construção e validação de um algoritmo para tratamento de

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JOSÉ CARLOS BUENO
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM
ALGORITMO E UM APLICATIVO
PARA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
DE FERIDAS COM ASSOCIAÇÃO DE
FITOTERÁPICOS E PLANTAS
MEDICINAIS
Trabalho Final do Mestrado Profissional,
apresentado à Universidade do Vale do
Sapucaí, para obtenção do título de Mestre
em Ciências aplicadas à Saúde.
POUSO ALEGRE – MG
2016
JOSÉ CARLOS BUENO
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM
ALGORITMO E UM APLICATIVO
PARA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
DE FERIDAS COM ASSOCIAÇÃO DE
FITOTERÁPICOS E PLANTAS
MEDICINAIS
Trabalho Final do Mestrado Profissional,
apresentado à Universidade do Vale do
Sapucaí, para obtenção do título de
Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Geraldo Magela Salomé
Coorientador: Ivan Paulino Pereira
POUSO ALEGRE – MG
2016
Bueno, José Carlos.
Construção e validação de um algoritmo para tratamento de ferida
utilizando fitoterápicos e plantas medicinais: desenvolvimento de um
aplicativo / José Carlos Bueno. – Pouso Alegre: UNIVÁS, 2016.
49f.
Trabalho Final do Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à
Saúde, Universidade do Vale do Sapucaí, 2016.
Título em inglês: Development and validation of an algorithm for
wound treatment using medicinal plants: development of an application.
Orientador: Prof. Dr. Geraldo Magela Salomé
Coorientador: Prof. Ivan Paulino Pereira
1. Medicina herbária. 2. Algoritmos. 3. Protocolos. 4. Suplementos
nutricionais. 5. Cicatrização. I. Título.
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
MESTRADO PROFISSIONAL EM
CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE
Coordenador: Prof. Dr. Taylor Brandão Schnaider
Linha de Atuação Científico - Tecnológica: Padronização de Procedimentos e
Inovações em Feridas.
“Quia Deus Scientiarum Dominus Est” (Porque Deus é o Senhor das Ciências). “A Ciência
emana, pois, de Deus e o trabalho dos homens é feito com a Sua colaboração. O trabalho é
uma oração. Forma parte do amor, da redenção. Realiza a liberação humana, e a instaura
como Lei Divina: que trabalhar no sentido de sua vocação, buscando o amor dos homens
entre si, apoiando-se, não em vaidade própria, pois será nada menos do que um modesto
obreiro, e o instrumento de Deus. Assim, a ciência se faz necessária, pois é o trabalho
liberador do homem, sagrada, à qual o Altíssimo concederá toda a benevolência e apoio.”
Samuel Hahnemann
I
DEDICATÓRIA
À minha querida esposa, MARIA JOSÉ ADAMI BUENO, pela paciência, pelo
incentivo e pelo companheirismo.
dedicação.
À minha mãe, BENEDITA DA SILVA BUENO, pelo exemplo de vida e
Ao meu pai, PLÍNIO PEREIRA BUENO, exemplo de honestidade,
perseverança e paciência.
À minha filha, LARA ADAMI BUENO, pelo companheirismo e carisma, o que
me incentivou nos momentos difíceis.
À minha segunda mãe, NATÁLIA ARAÚJO RIBEIRO ADAMI, pelo
acolhimento e pelo incentivo aos estudos.
À minha mentora em fitoterapia, IRMÃ DANIELA GIORGI, exemplo de
dedicação ao próximo e amor às terapias naturais.
E a minha querida irmã, MARIA DE FÁTIMA ASHIDANI, com quem sempre
pude contar nos momentos mais difíceis e importantes.
II
AGRADECIMENTOS
Ao
meu
orientador,
PROF.DR.
GERALDO
MAGELA
SALOMÉ,
PROFESSOR ADJUNTO DO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, meu
sincero agradecimento pela contribuição com suas orientações que elevaram meus
conhecimentos científicos, sempre mantendo acesa a chama do querer saber mais e melhor.
Aos PROFESSORES DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS
APLICADAS À SAÚDE, obrigado pelo conhecimento que nos transmitiram e pela
dedicação de vocês aos alunos deste curso. Vocês tornaram esta conquista possível.
DANIELA
Ao PROF. DR. TAYLOR BRANDÃO SCHNAIDER e PROFA. DRA.
FRANCESCATO
VEIGA,
COORDENADOR
E
COORDENADORA-
ADJUNTA DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS DA SAÚDE DA
UNIVERSIDADE VALE DO SAPUCAÍ, pela dedicação, empenho e paixão demonstrada ao
ensino da ciência.
Aos meus AMIGOS DO MESTRADO, pelos momentos compartilhados. Foi
bom poder contar com vocês!
Ao
PROFESSOR
IVAN
PAULINO
PEREIRA,
ANÁLISE
E
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS, E SEUS ALUNOS DO INSTITUTO FEDERAL
SUL DE MINAS, CAMPUS INCONFIDENTES, meu muito obrigado pelo empenho na
elaboração do Aplicativo.
III
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASJ- Ambulatório São João
BDENF – Base de dados de enfermagem
BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CINAHL – Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
COREN-SP – Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo
HCSL - Hospital das Clínicas Samuel Libânio
INI – International Nursing Index
LILACS – Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciência da Saúde
MEDLINE – National Library of Medicine-USA
OMS – Organização Mundial da Saúde
PNPMF – Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
SciELO – Scientific EletronicLibrary Online
SOBEST – Sociedade Brasileira de Estomaterapia
SPSS – Statistical Package for Social Sciences
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TiSobest – Titulação da Sociedade Brasileira de Estomaterapia
UNIVÁS – Universidade do Vale do Sapucaí
WCET – World Council of Enterostomal Therapists
IV
Sumário
1 CONTEXTO .......................................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 4
3 MÉTODO ............................................................................................................................... 5
3.1 Tipo ............................................................................................................................................... 5
3.2 Local de estudo ............................................................................................................................. 5
3.3 Casuística ...................................................................................................................................... 5
3.4 Critérios de inclusão ...................................................................................................................... 5
3.5 Critérios de não inclusão ............................................................................................................... 5
3.6 Coleta de dados ............................................................................................................................. 5
3.6.1 Desenvolvimento do algoritmo para avaliação e tratamento de feridas. .................................... 5
3.6.2 Validação do algoritmo .............................................................................................................. 7
3.6.3 Construção do aplicativo ............................................................................................................ 8
3.6.4 Aspectos Éticos ........................................................................................................................ 10
3.6.5 Análise dos dados ..................................................................................................................... 10
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 11
5 PRODUTO ........................................................................................................................... 20
5.1 Algoritmo para Avaliação e Tratamento de Feridas Utilizando Plantas Medicinais ................... 20
5.2 Produto – Aplicativo HerbalHealing ............................................................................................ 21
6 APLICABILIDADE ............................................................................................................ 28
7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 36
8 IMPACTO SOCIAL ........................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 38
Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................................... 47
Apêndice 2 – E-mail convite aos juízes ................................................................................... 49
Apêndice 3 – Questionário Para a avaliação do Algoritmo de Curativo .................................. 51
Anexo I – Parecer Consubstanciado do CEP............................................................................ 61
Fontes Consultadas ................................................................................................................... 65
V
Lista de Gráficos
Gráfico 1-Tempo de formado dos participantes da pesquisa .................................................. 11
Gráfico 2-Tipo de graduação dos participantes da pesquisa .................................................... 12
Gráfico 3-Tipo de Pós-graduação que os participantes da pesquisa realizaram....................... 13
VI
Lista de figuras
Figura 1: Desenho esquemático do Banco de dados do aplicativo .......................................... 09
Figura 2: Algoritmo para Avaliação e Tratamento de Feridas Utilizando Plantas Medicinais 20
Figura 3: Tela inicial do aplicativo .......................................................................................... 21
Figura 4: Tela de Editar Paciente .....................................................................................................22
Figura 5: Tela Detalhes do Paciente .................................................................................................23
Figura 6: Tela de Cadastro de Ferida ...............................................................................................24
Figura 7: Tela Avaliar Ferida ............................................................................................................25
Figura 8: Tela Exibir Informações do tratamento ..........................................................................26
Figura 9: Tela Exibir Sugestão de Suplemento Alimentar ............................................................27
VII
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Fitoterápicos; frutas e verduras utilizadas para o suco verde. ............................... 07
Tabela 2- Faixa etária e gênero dos participantes da pesquisa ................................................ 11
Tabela 3 – Caracterização e conteúdo do algoritmo, segundo a avaliação dos participantes da
pesquisa. ................................................................................................................................... 14
Tabela 4 – Opinião dos juízes quanto à capacidade de o algoritmo apoiar o profissional na
escolha do curativo. .................................................................................................................. 15
Tabela 5- Consistência das questões apresentados no algoritmo ............................................ 16
VIII
Lista de Quadros
Quadro 1: Síntese da análise qualitativa das sugestões dos participantes que validaram o
algoritmo................................................................................................................................... 17
IX
RESUMO
Objetivo: construir e validar um algoritmo para tratamento de ferida com plantas medicinais.
Desenvolver um aplicativo para tratamento de ferida com plantas medicinais. Método: Estudo
transversal, descritivo. Para construção do algoritmo, foi realizada revisão junto às bases
de dados das Ciências da Saúde dos últimos 10 anos, utilizando como descritores:
medicina herbária, algoritmos, protocolos, suplementos nutricionais, cicatrização. A
avaliação do algoritmo foi realizada por 106 participantes. A consistência interna do
algoritmo foi avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach e os testes utilizados foram o
Qui-quadrado, Qui-quadrado de independência e o teste de Friedman. Resultados: a
maioria dos participantes da pesquisa era do gênero feminino, o tempo de formação na área
da maior parte era de 11 a 19 anos, sendo que 34% declararam possuir doutorado. Cento e
dois (96,2%) dos juízes opinaram favoravelmente quanto à capacidade do algoritmo em
apoiar o profissional na tomada de decisão na escolha do curativo. Todas as questões
apresentadas no algoritmo contribuíram favoravelmente para a consistência interna do
instrumento, Alpha de Cronbach de 0,959. O percentual para Ótimo obtido nas questões
relativas à apresentação gráfica e à sequência foi de 75,5%. O máximo obtido de Ótimo
(84%) foi para a questão sobre o tipo de exsudato. Cada questão apontou o instrumento
como ferramenta capaz de ajudar o profissional na tomada de decisão na escolha da
terapêutica proposta. Conclusão: o algoritmo na versão validada mostrou confiabilidade
para avaliação, limpeza da ferida e proposta terapêutica com fitoterápicos e plantas
medicinais e suplemento alimentar através de suco verde.
