GEOGRAFIA BÍBLICA Capítulos I. II. III. PARTE I 1. 2. 3. 4. 5. 6. PARTE II I. 1. 2. 3. 4. 5. 6. II. 1. 2. 3. III. 1. 2 3. IV. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. VI. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Anexo I Anexo II Temas INTRODUÇÃO..................................................................................................... CONCEITO........................................................................................................... A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA BÍBLICA.................................................... FONTES DE ESTUDO DA GEOGRAFIA BÍBLICA............................................ O MUNDO ANTIGO............................................................................................. Limites.......................................................................................................... Extensão, Localidades e Características do Mundo Bíblico........................ Relevo.......................................................................................................... Hidrografia.................................................................................................... Desertos....................................................................................................... Cidades........................................................................................................ PALESTINA................................................................................................. GEOGRAFIA FÍSICA DA PALESTINA.............................................................. Nomes.......................................................................................................... Localização.................................................................................................. Limites.......................................................................................................... Superfície..................................................................................................... Os Montes.................................................................................................... Hidrografia.................................................................................................... GEOGRAFIA ECONÔMICA DA PALESTINA.................................................... Reino Vegetal............................................................................................... Reino Animal................................................................................................ Reino Mineral............................................................................................... GEOGRAFIA HUMANA DA PALESTINA........................................................... Os Habitantes Primitivos da Palestina......................................................... Povos Vizinhos da Palestina no Tempo da Conquista................................. As Cidades Palestínicas.............................................................................. COSTUMES ORIENTAIS – ESPECIALMENTE OS PALESTINOS................... A Família Hebraica ..................................................................................... A Vida Social Hebraica ................................................................................ Moradia........................................................................................................ Mobília......................................................................................................... Alimentação................................................................................................. Indumentária................................................................................................ Dinheiro da Terra Santa .............................................................................. Sepultamento e luto...................................................................................... GEOGRAFIA POLÍTICA DA PALESTINA.......................................................... Origem dos Hebreus.................................................................................... Palestina ao Tempo da Conquista e dos Juizes.......................................... Divisão Política no Período dos Dois Reinos............................................... Divisão Política no Período dos Dois Reinos............................................... A Palestina no Período de Judá Sozinho..................................................... A palestina Durante o cativeiro e a Restauração........................................ A Palestina no Período Grego ..................................................................... A Palestina sob o Domínio dos Romanos, ou a Divisão Política do Tempo do Novo Testamento................................................................................... A Palestina Desde os Tempos Bíblicos Até os Nossos Dias....................... Questionário....................................................................................................... ANEXOS............................................................................................................... ARQUEOLOGIA BÍBLICA................................................................................... CADERNO DE MAPAS DO MUNDO BÍBLICO................................................... 1 INTRODUÇÃO I. CONCEITO Geografia Bíblica é a parte da Geografia Geral que tem por objetivo o conhecimento das diferentes áreas de superfície da Terra, relacionadas com a Bíblia. II. A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA BÍBLICA A importância do estudo da Geografia está no auxílio que ele nos oferece na apreciação, compreensão e interpretação dos fatos bíblicos, pois se trata do cenário terreno e humano da revelação Divina, ou, como diz J. Mackee, “painel bíblico em que o Reino de Deus na terra teve o seu início e onde experimentou os seus triunfos”. Localizando, fixando e documentando os relatos sagrados, a Geografia Bíblica completa as informações, dando-lhes mais consistência e autenticidade, bem como novo relevo e perspectiva mais viva. Dizem que Renan, depois de suas duras críticas aos evangelhos, resolveu estudar os acontecimentos neles descritos nos locais onde eles se desenrolaram afinal, entre confundido e comovido, não pode dizer menos que a chamar a Palestina de “o quinto evangelho”. Daí a razão por que dizemos que o estudo da Geografia Bíblica é imprescindível para tudo e qualquer estudante sério das Sagradas Escrituras, pois, “com esse auxílio os acontecimentos históricos tornam-se vívidos, as profecias mais expressivas e as alusões da poesia Bíblica mais inteligíveis”. 1. O Porquê Dessa Importância: a) A Geografia é o palco terreno e humano da revelação Divina. É ela que juntamente com a cronologia situa a mensagem no tempo e no espaço, quando for o caso; b) Ela dá cor ao relato Sagrado, ao localizar, situar, fixar e documentar os mesmos. Através dela, os acontecimentos históricos tornam-se vívidos e as profecias mais expressivas. O ensino da Bíblia torna-se objetivo e de fácil comunicação quando podemos apontar, mostrar e descrever os locais onde os fatos se desenrolam. Ex: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó” (Lc 10.30; Dt 1.7). Aí nós temos uma profunda aula de geografia da terra prometida. c) O estudo da Geografia Bíblica da Palestina e nações circunvizinhas esclarece muitos fatos e ensinos constantes das Escrituras. d) As nações vêm de Deus, logo o estudo deste assunto à luz da Bíblia é propício sob todos os pontos de vista. (Dt 32.8; At 17.26). III. FONTES DE ESTUDO DA GEOGRAFIA BÍBLICA a) A Bíblia – É a fonte principal. Ela faz menção de inúmeros lugares, fatos, acidentes geográficos, povos, nações, cidades, etc. É evidente que isso merece um cuidadoso estudo. A Bíblia contem capítulos inteiros dedicados aos assuntos. Ex: Gn 10; Nm 33.34; Js 15-21; Ez 45-47. Um problema com que se defronta o estudante nesse assunto, é o fato de grande número de países, cidades, regiões inteiras e outros elementos geográficos terem atualmente novos nomes. Ex: A antiga Pérsia é hoje o Irã. A Assíria é parte do atual Iraque. A Ásia do N.T. é hoje a Turquia. A Dalmácia do tempo de Paulo (2Tm 4.10) é hoje a Iugoslávia, e assim sucessivamente. b) A Arqueologia Bíblica (ver anexo) – Esta tem prestado enorme contribuição para a elucidação de dificuldades bíblicas, e trazido à tona a história de povos do passado, considerando como lendários, como dos Hititas, Mitânicos e Hicsos. c) História Geral – Aqui é preciso cautela. Muitos manuais hoje em uso no estudo secular estão eivados de erros, por seus autores desconhecerem a Bíblia. d) A Cartografia – A ciência dos mapas. Certas editoras especializadas, editam Atlas e mapas bíblicos apropriados ao estudo da Geografia Bíblica. Os mapas mais importantes do mundo bíblico são os quatros seguintes: 2 O Mundo Bíblico do Antigo Testamento; O Mundo Bíblico do Novo Testamento; A Palestina do Antigo Testamento; A Palestina do