INTRODUÇÃO Uma alimentação adequada é o ponto de partida

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INTRODUÇÃO
Uma alimentação adequada é o ponto de partida para uma vida saudável. Na verdade, nós
somos o que nós comemos. Os diversos estudos na área da saúde realizados nas últimas
décadas demonstram claramente a relação de uma série de doenças com maus hábitos
alimentares. O diabetes, a prisão de ventre, o câncer de intestino, o aumento do colesterol
no sangue, a pressão alta e a obesidade, entre outras, são exemplos de doenças que podem
ser evitadas através de uma boa alimentação. Portanto, a prática de uma alimentação
saudável é de grande importância para a preservação da nossa saúde.
Muito bem, e o que seria uma alimentação saudável? A resposta a esta questão é o objetivo
deste texto. Queremos que ao final desta leitura vocês consigam responder a esta questão
além de ter noções básicas sobre alimentação saudável. Para isto abordaremos vários
aspectos da prática alimentar que servirão de base para sua compreensão sobre alimentação.
GRUPOS DE ALIMENTOS
Para compreender a importância de cada alimento para o nosso organismo, é necessário que
conheçam os diferentes grupos de nutrientes e qual sua função no organismo. Os grupos de
alimentos são:
1. CARBOIDRATOS:
São os responsáveis pelo fornecimento de energia ao nosso organismo. Quando o alimento
é digerido, este forma glicose, nossa principal fonte de energia. Esta é utilizada para o
desempenho das funções orgânicas, desde a atividade das células e o funcionamento dos
órgãos, até o trabalho muscular. Onde encontrar:
- Alimentos que contém açúcar (refinado, mascavo, mel, melado e etc.).
- Cereais: arroz, trigo, cevada, aveia, milho, centeio.
- Tubérculos: batata, aipim, cará.
- Pães e farináceos em geral.
- Verduras e frutas.
2. PROTEÍNAS:
São responsáveis pela renovação e crescimento das células além de participarem da
formação de hormônios e enzimas, substâncias que auxiliam no funcionamento do nosso
organismo. São elas também que nos defendem das infecções, pois nossos anticorpos são
formados por proteínas. Portanto, as proteínas têm função de estrutura e defesa. Onde
encontrar:
- de origem animal: leite e derivados (queijo e iogurte), carnes (boi, ave, peixe) e ovos
- de origem vegetal: leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão de bico e soja).
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3. GORDURAS:
Como os carboidratos, também são fontes de energia. Estes nutrientes são a nossa energia
de reserva. Quando sobra energia no organismo, ela é acumulada na forma de gordura. Por
isto quando comemos demais engordamos. As gorduras também desempenham outras
funções importantes no organismo. Elas transportam vitaminas pelo sangue, formam a
gordura do corpo (que protege os nossos órgãos, músculos, nervos e ossos contra traumas, e
mantém a temperatura do corpo) e formam o colesterol (fundamental para a produção de
alguns hormônios). Onde encontrar:
- De origem animal: manteiga, creme de leite, banha, gordura aparente nas carnes,
embutidos, peles de aves e peixes. (gorduras saturadas)
- De origem vegetal: óleos (soja, arroz, milho, girassol, canola, gergelim, oliva),
margarina, gordura de coco, azeitona, amendoim, noz, castanha, amêndoa e avelã.
De todos os tipos de gordura, a trans é a mais nociva a saúde. Seu consumo está associado a
uma série de doenças, como infarto, derrame, diabetes tipo 2 entre outras. São encontradas,
principalmente nos alimentos industrializados. O consumo desse tipo de gordura não deve
ultrapassar mais que 2g de gordura trans/dia.
Encontramos a gordura trans em: sorvetes, chocolates, bolachas, salgadinhos e etc.
VITAMINAS, MINERAIS E FIBRAS:
Estes componentes dos alimentos têm função reguladora, ou seja, auxiliam no bom
funcionamento do nosso organismo através da regulação de uma série de funções celulares.