Descritores: 1. Medicina Herbária; 2. Algoritmos; 3. Protocolos; 4. Suplementos
Nutricionais; 5. Cicatrização
X
ABSTRACT
Objective: To develop and validate an algorithm for treating wound with medicinal plants.
Develop an application for wound treatment with medicinal plants. Method: Cross-sectional,
descriptive study. For construction of the algorithm was performed with revision to databases of
Health Sciences of the last 10 years, using as descriptors: herbal medicine, algorithms, protocols,
nutritional supplements, healing. The evaluation was performed by the algorithm 106 participants.
The internal consistency of the algorithm was assessed by Cronbach's alpha coefficient and the
tests used were the chi-square, chi-square independence and the Friedman test. Results: The
majority of respondents were female, time of training in the most was 11-19 years, and 34%
claimed to have a doctorate. One hundred and two (96.2%) of the judges opined favorably on the
algorithm's ability to support the business in decision making in the choice of dressing. All
questions in favorably contributed algorithm to the internal consistency of the instrument, Alpha
Cronbach of 0.959. The percentage for Great obtained on questions concerning the graphic
presentation and the following was 75.5%. The maximum obtained from Great (84%) went to the
question about the type of exudate. Each question pointed the instrument as a tool capable of
helping the professional in decision-making in the choice of the proposed therapy. Conclusion: the
algorithm in validated version showed reliability for assessment, wound care and therapeutic
approach with herbal and medicinal plants and food supplement through green juice.
Keywords: 1. Herbal Medicine; 2. Algorithms; 3. Protocols; 4. Dietary Supplements; 5.
Wound Healing
XI
1 CONTEXTO
A pele é o maior órgão do corpo, indispensável para a vida humana e
fundamental para o perfeito funcionamento fisiológico do organismo. Atua como uma
barreira física contra microrganismos, traumatismos e perda de líquido corporal. Sua
função aparentemente simples é de suma importância para a homeostasia do organismo
(OLIVEIRA et al., 2009). Como qualquer outro órgão, está sujeita a sofrer várias
agressões de fatores patológicos intrínsecos e extrínsecos que causarão o desenvolvimento
de alterações na sua constituição (DECLAIR, 2002).
A ferida é qualquer interrupção na continuidade de um tecido corpóreo, com
uma maior ou menor extensão, podendo ser causada principalmente por trauma ou ser
resultado de uma afecção clínica. São classificadas como agudas, quando cicatrizam em até
seis semanas; se ultrapassarem este tempo serão classificadas como crônicas (LEITE et al.,
2012). As feridas são um grave problema de saúde pública, pois acarretam severos
transtornos psicológicos, alteração na qualidade de vida, na autoestima, na autoimagem,
tiram o indivíduo do convívio social e o afastam do trabalho. Acarretam um alto custo
econômico para o sistema de saúde (ALMEIDA, et al., 2014; ALMEIDA, et al., 2014;
SALOMÉ et al., 2015; SILVEIRA et al., 2014; SALOMÉ et al., 2014; SALOMÉ et al.,
2014; LOURENÇO et al., 2014; DUTRA et al., 2015).
Plantas medicinais são usadas pelas populações tradicionais há milhares de
anos como forma de tratamento. Constituem uma matéria-prima barata e de fácil acesso. O
uso de plantas com o objetivo de tratamento de doenças nem sempre está associado à
comprovação de sua eficácia. No caso do uso popular, a sua eficácia não é comprovada,
porque não há preocupações científicas em testar o uso informal de plantas. Isso nos
remete ao uso caseiro de plantas medicinais, aos saberes tradicionais, à medicina popular,
isto é, aos usos feitos a partir de experiências e saberes passados de geração para geração e,
em grande parte, passados oralmente (MACHADO, 2009).
Estudos científicos ao redor do mundo comprovaram a eficácia das plantas
medicinais e da fitoterapia no tratamento das mais diversas doenças que afligem o ser
humano. No Brasil, a regulamentação desta prática medicinal veio com a elaboração, pelo
Ministério da Saúde, da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada
pelo Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006 (BRASIL, 2006). Esta lei prevê o uso
1
correto e seguro das plantas medicinais e de fitoterápicos, além de promover pesquisas no
âmbito científico. Além disto, traz uma lista com 66 plantas medicinais que podem ser
utilizadas e distribuídas pelos serviços de saúde, elucidando aspectos como dose,
preparação e contraindicações. Dentre as plantas citadas, oito delas são indicadas para
cicatrização de feridas, com comprovadas ações terapêuticas. Dentre as principais,
destacam-se o cajueiro (Anacardium occidentale L.), pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart.),
guaçatonga (Casearia sylvestris Sw.), aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolia Raddi),
barbatimão (Stryphnodendrom adstrigens (Mart.) Coville), calêndula
(Calendula
officinalis L.), espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reissek) e erva-de-bicho
(Polygonum punctatum Elliott ) (PIRIZ, 2014).
O tratamento fitoterápico de feridas pode representar uma forma econômica e
eficaz de minimizar as questões ligadas à cicatrização de feridas. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) acredita que, atualmente, a prática do uso de plantas medicinais é tida
como a principal opção terapêutica de aproximadamente 80% da população mundial.
(TOMAZZONI, 2006). O mercado mundial desse grupo de drogas atinge vários bilhões de
dólares anuais e cerca de 25% dos medicamentos comercializados atualmente foram
desenvolvidos a partir de plantas (CALIXTO, 2003).
A fitoterapia possibilita que o ser humano se reconecte com o ambiente,
acessando o poder da natureza, para ajudar o organismo a normalizar funções fisiológicas
prejudicadas, restaurar a imunidade enfraquecida, promover a desintoxicação e o
rejuvenescimento (FRANCA et al., 2008).
A fitoterapia é um universo a ser explorado, onde há muitas possibilidades de
cura. Propicia uma diminuição dos custos com as terapias convencionais. Mas esta deve
ser aplicada por profissionais habilitados e conhecedores dos princípios que a norteiam.
Apesar de as plantas medicinais fazerem parte do universo popular há milhares de anos,
vários autores apontam como um dos principais gargalos para a implementação da
fitoterapia em órgãos oficiais e de atendimento ao público a falta de padronização das
plantas medicinais conforme critérios científicos (DA ROSA et al., 2011).
Durante muito tempo, o uso de plantas medicinais foi o principal recurso
terapêutico para tratar a saúde das pessoas e de suas famílias; entretanto, com o avanço
ocorrido no meio técnico-científico, sobretudo no âmbito das ciências da saúde, novas
maneiras de tratar e curar as doenças foram surgindo. Uma dessas maneiras consiste no uso
2
de medicamentos industrializados, gradativamente introduzidos no cotidiano das pessoas
modernas, por via de campanhas publicitárias que prometiam curar as mais diversas
doenças. Desde então, o uso de plantas medicinais vem sendo substituído pelos
medicamentos alopáticos (BADKE et al., 2011).
Neste contexto, é necessário diferenciar os conceitos de planta medicinal e de
fitoterápico. Segundo Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, podemos
definir planta medicinal como a espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos
terapêuticos. E fitoterápico como o produto obtido de planta medicinal, ou de seus
derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa
(BRASIL, 2011).
A adoção de instrumentos de medidas, escalas, algoritmo, protocolos e
diretrizes clínicas auxilia os profissionais de saúde a avaliar o risco, formular o
diagnóstico, escolher a dosagem e tipo de planta medicinal ou fitoterápico e medicação
adequada para o tratamento, determinar o plano de cuidados, incluindo condutas
preventivas.
Além das escalas de avaliação, outra tecnologia que contribui para o
gerenciamento do cuidado ao paciente são os algoritmos que constituem uma sequência
finita de instruções bem definidas que podem ser realizadas sistematicamente. No âmbito
da saúde, os algoritmos são instrumentos simples, diretos e de fácil acesso, além de serem
ferramentas primordiais ao gerenciamento da qualidade, destacando-se como importante
meio na organização de processos. Esses instrumentos conferem uma visão completa do
processo de cuidado e são como mapas, servindo de guia para a tomada de decisões,
especialmente quando essas são complexas (POTT et al., 2013; JELINEK, et al., 2013;
HESS, 2013).
Um algoritmo pode ser definido por duas visões diferentes: de acordo com a
Matemática, “sequência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um
número finito de dados, permite solucionar classes semelhantes de problemas” e no âmbito
da Informática, “conjunto das regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que
levam à solução de um problema em um número finito de etapas” (HOUAISS, 2009).
3
2 OBJETIVOS
Construir e validar um algoritmo para avaliação e tratamento de ferida com
plantas medicinais e fitoterápicos.
Desenvolver um software (aplicativo) para avaliação e tratamento de ferida
com plantas medicinais e fitoterápicos.
4
3.1 Tipo
3 MÉTODO
Estudo prospectivo, descritivo, analítico.
3.2 Local de estudo
Este estudo foi realizado no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), no
Ambulatório São João (ASJ) e na Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), com
profissionais graduados nas áreas de: Enfermagem, Farmácia, Biologia, Fisioterapia,
Biomedicina, Nutrição e Medicina. Também enfermeiros estomaterapeutas titulados
(TiSobest), registrados na Sociedade Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) que aceitaram
participar do estudo.
3.3 Casuística
A população do estudo contou com 106 profissionais (médicos, enfermeiros,
biólogos, fisioterapeutas, biomédicos, nutricionistas e farmacêuticos).
