título do resumo - Anais Unicentro

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IDENTIFICAÇÃO DA MICROBIOTA BACTERIANA E CITOLOGIA
CONJUNTIVAL DE CÃES SADIOS DE BANDEIRANTES, PARANÁ
Gustavo Maschio, Ademir Zacarias Junior, Geovana Rizzo Cosenza, Paulo
Fernandes Marcusso, Rogério Salvador, Francielle Gibson da Silva Zacarias
(Orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Norte do Paraná - CLM / Departamento de
Veterinária e Produção Animal / Bandeirantes, PR.
Medicina Veterinária – Anatomia e Anatomia Patológica Veterinária com
ênfase clínica
Palavras-chave: isolamento, bactéria, microbiologia
Resumo:
O conhecimento da microbiota ocular pode auxiliar, de forma racional e
preventiva, o início da terapia mais apropriada. Neste estudo, a conjuntiva
ocular foi avaliada por exames microbiológicos de identificação e citologia.
Foram coletadas amostras conjuntivais de 36 cães, machos e fêmeas, com
idade entre 1 a 7 anos. As bactérias mais prevalentes foram as Gram
positivas,
com
isolamento
de
Staphylococcus
spp
(62,32%),
Corynebacterium spp (21,74%) e Streptococcus spp (8,69%). Apenas 37
(51,39%) amostras da citologia conjuntival apresentaram celularidade, como
neutrófilos (5,55%), mastócitos (5,55%), plasmócitos (4,17%), linfócitos
(33,34%) e eosinófilos (2,78%).
Introdução
A superfície ocular é composta pela córnea, porção rostral da esclera e pela
conjuntiva. Esta mucosa recobre as superfícies internas das pálpebras
superior, inferior e terceira pálpebra e a porção anterior do globo ocular,
adjacente ao limbo1. A conjuntiva é uma barreira natural aos microrganismos
e tem função na proteção mecânica da superfície ocular, dinâmica da
lágrima, proteção imunológica dos olhos, movimentação ocular e
cicatrização corneana. Apresenta elevada densidade de vasos sanguíneos e
linfáticos favorecendo a atuação de neutrófilos e linfócitos em caso de lesão.
Sua superfície é revestida por uma camada de mucina, produzida por
células caliciformes epiteliais que protegem a superfície ocular, aprisionando
detritos e bactérias2. É a mucosa mais exposta do organismo, o que facilita
sua agressão por microrganismos patogênicos4.
A microbiota no olho sadio é variável e tem a função de manutenção
da saúde ocular prevenindo a multiplicação de agentes potencialmente
patogênicos, pela competição por nutrientes e secreção de substâncias com
propriedades antimicrobianas3. A localização geográfica, sazonalidade,
clima, raça, nutrição e lesão ocular podem interferir no equilíbrio da
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microbiota normal do olho sadio, podendo favorecer as bactérias
patogênicas5. Estudos da microbiota ocular em cães clinicamente sadios
mostram as bactérias Gram-positivas, especialmente do gênero
Staphylococcus, além de Corynebacterium e Streptococcus como as mais
frequentes2,5.
O conhecimento da microbiologia ocular em cães auxilia inicialmente,
durante a infecção, na utilização racional e preventiva da terapia mais
apropriada4.
O exame citológico conjuntival é um importante meio complementar
de estudo para avaliar a integridade conjuntival6. Em animais sadios é rara a
presença de neutrófilos e linfócitos na citologia conjuntival, podendo estar
relacionado com a sanidade do tecido ou com a presença de agentes
etiológicos e pode ajudar a diferenciar conjuntivites bacterianas, virais e
alérgicas. Frequentemente é útil no diagnóstico precoce das doenças
oculares, evitando a utilização de procedimentos invasivos ou com custo
elevado1,2,7.
Materiais e métodos
No período de agosto de 2009 a março de 2010, foram estudados 36 cães
(18 machos e 18 fêmeas) com idade entre 4 meses à 7 anos, e sem
afecções oculares. Após anamnese realizada junto ao proprietário, os cães
foram submetidos à exame físico completo e avaliação oftalmológica com
lanterna, lupa, teste de Schirmer e fluoresceína para a exclusão de doenças
sistêmicas e oculares.
A coleta de material biológico para bacteriologia foi realizada com
“swabs” de algodão hidrófilo estéril pressionados contra o saco conjuntival
inferior dos dois olhos, sem o contato com o rima palpebral ou com as
pálpebras. O pré-cultivo foi realizado em tubos contendo 5 mL de meio
“Brain Heart Infusion” (BHI) e mantidos a 37ºC por 24 horas, sendo
posteriormente semeados em ágar sangue e MacConkey, incubadas a 37ºC,
em aerobiose, por até 72 horas. As amostras que não apresentaram
crescimento bacteriano nesse período foram consideradas negativas.