Abaixo detalhamos as principais funções de cada uma destas substâncias:
Fibras: servem para regular o funcionamento do intestino, além de auxiliar a absorção e o
metabolismo dos nutrientes. Sua passagem pela digestão proporciona:
• Maior tempo na mastigação, favorecendo a limpeza dos dentes e diminuindo a
incidência de cáries;
• Sensação de saciedade, evitando o exagero nas refeições;
• Aumento dos movimentos intestinais, evitando a prisão de ventre, hemorróidas e outras
doenças do intestino.
Onde encontrar:
- Talos de verduras e legumes crus;
- Frutas inteiras com cascas e/ou bagaço (laranja, tangerina, abacaxi, maçã, manga e
etc.);
- Frutas secas (ameixa, figo, uva passa e etc.);
- Cereais integrais (arroz, trigo, aveia e etc.);
- Leguminosas (feijão, soja, lentilha e etc.).
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Vitaminas e minerais: participam do metabolismo celular e ajudam na absorção e
aproveitamento dos nutrientes para o organismo. Abaixo descreveremos as funções das
principais vitaminas e minerais.
• Vitamina A: protege a visão, a pele e participa na defesa do organismo. É encontrada
nos legumes, frutas amarelas e nas verduras verde-escuras.
• Complexo B: formado por 10 vitaminas. Auxilia na geração de energia e tem
importante papel para o sistema nervoso e para as células do sangue. É encontrada nas
verduras de folha, tomate, banana, beterraba, morango, laranja, maçã, melão, abóbora e
levedura de cerveja. A vitamina B12 é encontrada no fígado, ovos e carnes.
• Vitamina C: ajuda a manter a integridade dos vasos sanguíneos e a estrutura das
cartilagens e ossos. Também auxilia na cicatrização e na absorção do ferro durante a
digestão. Como atua no sistema imunológico, diminui a sensibilidade a infecções. É
encontrada nas frutas cítricas (limão, laranja e etc.), tomate, pimentão e repolho.
• Vitamina D: é essencial para o crescimento e desenvolvimento do organismo.
Importante para o crescimento ósseo e manutenção do esqueleto, ajudando na
prevenção da osteoporose. É encontrada na manteiga, gema de ovo e peixes.
• Vitamina E: tem ação antioxidante, ou seja, reduz a formação de substâncias que
contém oxigênio, que em grande quantidade podem ser prejudiciais ao organismo. Por
isto, ajuda a proteger as células contra doenças como o câncer, previne o
envelhecimento do organismo. É encontrada nas hortaliças verde, semente, germes de
cereais e óleos vegetais.
• Vitamina K: atua na coagulação sanguínea. Sua falta pode ocasionar sangramentos. É
encontrada nas folhas verdes e queijos.
• Ferro: é um mineral presente nas células vermelhas do sangue, por isto, sua falta pode
causar anemia. Sua função é transportar oxigênio do pulmão para as células. É
encontrado principalmente no fígado e nas carnes vermelhas.
• Cálcio: é um mineral importante na formação dos ossos e dentes. Sua falta pode causar
osteoporose. É encontrado principalmente no leite e seus derivados (queijos e iogurtes).
4. ÁGUA:
É responsável pelo transporte dos nutrientes presentes nos alimentos, assim como, dos
resíduos gerados pelo funcionamento das células. Portanto, poderíamos dizer que a água
nutre e limpa o nosso organismo. É através dela que os nutrientes chegam até as células, é
ela quem recolhe o lixo das mesmas células para ser eliminado através da urina, fezes e
suor. A água é encontrada em todos os alimentos. Mesmo os alimentos sólidos contêm
água, porém em menor proporção.
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COMENDO CORRETAMENTE
Conhecer os diferentes grupos de alimentos não basta para a prática de uma boa
alimentação. É indispensável que você saiba combiná-los, pois é da correta combinação dos
alimentos que chegaremos a uma alimentação saudável. Em princípio, não existem
alimentos proibidos, o que deve existir é o respeito às quantidades ideais de cada alimento a
ser ingerido durante um dia. A partir desta atitude se consegue uma alimentação equilibrada
e, portanto, saudável. Se as recomendações para a boa alimentação não forem seguidas, a
dieta se desequilibra e aparecem as doenças.