3.4 Critérios de inclusão
Ter idade igual e/ou superior a 18 anos.
Ser portador de certificado de curso de graduação em Enfermagem, Medicina,
Farmácia, Biologia, Biomedicina, Fisioterapia e Nutrição.
3.5 Critérios de não inclusão
Profissionais que não concordarem em participar e não assinarem o TCLE
(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido).
3.6 Coleta de dados
3.6.1 Desenvolvimento do algoritmo para avaliação e tratamento de feridas
Para a construção do algoritmo, foi realizada revisão da literatura, através das
bases de dados das Ciências da Saúde, como a Biblioteca Cochrane, SciELO, (Scientific
5
Eletronic Library Online, LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciência
da Saúde), a MEDLINE (National Library of Medicine-USA), International Nursing Index
(INI) e o Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), além de
consultar bibliografia, livros e teses da área dos últimos dez anos, utilizando como
descritores: feridas, algoritmo, curativos, cicatrização, medicina herbária, suplementos
nutricionais e Fitoterapia.
Após a realização de ampla pesquisa bibliográfica em periódicos indexados
nacionais e internacionais citados acima relacionados ao assunto (SILVA et al., 2015;
BADKE et al., 2011; REZENDE e COCCO, 2002; ALVIM et al., 2006; MESSIAS et al.,
2015; SILVA et al., 2008; MENDIETA et al., 2014, GOUVEIA et al., 2015; PIVA, 2003;
FRANCA et al., 2008; TELMA e OLIVEIRA JUNIOR, 2008; STEPHEN, 2013;
METCALF et al., 2014; VAN e BEITZ, 2015; BEITZ e VAN, 2010; BEITZ et al., 2010;
BEITZ e VAN, 2012a; BEITZ e VAN, 2012b; KIMMEL e ROBIN, 2013; VAN e BEITZ,
2013; LEITE et al., 2012; PARENTE et al., 2009; ZUCCHI et al., 2013) e após a leitura
dos resumos, foram selecionados os artigos que descreviam as feridas agudas e feridas
crônicas, algoritmo, curativos, cicatrização de feridas, suplemento nutricional, plantas
medicinas e Medicamentos Fitoterápicos. Esses procedimentos auxiliaram na obtenção de
dados para a construção do algoritmo. A partir deste levantamento, elaborou-se o algoritmo
que compreendeu uma sequência descrita em quatro etapas:
Primeira etapa: o objetivo é avaliar a ferida quanto aos aspectos relacionados
à(ao): mensuração, margem, tipo de tecido, tipo de exsudato, quantidade de exsudato e
sinais e sintomas de inflamação.
Segunda etapa: compreende a definição de duas plantas medicinais e um
fitoterápico para que o profissional possa fazer a limpeza da lesão (Eucalipto (Eucalyptus
globulus Labill), Camomila (Chamomilla recutita L.) e Papaína solução na concentração de
2%.)
Terceira etapa: nesta etapa, o algoritmo fornece uma sugestão de conduta
terapêutica, conforme o tipo de tecido e exsudato presente na lesão, com a finalidade de
promover o meio úmido, o desbridamento dos tecidos desvitalizados presentes e estimular
a cicatrização. Para o tecido desvitalizado, o algoritmo sugere a utilização da planta babosa
(Aloe vera L.), própolis ou papaína gel a 6 ou 10%. Para o tecido de granulação, o
6
instrumento sugere a planta barbatimão (Stryphnodendron adstringen (Mart.) Covilles) na
forma de decocto, ou o própolis ou a papaína gel a 2 ou 4%.
Quarta etapa: elaboração de um quadro de suplemento alimentar contendo uma
planta medicinal, uma hortaliça folhosa, uma fruta e um legume, conforme tabela abaixo:
Tabela 1: Fitoterápicos, fruta e verdura utilizada para o suco verde.
Fruta
Fitoterápico
Verdura
Laranja
Capuchinha (Tropaeolum majus L.)
Espinafre
Abacaxi
Melancia
Hortelã + 1 pedaço de gengibre.
Melissa (Melissa officinalis)
Banana
Melão
Maçã
Limão
Couve
Folhas de Beterraba
Bálsamo (Sedum dendroideum Moc. & Sessé ex DC.)
Saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess)
Capim-limão (Cymbopogon citratus)
Tanchagem (Plantago major L.)
Alface
Salsinha
Agrião
Acelga
3.6.2 Validação do algoritmo
sendo
estes:
Para a sua validação, o algoritmo foi submetido à apreciação de 106 juízes,
enfermeiros,
farmacêuticos,
biólogos,
biomédicos,
fisioterapeutas,
nutricionistas e médicos. Estes juízes analisaram o conteúdo, a apresentação, a clareza e a
compreensão do instrumento. O contato com esses profissionais foi feito por meio
eletrônico de e-mail (Apêndice 2), onde foi apresentado o estudo por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1). O profissional que concordou
em participar da pesquisa acessou o link que constava no texto do e-mail, preencheu o
questionário até o final (Apêndice 3).
O roteiro de avaliação do algoritmo foi construído após revisão de literatura
relacionada ao tema (BAJAY e ARAUJO, 2003; TAYAR, 2007; MORAIS et al., 2008;
FRANCO e GONÇALVES, 2008; COSTA et al., 2009; ARON e GAMBA, 2009; POTT
el al., 2013; VAN e BEITZ, 2013; STEPHEN, 2013; KIMMEL e ROBIN, 2013;
METCALF et al., 2014; KIMMEL e ROBIN, 2013; METCALF, et al., 2014; VAN e
BEITZ, 2015; BEITZ e BATES-JENSEN, 2001; BEITZ e VAN, 2012c; BEITZ el al.,
2010; BEITZ e VAN, 2012a; BEITZ e VAN, 2012b; VAN e BEITZ, 2013. Foi elaborado
7
um questionário, o qual foi encaminhado eletronicamente, através de e-mail, para 210
profissionais convidados. Ao aceitar participar da pesquisa, os juízes avaliaram os
seguintes itens: a apresentação gráfica, a facilidade de leitura, a sequência do algoritmo, os
tipos de plantas e fitoterápicos utilizados para o tratamento das feridas, conforme o tecido e
exsudato e as sugestões dos suplementos alimentares. Quanto à descrição dos tipos de
plantas medicinais utilizadas no tratamento de ferida e o suplemento alimentar, o algoritmo
fornece informações capazes de apoiar os profissionais na escolha da planta mais adequada
para o curativo e na eleição do suplemento alimentar. As alternativas de resposta foram:
Ótimo (10 pontos), Bom (8 pontos), Regular (5 pontos), Ruim (2 pontos). Havia também
espaço reservado para comentários e/ou sugestões. Foi considerado um percentual de 70%
para mais, ou seja > 0,84 da respostas positivas compatíveis (Ótimo, Bom)
instrumento aplicável.
como
3.6.3 Construção do aplicativo
A tendência atual para a utilização de Smartphones se dá pela sua facilidade de
uso, sua estética e sua capacidade de acessar internet além de agregar múltiplas funções
através de seus aplicativos. Esse equipamento já se tornou quase uma unanimidade no
mercado consumidor de aparelhos no Brasil.
Um aplicativo é um software que tem uma função específica, sendo capaz de
nos auxiliar em uma determinada tarefa. Os Smartphones são importantes ferramentas,
pois a maioria da população os possui e quase sempre estão disponíveis, tendo em conta a
sua portabilidade.
Levando-se em conta estas características, foi desenvolvido um aplicativo pela
ITECH – Empresa Júnior de Informática do IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes,
para dispositivos móveis em plataforma Android® através do aplicativo Android Studio®
disponibilizado pela Google®. O aplicativo ora desenvolvido tem uma interface gráfica
voltada ao usuário de fácil manejo e de modo que torne o seu dia a dia mais rápido.
A interface do projeto consta de um banco de dados composto de três
cadastros, o primeiro ou principal é o cadastro do paciente, que contém seus dados
pessoais. O segundo, vinculado ao primeiro, é o cadastro das feridas, onde é feito o
8
cadastro de uma ou mais feridas presentes no paciente, e no qual constam o local no corpo
do paciente onde a lesão se encontra e outros dados para sua identificação. O terceiro é o
da avaliação, vinculado ao cadastro da ferida, onde são armazenados dados da avaliação,
conforme o algoritmo.
Figura 1: Desenho esquemático do Banco de dados do aplicativo
A interface é simples, constando apenas de três telas de edição de dados e sete
telas de exibição de dados. A primeira tela de cadastro é do paciente, com os campos de
dados pessoais dele. O aplicativo é denominado HerbalHealing, o que traduz a sua forma
de utilização e a sua finalidade.
9
3.6.4 Aspectos Éticos
A coleta de dados foi executada após o projeto de pesquisa ser aprovado
pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas Dr. José Antônio
Garcia Coutinho, sob o parecer nº873593 (anexo 1).
3.6.4 Análise dos dados
Os dados obtidos foram tabulados eletronicamente com auxílio do programa
Microsoft® EXCEL® - 97 e analisados quantitativamente sob orientação da empresa NRM
Consultoria Estatística. O programa de computador utilizado para a análise estatística foi
SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 2. Foram utilizados no estudo o
Coeficiente Alfa de Cronbach e o teste Qui-quadrado de independência. O nível de
significância foi estabelecido em 5% (P < 0,05).
10
4 RESULTADOS
Na tabela 1,, observa-se que a maioria dos participantes da pesquisa era do
gênero feminino e 34 (32%) tinham idade entre 50 a 60 anos.
Tabela 2 - Faixa etária e gênero dos participantes da pesquisa
Idade: (Faixas)
n
%
% válido
27,4
28,7
23 a 29 anos
14
13,2
40 a 49 anos
29
27,4
30 a 39 anos
29
50 a 60 anos
34
Total geral
Sexo:
n
106
%
Masculino
50
47,2
Total
106
100,0
Feminino
56
13,9
42,6
71,3
32,00
0,351
100,0
% válido
% acumulado
52,8
100,0
47,2
52,8
13,9
28,7
32,00
100,0
%
Valor
acumulado do p
47,2
100,0
Teste Qui-quadrado
quadrado de independên
independência. *Nível de significância p < 0,05.