Novo Testamento. e) A Fotografia – Este é outro elemento de grande valor no estudo da Geografia Bíblica. PARTE I - O MUNDO ANTIGO O mundo antigo ou mundo bíblico compreende todos os povos antigos mencionados na Bíblia e que habitavam a área banhada pelo Mediterrâneo (Grande Mar) e aquelas que ficam entre este, o Mar Negro (Euxino), o Mar Cáspio (Mar Setentrional), Golfo Pérsico (Mar Meridional) e Mar Vermelho (denominado pelos romanos de Mar Eritreu). Considerando que o relato bíblico de ambos os Testamentos abrange desde a Espanha, o ponto mais ocidental do programa de atividades missionárias do apóstolo Paulo, até a Pérsia, país mais oriental com que esteve relacionado o povo de Israel, e desde o Ponto, província mais setentrional da Ásia Menor, ao sul do Mar Negro, cujo povo estava representado em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.9), até o extremo sul da Arábia, onde, provavelmente, ficara a lendária terra de Ofir, tantas vezes mencionada na Bíblia, podemos dizer que as expressões mundo antigo e mundo bíblico são praticamente sinônimas. 1. LIMITES Em termos gerais, pode-se delimitar a área do mundo antigo da seguinte maneira: Norte - Uma linha reta que começa na Espanha, passa pelo norte da Itália e Mar Negro e vai até o mar Cáspio; Leste - Uma linha reta que parte do Mar Cáspio, e, passando pelo Golfo Pérsico, vai até o Mar Arábico; Sul - Uma linha reta que, partindo do Mar Arábico, vai na direção oeste, passando pela Etiópia e terminando no deserto da Líbia, no continente africano; Oeste – Uma linha reta que parte do sul do deserto da Líbia e termina na Espanha, abrangendo o Egito e as regiões do norte da África. Em termos mais específicos, diríamos que a referida área fica situada entre 5º oeste e 55º leste, entre 10º e 45º latitude norte. 2. Extensão, Localidades e Características do Mundo Bíblico São as seguintes as regiões do mundo antigo, ligadas a Revelação, e suas características: 1) Mesopotâmia – Literalmente “entre rios”, é a vasta região do oeste asiático margeada pelos rios Tigre e Eufrates, que se estende desde os montes da Armênia, ao norte, até o Golfo Pérsico, ao sul, de cerca de um milhão e meio de quilômetros quadrados. Agora, apreciemos, separadamente, as duas subdivisões da Mesopotâmia: a) Assíria – Região de planalto montanhoso em quase toda a área, recebeu o seu nome de Assur, filho de Sem e neto de Noé (Gn 10.11). A sua mais antiga cidade e capital foi Assur, em torno de cujo distrito desenvolveu-se o país, que em épocas diferentes tem possuído diferentes dimensões. b) Babilônia ou Caldéia – Conhecida também pelos nomes antigos de Sumer, Acade, Terra de Sine ou de Sinear. Região baixa e alagadiça, extremamente fértil devido ao lodo depositado pelos rios Tigre e Eufrates, especificamente na parte sul, e também devido à irrigação artificial produzida por um sistema de canais. Seus habitantes primitivos foram os sumérios, vindos do planalto persa que, fundindo-se com os acádios, formaram o povo mais tarde chamado babilônio. Arábia – Esta é uma região de imensos desertos que se estende desde a foz do rio Nilo até o Golfo Pérsico, no sentido oeste-leste, e desde a Síria até o Golfo Arábico, no sentido norte-sul. Foi na parte ocidental da Arábia, também chamada Arábia Pétrea – incluindo-se nela a península do Sinai e Edom – que 3 os israelitas peregrinaram durante 40 anos e onde foi dada a lei por intermédio de Moisés. “Partes do Oriente” (Gn 25.6), e como os hebreus antigos chamavam a Arábia. Os seus habitantes primitivos foram os amalequitas, os edomitas (ou idumeus), os israelitas, os midianitas, os amonitas e os cenitas, pertencendo a estes últimos o sogro de Moisés, Jetro. Cada um desses povos, alguns nômades e outros semi-nômades, constituía um pequeno reino. No extremo sul da Arábia provavelmente ficava a lendária terra de Ofir, célebre pelo seu ouro, tantas vezes mencionada na Bíblia. A meio caminho entre o Golfo de Acaba e o mar Morto, ficava a cidade mais importante da chamada Arábia Pétrea – quiçá de toda a Arábia – Sela ou Petra, ao Oriente do monte Hor, em cujo cimo morreu Arão, irmão de Moisés. 2) Pérsia – Primitivamente, a região era pequena. Situada a nordeste do Golfo Pérsico, a sudeste da Babilônia e Elão, ao sul da Média, tendo a leste a Carmânia, a Pérsia é desconhecida nos relatos bíblicos. Hoje a região é ocupada pelo Irã moderno. Sabemos, porém, que o império persa chegou a abranger toda a Ásia Ocidental, Grécia e Egito. A capital mais antiga era Pervagada ou Perságada, e depois Persépolis, e até Susã, antiga capital de Elão. Depois da queda do império babilônico sob o poder medo-persa, Ciro, rei persa, foi quem decretou o repatriamento dos judeus; ordenando ao mesmo tempo a reconstrução do templo e a restituição dos vasos sagrados que Nabucodonozor, rei da Babilônia, havia tomado (Ed 1.1-11; 5.13-15). Foi na Pérsia que tiveram lugar os acontecimentos descritos no livro de Éster. 