Uma ferramenta útil para a compreensão de como combinar os alimentos é a pirâmide
alimentar. Um desenho que contém todos os grupos de alimentos e que informa as
quantidades ideais a serem ingeridas por dia de cada grupo.
Observando a pirâmide você encontrará a quantidade de cada grupo de alimento que você
deve ingerir a cada dia. Assim, o grupo dos carboidratos, que se encontra na base da
pirâmide, deve ser o principal componente da nossa dieta, pois é a nossa principal fonte de
energia. Ao contrário, formando o topo da pirâmide, está o grupo de óleos, gordura,
açúcares e doces, que são o grupo de alimentos que devem ser consumidos com moderação.
Os três conceitos principais da alimentação equilibrada são:
• Variedade: definida pelo consumo de uma grande diversidade de alimentos dentro e
entre os maiores grupos. Em outras palavras, nenhum tipo de alimento é mais ou menos
importante do que qualquer outro.
• Moderação: definida como o consumo de alimentos na quantidade recomendada, isto é,
respeito ao número de porções indicadas, especialmente aqueles ricos em gorduras e/ou
açúcares adicionados.
• Proporcionalidade: definidas como o consumo relativamente maior dos grupos
alimentares maiores e menor dos grupos menores.
RECOMENDAÇÕES PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
•
Consumir os alimentos de forma variada e colorida (prato colorido), evitando a
monotonia alimentar. Desta forma, ingere-se maior variedade de nutrientes e evita-se a
recusa alimentar nas crianças.
•
Escolha uma dieta pobre em gorduras. O excesso de gorduras pode levar ao excesso de
peso e obesidade, assim como, ao excesso de gorduras no sangue (dislipidemias ou
colesterol alto). Para evitar que isto ocorra:
Diminuir a quantidade de óleo usado no preparo dos alimentos;
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Diminuir ou evitar o uso de óleos ou azeites para temperar saladas;
Diminuir o uso de temperos e molhos prontos como maionese e outros;
Diminuir a quantidade de margarina, manteiga, patês ou maionese usada no pão e ou na
bolacha;
Evitar o consumo diário ou em grande quantidade de doces que contém muita gordura
como chocolate, sorvetes, bolos e tortas recheadas com creme de leite ou chantilly;
Evitar o consumo habitual de lanches ricos em gorduras como salgados fritos, chips,
bolacha recheada, fast-foods e etc.;
Apenas uma vez por semana consumir frituras e alimentos ricos em gorduras saturadas
e trans.
Evitar carnes gordas e o consumo da pele das aves.
•
Prefira uma dieta rica em produtos de grãos, vegetais e frutas, pois são excelentes
fontes de vitaminas, minerais e fibras. Para isto, coma diariamente frutas, verduras e
legumes, de preferência crus, além de incluir em seu cardápio, produtos integrais.
•
Escolha uma dieta moderada em açúcar. Para isto, evite ter na dispensa guloseimas
como chocolate, bolachas, balas, bolos, sorvetes, refrigerantes e etc.
•
Modere na quantidade de sal na sua dieta. Para isto diminua o uso de sal no preparo da
comida e evite o consumo de embutidos e conservas.
•
Recomenda-se realizar 5 refeições diárias: café da manhã, lanche, almoço, lanche e
janta, desta forma não correrá o risco de ingerir grande quantidade de alimento de uma
só vez.
•
Evite beliscar ou associar as refeições a outras atividades como ver TV, estudar ou usar
o computador. Estes hábitos podem levá-lo a comer mais do que o necessário.
•
Coma devagar, mastigue. Desta forma, você facilita a digestão que já se inicia na
mastigação e evita o consumo excessivo de alimento (a rapidez na ingestão dos
alimentos prejudica a sensação da saciedade).