No gráfico 11, é possível visualizar que 43 (40,60%) dos profissionais
participantes do estudo tinham o tempo de formação entre 11 a 19 anos e 33 dos juízes
(31,1%) tinham entre 20 a 29 anos de formado
formados.
Gráfico 1 - Tempo de formado dos participantes da pesquisa
45,00%
40,60% (43)
40,00%
35,00%
31,10% (33)
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
17,00% (18)
10,00%
11,30% (12)
5,00%
0,00%
Menos de 10
anos
10 a 19 anos
20 a 29 anos
Acima de 30
anos
11
No gráfico 2, evidenciou-se que, quanto à formação dos participantes do
estudo, 48 (45,3%) são enfermeiros; 16 (15,1%), médicos; 14 (13,2%), biólogos; 12
(11,3%), fisioterapeutas e 1 (0,9%) biomédico.
Gráfico 2 - Tipo de graduação dos participantes da pesquisa
Biomedico
0,90% (1)
Farmacêutico
Nutricionista
6,60% (7)
7,50% (8)
Fisioterapeuta
Biólogo
Médico
Enfermeiro
11,30% (12)
13,20% (1 4)
15,10% (16)
45,30% (48)
No gráfico 3, observa-se que entre os profissionais, 41 (38,7%) possuem
especialização e 36 (34%),
doutorado. Dos demais profissionais, 19 declararam ter
concluído mestrado (17,9%) e 9 fizeram residência (8,5%) e apenas 1 (0,9%) declarou não
ter feito pós-graduação.
12
Gráfico 3 - Tipo de pós
ós-graduação
graduação que os participantes da pesquisa realizaram
38,70%(41)
0,90%(1)
8,50%(9)
34,00%(36)
17,90%(19)
Na tabela 2,, verificou-se a classificação das características e dos conteúdos
apresentados no algoritmo
algoritmo. Verifica-se valor máximo para Ótimo, com 89 (84 %) respostas
para a descrição do tipo de ex
exsudato; 80 juízes responderam Ótimo
timo (75,5%) para os
quesitos: apresentação gráfica e sequ
sequência do algoritmo; 72 (67,9%
%) assinalaram Ótimo
para a facilidade de leitura e 75 (70,8%) avaliaram como Ótimo as sugestões de produtos a
serem usados nos curativos
curativos. No conceito Bom,
om, o maior valor foi de 25 (23,6%) respostas
quanto à facilidade de leitura e 22 (20,8%) para a apresentação gráfica.
gráfica Na avaliação
Regular, o maior número foi de 11 (10,4%) respostas para o item facilidade de leitura e 8
(7,5%) para a descrição dos tipos de plantas indicadas para os curativos
curativos. Houve apenas
duas questõess avaliadas como Ruim, sendo 02 (3,8%) sobre a descrição da técnica de
limpeza por esfregaço
aço para o tecido desvitalizad
desvitalizado; 02 (3,8%) juízes também responderam
como Ruim quanto à descrição do quadro de suplemento alimentar
alimentar. Todas as questões
apresentaram significância estatística (0,001).
13
Tabela 3 – Caracterização e conteúdo do algoritmo, segundo a avaliação dos participantes da pesquisa
Ruim
Regular
Bom
Ótimo
Total
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
6 - Quanto à apresentação gráfica:
0
,0
4
3,8
22
20,8
80
75,5
106
100,0
8 – Quanto à sequência do algoritmo:
0
,0
,9
25
23,6
80
75,5
106
100,0
7 – Quanto à facilidade de leitura:
9 – Quanto à descrição dos tipos de tecidos:
10 –Quanto à descrição da técnica de mensuração da
ferida:
11 - Quanto à descrição do tipo de exsudato:
12 - Quanto à descrição da avaliação da quantidade do
exsudato:
13 - Quanto à descrição dos sinais de infecção:
14 - Quanto à descrição da técnica de limpeza por
esfregaço para o tecido desvitalizado:
15 - Quanto à descrição da técnica de limpeza a jato com
seringa 20 mL com agulha 40x12 para tecido de
granulação:
16 - Quanto à descrição do tipo de planta indicada para
limpeza do tecido desvitalizado:
17 - Quanto à descrição do tipo de planta indicada para
limpeza do tecido de granulação:
18 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas
para a limpeza:
19 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas
para os curativos:
20 – Quanto à descrição do quadro de suplemento
alimentar:
1
0
0
1
,9
11
10,4
,0
5
4,7
1
,9
,0
,9
2
1,9
4
3,8
2
1,9
1
5
4,7
2
1,9
4
3,8
4
3,8
22
16
17
15
21
14
17
20,8
15,1
16,0
14,2
19,8
13,2
16,0
72
85
84
89
81
86
81
67,9
80,2
79,2
84,0
76,4
81,1
76,4
106
106
106
106
106
106
106
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
1
,9
5
4,7
18
17,0
82
77,4
106
100,0
2
1,9
7
6,6
16
15,1
81
76,4
106
100,0
3
2,8
5
4,7
21
19,8
77
72,6
106
100,0
2
1,9
6
5,7
23
21,7
75
70,8
106
100,0
3
2,8
8
7,5
20
18,9
75
70,8
106
100,0
4
3,8
5
4,7
19
17,9
78
73,6
106
100,0
14
Tabela 4 – Opinião dos juízes quanto à capacidade do algoritmo em apoiar o
profissional na escolha do curativo
Opinião dos juízes
N
%
% válido
%
acumulado
3,8
3,8
100,0
Sim
102
96,2
Total
106
100,0
Não
4
96,2
100,0
96,2
Valor do
p
*0,001
Teste Qui-quadrado de independência. *Nível de significância p < 0,05.
A tabela 5 mostra que todas as questões apresentadas no algoritmo contribuem
favoravelmente para a consistência interna do instrumento, uma vez que o resultado foi de
0,959, considerado pelo teste estatístico como excelente.
15
Tabela 5 - Consistência das questões apresentada no algoritmo
Questões apresentadas no algoritmo
Média do
Variância do
excluído o item
excluído o item
algoritmo se
algoritmo se
Alpha de Cronbach
Correlação do item Alfa de Cronbach
com o algoritmo,
se excluído o item
se excluído o
item
0,959
6 - Quanto à apresentação gráfica:
65,50
51,319
0,717
0,956
8 – Quanto à sequência do algoritmo:
65,47
52,804
0,605
0,958
7 – Quanto à facilidade de leitura:
9 – Quanto à descrição dos tipos de tecidos:
10 –Quanto à descrição da técnica de mensuração da ferida:
11 - Quanto à descrição do tipo de exsudato:
12 - Quanto à descrição da avaliação da quantidade do exsudato:
13 - Quanto à descrição dos sinais de infecção:
14 - Quanto à descrição da técnica de limpeza por esfregaço para o tecido desvitalizado:
15 - Quanto à descrição da técnica de limpeza a jato com seringa 20 mL com agulha 40x12
para tecido de granulação:
16 - Quanto à descrição do tipo de plantas indicadas para limpeza para o tecido
desvitalizado:
17 - Quanto à descrição do tipo de planta indicadas para limpeza para o tecido de
granulação:
18 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas para a limpeza:
19 – Quanto à descrição dos tipos de plantas indicadas para os curativos:
20 – Quanto à descrição do quadro de suplemento alimentar:
Teste Alpha de Cronbach. α > 0,7.
65,66
65,46
65,47
65,41
65,51
65,48
65,57
65,51
49,293
51,260
50,709
52,053
50,481
51,052
47,924
50,195
0,718
0,724
0,793
0,687
0,727
0,631
0,849
0,762
0,956
0,956
0,955
0,957
0,956
0,958
0,953
0,955
65,56
48,306
0,864
0,953
65,59
47,881
0,882
0,953
65,64
48,213
0,788
0,955
65,60
65,60
48,413
47,746
0,858
0,843
0,953
0,954
16
No quadro 1, são descritas as sugestões de alteração apresentadas pelos
participantes que validaram o algoritmo. Foram consideradas as sugestões, conforme
embasamento teórico.
Quadro 1: Síntese da análise qualitativa das sugestões dos participantes que
validaram o algoritmo
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
2
Nutricionista
Mestrado
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
3
Médico
Residência
Sugestão
Na parte do fitoterápico, não se usa "das
de chá" e sim 1 xícara de chá (50g?) de
folhas picadas de hortelã. Colocar também,
além das medidas caseiras, as medidas
em mL e/ou gramas.
Suco de limão - fiquei na dúvida sobre a
quantidade também. Talvez fosse melhor suco de 1 limão.
No preparo também, colocar a medida acrescentar 1 copo de água - 200 mL
Deixe o coar opcional. A fibra é excelente
para melhora do índice glicêmico, fator que
prejudica a cicatrização. Ao coar, você
reduz a quantidade de fibra ofertada.
Sugestão
Pensar em acrescentar, apenas a título de
lembrete: "Atenção a possíveis interações
medicamentosas". Para o profissional de
saúde ficar atento e abordar essa questão
com o paciente, visto que muitas vezes o
usuário faz uso de outras plantas
medicinais e não relata.
17
Dados do Participante
Número
Profissão
8
Enfermeiro
Dados do Participante
Número
16
Profissão
Enfermeiro
Especialização
Mestrado
Dados do Participante
Número
27
Profissão
Farmacêutico
Especialização
Doutorado
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
32
Enfermeiro
Mestrado
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
34
Enfermeiro
Não possuo
Sugestão
.
Nomearia os exsudatos apresentados na
literatura (WCET): seroso, sanguinolento,
serossanguinolento, purulento,
piossanguinolento, purulento pútrido.
Sugestão
Sugiro inserir a possibilidade de acessar o
nome científico da planta indicada, assim
como os benefícios/indicação de cada
uma.
