Fundamentos de Marketing

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Professor Paulo Alexandre de Oliveira
Fundamentos
de Marketing
Gilbert A. Churchill Jr.
J. Paul Peter
Edição Especial
00_fundamentos de marketing_E.indd I
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Fundamentos de marketing / organizador Paulo Alexandre de
Oliveira ; Gilbert A. Churchill Jr., J. Paul Peter. – São Paulo : Saraiva, 2010.
"Edição especial"
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Apresentação
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se
uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o
compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a
integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais;
a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da
consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo
docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos
ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão;
processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a
educação continuada.
Com o objetivo de contribuir com o conhecimento, o NEAD – Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar – apresenta este projeto de customização, que
por meio de livros didáticos, com a participação de autores e professores especialistas nas diversas áreas do conhecimento, leva ao aluno o conteúdo de uma
maneira que incentiva a leitura e o estudo.
Prof. Wilson de Matos Silva
Reitor
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Sumário
Introdução .....................................................................................................................................1
1 Marketing: criando valor para os clientes ....................................................... 11
O que é marketing? ..........................................................................................................................13
Quais são as orientações tradicionais de marketing? ..........................................................15
O que é marketing voltado para o valor? .................................................................................19
O que é administração de marketing?.......................................................................................27
Resumo .................................................................................................................................................30
2 Planejamento de marketing e estratégia organizacional ............................ 33
Planejando a estratégia organizacional ....................................................................................35
Analisando o portfólio organizacional ......................................................................................43
Marketing e outras áreas funcionais no processo de planejamento estratégico ......46
Administração da atividade de marketing ...............................................................................49
Estimando a demanda.....................................................................................................................53
Resumo .................................................................................................................................................58
3 Pesquisa de marketing: informacão e tecnologia ........................................ 61
Informação para um marketing eficiente .................................................................................63
O processo de pesquisa de marketing ......................................................................................72
Aplicando as novas tecnologias ...................................................................................................81
Considerações éticas ........................................................................................................................83
Pesquisa de marketing global ......................................................................................................88
Resumo .................................................................................................................................................88
4 Comportamento do consumidor ...................................................................... 91
O processo de compra do consumidor .....................................................................................93
Tipos de tomadas de decisão dos consumidores ..................................................................99
Influências sociais ............................................................................................................................101
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Influências de marketing ............................................................................................................................. 111
Influências situacionais ................................................................................................................................ 113
Resumo .............................................................................................................................................................. 116
5 Segmentando o mercado ..............................................................................................119
A necessidade de segmentação de mercado ...................................................................................... 121
Segmentando mercados de consumo ................................................................................................... 126
Segmentando mercados organizacionais ............................................................................................. 135
O processo de segmentação de mercado ............................................................................................. 138
Resumo .............................................................................................................................................................. 144
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Introdução
Professor Paulo Alexandre de Oliveira
Uma breve história sobre o mercado
A palavra mercado tem suas origens em diversas civilizações e povos antigos.
Provavelmente, a principal herança venha do ato de trocar bens materiais. Seu
significado, de acordo com os principais autores de dicionários da língua portuguesa, engloba:
• Lugar público onde negociantes expõem e vendem gêneros alimentícios e artigos de uso rotineiro;
• Estabelecimento onde se negocia(m) determinada(s) mercadoria(s);
• Reunião de negociantes em lugar público;
• O conjunto dos negócios realizados;
• Lugar (país, cidade, povoado) importante em matéria de negócios e transações
financeiras;
• Centro de comércio, empório;
• Concepção das relações comerciais baseada essencialmente no equilíbrio de
compras e vendas, segundo a lei da oferta e da procura;
• Lugar teórico onde se processam a oferta e a procura por determinado produto
ou serviço;
• Conjunto de consumidores que absorvem produtos e/ou serviços; o meio
consumidor;
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• Conjunto de transações econômicas entre vários países ou no interior de um país;
• O comércio;
• Esfera das relações econômicas de compra e venda cujo ajuste resulta o preço;
• Meio onde certos produtos são aceitos; centro de comércio. M. de futuros, Econ: compra e venda especulativa de commodities, para recebimento ou entrega futura; mercado futuro. M. de moedas, Econ: mercado em que os investidores compram e vendem
moedas fortes como dólar, marco alemão, libra esterlina, iene e franco. M. de trabalho,
Sociol: esfera de relações econômicas nas quais os patrões procuram empregados, e
estes, ocupação. M. futuro, Econ: V mercado de futuros. M. negro: vendas de mercadorias
ou gêneros, feitas às escondidas, fora dos preços estabelecidos pelo poder competente
legal, com o intuito de lucros extorsivos, o que constitui delito contra a economia
popular. M. paralelo: mercado cujas operações na Bolsa de Valores não são regulamentadas ou fiscalizadas. M. potencial: venda provável, pressuposta para certo produto.