3) Elão ou Elam – País antigo, ao qual os gregos denominavam Suziânia, limitando-se ao sul com o Golfo Pérsico; a oeste com o rio Tigre – portanto com Babilônia e Assíria – ao norte com a Média e a leste com a Pérsia. Segundo provas arqueológicas, sua capital, Susã, foi fundada cerca de 4000 a.C. Em épocas diferentes, pertenceu aos impérios vizinhos, como Assíria, Babilônia e Pérsia. Quedorlaomer, que aprisionou Ló, e em cuja perseguição saiu Abraão, derrotando-o, era rei de Elão (Gn 14). É uma região montanhosa e relativamente fértil. Hoje é província do Irã. 4) Média – Esta região ficava no norte do Elão, a leste da Assíria, ao sul do mar Cáspio e partes da Armênia, e a oeste da Partia, que hoje corresponde à moderna província persa de Khorasan e que ao tempo do império romano marcava o limite oriental do mesmo. Há uma única menção dos partas na Bíblia, em Atos 2.9, onde se faz referência aos povos representados em Jerusalém no dia de Pentecostes. Grande parte da Média é uma vasta planície com cerca de 1.000 metros de altitude coberta de ricas pastagens, os medos, em tempos remotos, viviam divididos em muitas tribos, portanto, sem governo central, sem exército, sem vida organizada. 5) Armênia ou Arará – Esta região abrange extensas e altas serras ao norte da Média, Assíria e Síria, tendo a Ásia Menor e o mar Negro a oeste, o mar Cáspio a leste, e ao norte, as montanhas do Cáucaso. Nesta região encontram-se as cabeceiras dos rios Tigre e Eufrates, a provável área do Éden e o Monte Arará – na parte nordeste – onde descansou a arca de Noé no fim do dilúvio (embora alguns dicionaristas afirmem que a arca desceu sobre “um dos montes de Arará, ignorando-se qual seja”). 6) Síria ou Arã (hebraico) – Localiza-se a sudoeste da Armênia, a leste da Ásia Menor e do Mediterrâneo, ao norte da Palestina e a oeste da Assíria e partes da Arábia, cortada na direção norte-sul pela cordilheira do Líbano, paralela a costa do Mediterrâneo, que apresenta duas divisões: Líbano – a mais ocidental, a Ante-Líbano – a oriental, em cujo extremo sul fica o célebre Monte Hermom. Os dois rios mais importantes da região correm entre as duas divisões do Líbano: Orontes, para o norte e depois oeste, passando perto da cidade de Antioquia e desaguando no Mediterrâneo; e o Leontes, para o sul repentinamente desviando o seu curso para o mesmo mar. 7) Fenícia – Esta região era uma nesga de terra entre o Mediterrâneo a oeste, a cordilheira do Líbano ou Síria a leste, Palestina ao sul, e Síria ao norte até a pequena ilha de Arada, onde ficava a cidade de Arvade, medindo, em média, 25 km de largura por 250 km de comprimento. As suas cidades principais citadas no Antigo Testamento são Tiro e Sidom. 8) Palestina ou Canaã – É a região banhada pelo mar Mediterrâneo a oeste, tendo ao norte a Fenícia e a Síria, e a leste e sul a Arábia, sendo que ao sul também fica parte do Egito. As suas características serão estudadas detalhadamente mais adiante nesta apostila. 4 9) Egito – Certamente depois da Palestina, a terra que mais se salienta na Bíblia, do ponto de vista histórico e religioso, é o Egito. Isto porque está intimamente ligado à formação dos hebreus, um povo distinto e especialmente destinado a ser o instrumento da Revelação. A sua posição geográfica é o nordeste africano; tendo ao norte o mar Mediterrâneo, a leste partes da Palestina e Arábia – está separado pelo mar Vermelho ao sul, antigamente a Etiópia, hoje o Sudão, e a oeste a Líbia, com o seu imenso deserto, também conhecido pelo nome de Saara. O Egito foi o lugar da longa permanência dos descendentes de Jacó (430 anos), da qual os últimos 80 anos foram de dura escravidão. Das doze famílias dos filhos de Jacó já haviam se formado doze grandes tribos com cerca de dois milhões e meio a três milhões de pessoas. Dentre elas Deus levantou Moisés, a quem preparou maravilhosamente para ser o libertador do seu povo. 10) Etiópia – Região do oriente africano freqüentemente citada nas Escrituras Sagradas, compreendendo a área do alto Nilo, Sudão e Abissínia. Seus limites são: Egito, ao norte (modernamente Sudão); mar Vermelho ou Arábia, a leste; Líbia, a oeste; e partes orientais da África, ao sul, desconhecidas nos tempos bíblicos, hoje ocupadas pela Somália. 