Sugestão
A letra dificulta muita a leitura, mesmo
salvando em outro arquivo e ampliando
não apresenta nitidez em papaína gel
colocar 2 e 4% na mesma linha igual o
primeiro quadrante. A parte estrutural está
ok
Sugestão
Sugiro acrescentar sinais de infecção e/ou
sinais inflamatórios
Sugestão
Colocar a necessidade de desbridamento
instrumental durante a limpeza da ferida.
Quanto ao tipo de planta indicado ao tecido
desvitalizado, para necrose seca, não
poderia utilizar uma concentração maior de
papaína para este tipo de tecido, como a
10%.
18
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
78
Médico
Doutorado
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
106
Enfermeiro
Mestrado
Dados do Participante
Número
Profissão
Especialização
107
Enfermeiro
Doutorado
Sugestão
Não deve colocar o nome popular das
plantas e sim o nome científico
Sugestão
Acredito que o nome da tabela
"Suplemento Alimentar com Fitoterápico"
não esteja adequado. Ver sobre
Suplementação. Quanto a "fitoterápico" diz
respeito a algum medicamento manipulado
à base de principio ativo vegetal
(http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fit
oterapicos/poster_fitoterapicos.pdf). A
tabela mostra uma orientação adjuvante no
tratamento ou é fundamental no algoritmo?
Sugestão
Na Limpeza - a "caixa verde" pode ser
única, já que a informação é a mesma na
proposta terapêutica (caixa título) acredito
ser desnecessário o complemento "com
fitoterápico no tratamento de feridas".
Como os fitoterápicos são os mesmos
para tratar diferentes tipos de tecidos,
acredito ser desnecessário colocar uma
caixa para cada um. O algoritmo se
chama "algoritmo para tratamento de
ferida utilizando plantas medicinais" Sendo assim, acho importante rever as
citações do termo fitoterápico e outra,
como o instrumento é para tratamento,
acho desnecessário a parte da avaliação
ou então, insira a palavra avaliação no
título.
19
5 PRODUTO
5.1 Algoritmo para Avaliação e Tratamento de Feridas Utilizando Plantas Medicinais
Figura 2: Algoritmo
20
5.2 Produto – Aplicativo Herbal Healing
A tela inicial é composta pelo nome do aplicativo e o logotipo do sistema e os
botões: “Cadastrar pacientes”, que abrirá a tela para a inclusão de um novo paciente;
“Exibir paciente” que possibilita localizar um registro de um paciente já cadastrado e
“Suplemento alimentar” que exibe a tela de suplemento alimentar (Figura 3).
Figura 3: Tela inicial do aplicativo
21
Na tela inicial, ao clicar em Cadastrar paciente, abre-se a tela “Editar paciente”
com os dados básicos, como CPF, sexo, endereço e nome, sendo que o campo nome é o
único obrigatório. O campo “Ficha do paciente” é um campo numérico livre, em que o
usuário poderá colocar o número do prontuário do paciente, se houver (Figura 4).
Figura 4: Tela Editar Paciente
22
Após o cadastro do paciente, os dados são exibidos na tela “Detalhes do
paciente” e, a partir desta tela, é possível cadastrar uma ou mais feridas ou listar aquelas
que já estiverem cadastradas, através de botões específicos. No menu suspenso, é possível
abrir a tela de edição ou de exclusão (Figura 5).
Figura 5: Tela Detalhes do Paciente
23
A tela “Cadastrar ferida” permite que sejam cadastradas uma ou mais feridas
por paciente; os dados solicitados são o local do corpo em que se apresenta e qual a data
em que se começou o tratamento desta ferida (Figura 6).
Figura 6: Tela de Cadastro de Ferida
24
A tela mais importante do software é a “Avaliação da ferida”, pois é por via
deste trabalho que o profissional vai obter informações da evolução do tratamento, e é
também por meio desta avaliação que o software fará as sugestões de tratamento
fitoterápico. É composto por campos de checagem, levando-se em conta a facilidade de
manuseio dos dispositivos móveis para esta finalidade. Também conta com dois campos
tipo “drop-down”, onde serão selecionados valores em uma lista para o campo
“Quantidade de Exsudato” e para o campo “Tipo de tecido” (Figura 7).
Figura 7: Tela Avaliar Ferida
25
Após a avaliação da ferida, é exibida uma tela com a terapia fitoterápica
proposta. De acordo com os dados obtidos pela avaliação da ferida, a indicação é feita
levando-se em conta o tipo de exsudato, a quantidade e os tipos de tecidos. Os dados são
então armazenados no próprio dispositivo, ficando a cargo do usuário a responsabilidade
pela guarda e pela manutenção dos dados (Figura 8).
Figura 8: Tela Exibir Informações do tratamento
26
Na tela de visualização das opções do suplemento alimentar, suco verde com
planta medicinal, conforme o algoritmo validado, as informações deslizam na tela de forma
que todas as propostas sejam visíveis sem que haja necessidade de mudar de tela. É
sugerido um suco para cada dia da semana e, no final, apresenta-se a possibilidade de
permutar os ingredientes entre si, desde que mantendo a proporção de uma verdura, um
fitoterápico e uma fruta (Figura 9).
Figura 9: Tela Exibir Sugestão de Suplemento Alimentar
27
6 APLICABILIDADE
O quadro de transição demográfica apresentado no Brasil, com o aumento da
expectativa de vida da população, aliado ao aumento do número de pessoas em condições
crônicas, predispõe a complicações, dentre elas, a presença de feridas. Os indivíduos com
feridas apresentam dificuldades no processo de sua cicatrização, o que gera impacto
econômico e social aos serviços de saúde, dificuldade para a pessoa desenvolver atividades
diárias, alteração na sua qualidade de vida, na autoestima, na autoimagem, na sexualidade.
Ter uma ferida traz como consequências o isolamento social e familiar e afastamento do
lazer (REZENDE et al., 2008; GONÇALVES et al., 2014; ALVES et al., 2013;
ALMEIDA et al., 2014; SALOMÉ et al. 2015).
O autocuidado da pessoa com úlcera é primordial para a efetivação do
tratamento e, consequentemente, da cicatrização da lesão em um período de tempo
reduzido, por isso as orientações são tão importantes e devem ser apresentadas aos
pacientes de forma clara e de fácil entendimento. Assim sendo, percebe-se a grande
importância do professor especialista em feridas na formação dos profissionais nesta
especialidade (OLIVEIRA e RODRIGUES 2003; SANTOS et al., 2010), cabendo a esse
profissional, dentre outros aspectos, avaliar a lesão e prescrever o cuidado mais adequado,
além de orientar e supervisionar a equipe de profissionais na execução do curativo.
Portanto, é necessário que o profissional perceba que essas competências são
intrínsecas ao seu cotidiano. Entretanto, alguns profissionais, como enfermeiro, médico,
fisioterapeuta e nutricionista baseiam seus cuidados em evidências frágeis, de modo
empírico e que, frequentemente, não atendem às informações e condutas precisas e
cientificamente validadas (SALOMÉ e ESPOSITO, 2008; MIYAZAKI et al., 2010).
A maior parte dos participantes da pesquisa estava com 30 a 49 anos e eram do
sexo feminino, com tempo de formação entre 11 a 19 anos, mostrando que este grupo
ingressante na área da saúde se constituía, em sua maioria, de profissionais jovens, o que
vem ao encontro das características da profissão apontadas por diversos autores.
(GUERRER e BIANCHI, 2008; SALOMÉ et al., 2008a; SALOMÉ e ESPOSITO 2008b;
SILVA e ROGENSKI, 2010; CUNHA e SALOMÉ, 2015).
Em relação à realização de cursos de pós-graduação, verificou-se que 45,30%
dos participantes da pesquisa eram enfermeiros. No que se refere à pós-graduação, 38,70%
eram especialistas e 34%, doutores. Isso demonstra que os profissionais de saúde estão
28
cada vez mais preocupados com seu desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional,
apesar de se tratar de uma população jovem e com pouco tempo de graduados, buscando
assim aprimorar o conhecimento para realizar o cuidar dos profissionais envolvidos na
assistência. Acredita-se também que, atualmente, o mercado de trabalho, cada vez mais,
exige profissionais altamente capacitados, e fazer pós-graduação significa ter um
diferencial para alcançar este objetivo. Tais resultados corroboram os achados de vários
estudos (SILVA e ROGENSKI, 2010; MOREIRA e TOJAL 2013; SALOME et al., 2014;
FICO, 2015; CUNHA e SALOMÉ, 2015).
O profissional que presta assistência ao paciente com ferida deve ter sua prática
fundamentada em evidências científicas. Esse conhecimento inicia-se durante sua
habilitação formal nos cursos de graduação e prossegue na pós-graduação, constituindo-se
fator primordial para a viabilização e implementação de cuidados, tanto para a prevenção
quanto no tratamento de feridas (RANGEL e CALIRI 2006; MIYAZAKI et al., 2010).
Sendo assim, torna-se sua responsabilidade, juntamente com outros profissionais da saúde,
a elaboração e implementação de protocolos, algoritmo e diretrizes clínicas.
A maioria dos profissionais de saúde desenvolveu barreiras quanto à prescrição
de plantas medicinais e fitoterápicos. Vale destacar que a fitoterapia é amplamente
utilizada pela população de maneira geral, como complemento e até mesmo em
substituição aos medicamentos alopáticos, na maioria das vezes sem o conhecimento do
médico. Os profissionais em questão não abordam o tema, por desconhecimento ou por
temer efeitos adversos, conforme foi apontado em um trabalho de pesquisa no interior do
Rio de Janeiro (VEIGA-JUNIOR, 2008). Outro aspecto importante é que a aplicação de
plantas medicinais e fitoterápicos configura-se como uma possível ampliação da área de
trabalho dos profissionais de saúde, os quais, de um modo geral, estão pouco informados e
preparados para lidar com estes recursos alternativos (BRUNING et al., 2012).