•
Beba água. Recomenda-se a ingestão de 8 copos de líquidos por dia, de preferência
após as refeições. Evite tomar refrigerantes junto às refeições. Este hábito prejudica a
absorção do ferro dos alimentos. O uso abusivo de refrigerantes a base de coca. Pode
favorecer o aparecimento futuro de osteoporose.
•
Não esqueça do cálcio. Ingerir diariamente leite e seus derivados previne a osteoporose.
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•
Ao adquirir os produtos alimentares, durante a compra, não esqueça de verificar os
rótulos, que contém informações nutricionais importantes para sua saúde e o prazo de
validade do produto.
Para finalizar, procure comer com prazer. Isto não significa comer sempre seus alimentos
preferidos, mas aprender a gostar dos demais alimentos, aquele que você gosta mais ou
menos. Além disso, experimente alimentos que ainda não fazem parte dos seus hábitos
alimentares. Acredite. Isto pode ser muito legal!
* Este texto foi escrito pela Dra Deisi Maria Vargas - Endocrinologista Infantil
Contribuição: Nutricionistas Adriana Seixas de Oliveira Mello/ Patrícia Campos Silva /
Mônica Hela Berner da Silva.
RECOMENDAÇÕES PARA UMA ALIMENTAÇÃO SEGURA
Se faz necessário observar alguns aspectos no processo de preparo e consumo destes
alimentos. Temos que ter alguns cuidados para evitar acidentes.
Preparo – Lavar bem as frutas e verduras para retirar os agrotóxicos, insetos e outros
contaminantes que possam estar nestes alimentos. Depois colocar as frutas e verduras de
molho de 10 a 15 minutos numa mistura de água com água sanitária (para cada 1 litro de
água colocar 1(um) ml de água sanitária). Depois deste tempo, enxaguar os alimentos com
água limpa e deixe secar. Se as frutas e verduras forem guardadas molhadas, elas
apodrecerão mais rápido. Recomenda-se também lavar todos os alimentos (embalagens)
antes de guardá-los na geladeira ou armário.
Dê preferência a frutas e verduras da época, custam menos e o transporte contribui para
aumento da poluição pela emissão de monóxido de carbono.
Observar a validade dos rótulos e a aparência dos conteúdos para evitar o consumo de
alimentos estragados
Cozimento – No fogão manter as panelas com os cabos fora do alcance de crianças e após
o cozimento, ao transportá-los, proteger as mãos do calor e tomar cuidado para não
derramar o alimento quente.
Para realizar frituras e ferver água, usar a boca de trás do fogão.
Para economizar gás, tampar as panelas e utilizar as bocas pequenas para panelas pequenas,
bocas grandes para as panelas grandes. Após o início da fervura manter a tampa entreaberta
para evitar o transbordamento do líquido que pode apagar o fogo.
Alimentos que necessitam de cozimento em panela de pressão, esta só pode ser aberta após
resfriada.
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Quando realizar cozimento, aquecimento e outros processos no forno de microondas,
observar o tempo necessário para cada alimento, a fim de evitar superaquecimentos e
explosão de alimentos encapsulados. Ex. ovos, pinhão e etc.
Para acender o carvão na churrasqueira, substituir o álcool por um guardanapo de papel
embebido em azeite de cozinha usado.
Consumo – Os alimentos devem ser bem mastigados evitando colocar pedaços muito
grandes na boca, pois podem provocar asfixia por obstrução das vias aéreas. Servir os
alimentos numa temperatura que não cause queimaduras de boca e língua.
Especial atenção deve ser dada a carnes que possuem pequenos ossos, principalmente
peixes, cujos espinhas podem provocar lesões na garganta.
Crianças menores devem ter o acompanhamento de um adulto para alimentar-se e
preferencialmente utilizar talheres arredondados nas pontas evitando assim ferimentos com
materiais pontiagudo.
Cuidado especial tem que se ter com crianças pequenas ao consumir milho, azeitona,
amendoim, frutas com sementes grandes ou caroço, evitando engasgos
Balas e pirulitos (em forma arredondada) devem ser evitados, pois podem causar engasgo(
impedindo as vias respiratórias. Se consumir outros, que seja esporadicamente.