11) Líbia – É uma extensa região do norte da África, quase totalmente deserta, na costa do Mediterrâneo, a oeste do Egito, com limites ocidentais muito vagos. Seus habitantes são descendentes de Pute, filho de Cão, ou Lubim (Jr 46.9; Dn 11.43), povo dividido em pequenas tribos que mais tarde passaram a ser conhecidos como Líbios. Ao tempo dos romanos, a província era dividida em Líbia Marmárica (parte oriental) e Líbia Cirenaica (parte ocidental), sendo Cirene a capital. No dia de Pentecostes estavam presentes em Jerusalém alguns desta região (At 2.10). 12) Ásia Menor – É a enorme península do extremo ocidental do continente Asiático, banhada ao norte pelo Mar Negro, a oeste pelo Mar Egeu e ao sul pelo Mediterrâneo. A leste limita-se com a Armênia, extremo norte da Mesopotâmia e Síria, a região é um planalto elevado e pedregoso, rodeada de cadeias de montanhas que correm pela orla marítima e semeada de inúmeros lagos de água doce e salgada, razão esta por que há poucos rios de volume considerável, senão o Cidno que deságua no Mediterrâneo e a cujas margens ficava a celebre cidade de Tarso, terra natal de Paulo, o apóstolo e Caico, Hermo, Meandro e Caister (às margens deste último ficava situada a famosa cidade de Éfeso, capital de toda a região ao tempo do Novo Testamento) que despejam as suas águas no Mar Egeu. As províncias ou distritos em que os romanos dividiram a região eram as seguintes: ao norte – Ponto, Paflagônia e Pitínia; a oeste – Mísia, Lídia e Cária; ao sul – Lícia, Panfíia, Cilícia (cuja cidade principal era Tarso); no centro e a leste – Frígia, Galácia, Pisídia, Licoânia e Capadócia. Todas estas Províncias a leste da Mísia e Lídia também eram conhecidas simplesmente como Ásia. Foi esta região o grande palco de atividades missionárias de Paulo e seus companheiros, bem como a área em que se encontravam as “sete igrejas da Ásia” referidas no livro de Apocalipse. Hoje o moderno estado da Turquia abrange toda esta área. 13) Grécia ou Hélade - É a península do sudeste europeu, banhada a leste pelo mar Egeu, ao sul pelo Mediterrâneo e a oeste pelo mar Jônico. Ao norte ficava a Macedônia. A Grécia é toda recortada pelo mar, cercada por muitas ilhas e ilhotas, coberta de montanhas de declives abruptos, quase sem planícies e sem rios, podendo-se cultivar somente plantas que suportem os estios ardentes e secos dominantes. Os gregos – Também chamados helenos – são descendentes de Java, neto de Noé, que foi pai dos jônicos, uma das principais tribos na formação da raça Grega (juntamente com os Dóricos). A Grécia foi outro palco de atividades missionárias de Paulo, o apóstolo. 14) Macedônia – País que fica ao norte da Grécia, cuja história até antes de 560 a.C. pouco se conhece, mas que sobre o domínio de Filipe, o macedônio, e de seu filho Alexandre, “grande”, tornou-se potência mundial do seu tempo (360 a 323 a.C.). Limitava-se ao sul com a Grécia, a leste com o mar Egeu e com a Trácia, ao norte com os montes Balcânicos, e a oeste com partes de Trácia e Ilíaco. Hoje a região forma o norte da Grécia, da Iugoslávia e o sul da Bulgária e Turquia européia. O apóstolo Paulo, na sua segunda viagem missionária pela Ásia (51 d.C), solicitado por meio de uma visão (At 16.9), atravessou o mar Egeu e penetrou no continente europeu pela Macedônia, passando por Neápolis, Filipos, Anfípolis, Apolônia, Tessalônica e Beréia, deixando duas igrejas estabelecidas, em Filipos e Tessalônica. 5 15) Ilírico ou Ilíria – Esta região ficava a oeste da Macedônia, noroeste da Grécia e leste do mar Adriático, que a separa da Itália, e ao sul da Panônia, incluindo-se nela a Dalmácia. Segundo Rm 15.19, esta foi a região mais distante na direção norte que chegou Paulo com a mensagem do Evangelho. Modernamente esta região compreende a Albânia e Iugoslávia. 16) Itália – Esta é outra península do sul da Europa, no Mediterrâneo, tendo ao norte a cadeia dos montes Alpes, a leste o mar Adriático e a oeste o mar Tirreno. Na Itália está a célebre cidade de Roma, sua capital, que ao tempo do NT era também a capital do vasto e poderoso Império Romano. É região montanhosa, entremeada de vales férteis com rios abundantes, dos quais o principal Tibre, em cujas margens fica a cidade de Roma, fundada em 753 a.C. O pequeno reino foi-se estendendo até abranger toda a península. Em 190 a.C, os exércitos romanos invadiram a Síria, na Ásia Menor, e paulatinamente foram submetendo outras regiões ao poder romano. 