Por não possuir o conhecimento das ervas e não ter a tradição vivida pelos
ancestrais no manuseio e uso das ervas medicinais, é necessário que estes profissionais
elaborem e implantem protocolos e diretrizes clínicas relacionadas aos princípios ativos
das plantas medicinais ou fitoterápicos, ao cuidado no uso de planta medicinal, à forma de
utilização de fitoterápicos ou da planta medicinal em lesões da pele, procurando conhecer
as principais plantas utilizadas para lesão de pele e feridas, de modo a estarem seguros para
29
fazer a avaliação do candidato ao tratamento fitoterápico em lesão de pele e suas
indicações e contraindicações.
No âmbito da saúde, os algoritmos são instrumentos simples, diretos e de fácil
acesso, além de serem ferramentas primordiais ao gerenciamento da qualidade,
destacando-se como importante meio na organização de processos. Esses instrumentos
conferem uma visão completa do processo de cuidado e são como mapas, servindo de guia
para a tomada de decisões, especialmente quando essas são complexas (POTT et al., 2013;
JELINEK et al., 2013; HESS, 2013). A abordagem passo a passo para o tratamento de
feridas pode reduzir a complexidade e facilitar a implementação de diretrizes da prática
clínica (BEITZ e VAN, 2012c).
Optou-se por elaborar um algoritmo para tratamento de ferida, utilizando
plantas medicinais, pois estes são mapas gráficos, usados para maior visualização dos
componentes e processos de um problema. Algoritmos clínicos possibilitam passos
corretos da evolução de um aspecto específico no cuidado do paciente.
A maioria das avaliações feitas pelos juízes considerou positivamente (bom e
ótimo) cada questão do algoritmo mencionada acima e aponta o instrumento como
ferramenta capaz de ajudar o profissional de saúde na tomada de decisão na escolha do
fitoterápico ou da planta medicinal utilizados na limpeza. Esse instrumento auxilia na
conduta terapêutica para a ferida e na escolha do suplemento alimentar.
No processo de análise da confiabilidade do instrumento (Alpha de Cronbach =
0,959), foram incluídas as contribuições dos juízes que forneceram informações relevantes
para a modificação da escrita e ilustração. A maioria dos juízes concordou com a
aplicabilidade do algoritmo para a prática clínica, ou seja, consideram mais uma
importante ferramenta que contém informações capazes de apoiar a decisão do profissional
na avaliação e escolha do fitoterápico ou planta medicinal para a limpeza da ferida e na
conduta terapêutica e prescrição de suporte alimentar ideal à cicatrização da ferida.
Algoritmos têm sido desenvolvidos para cuidar, guiar decisões clínicas e
tratamento de feridas agudas e crônicas. São estudos validados e resultados de
recomendações baseadas em pesquisas para a prática (RIJSWIJK e BEITZ, 2013;
RIJSWIJK e BEITZ, 2015). O cuidado da ferida deve conter a limpeza, a hidratação, o
cuidado com exsudato, infecção e a utilização de produtos que retêm a umidade.
30
A primeira parte do algoritmo desenvolvido é a avaliação da lesão. Ao
avaliarem as feridas, os profissionais precisam tomar decisões fundamentadas no
conhecimento da anatomia da pele, em princípios de fisiologia da reparação tissular e
fatores que nele interferem. Estes profissionais devem conhecer os tipos de feridas e as
diversas formas de tratamento existentes, sendo capazes de desenvolver a habilidade de
observar a perda tecidual, o aspecto clínico da lesão, sua localização e dimensão, presença
de exsudato, características da pele que circundam a ferida, dor e sinais de infecção
(BAJAY et al., 2003b; SANTO et al., 2013; GARDONA et al., 2014; ALMEIDA et al.,
2014; DUTRA et al., 2015).
Avaliar uma ferida é bastante difícil, porque envolve, além do conhecimento
do profissional, diversos fatores subjetivos que normalmente são bastante variáveis e, por
vezes, conflitantes: a identificação quanto à natureza, à forma e à localização da lesão,
além dos aspectos fisiológicos de evolução da lesão. A utilização de protocolos, algoritmos
e diretrizes clínicas facilita o trabalho dos profissionais de saúde, por tornar padrão o
procedimento de avaliação das feridas e escolha do tratamento, além de permitir o registro
da evolução da ferida, análises de custo-benefício, sistematização da assistência e oferecer
melhor qualidade de vida ao paciente (BAJAY et al., 2003a; TAYAR, 2007; SANTO et
al., 2013; ALMEIDA et al., 2014; GONÇALVES et al., 2014; GARDONA et al., 2014;
GABISON et al., 2015; DUTRA et al., 2015).
Para a limpeza de qualquer tipo de ferida, no algoritmo foi sugerido o uso de
duas plantas medicinais por meio de infusão (infusão de eucalipto, infusão de camomila) e
um fitoterápico (papaína a 2%) para a limpeza dos tecidos de granulação e desvitalizados.
Para lesões com presença de tecido desvitalizado, a limpeza foi padronizada com o método
de desbridamento mecânico. Na lesão com tecido de granulação, a limpeza deve ser feita
com solução morna e em jato. Este tipo de limpeza impede a quebra das fibras dos novos
tecidos e garante a limpeza adequada, sem causar trauma no leito da ferida. No entanto, a
pressão excessiva na irrigação pode arrastar os detritos mais profundamente no leito da
ferida, aumentando o risco de infecção, enquanto a pressão insuficiente não é eficaz na
remoção dos detritos ou exsudato. Ao limpar uma ferida com solução morna, estaremos
prevenindo a diminuição da temperatura do leito da ferida e estimulando a vasodilatação
local, acelerando o processo cicatricial (CARVILLE; 1995). A força hidráulica adequada é
de 8 psi para a limpeza e pode ser obtida com uma seringa de 35 mL e agulha de calibre 19
31
(padrão norte-americano). No Brasil, não dispomos deste material; portanto, os serviços
utilizam seringa de 20 mL com agulha 40 x 12 para realizar o jato (FERREIRA e
ANDRADE, 2008; MARTINS e MENEGHIN, 2012).
O desbridamento trata da remoção de tecido inviável presente na ferida, e faz
parte do processo autolítico e fisiológico do processo cicatricial da lesão em condições
normais e adequadas. Os neutrófilos e macrófagos agem na fase inflamatória, digerem e
removem detritos celulares. O processo natural de desbridamento, entretanto, torna-se
insuficiente diante do acúmulo de tecido desvitalizado. A demanda aumentada de células
fagocitárias retarda o processo de cicatrização. Portanto, o desbridamento é um
componente essencial para que a terapia tópica seja bem-sucedida e o manejo da ferida
desenvolva seu potencial. Essa etapa da terapia tópica reduz a carga bacteriana da ferida,
de modo a prevenir as infecções, facilitar a visualização e avaliação da ferida. Em nível
molecular, o desbridamento interrompe o ciclo da ferida crônica. O desbridamento
mecânico consiste na aplicação de força mecânica (esfregaço, fricção) diretamente sobre o
tecido desvitalizado, usando gazes ou esponja embebida com solução apropriada de
limpeza da ferida. Este esfregaço deve ser realizado no leito da ferida em um único sentido
(GONÇALVES et al., 2014).
A limpeza da ferida através da técnica mecânica e a jato, utilizando as plantas
Eucalipto e camomila e o fitoterápico papaína a 2%, remove as bactérias do leito de ferida,
elimina material solto, agentes patogênicos, corpos estranhos, tecido necrosado e excesso
de exsudado, que podem contribuir para o desenvolvimento de infeção. Esse método de
limpeza com plantas medicinais dispensa o uso de antisséptico, já que estas plantas têm
propriedade desinfetante, bactericida e antimicrobiana, podendo serem indicadas para
assepsia de feridas. A papaína durante a limpeza tem capacidade de reduzir a formação de
biofilme (GEOVANINI e OLIVEIRA JUNIOR, 2008; OLIVEIRA et al., 2014;
CARVALHO et al., 2014).
O princípio para este estudo vem da proposta em tratar feridas com terapêutica
fitoterápica. Escolher uma planta medicinal que tenha capacidade de prevenir infecção, de
manter a lesão em um ambiente fisiológico (meio úmido), favorecendo a migração das
células para o leito da ferida, a partir da formação de tecido de reparação, e a reepitelização
da ferida. A proposta do presente algoritmo é utilizar babosa, própolis e papaína 6% ou
32
10% no tecido desvitalizado e, no tecido de granulação, papaína 2% ou 4 %, barbatimão e
própolis, tendo como suplemento alimentar: alimentos e fitoterápicos.
Um suplemento alimentar fitoterápico é rico em nutrientes essenciais para a
cicatrização da pele, pois a folha do suco verde é rica em vitaminas, proteína, sais
minerais, arginina e micronutrientes, como zinco, vitaminas A, E, C e carotenoides.
Também melhora a resposta imunológica do indivíduo com ferida, importante para a
cicatrização da ferida. Além de ser hidratante e refrescante, fornece o equilíbrio
hidroeletrolítico necessário para o processo de cicatrização (ALLER, 2007; GEOVANINI
e OLIVEIRA JUNIOR, 2008).
Em um estudo morfológico do efeito da sulfadiazina de prata, extrato de ipê-
roxo e extrato de barbatimão na cicatrização de feridas cutâneas, foram utilizados 96 ratos
Wistar. Todos foram submetidos à ligadura da veia femoral direita para produzir
hipertensão venosa. Após 30 dias, foi confeccionada a ferida cutânea. Dividiram-se os
animais em quatro grupos. O grupo S recebeu aplicação tópica de sulfadiazina de prata; o
grupo IR, extrato de ipê-roxo; o grupo B, extrato de barbatimão e o grupo C, aplicação de
solução salina a 0,9%, diariamente, nas feridas por um período de sete, 14 e 30 dias. A
análise histológica avaliou: proliferação vascular, neutrófilos, linfócitos, fibroblastos,
fibras colágenas e epitelização. Na análise histológica aos 14 dias, apenas o grupo C ainda
apresentava epitelização incompleta em seis animais; neste mesmo período, houve
diferença estatisticamente significativa entre o grupo-controle e os demais grupos quanto
ao processo inflamatório e à neovascularização. Observou-se que os grupos Sulfadiazina,
Ipê-roxo e Barbatimão foram favorecidos no processo de cicatrização das feridas cutâneas,
quando comparados com o grupo-controle (COELHO et al., 2010).