Não jogar cascas de frutas no chão, ou qualquer tipo de alimento pois poderão provocar
escorregões que possam por em risco a sua segurança e a segurança dos demais.
Quando estiver comendo dê preferência a ambientes adequados. Alimentar-se em
movimento poderá ocasionar engasgos.
Recomendações gerais
Os botijões de gás devem ficar fora da cozinha em local seco, ventilado e suas conexões
devem ser a prova de vazamentos, garantindo a prevenção de incêndio. Para verificar se há
vazamento, passe espuma de sabão na válvula.
Ao sentir cheiro de gás, não acenda a luz, não risque fósforo, primeiramente abra as janelas
e remova o botijão para lugar ventilado.
Quando for acender a chama do fogão, habitue-se a primeiro acender o fósforo e depois o
gás.
Quando estiver na cozinha, manter preferencialmente crianças distante do fogão, gás,
gaveta de talheres, pois tais situações podem ser geradoras de acidentes.
Ter sempre cuidado com álcool ou produtos químicos inflamáveis, jamais manter próximo
a chamas e sempre fora de alcance das crianças.
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OBESIDADE
NA
INFÂNCIA
UMA
MULTIDISCIPLINAR E COMPORTAMENTAL
ABORDAGEM
Até bem pouco tempo, a obesidade infantil não era avaliada como uma situação de risco
de saúde e em muitos países era indicativa de melhor padrão social. Em 1966, a
International Obesity Task Force (IOTF) começou a analisar os relatórios de obesidade
infantil de alguns países do mundo e, em 1997, observou-se que havia poucas informações,
poucos critérios para definir obesidade infantil; sem uma definição estabelecida haverá
pouco progresso no reconhecimento da magnitude do problema ou na monitorização desta
evolução.
Na busca de padrões de referência para normatizar diagnóstico, estabeleceu-se que
Índice de Massa Corporal (IMC) avaliado através de curvas de percentís conforme o sexo e
a idade seriam interessantes para distinguir crianças obesas das normais. Ficou estabelecido
que crianças com Índice de Massa Corporal nos percentís 90, 95 e 97 seriam consideradas
obesas.
Como o risco de manter-se obeso aumentava após os 5 anos de idade, a IOTF preferiu
concentrar-se nas crianças com 5 anos ou mais. Vários estudos confirmaram o risco de que
a obesidade depois dos 5 anos poderia perdurar na fase adulta.
FATORES QUE AFETAM A INCIDÊNCIA DA OBESIDADE INFANTIL
Todos sabem que as crianças obesas são vítimas de brincadeiras por parte de seus
companheiros. Esta “desvantagem” é mais acentuada para as meninas quando iniciam a
puberdade e são mais sensíveis quanto à sua aparência. Os problemas físicos do excesso de
peso na infância só são objetos de consulta médica nos casos mais extremos, quando
impede as crianças de participar das atividades esportivas ou quando se queixam de “dores
nas costas”. Atualmente sabe-se que as crianças com excesso de peso terão, na
adolescência, pressão arterial mais elevada, taxas de colesterol, glicose, triglicérides e
insulina mais elevadas.
A identificação das crianças de risco de se tornarem adultos obesos proporcionou a
oportunidade de prevenir ou retardar o aparecimento de doenças decorrentes do excesso de
peso.
Estudos recentes nos EUA mostram que caso as crianças cheguem à idade adulta com
um IMC de 29 ou mais o risco de desenvolverem diabetes é 30 vezes mais elevado do que
nos de peso normal. Este risco cresce 80 vezes se tais jovens adultos obesos ainda
aumentam em 20 quilos ou mais nos 14 anos seguintes.
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• Fatores Familiares.
Está bem comprovado que a obesidade dos pais tem associação com a obesidade das
crianças. O comportamento sedentário das crianças, a falta de atividade física, horas
passadas diante da televisão, jogos de vídeo e computador, comer em frente à televisão tem
contribuído para o acúmulo de peso progressivo nas crianças. O fator alimentar, com dietas
com elevado teor energético, associado à predisposição familiar e/ou inatividade física tem
que ser avaliado individualmente para cada criança.