17) Espanha – Esta região fica no extremo ocidental do mundo antigo, fazendo parte da chamada península Ibérica, no sudeste da Europa banhada ao sul pelo mar Mediterrâneo e ao norte pelo oceano Atlântico. Segundo alguns estudiosos, Tarais era a terra para onde se dirigia o profeta Jonas quando entendeu desobedecer ao Senhor, ficava ao sul da Espanha, perto da atual Gibraltar. Esta região também foi palco de perseguições atrozes aos cristãos, especialmente durante a Idade Média, com o estabelecimento dos tristemente célebres tribunais de inquisições. 18) Ilhas de Gentios ou Ilha do Mar – É designação aplicada na Bíblia às Ilhas do Mediterrâneo e mar Egeu, das quais as principais são: Creta, Chipre, Rodes, Patmos, Metileno, Samotrácia e, talvez, Maltra e Sicília, bem como de regiões mais remotas, pouco conhecidas aos tempos bíblicos. 3. Relevo Uma vez que vamos estudar separadamente – na parte II desta apostila – A Geografia da Palestina, trataremos neste tópico das montanhas extrapalestina do Mundo Antigo relacionadas com a história bíblica. Destas, as cinco mais importantes são as seguintes: 1) Arará – Fica no sudeste da Armênia e é célebre pelo encalhe da Arca de Noé. Tem cerca de 5.000m de altitude. Devemos notar, entretanto, que o texto bíblico em Gn 8.4 diz que a arca parou sobre “os montes de Arará”. Portanto, ignora-se o local exato do pouso da arca, embora a tradição aponte a montanha mais alta da região como tal e cujo nome é Arará. 2) Sinai ou Horebe – Localizado no extremo sudoeste da Ásia, na península do Sinai, que tem forma triangular e que é banhada por dois braços do mar Vermelho chamados de Suez e Golfo de Acaba, ficando este do lado oriental da península e aquele do lado ocidental. A península por sua natureza divide-se em duas partes: uma ao norte predominantemente deserta com leves elevações; outra ao sul, na qual predomina a topografia montanhosa, de elevações entre 1.000 e 2.000 mil metros de altitude, cortadas por vales de dimensões variadas cobertos de algumas vegetações em certas épocas do ano. É nessa região sul da península que se localiza o monte Sinai, também chamado Horebe. 3) Líbanos – A cordilheira dos Montes Líbanos, que corre paralelamente à costa oriental do Mediterrâneo, fica na parte ocidental da Síria, ao norte da palestina, e apresenta-se em duas divisões: 1 - Líbano e 2 - Ante-Líbano. Esta divisão não é conhecida nas Escrituras Sagradas, mas vem do tempo da dominação grega e persiste até hoje. A cadeia de Montanhas que fica a oeste é conhecida como Líbano e a que fica a leste como Ante-Líbano. A altitude de ambas as cadeias varia entre 1.900 e 3.300m. A sua extensão na direção norte – sul é de cerca de 180 quilômetros e na direção oeste – leste varia entre 20 e 30km em linha aérea. O vale que separa as duas cadeias de Montanhas toma nomes diferentes: ao sul é chamado do Leontes, por onde corre o rio do mesmo nome; pouco mais para o norte é conhecido como vale de Mispá, que se estende por entre os contrafortes das duas cadeias; e do centro para o norte toma o nome de vale do Orontes, pois que serve de leito para o rio do mesmo nome. Ao tempo de Josué o vale era conhecido simplesmente como vale do Líbano. Era famoso pela sua fertilidade. Nas encostas dos Líbanos cresciam os famosos cedros e as esbeltas faias, madeiras empregadas na construção do templo de 6 Salomão, cobertura de navios, palácios dos reis, instrumentos musicais e etc., por serem de grande duração. Os Montes Líbanos são freqüentemente citados nas Escrituras. 4) Hermom – Este Monte fica no extremo sul da cadeia dos Montes Ante-Líbanos, no limite sul da Síria e extremo norte da Palestina, também conhecida como Monte Sirion e monte Senir. Devido a sua altitude que atinge pouco mais de 3.000m (os dados oferecidos pelos vários autores divergem consideravelmente quanto à altitude deste Monte, oscilando entre 2.750 e 3.365m), sua escassa vegetação (exceto nas encostas inferiores onde a vegetação é extremamente rica) e sua cobertura permanente de neve e gelo, este monte se reveste de uma imponência majestosa, podendo ser avistada de muitas partes da palestina, Síria, Arábia, Fenícia e Mediterrâneo. Durante o inverno, o enorme véu da neve baixa até cerca de 1.500m. À medida que avança o verão, a neve vai derretendo, formando fios de água e riachos que descem pelas encostas e regam as partes inferiores do Monte e os vales, ficando no seu tríplice cume (formado por três elevações ou picos dispostos em triângulo) uma calota de gelo que reflete os raios solares, qual um espelho, a