Como as atividades relacionadas ao mercado remontam a própria história da
humanidade, torna-se impossível precisar o momento exato em que iniciaram. Evidências
arqueológicas mostram que os seres humanos praticavam trocas de bens materiais, uma
forma primitiva de comércio, desde a pré-história.
No período Neolítico, aproximadamente 6000 a.C., as pessoas viviam em pequenos
grupos. As trocas de bens materiais ocorriam provavelmente quando um grupo encontrava outro proveniente de localidade diferente. Por exemplo, se um grupo era do Norte e
outro do Sul, eles poderiam trocar materiais diferentes provenientes desses lugares. Com
a evolução das formas de agrupamentos dos seres humanos, o mercado também evoluiu.
À medida que os grupos deixavam de ser nômades, eles cresciam em número de indivíduos.
Essa nova forma de convívio causou diversas transformações em todos os campos de atuação e pensamento humanos. Pesquisas arqueológicas mostram que as primeiras formas de
civilização surgiram no planeta em torno de 5000 a.C. com o fim do período Neolítico.
As civilizações da antiguidade deixaram diversos artefatos que comprovam a existência
de atividades mercantis naquelas sociedades. Tábuas comerciais que contabilizavam o
gado dos sumérios datam de mais de 2000 a.C. À medida que ocorriam transformações
nas sociedades, as formas de promover trocas entre os indivíduos e organizações1 se tornavam mais complexas. Com as civilizações florescendo, o mercado mudou do escambo
para o uso de dinheiro, de comerciantes itinerantes para fixos, de algumas mercadorias
1 O significado de organização(ões) neste livro é: grupo de pessoas que atuam juntas para alcançar objetivos comuns. Elas
podem estar organizadas no 1º setor (organizações do governo), 2º setor (organizações com distribuição de lucros para os sócios,
colaboradores ou acionistas) ou 3º setor (organizações sem distribuição de lucros para seus associados ou colaboradores).
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para milhares de produtos e serviços. Contudo, as formas antigas do mercado continuam
existindo, em menor escala, porém, paralelamente às novas.
Por volta do século II, no Império Romano foi construído um prédio que muito se
assemelha aos modernos shopping centers. Trata-se do Mercado de Trajano , nome dado
em homenagem ao imperador que construiu a edificação. Com a queda do Império Romano no Ocidente, iniciou-se a Idade Média, também chamada período medieval. Nessa
época, o comércio se adequou ao sistema feudalista. Os povos, antes conquistados por
Roma, agora sofriam ameaças de estrangeiros. Devido a essa vulnerabilidade, esses povos
se organizaram em feudos. Os mais pobres se sujeitavam à proteção dos mais ricos em
troca da produção agropecuária e dinheiro. Com o tempo, os mais ricos ou senhores feudais
instituíram tantos impostos e taxas que os mais pobres viviam uma situação de semiescravidão. Os feudos eram praticamente autosuficientes. Costuma-se dizer que, nesse
período, o comércio de mercadorias quase inexistiu. Para se ter uma ideia de como a
maioria das pessoas na Europa vivia nessa época, ela foi denominada Idade das Trevas.
Não existe um marco preciso de quando o feudalismo acabou e o capitalismo se iniciou.