Existe um componente genético importante no desenvolvimento da obesidade. Quando
os pais são obesos, os filhos têm 80% de chance de serem obesos, quando um dos pais é
obeso o risco é de 50%, e se os pais são magros a possibilidade genética é de 5%.
Não existe evidência clara para uma maior influência genética materna do que paterna
na obesidade infantil, ambos os pais parecem contribuir para o risco. O aumento da
obesidade nas famílias pode ser seguido por até 3 gerações e a probabilidade de uma
criança magra desenvolver obesidade aumenta muito quando os outros irmãos são obesos.
Os hábitos alimentares dos pais têm influência sobre a ingestão de nutrientes dos filhos
em idade pré-escolar. As preferências alimentares da mãe influenciam o hábito alimentar e
consequentemente as alterações de peso de suas filhas. O nível de atividade física paterna e
de seus filhos na idade pré-escolar também tem influência sobre o ganho de peso das
crianças entre 3 e 5 anos de idade.
Vários estudos mostram que crianças alimentadas com leite materno têm menor
probabilidade de estarem com sobrepeso ou obesas na idade escolar do que as alimentadas
com fórmulas infantis.
•
Fatores Ambientais
A família e outros ambientes socialmente influentes interagem com a predisposição
genética para a obesidade infantil. A família é a principal origem de fatores ambientais que
determinam o equilíbrio energético em crianças pequenas. Uma criança predisposta
geneticamente à obesidade que viva num meio social em que tem livre acesso a alimentos
hipercalóricos e cuja família tende a ser sedentária, corre maior risco de ser obesa do que
outra criança com predisposição genética, mas fisicamente ativa e com alimentação
equilibrada.
Os programas ambulatoriais de perda de peso para crianças de 7 a 13 anos avaliam:
estado civil dos pais, número de filhos, educação e trabalho dos pais, peso dos pais, número
de obesos na família, tipo de alimentação, atividade física, relações interfamiliares, diálogo
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familiar. Todos os programas enfatizam que a disponibilidade dos pais é um fator chave
para o sucesso.
O efeito que o peso dos pais tem no sucesso dos programas de perda de peso de seus
filhos pode ter ligação com a resistência dos próprios pais às mudanças em suas vidas e no
meio doméstico e que podem contribuir para o desequilíbrio energético da criança.
É responsabilidade dos pais oferecerem uma variedade de alimentos saudáveis às
crianças e diminuir a disponibilidade de alimentos que promovam a ingestão exagerada de
calorias. Assumir esta responsabilidade é particularmente importante caso exista tendência
à obesidade.
Pais que comem demais e muito rapidamente ou ignoram os sinais internos de saciedade
oferecem um pobre exemplo aos seus filhos. As famílias obesas parecem guardar mais
comida em todas as áreas apropriadas da casa. Por outro lado, os pais deveriam ajudar a
criança a desenvolver uma atitude positiva em relação à sua imagem corporal eliminando
observações ou comentários negativos sobre sua aparência física. Alguns trabalhos
mostram que as crianças podem influenciar os hábitos dos pais, desempenhando papéis
ativos na transmissão de mensagens no lar direcionada à melhoria nutricional.
O obeso é o “paciente identificado”, um personagem especial que pode ser usado para
desviar a atenção de tópicos familiares estressantes (“o malvado”, “o doente”, “o gordo”).
A sabotagem em família é uma queixa freqüente, algum parente traz alimentos não
recomendados para casa, “o problema não é meu”.
Em relação aos exercícios físicos, o combate ao sedentarismo promove uma redução
significativa do excesso de peso e da gordura corporal. A Academia Americana de Pediatria
recomenda que o tempo de televisão fosse limitado de 1 a 2 horas/dia. Os exercícios
aeróbicos (correr, andar, nadar) são mais eficientes do que os não aeróbicos (musculação).