A identificação das bactérias isoladas foi realizada pela observação
das características morfotintoriais e provas bioquímicas. As bactérias Gramnegativas foram identificadas pelo kit comercial Bactray® (Laborclin).
Para o exame citológico as amostras foram coletadas do mesmo
modo. Foi realizado “imprint” dos “swabs” em lâmina de microscopia e o
material foi corado pelo método de Giemsa. A leitura das lâminas foi
efetuada com microscópio óptico em aumento de 1000x em óleo de imersão.
Resultados e Discussão
Das 72 amostras coletadas, houve crescimento bacteriano em 69 (95,83%).
As bactérias Gram positivas foram isoladas em 64 (92,75%) amostras e as
Gram negativas em apenas 5 (7,25%). Os isolamentos de bactérias Gram
positivas foram Staphylococcus spp (62,32%), Corynebacterium spp
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(21,74%), Streptococcus spp (8,69%), enquanto as Gram negativas foram
Acinetobacter spp (2,89%), Cedecea lapagei (1,45%), Pseudomonas
putrefaciens (1,45%) e Salmonella spp (1,45%).
Os Staphylococcus são bactérias presentes na microbiota conjuntival,
pele, trato respiratório, sistema genital e conduto auditivo. Apresentam
elevado potencial patogênico e na presença de fatores predisponentes
podem acarretar doenças oculares externas como conjuntivite e ceratite2.
Os resultados obtidos neste estudo são compatíveis aos encontrados
na conjuntiva normal de cães sadios de Fortaleza, Ceará, que mostraram o
predomínio de Staphylococcus spp (55%), Pseudomonas spp (11,4%) e
Corynebacterium spp (6,8%) em animais sadios8. Na China, estudos com
cães sadios mostraram Staphylococcus spp como a bactéria mais prevalente
em 57,08%, seguida por Corynebacterium spp 13,33%, Streptococcus spp
12,08%.
Entre as bactérias Gram negativas observadas em afecções oculares
externas, a Pseudomonas spp é a que apresenta maior patogenicidade.
Neste estudo, houve o isolamento deste gênero em apenas uma amostra,
porém, na presença de lesão ocular ou comprometimento dos mecanismos
de defesa, pode acarretar inflamação intensa e perda de visão, com graves
lesões corneanas1,2,9.
O isolamento de bactérias intestinais, como Salmonella spp,
compondo a microbiota ocular em um animal sugere contaminação
ambiental, refletindo a higiene do meio em que esse animal era mantido.
Estudo semelhante relata o isolamento de Salmonella spp em 2,63% das
amostras10.
O exame da citologia conjuntival em cães pode revelar células
epiteliais características, células inflamatórias, presença de mucina e até
mesmo corpúsculos de inclusão2. A citologia ocular fornece informações
diagnósticas importantes da doença oftalmológica, reforçando a
necessidade do exame em casos de conjuntivite.
Em cães sadios linfócitos e neutrófilos são raros7, porém com a
presença de alterações conjuntivais, neutrófilos, linfócitos e plasmócitos
podem ser associados a doenças com causas bacterianas, virais ou
alérgicas2.
Neste estudo, apenas 37 (51,39%) amostras da citologia conjuntival
apresentaram celularidade, como neutrófilos (5,55%), mastócitos (5,55%),
plasmócitos (4,17%), linfócitos (33,34%) e eosinófilos (2,78%), decorrente da
ausência de processo infeccioso ativo. A prevalência aumentada de
linfócitos, em relação aos outros tipos celulares, pode ser decorrente da
técnica utilizada para coleta da amostra biológica, pois o uso de “imprint” ou
“swab” de algodão por rolamento na conjuntiva aumenta o número de
linfócitos no exame11.
A presença de células no exame citológico conjuntival pode ser um
indicador de doença infecciosa existente e auxiliar no acompanhamento da
recuperação clínica do paciente.
Conclusões
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Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que as
bactérias Gram positivas foram as mais prevalentes na população estudada,
especialmente os Staphylococcus,assim como em outras pesquisas
realizadas. Este resultado auxilia na instituição de terapia oftalmológica
apropriada e eficaz. A confirmação do número reduzido de células no exame
citológico da conjuntiva em animais sadios, demonstra que o aumento da
celularidade pode ser um indicador de doença infecciosa existente e auxiliar
no acompanhamento da recuperação clínica do paciente.
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1
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