Contudo, a partir do século XI, iniciou-se o chamado Renascimento Comercial. Surgiram
os burgos, como eram denominadas as vilas que se encontravam entre um feudo e outro
e também nas rotas das Cruzadas (movimento iniciado pela Igreja Católica como alternativa à decadência do feudalismo). Os moradores desses burgos (operários, artesãos e
comerciantes) que promoviam a produção e o comércio de mercadorias e a prestação de
serviços eram chamados burgueses.
A partir desse período, os países europeus iniciaram a expansão marítima que colaborou
muito com o enriquecimento deles. Foi justamente nessa época que o Brasil e diversos
outros países fora da Europa foram colonizados. Esse período do início do Capitalismo
é chamado Mercantilismo.
Durante esse período, as atividades comerciais entre várias regiões do planeta impulsionaram as artes, a política, a ciência e muito mais. Ao longo das rotas de importação e
exportação, várias cidades prosperaram graças ao intenso tráfego de mercadorias, como
foi o caso de Veneza na Itália. Até hoje, é possível identificar o crescimento de cidades
devido à sua localização estratégica no transporte de bens materiais. Vários estudiosos do
assunto afirmam que o trânsito de mercadorias e a expansão dos mercados favorecem a
circulação das ideias, a inovação técnica e a produtividade do trabalho.
Tudo isso contribuiu para o uso mais intensivo de moedas, substituindo gradativamente
o escambo. Consequentemente, surgiram as primeiras casas bancárias. Essa nova dinâmica
fez que o dinheiro ganhasse mais importância que a terra e a produção agropecuária.
Com a expansão comercial, tornou-se necessário encontrar pessoas que entendessem de direito e comércio. Em um esforço conjunto entre ricos burgueses e a monar-
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quia surgiram muitas universidades para suprir essa demanda. Os poderes da Igreja e da
própria monarquia começaram a ser questionados. Esses acontecimentos marcaram o fim
da Idade Média e o início da Moderna. A todo esse processo chamou-se Renascimento.
Contudo, apesar das transformações, as monarquias continuavam com grandes poderes
políticos. Por causa disso, esse período também é conhecido por Absolutismo.
Nessa época muitos burgueses acumularam fortunas. O poder absolutista dos monarcas
foi contestado. À medida que as atividades comerciais cresciam, o poder das classes
burguesas aumentava. Assim o crescimento das atividades comerciais contribuiu com a
transferência de poder das classes aristocráticas para as burguesas. O crescimento dessa
classe reconfigurou o cenário da Europa nesse período. Um grande marco dessas
mudanças foi o período da revolução burguesa, onde importantes transformações políticas,
sociais e econômicas aconteceram.
O final do século XVIII foi marcado por diversas revoluções em boa parte do continente
europeu. Como o fim do Absolutismo declara-se a passagem da Idade Moderna para a
Contemporânea. Um grande movimento cultural chamado Iluminismo se estabeleceu
em praticamente todas as áreas do conhecimento humano, inclusive, sobre o pensamento
econômico. Filósofos e pensadores da época pregavam a liberdade econômica conhecida
como laissez-faire (deixe fazer), também conhecida como Liberalismo, onde o Estado não
poderia interferir na economia como acontecia no Absolutismo e Mercantilismo.
Esse cenário foi o berço da Revolução Industrial. Com as atividades econômicas e o
mercado em franco desenvolvimento, iniciou-se o primeiro grande processo de industrialização nos países da Europa, no Japão e nos Estados Unidos da América. A máquina
a vapor, os teares, o carvão e o ferro foram praticamente os principais recursos materiais
utilizados na época.
O segundo processo de industrialização ocorreu no fim do século XIX e os principais
recursos eram a eletricidade, o aço e produtos químicos. A evolução nos meios de produção atingiu todo o mercado. Transformações nos transportes, vestuário, comunicação,
alimentação, educação e em muitas outras atividades mudaram para sempre a forma de
vida das pessoas e do mercado. A produção em série e a massificação entraram para a
história e marcam até hoje as sociedades e os mercados.
Uma das consequências de tudo isso que aconteceu nos últimos séculos foi o avanço
da globalização. Com os meios de transporte e comunicação mais avançados e sofisticados, as distâncias “encurtaram”. O planeta é encarado como um grande e único mercado
para muitas empresas, e não apenas as grandes como para as pequenas também.
