NEIDE OKOK

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ESTUDO DAS MODALIDADES TERAPÊUTICAS EM PACIENTES
COM CÂNCER ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA
UTP – NEOPLASIAS MALIGNAS ESPECÍFICAS
Professor
Neide Mariko Tanaka
Estudante
Mariana Scheraiber - UTP
Alvaro Tortato - UTP
Colaboradora
Maria Fernanda de Lima e Silva
INTRODUÇÃO: O câncer é uma das principais causas de mortalidade em animais
domésticos na atualidade (WITHROW, 1989). Com a melhoria dos cuidados higiênicosanitários e veterinários, os animais domésticos estão vivendo mais e tornando-se mais
suscetíveis a doenças de aparecimento tardio como tumores. Alguns animais, por
exemplo, o cão, desenvolvem tumores duas vezes mais frequentemente que o homem
(GILLETTE, 1982). Modelos animais para estudo de neoplasias usualmente envolvem a
indução artificial de tumores por agentes químicos e virais que nem sempre reproduzem
das condições de desenvolvimento espontâneo dos tumores. Animais com tumores
espontâneos propiciam uma excelente oportunidade para estudar aspectos etiológicos e
terapêuticos da doença. Tumores espontâneos de animais domésticos são,
consequentemente, modelos comparativos atrativos (RICHARDSON, 1983 e
GILLETTE, 1982) porque: 1) animais domésticos compartilham o meio ambiente com
os seus proprietários e os mesmos fatores etiológicos podem estar envolvidos na gênese
dos tumores em diferentes espécies (por exemplo: radioatividade); 2) os animais podem
servir de sentinelas para mudanças nos padrões do desenvolvimento de tumores
observados em humanos. Por exemplo: o aumento da contaminação do meio ambiente
com o herbicida ácido 2,4- dichlorophenoxiático comumente usados na agricultura
provocou um aumento na ocorrência de linfoma não Hodgkins em seres humanos e de
linfosarcoma em cães em Massachussets E.U.A. (MOORE, 1996); 3) várias neoplasias
compartilham as mesmas características fisiológicas e metabólicas em seres humanos e
animais domésticos (VAIL, 1990); 4) alguns tumores desenvolvem-se mais rapidamente
em animais do que seres humanos (por exemplo: adenocarcinoma mamário em gato),
permitindo um estudo mais completo e a mais curto prazo da afecção.
Consequentemente, o comportamento biológico e a reposta à terapia podem ser
estudados mais facilmente em animais e os resultados serem extrapolados para estudos
prospectivos no homem. Tumores espontâneos de animais também são um excelente
modelo para o câncer humano em termos de antigenicidade, fatores de crescimento e
extensão de diferenciação celular (WITHROW & VAIL, 2007). O estudo
epidemiológico da distribuição da doença em populações e os fatores que determinam a
distribuição contribuem para esclarecer a etiologia, identificar os grupos de risco e
aplicar medidas preventivas apropriadas (O’DONNELL et al, 1992). Os fatores
genéticos, exposição a radiações ultravioleta, parasitas como o Spirocerca lupi,
carcinógenos químicos como o asbestos, são exemplos de fatores de risco para a
manifestação do câncer em uma população (MAcEWEN, 1989). É através dos estudos
estatísticos de suas suscetibilidades que poderemos elucidar a manifestação desta
doença na população estudada (REEVES et al, 1995). Em um estudo epidemiológico de
neoplasias em animais na cidade de Alameda County, Califórnia, E.U.A. com 100.000
cães e gatos, esta patologia ocorreu em 40% dos cães e 16% dos gatos (DORN, 1968).
O Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) atende muitos
pacientes diagnosticados com câncer. A caracterização epidemiológica é um fator
importante para que medidas preventivas possam ser implementadas e a eficácia da
terapia empregada na determinação de prognósticos mais precisos. Este trabalho teve
como objetivo realizar um estudo retrospectivo sobre as neoplasias em animais
domésticos e as modalidades terapêuticas do Hospital Veterinário da Universidade
Tuiuti do Paraná.
Modalidades terapêuticas comumente utilizadas no tratamento do câncer: Cirurgia remoção cirúrgica de tumores é a mais comum e a abordagem mais valiosa em tumores
de tecidos ósseos, podendo ser usada em tecidos moles e tecidos ósseos; algumas vezes
curativo, se o processo da doença está localizado e detectado precocemente.
Quimioterapia: é o uso de certas drogas únicas, ou em combinação para controlar o
crescimento tumoral. Todas as drogas atualmente administradas em animais são drogas
anti-neoplásicas humanas. Felizmente, muitas das conseqüências negativas do uso
destas na medicina humana não são testadas em medicina veterinária. A quimioterapia
e/ou cirurgia são duas das mais importantes modalidades terapêuticas na medicina do
câncer veterinário. A combinação das terapias pode ser indicada em certos tipos de
câncer. Alguns cânceres requerem especificidade, número restrito de tratamentos
enquanto outros requerem a manutenção do tratamento para a sua remissão.