distâncias enormes. Acredita-se que a transfiguração de Jesus teve lugar em algum ponto da encosta sul deste Monte, embora a tradição aponte o Monte Tabor, na Galiléia. Pelas numerosas ruínas de templos dedicados a Baal e outros deuses pagãos encontradas ao seu redor, pode-se concluir que em tempos antigos, Hermom foi de fato um Monte Sagrado, como é o significado de seu nome. Atualmente seu nome é Jebel-esh-Sheik, isto é, o Monte chefe. Hermom tem um papel importante na formação do clima da região, principalmente da Palestina, como catalisador das correntes de ar quente e úmido vindas do Mediterrâneo e precipitador das mesmas em forma de orvalho denso em áreas mais próximas e chuvas abundantes em regiões próximas e distantes. Isto, devido à baixa temperatura reinante em suas culminâncias. 5) Seir - Na realidade Seir não é um Monte isolado e sim uma serra de Montanhas que corre na direção norte – sul na região de Edom, na Arábia ocidental (durante a dominação Romana denominada Arábia Pétrea), entre o sul do Mar Morto e o extremo norte do Golfo de Acaba, cuja altitude varia entre 300 e 2.000m. Na encosta leste, um pouco afastado da serra, mas pertencendo ao mesmo sistema, fica o Monte Hor, a terra da promessa. Nas Montanhas de Seir, provavelmente na sua parte norte, habitava Esaú, irmão de Jacó. Na região central dos Montes Seir ficava a cidade-fortaleza Petra, também conhecida como Sela, posto militar guardião das fronteiras meridionais do Império Romano. 4. Hidrografia 4.1. Rios Na vasta área do Mundo Antigo podemos considera quatro rios importantes: Nilo, Tigre, Eufrates e Jordão. 1. Nilo – De cerca de 6.500 quilômetros de comprimento, o Nilo é o rio mais extenso do Mundo, tendo suas nascentes na região dos grandes lagos da África Equatorial, por onde se estendem os seus dois braços chamados, Nilo Branco e Nilo Azul e seus afluentes. O Nilo corre na direção sulnorte através do Egito, desaguando no Mediterrâneo através de um vasto estuário de 250 km de largura, formado pelos três braços (antigamente eram sete), denominado delta. As chuvas produzidas pelas nuvens formadas sobre o oceano Índico e levadas pelos ventos sobre as cordilheiras da África Oriental e Equatorial faziam transbordar o Nilo e seus afluentes, levando para o Egito o aluvião fertilizante das vertentes das montanhas. O transbordamento do Nilo nas regiões áridas do Egito e conseqüentemente abundância das colheitas notadamente na região do delta, era considerado pelos egípcios, obra dos seus deuses. 2. Tigre (gr.) ou Hidéquel (Hebraico) – Este é o rio que, nascendo nas Montanhas da Armênia, corre na direção sudeste, banhando o lado oriental da Mesopotâmia até juntar-se com o rio Eufrates cerca de 160 km antes do Golfo Pérsico. Devido a mudança no leito do rio através dos tempos – quer pelos meios naturais (inundações), quer pelos artificiais (canalização) - e também preferenciais de suas diversas nascentes, o percurso total do Tigre varia entre 1.780 e 2.300 km, segundo os dados oferecidos pelos diversos autores. Nos tempos remotos ele desaguava 7 diretamente no Golfo Pérsico, mas, devido ao aluvião formado na Baixa Mesopotâmia hoje despeja suas águas no Eufrates, que daí para frente recebe o nome de Shat-el-Arabé. Em sua margem esquerda, na altura do seu terço superior ficam as ruínas da antiqüíssima cidade de Nínive, cuja história começa no terceiro Milênio a.C., e no seu terço inferior, na margem direita, fica a cidade de Bagdá. Fora os primeiros de gênesis, pouquíssimas referências Bíblicas ao Tigre. 3) Eufrates – Também conhecido como o “Grande Rio”. As suas nascentes formam-se no maciço montanhoso na Armênia. De início, o rio corre para o Ocidente, chegando a uma distância de apenas 93 km do Mediterrâneo. Depois toma a direção sudeste, atravessando a célebre cidade de Babilônia a cerca de 140 km de seu estuário. O curso total deste rio também varia entre 2.880 e 3.330km, segundo diversos autores. Aparentemente esta diferença se explica pelas mesmas razões citadas com referência ao comprimento do rio Tigre. Na época da maior, glória do domínio hebreu, o rio Eufrates era o seu limite nordeste. Também constituía o limite Ocidental na Mesopotâmia. Devido à diferença de nível do Eufrates e do Tigre, foi construído pelos antigos um sistemas de canais, tornando assim o vale da Mesopotâmia extremamente fértil, especialmente na região sul, ou Baixa Mesopotâmia, também chamada Caldéia. Todos os anos os dois rios depositam uma faixa de terra no fundo do Golfo Pérsico fazendo-o recuar. Calcula-se que