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Mercadização: mais conhecido como marketing
A palavra marketing é de origem anglo-saxã, derivada de market, que, traduzida, significa mercado. O sufixo ing pode conotar a conjugação de um verbo no presente ou
sua forma no gerúndio, dependendo de seu uso como verbo, adjetivo ou substantivo. A
etimologia da palavra mercado remonta a história de nossas civilizações. Sabe-se que se
originou nas pré-civilizações e está relacionada à troca de bens materiais. Por volta do
século XVII, essa palavra, que originalmente era um substantivo, passa a ser utilizada
como verbo. Pode-se concluir que a principal ação realizada no mercado é a troca e que o
marketing representa todas as outras ações que a viabilizam.
De acordo com a American Marketing Association – AMA,2 a mais importante organização sobre a atividade: “Marketing é a atividade, conjunto de práticas, e processos
para criação, comunicação, distribuição e trocas de ofertas que tem valor para os clientes,
parceiros, e sociedade como um todo”.
Nos dicionários, o significado engloba:
• Estratégia empresarial de otimização de lucros através da adequação da produção e
oferta de suas mercadorias ou serviços às necessidades e preferências dos consumidores, para isso recorrendo a pesquisas de mercado, design de produtos, campanhas
publicitárias, atendimentos pós-venda etc.;
• O conjunto dessas atividades; composto por marketing, marketing mix;
• O conjunto de ações, estrategicamente formuladas, que visam influenciar o público
quanto a determinada ideia, instituição, marca, pessoa, produto, serviço, etc.;
• Comercialização;
• Execução de todos os atos de comércio que sirvam para dirigir o escoamento de mercadorias e serviços do produtor ao consumidor;
• Conjunto de operações que envolvem a vida do produto, desde a planificação de sua
produção até o momento em que é adquirido pelo consumidor.
A história do marketing se confunde com o próprio mercado e o comércio. Pode-se
dizer que ele existe desde que a primeira troca de bens ou serviços se originou entre os seres humanos. Seu escopo evoluiu conforme novas realidades se constituíam. Nas universidades, segundo Gracioso (1998),3 o marketing começou a ser estudado pelos economistas
ingleses entre os séculos XVIII e XIX, época da primeira Revolução Industrial.
2 AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Community. AMA definition of Marketing. Disponível em: <http://
www.marketingpower.com/Community/ARC/Pages/Additional/Definition/default.aspx>. Acesso em: 15 Nov. 2008.
3 GRACIOSO, Francisco. Contato imediato com marketing. 4. ed. São Paulo: Global, 1998.
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Com as revoluções industriais e a economia em grande escala, e uma grande demanda
por mercadorias manufaturadas, as organizações eram geridas, principalmente, com o
marketing enfocando os sistemas de produção e distribuição. Porém as demandas nem
sempre foram crescentes, e à medida que se estagnavam, começavam a sobrar mercadorias
nos depósitos das organizações. A partir daí o marketing se encarregava, basicamente, de
vender e promover essas mercadorias encalhadas.
O século XX foi marcado por muitas mudanças. Ocorreram crises cíclicas no sistema
capitalista instaurado na maior parte do mundo. As organizações experimentaram
diversos tipos de gestão, ora para a produção, ora para as finanças, e, por fim, na segunda
metade do século XX, para o mercado. Os diferentes tipos de gestão ocorriam simultaneamente nas sociedades, e até hoje isso acontece. É impossível determinar com exatidão os
percentuais das organizações que orientam suas gestões para o mercado, para as finanças,
para a produção e distribuição. O que se pode determinar são sinalizações de que a maioria das organizações tem praticado suas gestões voltadas para o mercado. O marketing da
mesma maneira evoluiu sob diversos conceitos. No começo, como mencionado anteriormente, sua orientação era quase exclusivamente para produção e distribuição, depois para
vendas, e a seguir evoluiu para um foco concentrado no mercado ou público-alvo.
