantes quanto aos seus posicionamentos. Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: A pesquisa apresenta alta relevância científica e social e poderá ser um avanço técnico-científico na área de feridas e está consoante com algo que é extremamente importante na realidade brasileira, que é o uso de plantas medicinais. Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Estão presentes todos os documentos de apresentação obrigatória de forma correta, adequada e completa. Recomendações: Considerando que foi inserido o documento que estava em falta e que era a Folha de Rosto referente a este trabalho, não há recomendação alguma a ser pronunciada. Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Com a inserção da Folha de Rosto, que se encontrava em falta, o presente estudo poderá ser aprovado. Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não 63 FACULDADE DECIÊNCIAS MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO GARCIA COUTINHO Continuação do Parecer: 1.133.797 Considerações Finais a critério do CEP: Os autores deverão enviar ao CEP um relatório parcial e um final da pesquisa de acordo com o cronograma apresentado no projeto. POUSO ALEGRE, 01 de Julho de 2015. Assinado por: Ronaldo Júlio Baganha (Coordenador) 64 Fontes Consultadas Desc LM. Descritores em Ciências da Saúde. http:decs.bvs.br? terminologia em saúde. Ferreira LM. Elaboração e apresentação de teses. São Paulo: ed. LMP,2008. ICMJE- International Committee of Medical Journals Editors. Uniform requirement for manuscripts submitted to biomedical journal. Disponível no endereço eletrônico: http://www.icmje.org Michaelis: Dicionário inglês. São Paulo: ed. Melhoramento; 200. Terminologia Anatômica. TERMINOLOGIA Anatômica Internacional. São Paulo; ed. Manole Ltda.; 2001.248p. Kinupp VF, e Lorenzi H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. 2014. 768p Lorenzi H, Matos FJ. e Francisco JM. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2002. 512p. 65