A utilização da papaína 6 a 10% na lesão promove o desbridamento
enzimático, por fazer proteólise, proporcionar rápida remoção não traumática do material
proteico não desejável nas lesões, sem, contudo, oferecer riscos para o paciente. Quando
utilizada a papaína na concentração 1 a 4 na ferida, ocorre um alinhamento das fibras que
compõem o colágeno, favorecendo o crescimento tecidual uniforme e a cicatrização mais
plana (LOPES et al., 2008).
O reparo tecidual de úlceras venosas foi analisado através de um estudo
comparando os géis de papaína a 2% e 4%. Trata-se de estudo quase experimental, com
amostra consecutiva de 16 pacientes com 30 úlceras venosas, atendidos no ambulatório de
33
um hospital universitário, de abril a novembro de 2011, com formulário para avaliação
clínica do paciente e da lesão. Predomínio do sexo feminino; idade entre 51 e 59 anos;
obesas; com Hipertensão Arterial Sistêmica. Quanto às úlceras, houve redução média de
7,9 cm2 (50% do tamanho) em 90 dias; 20% cicatrizaram completamente em 56,67 dias.
Houve aumento da epitelização, redução significativa do esfacelo e do edema, melhora na
profundidade, no tipo e na quantidade de exsudato (p < 0,0001). Os géis de papaína a 2%
e 4% foram efetivos na cicatrização de úlceras venosas (RIBEIRO et al., 2015).
Em um trabalho clínico em que se comparou o tratamento de pé diabético
tratado com própolis tópico e com o grupo controle, onde a cicatrização ocorreu em 3 e 7
semanas respectivamente, não foram relatados efeitos adversos com o uso da própolis. A
composição
da
própolis
inclui
flavonoides,
ácidos
aromáticos,
terpenoides
e
fenilpropanoides, ácidos graxos e vários outros compostos (HENSHAW et al., 2014).
Outro trabalho de 2013, foi demonstrado que a utilização de pomada de própolis a 7%
alcançou resultado satisfatório no tratamento de úlceras venosas em membros inferiores,
onde dois grupos de 28 pacientes foram tratados com Bota de Unna, em um dos grupos, foi
aplicada a pomada de própolis a 7%. No grupo própolis, todos os pacientes obtiveram a
cicatrização satisfatória na sexta semana de tratamento e, no grupo controle, somente seis
tiveram cicatrização completa nesse período; o restante levou até dezesseis semanas para a
cicatrização total (KUCHARZEWSKI et al., 2013). A própolis foi apontada como
importante fator para a cicatrização de feridas crônicas (SANTOS et al., 2007).
Numa revisão integrativa da literatura, os autores analisaram estudos que
abordam o uso terapêutico da própolis em lesões cutâneas. Os dados foram obtidos por
meio de busca nas bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF, abrangendo o período
de 1980 a 2007. Identificaram-se 1.127 artigos, dos quais 38 atenderam aos critérios de
inclusão deste estudo. Destes artigos, 7 (18,4%) eram estudos clínicos e 31 (81,6%)
experimentais in vitro e em animais. Quanto à abordagem, foram classificados em dois
focos temáticos: atuação terapêutica da própolis na cicatrização das lesões e ação
antimicrobiana da própolis. A análise dos trabalhos destacou a eficácia da própolis no
tratamento de feridas, atuando como agente cicatrizante e antimicrobiano natural, cujas
propriedades dependem diretamente da forma e local de extração e concentração do
produto (BARBOSA et al., 2009).
34
O algoritmo ora construído classifica as plantas por finalidade de uso e
distinção entre os tipos de feridas; leva à seleção de plantas mais confiáveis, gerando uma
matriz que classifica e conecta tratamentos fitoterápicos disponíveis. Em um trabalho,
constatou-se que a importância do uso dos algoritmos está nas informações sobre
diferentes aspectos, nas respostas a diferentes questões e na geração de diferentes soluções
que proporcionam (CARVALHO et al., 2009).
A construção e a validação do algoritmo mostraram-no válido como estratégia
de formação, principalmente na relação teoria e prática assistencial, foco deste estudo, e na
inter-relação de saberes e contextualização da aprendizagem dos profissionais que prestam
assistência ao paciente com ferida. Diante do exposto, faz-se importante a utilização de
ambientes multimídia por meio de aplicativos; sendo assim, foi tomada a decisão de
construir um aplicativo para avaliação, conduta terapêutica e guia de suplemento alimentar
para indivíduos com ferida, por meio de fitoterápicos. Este aplicativo serve como
ferramenta complementar para os profissionais que prestam cuidado ao paciente com
ferida, uma vez que poderão avaliar a lesão, escolher a proposta terapêutica, um
suplemento alimentar, levando em consideração que cada indivíduo é único, com
necessidade diferente. A conduta deve ser individualizada e sistematizada. Este estudo
teve como perspectiva a validação do aplicativo.
35
7 CONCLUSÃO
O algoritmo elaborado e validado determinou confiabilidade para a avaliação e
limpeza de ferida, proposta terapêutica com fitoterápicos e plantas medicinais e
suplemento alimentar composto de suco verde com plantas medicinais.
Também foi desenvolvido o aplicativo para tratamento de feridas utilizando
fitoterápicos e plantas medicinais, o qual, após registrado, será disponibilizado.
36
8 IMPACTO SOCIAL
Segundo dados do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social), famílias mais pobres aplicam 66% do total de sua renda com saúde na compra de
medicamentos, tendo acesso a somente 7% dos medicamentos disponibilizados em
farmácias (CAPANEMA e PALMEIRA FILHO, 2004). Tendo em vista esta realidade,
torna-se necessária a adoção de políticas públicas e medidas que viabilizem o acesso ao
medicamento de forma igualitária, buscando a equidade e a inclusão social. Neste
contexto, a fitoterapia é uma importante forma de resgate cultural e diminuição de custos.
Com esta terapêutica, o paciente torna-se agente de sua própria história, resgatando os
conhecimentos de seus antepassados, sendo valorizado como cidadão e melhorando sua
autoestima.
Após a avaliação por especialistas, o presente algoritmo passa a representar um
protocolo em saúde e poderá ser adotado em instituições de saúde, visando a uma redução
de custos. Aos prescritores, profissionais de saúde credenciados para definir o
medicamento a ser usado segundo a definição da PNPMF (Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos), recomenda-se a elaboração de Protocolo Institucional
conforme normas e legislação preconizadas nos Protocolos do Ministério da Saúde para
uso de fitoterápicos e plantas medicinais, o que vai ao encontro dos pareceres dos
Conselhos
de Enfermagem, como por exemplo, o parecer do COREN-SP (Parecer
28/2010 - COREN-SP).
O aplicativo ora proposto possibilitará maior aplicação da fitoterapia nas
instituições, em se tratando de procedimentos que visam à cicatrização de feridas. Como as
plantas medicinais apresentam maior facilidade quanto ao acesso, custo e manipulação,
passam a atuar como a primeira ou talvez única escolha para o acesso à saúde (FALEIRO
et al., 2009; SOUZA et al., 2011).
37
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46
Apêndice 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
EU, José Carlos Bueno, acadêmico do curso de Mestrado Profissional em
Ciências Aplicadas à Saúde da Universidade do Vale do Sapucaí – Univás,
juntamente com o Professor Dr. Geraldo Magela Salomé, aluno e docente,
respectivamente, da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), Pouso
Alegre, MG, estamos realizando uma pesquisa intitulada: “Construção
e Validação de Um Algoritmo Para Tratamento de Ferida Utilizando Plantas
Medicinais: Desenvolvimento de Um Aplicativo” com os objetivos de construir e
validar um algoritmo para tratamento de ferida com planta medicinal. A realização
deste estudo permitirá desenvolver um software (aplicativo) para tratamento de
ferida com plantas medicinais.
Para a validação do algoritmo, o mesmo será submetido à apreciação de 50
juízes com experiência na área, sendo estes: enfermeiros, médicos, biólogos,
fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e biomédicos. Estes juízes
analisarão o conteúdo, a apresentação, a clareza e a compreensão do
instrumento. O contato com estes profissionais será feito por meio de
apresentação do algoritmo em e-mail com o instrumento para a resposta do
aceite em participar do estudo e responder o questionário.
Para a realização desta pesquisa, o(a) senhor(a) não será identificado(a) pelo
seu nome. Será mantido o anonimato, assim como o sigilo das informações
obtidas e será respeitada a sua privacidade e a livre decisão de querer ou não
participar do estudo, podendo-se retirar dele em qualquer momento, bastando
para isso expressar a sua vontade.
A realização deste estudo não lhe trará consequências físicas ou psicológicas,
podendo apenas lhe trazer, não necessariamente, algum desconforto mediante a
entrevista, porém serão tomados todos os cuidados para que isso não ocorra.
Em caso de dúvidas e se quiser ser melhor informado(a), poderá entrar em
contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da
Saúde “Dr. José Antônio Garcia Coutinho”, que é o órgão que irá controlar a
pesquisa do ponto de vista ético. O CEP funciona de segunda à sexta-feira e o
seu telefone é (35) 3449 9271, Pouso Alegre, MG.
O senhor(a) concorda em participar deste estudo? Em caso afirmativo, deverá ler
a “Declaração”, que segue abaixo, assinando-a no local próprio ou imprimindo a
impressão digital do polegar direito.
47
DECLARAÇÃO
Declaro para os devidos fins que fui informado(a) sobre esta pesquisa, estou
ciente dos seus objetivos, entrevista e relevância, assim como me foram
retiradas todas as dúvidas.
Mediante isto, concordo livremente em participar dela, fornecendo as
informações necessárias. Estou também ciente de que, se quiser e em qualquer
momento, poderei retirar o meu consentimento deste estudo.
Para tanto, lavro minha assinatura (impressão digital do polegar direito) em duas
vias deste documento, ficando uma delas comigo e a outra com o
pesquisador(a).