A gestão para o mercado ou público-alvo teve um marco acadêmico com a publicação
do artigo “Marketing Myopia” na década de 1960. Seu autor, o professor da Harvard
Business School, Theodore Levitt,4 argumentava que a organizações deveriam reavaliar a
orientação de seus esforços, a fim de satisfazer as necessidades do mercado. Levitt mostrou
diversas empresas que por falta de foco no cliente ficaram fora do mercado. Sua teoria
explica a importância da compreensão do público-alvo e suas necessidades cambiantes
como vantagem competitiva.
O foco no cliente como o autor citado anteriormente defende é crucial para o sucesso
das organizações, porém, é necessário avaliar outros fatores também. Um conceito mais
contemporâneo sobre marketing leva em consideração as necessidades e os desejos dos
clientes, porém, balanceado com as competências e potencialidades das empresas. Competência distintiva é um conceito desenvolvido durante a segunda metade do século XX
pela Marinha norte-americana que ilustra bem essa orientação “multifocada”.
Gestão para o mercado é, sem dúvida, a grande tendência da atualidade, mas, nas últimas
décadas do século XX, nas organizações, no marketing e na ciência da administração floresceu o conceito da responsabilidade social e ambiental. Kotler (2000, p.47)5 define que
a tarefa do marketing e das respectivas organizações:
4 LEVITT, Theodore. A imaginação de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
5 KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. 10. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2000.
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[...] é determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercadosalvo e fornecer satisfações desejadas mais eficientemente do que a concorrência, de uma maneira que preserve ou melhore o bem estar do consumidor
e da sociedade.
Formular predições para a orientação da gestão das organizações pode ser muito arriscado, contudo a gestão para o mercado sinaliza a importância da responsabilidade social,
isto é, além de gerir produtos e serviços que venham satisfazer mercados-alvo preserve
o bem-estar do consumidor e da sociedade. Isso tudo pode indicar a transformação da
gestão para o mercado para o que Kotler (2000) denomina por marketing societal.
As organizações no século XXI continuam sob forte influência da gestão para o mercado.
Novas transformações ocorrem simultaneamente em todos os âmbitos das sociedades.
Um último fato a mencionar sobre o contexto de gestão organizacional é a globalização,
a qual se encontra cada vez mais atuante nos diversos planos organizacionais ampliando
o cenário a ser analisado.
Além das transformações, revisadas brevemente nas páginas anteriores, é importante
salientar as diferenças encontradas no marketing praticado no mercado e o descrito e
estudado nos livros e publicações acadêmicas. É preciso esclarecer aqui o papel da teoria
no aprendizado e desenvolvimento de profissionais. Existe um ditado popular que se deve
“exorcizar”. Trata-se do famoso “na prática a teoria é outra”. Esse ditado dá um sentido
pejorativo à teoria. Os teóricos rebatem dizendo que “não há nada mais prático que uma
boa teoria”. Afinal, quem ganha essa disputa? A resposta é quem consegue entender todos
os lados, pois a teoria serve para explicar e refletir a prática.
Como podemos notar ao longo dessa introdução, o mundo e as pessoas passam por
diversas mudanças, ora mais lentas, ora mais aceleradas. Se uma teoria visa explicar uma
prática, que basicamente pode ser entendida como um conjunto de acontecimentos, esta
sempre estará limitada a determinados período e lugar. Porque é aqui que a “onça bebe
água”, pois, as teorias foram criadas primeiro a partir de acontecimentos específicos; extrapolá-las a todos os lugares e períodos requer um bom grau de discernimento e adaptação
às circunstâncias em que ela é aplicada.
Além disso, as teorias se transformam também. A evolução de uma teoria representa
a soma de diversas pesquisas e análises ao longo do tempo sobre determinado assunto.
Resumindo, as teorias existem para ajudar na compreensão de determinadas práticas e
ações no passado, presente e futuro, e não ser a verdade absoluta sobre elas.