desde os tempos de Abraão, quando a sua cidade – Ur - era porto marítimo, o Golfo Pérsico tenha recuado cerco 250 km. Também o Eufrates nos tempos antigos desaguava diretamente no Golfo Pérsico. Hoje, cerca de 160 km ao norte do referido golfo junta-se com o Tigre e daí em diante é chamado Shat-el-Arab. 4) Jordão – Este é o rio da terra santa, inúmeras vezes referido nas Escrituras Sagradas. É formado por várias nascentes nas encostas noroestes e oeste do monte Hermom - sendo as quatro principais a Bareighit, a de Hasbani, Leda e Banias - e corre na direção norte – sul. No seu percurso total de cerca de 340 km pelo leito sinuoso através dos lagos – o de Meron (atualmente chamado Hulé) e o da Galiléia - desaguando no Mar Morto. A peculiaridade do Jordão é que este é o único do mundo cujo leito é inferior ao nível do mar. A depressão começa desde a 3 km ao sul das águas de Meron e continua cada vez mais acentuada até chegar a 426 metros no Mar Morto, cuja profundidade chega a 400 metros. Portanto trata-se de uma depressão de 826 metros, sendo a mais profunda do Globo terrestre. (Mais adiante, quando tratarmos dos rios da Palestina, o Jordão será apreciado com mais detalhes). Há outros três grandes rios no Mundo Antigo, de importância para a Geografia Bíblica, são eles: Leontes e Orontes, na Síria – o primeiro correndo no seu último trecho pelo limite norte de Canaã e o segundo banhando a cidade de Antioquia – e Tibre, na Itália, em cuja margem esquerda fica a cidade de Roma. 5. Desertos Na Bíblia encontramos várias referências a desertos, e isto em virtude das peregrinações dos patriarcas e do povo de Israel, bem como da formação de Moisés, o grande guia do povo de Deus, que se efetuou especialmente nos desertos do Êxodo. A idéia de deserto entre os Judeus abrangia três aspectos distintos, a saber: Yeshimon – deserto absoluto, onde não há possibilidade de sobrevivência animal ou vegetal; Heraboth – lugar devastado, desértico, em conseqüência de destruição, é o caso de cidades destruídas pela guerra; Midbar ou Arabh – deserto com certas possibilidades de vida animal ou vegetal que, na época chuvosa do ano transformava-se em campo viçoso procurado pelos pastores para pastagem de seus rebanhos. Os Israelitas peregrinaram 40 anos em desertos deste tipo. Aqui abordaremos os desertos extrapalestínicos, deixando os Palestínicos para mais adiante, quando tratarmos da geografia da Palestina. Os desertos extrapalestínicos relacionados com as narrativas Bíblicas podem ser divididos em dois grupos, tomando-se a linha Mar Morto – Golfo de Acaba como divisória: 1. O Grupo do Oeste Shur (Ex 15.2), que alguns identificam como o de Etam (Ex 13.20), estende-se pelo noroeste da península do Sinai, ao longo da fronteira nordeste do Egito e costa oriental do Mar Vermelho (Golfo de Suez) – à altura do seu terço superior. Sin, que é o prolongamento do anterior na direção sul da costa oriental do mesmo mar, abrangendo o terço médio da mesma. 8 Sinai, que abrange toda a parte sul da península, incluindo o monte Sinai, bem como a parte oriental da mesma até o fundo do golfo de Acaba. Parã, que cobre todo o centro da península, deslocando-se um pouco para nordeste da mesma. Cades ou Cades-Barnéia, pequena área ao norte de Parã e leste Shur. Zim, a leste de Cades. Estes dois últimos desertos constituíam o limite sul da Palestina, também conhecido pelo nome de Neguebe. Berseba, pequeno deserto em torno da cidade de Berseba, o marco meridional da Terra Santa. A expressão, “de Dã a Berseba” era a maneira de definir a extensão norte-sul do território palestínico. 2. O Grupo Leste Idumeu, que fica a sudeste do mar morto. Moabe, A noroeste do mesmo mar. Quedemote,ao norte de Moabe. Diblate, Beser, cuja localização é desconhecida, são desertos de pouquíssima importância histórica e que são mencionados apenas acidentalmente. 6. Cidades O estudo das cidades do Mundo Antigo requer que as dividamos em dois grupos: a) o grupo extrapalestínico; e b) o grupo palestínico. A essa altura do nosso estudo vamos focalizar as do primeiro grupo, ou seja, extrapalestínicos. Porém antes façamos uma descrição geral das cidades bíblicas. ANEXO 1 – CADERNO DE MAPAS CANAÃ 9 O MUNDO ANTIGO O REINO UNIDO DE ISRAEL 10 DIVISÃO TERRITORIAL O ÊXODO 11 EGITO E SINAI 12 ÊXODO II 1ª E 2ª VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO 13 EXPANSÃO DA IGREJA 14 VIAGEM DE PAULO A ROMA 3ª VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO 15 REINO UNIDO DE ISRAEL 16 IMPÉRIO BABILÔNICO, PERSA E GREGO IMPÉRIO ASSÍRIO 17 18