Radioterapia: consiste no uso de raio radioativo com a finalidade de danificar e/ou
matar células malignas de uma lesão localizada, podendo oferecer uma boa qualidade
em se tratando de tempo de remissão em muitos tipos de tumor, mas normalmente não
curam. Surpreendentemente, animais são tolerantes a terapia por radiação. Além das
modalidades tradicionais, o clínico deve ter conhecimento dos tratamentos avançados:
Modalidades biotecnológicas – Imunoterapia e Terapia molecular. Modalidades de
tratamento de tumors sólidos - Criocirurgia, Hipertermia, Terapia fotodinâmica.
Cuidados intensivos e suporte para pacientes oncológicos - Analgesia – controle da dor
e Nutricionais. Medicina alternativa ou complementar - Compostos botânicos.
Nutracêuticos, Acupuntura, Massoterapia, Homeopatia, Aromaterapia
e
Oxigenioterapia hiberbárica (WITHROW & VAIL, 2007).
MATERIAL E MÉTODOS: Foram examinadas 467 fichas de pacientes do Hospital
Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná durante o período de julho de 2008 e
primeiro semestre de 2009. Destas, foram retiradas as fichas de pacientes acometidos
por alterações oncológicas, totalizando 43 casos. As informações obtidas por meio das
fichas clínicas foram catalogadas em uma planilha e relacionadas: sexo, idade, raça,
esterilização, uso de contraceptivos, tipo de tumor, tipo de modalidades terapêuticas e
outros procedimentos pertinentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: No presente trabalho, observou-se que a ocorrência de
neoplasias está presente nos pacientes. Porém, os casos estão em número pequeno em
relação com o total de pacientes atendidos diariamente no Hospital Veterinário. Do total
de 43 casos estudados, a espécie mais acometida foi a canina 39/43 (92%), seguida da
felina 4/43 (8%). A maior incidência de câncer em pacientes da espécie canina, em
relação à espécie felina, do total de 43 casos estudados, a espécie mais acometida foi a
canina 42/43 (99,8%), seguida da felina 1/43 (0,01%). Em relação ao sexo, as fêmeas
foram as mais predispostas 32/43 (74,41%) e os machos 11/43 (25,58%). O
aparecimento do câncer não tem preferência por idade nos animais atendidos na UTP,
foram encontrados casos em várias idades, mas a maior recidiva foi em animais com 9
anos, totalizando 7 casos, seguido, com 6 casos em pacientes com 12 anos. A idade
média das fêmeas foi de 8,75 anos e a dos machos de 7,54 anos. A maioria das
alterações neoplásicas encontradas foi câncer mamário das pacientes, totalizando 33%
em relação aos demais tipos de tumores, que juntos, somam 67%. Entre todas as raças,
pudemos observar que o aparecimento de tumores não está relacionado com o padrão
racial das espécies. Podem ser encontrados em variadas raças e espécies, como em gatos
da raça Siamês onde surgiram 2 casos. Em relação aos cães, a maior incidência é
encontrada em cães da raça Cocker e SRD, ambos com 7 casos cada. A cirurgia é a
principal modalidade terapêutica realizada nos pacientes atendidos no Hospital
Veterinário da UTP. Porém, em poucos casos foi possível a realização desse
procedimento, a maioria dos animais não retornou à consulta, apenas 24% dos animais
realizaram a cirurgia. Observa-se um significativo aumento de casos oncológicos a cada
ano. A caracterização de raças e fatores pré-disponentes podem contribuir para que os
clínicos possam orientar os proprietários aos cuidados preventivos e observar os fatores
de risco quando realizarem as orientações clínicas conforme raça, idade, localização
tumoral e seu desenvolvimento.
CONCLUSÃO: Os resultados deste estudo retrospectivo permitem concluir que: dos
animais domésticos portadores de neoplasias, atendidos no Hospital Veterinário da
Universidade Tuiuti do Paraná, a incidência em cães é grande e sua distribuição em
fêmeas é maior do que em machos. Entre os fatores que determinaram o grupo de risco,
os cães da raça Cocker spaniel e Sem raça definida, e idosos, são os mais acometidos.
As neoplasias mamárias são as mais freqüentes e as fêmeas não esterilizadas, idosas ou
que faziam uso rotineiro de contraceptivos parecem ter maior predisposição ao
desenvolvimento neoplásico. A esterilização precoce é uma medida importante para a
prevenção. A modalidade terapêutica mais utilizada é a cirúrgica. Estudos serão
necessários para desvendar por meio de métodos diagnósticos e identificar os fatores de
risco para os clínicos realizarem as orientações clínicas e medidas preventivas
apropriadas para conduzir terapias eficazes e os fatores prognósticos.
Palavras-chave: neoplasias; estudo retrospectivo; modalidades terapêuticas; animais.
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