Crianças negligenciadas correm maiores riscos de se tornarem adultos obesos do que as
que foram criadas com maior responsabilidade. Em um estudo avaliando crianças entre 1 a
10 anos de idade com obesidade severa no começo da infância freqüentemente pertencia a
famílias nas quais prevalecia uma ou mais das seguintes características: desagregação
familiar, separação da mãe e filho, transferência dos cuidados com a criança para outra
pessoa, depressão materna, negação de anormalidade do crescimento, hostilidade com
profissionais de saúde e acompanhamento médico inadequado. Em todos os casos o quadro
familiar encontrava-se deteriorado. As restrições alimentares a que a mãe se submetia e sua
percepção do risco de obesidade da filha; ditavam as práticas maternas de alimentação
infantil; predizia o hábito alimentar das filhas e seu peso relativo.
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RISCOS FUTUROS
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Hipertensão Arterial (pressão alta);
Doenças Cardiovasculares (doenças do coração);
Hiperlipidemias (aumento da gordura no sangue);
Diabetes Mellitus (diabetes);
COMO PROCEDER A MUDANÇA
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Essencial: Participação e supervisão dos pais.
Educação para a paternidade: confiança no modo de criar seus filhos,
oferecer meios para a criança dar vazão às atividades e exploração,
desenvolver a comunicação familiar, evitar comentários negativos, elogiar
comportamento e não atributos físicos e pessoais.
Mudanças no lar e ambiente familiar para criação de um ambiente mais
saudável.
Participação ativa dos pais em um programa de emagrecimento; os pais
devem modificar os próprios hábitos alimentares e de atividade física.
Participação de todos os membros da família às refeições, regularidade dos
horários das refeições e lanches, estabelecerem normas de alimentação diária.
Ensinar as crianças o tamanho apropriado das porções e promover atividades
de lazer ativa.
Reduzir as atividades de lazer sem atividade física (televisão,
videogame/jogos de computador, videocassete e/ou DVD).
Reestruturação dos hábitos alimentares.
Evitar ameaças e recompensas em alimentos.
Formação, em longo prazo, de uma estrutura de apoio e adoção de um estilo
de vida saudável.
Orientação aos pais quanto ao cardápio e alternativas, bem como valores
nutricionais dos alimentos e preparo das refeições.
Os pais devem orientar os filhos acerca do comportamento saudável fora de
casa, pois não podem controlar a conduta de seus filhos quando na casa de
amigos ou quando saírem para jantar fora.
Os pais devem compreender a frustração da criança decorrente de sua
obrigação permanente de modificar seus hábitos alimentares e de ser
diferente de seus companheiros, pois não podem comer como eles.
Reforçar auto-imagem positiva das crianças.
Tentar implementar um estilo de vida saudável e não apenas buscar a redução
de peso.
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OBJETIVO A LONGO PRAZO
A abordagem da obesidade infantil deve ser encarada sob uma perspectiva na qual toda
a família deve se inscrever.
É no ambiente familiar e doméstico que a criança adquire hábitos saudáveis, e os pais
são modelos.
Os programas de abordagem familiar da obesidade reforçam a liderança parental e a
capacidade de comunicação entre pais e filhos.
Para crianças pequenas com pais obesos, o aconselhamento deve concentrar-se na
prevenção da obesidade, independente do peso da criança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anais Nestlé, vol 62/2002 - Obesidade na Infância.
Monte, Osmar; Longui, Carlos Alberto; Calliari, Luis Eduardo Procópio. “Endocrinologia
para o Pediatra” - 2a edição, Editora Atheneu, São Paulo, 1998, p. 286-290.
Vilar, Ana Paula Ferreira; Valverde, Maria Andréia; Fisberg, Mauro; Lemes, Sandra
Ozeloto. “Uma Medida de Peso - Manual de Orientação Para Crianças e Adolescentes
Obesos e Seus Pais” - 1a edição, Editora Celebris, 2002.
* Este texto foi escrito pela Dra Maria Cláudia Schmitt Lobe - Endocrinologista Pediátrica
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