Índice analítico
Este livro é o resultado da compilação dos capítulos do livro Marketing: criando valor
para os clientes, que abordam os fundamentos da disciplina. Para estabelecer os critérios
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8
de escolha dos capítulos foram realizadas diversas pesquisas com os principais autores de
marketing. Esta obra não tem a pretensão de esgotar tudo o que possa se enquadrar
como fundamento da matéria, mas apresentar os tópicos essenciais para o entendimento
da mesma. Do amplo e complexo conjunto de atividades, lugares, organizações, pessoas
e bens tangíveis e intangíveis, denominado mercado, deriva o marketing. Portanto, sua
complexidade e alcance são paralelos ao primeiro.
A seguir são apresentados os capítulos que estudaremos nesse livro e seus respectivos
objetivos:
Capítulo 1
Marketing: criando valor para os clientes: (i) definir marketing e conhecer
seus principais tipos; (ii) distinguir os níveis de análise de marketing; (iii)
identificar as orientações tradicionais de marketing; (iv) discutir o marketing
voltado para o valor e sues princípios; (v) explicar os tipos de custos e
benefícios par o cliente; (vi) descrever o processo de administração de
marketing;
e (vii) listar e entender os elementos de um composto de marketing.
Capítulo 2
Planejamento de marketing e estratégias organizacionais: (i) descrever o
processo de planejamento estratégico; (ii) resumir os princípios da análise
de portfólio de empresa; (iii) discutir o papel de marketing no planejamento estratégico da forma com este é realizado tradicionalmente e com
equipes interfuncionais; (iv) identificar as tarefas de administração de
marketing; (v) descrever como profissionais de marketing desenvolvem
e avaliam planos de marketing; (vi) explicar como as previsões dão suporte
ao processo de criação de um plano de marketing; e (vii) descrever os
principais tipos de previsão.
Capítulo 3
Pesquisa de marketing/informação e tecnologia: (i) distinguir entre dados e
informações e discutir os desafios de obter o tipo e quantidade de informações
necessárias; (ii) discutir como os sistemas de informação de marketing
ajudam os profissionais de marketing a coletar e analisar informações; (iii)
comparar fontes de informações internas e externas e dados primários e
secundários; (iv) identificar as etapas do processo de pesquisa de marketing;
(v) descrever os tipos básicos de projeto de pesquisa e as abordagens para
a coleta de dados; (vi) explicar como os pesquisadores de marketing fazem
a análise e interpretação dos dados; (vii) resumir os princípios para a
preparação de um relatório de pesquisa de marketing; (viii) explicar como
a tecnologia moderna afetou o processo e o uso de pesquisas de marketing;
(ix) discutir considerações éticas das pesquisas de marketing; e (x) descrever
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questões que surgem nas pesquisas de marketing internacionais.
Capítulo 4
Comportamento do consumidor: (i) definir os passos do processo de compra
do consumidor; (ii) resumir como o comportamento do consumidor difere de
acordo com o tipo de tomada de decisões de consumo; (iii) descrever como cultura, subcultura e classe social influenciam o comportamento do consumidor;
(iv) explicar como grupos de referência influenciam o comportamento
do consumidor; (v) descrever como papéis familiares e o ciclo de vida da
família podem influenciar as decisões de compra; (vi) discutir como o
composto de marketing afeta o processo de compra do consumidor; (vii)
identificar as principais influências situacionais sobre o comportamento
do consumidor.
Capítulo 5
Segmentando o mercado: (i) definir segmentação do mercado e explicar por que os profissionais de marketing a utilizam; (ii) comparar várias
abordagens para servir mercados, de mercado de massa a micromarketing;
(iii) identificar abordagens para a segmentação de mercados de consumo;
(iv) identificar abordagens para a segmentação de mercados organizacionais;
(v) detalhar as etapas do processo de segmentação do mercado; (vi)
descrever as alternativas básicas para o posicionamento de produtos; e (vii)
discutir questões globais relacionadas à segmentação de mercado.
Referências
AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Community. AMA definition of Marketing. Disponível em: <http://www.marketingpower.com/Community/ARC/Pages/
Additional/Definition/default.aspx>. Acesso em: 15 Nov. 2008.
GRACIOSO, Francisco. Contato imediato com marketing. 4. ed. São Paulo: Global, 1998.
KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. 10. ed. São
Paulo: Prentice-Hall, 2000.
LEVITT, Theodore. A imaginação de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
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