Pouso Alegre,
,
20
Participante:
Assinatura:
Pesquisador(a):
Assinatura:
48
Apêndice 2 – E-mail convite aos juízes
Eu, José
Carlos
Bueno, acadêmico do curso de Mestrado
Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde juntamente com o
Professor Dr.
Geraldo
Magela
Salomé, aluno e docente, respectivamente, da Universidade do Va
le do Sapucaí (Univás), Pouso Alegre, MG, estamos realizando
uma pesquisa com os objetivos da CONSTRUÇÃO
E
VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO PARA TRATAMENTO DE
FERIDA
UTILIZANDO
PLANTAS
MEDICINAIS:
DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO, conforme carta convite
abaixo. Solicitamos a participação de V. Sa. para compor o Corpo de
Jurados da pesquisa: Para tanto, solicitamos, se nos honrarmos com
sua participação, clicar no link no final da carta convite para acessar
o questionário.
Obrigado
José Carlos Bueno
CARTA CONVITE AOS JUÍZES DA PESQUISA
Aos avaliadores,
Vimos, respeitosamente, convidá-lo a compor o Corpo de Juízes da
pesquisa de mestrado intitulada “ CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM
ALGORITMO PARA TRATAMENTO DE FERIDA UTILIZANDO PLANTAS
MEDICINAIS: DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO”, destinado a avaliar
um algoritmo para tratamento de ferida com plantas medicinais. Solicitamos sua
colaboração na leitura e apreciação dos instrumentos, assim como sugestões
acerca da modificação na redação, manutenção ou substituição dos itens, caso
julgue necessário.
A avaliação deste material compõe a primeira etapa da pesquisa que
obteve parecer favorável junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Ciências Médicas DR.José Antônio Garcia Coutinho - FACIMPA sob o parecer
número 1.133.797.
Caso nos honre com a sua participação para compor o quadro de juízes, o
material a ser avaliado está disponibilizado através de dois formulários eletrônicos
que deverão ser avaliados em 10 dias a contar da data de recebimento deste email, contendo o link de acesso aos instrumentos.
Na certeza de contarmos com a sua colaboração e empenho,
agradecemos antecipadamente.
Atenciosamente,
José Carlos Bueno
49
Mestrando: Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde –
UNIVAS.
Por favor, clique no link abaixo para acessar o questionário, se necessário utilize
o recurso de Zoom de seu navegador para melhor visualizar a imagem anexa ao
questionário:
50
Apêndice 3 – Questionário Para a avaliação do Algoritmo de Curativo
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
FACULDADE DECIÊNCIAS
MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO
GARCIA COUTINHO -
Anexo I – Parecer Consubstanciado do CEP
PARECER CONSUBSTANCIADO DOCEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ALGORITMO PARA TRATAMENTO
DE FERIDA UTILIZANDO PLANTAS MEDICINAIS: DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO
Pesquisador: Geraldo Magela Salomé
ÁreaTemática:
Versão:2
CAAE:45818715.8.0000.5102
Instituição Proponente: FUNDACÃO DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DOSAPUCAI
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.133.797
Data do Relatório: 29/06/2015
Apresentação do Projeto:
A pele é o maior órgão do corpo, indispensável para a vida humana e fundamental para o perfeito
funcionamento fisiológico do organismo. Atua como uma barreira física contra
microrganismos, traumatismos e perda de líquido corporal. Sua função aparentemente simples é de
suma importância para a homeostasia do organismo (OLIVEIRA et al., 2009). Como qualquer outro
órgão, está sujeito a sofrer varias agressões de fatores patológicos intrínsecos e extrínsecos que
causarão o desenvolvimento de alterações na sua constituição (DECLAIR, 2002. Os ferimentos
causados por cortes e escoriações, bem como as feridas cirúrgicas, comprometem a integridade da
pele e demandam uma rápida e eficiente cicatrização.
A ferida é qualquer interrupção na continuidade de um tecido corpóreo, com uma maior ou menor
extensão, podendo ser causada principalmente por trauma ou ser resultado de uma afecção clínica.
São classificadas como agudas quando cicatrizam em até seis semanas, se ultrapassarem este
tempo serão classificadas como crônicas. As feridas são um grave problema de saúde pública, pois
acarretam severos transtornos psicológicos, tiram o indivíduo do convívio social, e o afastam do
trabalho. Acarretam um alto custo econômico para o sistema de saúde (LEITE et al., 2012).
Plantas medicinais são usadas pelas populações tradicionais há milhares de anos como forma de
tratamento. Constituem uma matéria-prima barata e de fácil acesso. O uso de plantas com o
objetivo
61
FACULDADE DECIÊNCIAS
MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO
GARCIA COUTINHO Continuação do Parecer: 1.133.797
de tratamento de doenças nem sempre está associado à comprovação de sua eficácia. Isso acontece no
caso do uso popular. Assim sua eficácia não é comprovada, porque não há preocupações científicas nem
comprobatórias nesse uso informal de plantas. Isso nos remete ao uso caseiro de plantas medicinais, aos
saberes tradicionais, à medicina popular, isto é, aos usos feitos a partir de experiências e saberes passados
de geração para geração, e em grande parte passados oralmente (MACHADO, 2009).
Estudos científicos ao redor do mundo têm comprovado a eficácia das plantas medicinais e da fitoterapia no
tratamento das mais diversas doenças que afligem o ser humano. No Brasil, a regulamentação desta prática
medicinal veio com a elaboração pelo Ministério da Saúde, da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, aprovada pelo Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, (BRASIL, 2006). Esta lei prevê o uso
correto e seguro das plantas medicinais e de fitoterápicos, além de promover pesquisas no âmbito
científico. Além disto, traz uma lista com 66 plantas medicinais que podem ser utilizadas e distribuídas pelos
serviços de saúde, elucidando aspectos como dose, preparação e contraindicações. Dentre as plantas
citadas, oito delas são indicadas para cicatrização de feridas, com comprovadas ações terapêuticas. Dentre
as principais, destacam-se a Anacardiumoccidentale L., Caesalpiniaferrea Mart., Casearia sylvestrisSw.,
SchinusterebinthifoliaRaddi,
Stryphnodendromadstrigens
(Mart.)
Coville,
Calendulaofficinalis
L.,
Maytenusilicifolia Mart. exReissek e Polygonumpunctatum Elliott (PIRIZ et al., 2014).
O tratamento fitoterápico de feridas pode representar uma forma econômica e eficaz de minimizar estes
males, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, atualmente, a prática do uso de plantas
medicinais é tida como a principal opção terapêutica de aproximadamente 80% da população mundial.
(TOMAZZONI, 2006). O mercado mundial desse grupo de drogas atinge vários bilhões de dólares anuais,
sendo que cerca de 25% dos medicamentos comercializados atualmente foram desenvolvidos a partir de
plantas (CALIXTO, 2003).
Os algoritmos representam uma forma eficiente de estruturar um método de tratamento. Possui uma
estrutura simples capaz de levar a uma rápida e eficiente tomada de decisão pelo profissional assistente.
Segundo o dicionário Houssais, um algoritmo pode ser definido por duas visões diferentes, de acordo com a
Matemática: “sequência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um número finito de
dados, permite solucionar classes semelhantes de problemas” e de acordo com a Informática: “conjunto das
regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um
número finito de etapas” (HOUAISS, 2009).
A construção de um algoritmo que classifique as plantas por finalidade de uso e distinção entre os tipos de
feridas levaria à seleção de plantas mais confiáveis, gerando uma matriz que classificará e
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FACULDADE DECIÊNCIAS
MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO
GARCIA COUTINHO Continuação do Parecer:1.133.797
conectará tratamentos fitoterápicos disponíveis. Em um trabalho, constatou-se que a importância do uso dos
algoritmos está nas informações sobre diferentes aspectos, nas respostas a diferentes questões e na
geração de diferentes soluções que proporcionam (CARVALHO et al., 2009).
Objetivo da Pesquisa:
Construir e validar um algoritmo para tratamento de ferida com plantas medicinais.
Desenvolver um software (aplicativo) para tratamento de ferida com plantas medicinais.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Os riscos serão mínimos quando comparados com os benefícios do trabalho e poderão ser decorrentes do
possível desconforto em relação aos participantes quanto aos seus posicionamentos.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
A pesquisa apresenta alta relevância científica e social e poderá ser um avanço técnico-científico na área de
feridas e está consoante com algo que é extremamente importante na realidade brasileira, que é o uso de
plantas medicinais.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Estão presentes todos os documentos de apresentação obrigatória de forma correta, adequada e completa.
Recomendações:
Considerando que foi inserido o documento que estava em falta e que era a Folha de Rosto referente a este
trabalho, não há recomendação alguma a ser pronunciada.
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Com a inserção da Folha de Rosto, que se encontrava em falta, o presente estudo poderá ser aprovado.
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
63
FACULDADE DECIÊNCIAS
MÉDICAS DR.JOSÉ ANTÔNIO
GARCIA COUTINHO Continuação do Parecer: 1.133.797
Considerações Finais a critério do CEP:
Os autores deverão enviar ao CEP um relatório parcial e um final da pesquisa de acordo com o cronograma
apresentado no projeto.
POUSO ALEGRE, 01 de Julho de 2015.
Assinado por:
Ronaldo Júlio Baganha
(Coordenador)
64
Fontes Consultadas
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Ferreira LM. Elaboração e apresentação de teses. São Paulo: ed. LMP,2008.
ICMJE- International Committee of Medical Journals Editors. Uniform requirement for
manuscripts submitted to biomedical journal. Disponível no endereço eletrônico:
http://www.icmje.org
Michaelis: Dicionário inglês. São Paulo: ed. Melhoramento; 200.
Terminologia Anatômica. TERMINOLOGIA Anatômica Internacional. São Paulo; ed.
Manole Ltda.; 2001.248p.
Kinupp VF, e Lorenzi H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de
identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. 2014. 768p
Lorenzi H, Matos FJ. e Francisco JM. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2002.
512p.
65
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