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Economia
e
Sociedade
Marco Antonio S. Vasconcellos
Manuel Enriquez Garcia
Edição Especial
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Economia e sociedade / Marco Antonio S. Vasconcellos, Manuel
Enrique Garcia. - Ed. Especial Cesumar. - São Paulo : Saraiva, 2009.
Contém questões de revisão
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1. Economia. 2. Economia - Aspectos sociológicos. I. Enriquez Garcia,
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Edição Especial organizada por: Professor Diego Figueiredo Dias
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Apresentação
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se
uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o
compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e
contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas
diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do
conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do
corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da
oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como
também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.
Com o objetivo de contribuir com o conhecimento, o NEAD – Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar – apresenta este projeto de customização,
que por meio de livros didáticos, com a participação de autores e professores
especialistas nas diversas áreas do conhecimento, leva ao aluno o conteúdo de
uma maneira que incentiva a leitura e o estudo.
Prof. Wilson de Matos Silva
Reitor
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Sumário
Introdução ................................................................................................................................... 1
Capítulo 1 – Introdução à Economia ................................................................................... 8
1.1 Introdução ...............................................................................................................................................................9
1.2 Conceito de Economia .................................................................................................................................10
1.2.1
Os problemas econômicos fundamentais ......................................................................11
1.3 Sistemas econômicos ....................................................................................................................................11
1.4 Curva de possibilidades de produção (ou curva de transformação) ...............................13
1.4.1
Custo de oportunidade ...............................................................................................................14
1.4.2
Deslocamentos da curva de possibilidades de produção ....................................15
1.5 Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetários ..............16
1.5.1
Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores
de produção .......................................................................................................................................18
1.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos ............................................................18
1.7 Inter-relação da Economia com outras áreas do conhecimento .......................................19
1.7.1
Economia, Física e Biologia .......................................................................................................19
1.7.2
Economia, Matemática e Estatística ....................................................................................20
1.7.3
Economia e Política ........................................................................................................................21
1.7.4
Economia e História.......................................................................................................................22
1.7.5
Economia e Geografia ..................................................................................................................22
1.7.6
Economia, Moral, Justiça e Filosofia.....................................................................................22
1.8 Divisão do estudo econômico .................................................................................................................23
Questões para revisão ..............................................................................................................................................23
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Capítulo 2 – Introdução à Microeconomia .....................................................................25
2.1 Conceito .................................................................................................................................................................25
2.2 Pressupostos básicos da análise microeconômica......................................................................26
2.2.1
A hipótese coeteris paribus ....................................................................................................26
2.2.2
Papel dos preços relativos .........................................................................................................27
2.2.3
Objetivos da empresa ..................................................................................................................28
2.3 Aplicações da análise microeconômica .............................................................................................28
2.4 Divisão do estudo microeconômico ....................................................................................................29
2.4.1
Análise da demanda......................................................................................................................29
2.4.2
Análise da oferta ..............................................................................................................................29
2.4.3
Análise das estruturas de mercado ......................................................................................29
2.4.4
Teoria do equilíbrio geral............................................................................................................30
Questões para revisão ..............................................................................................................................................31
Capítulo 3 – Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado............................................................33
3.1 Introdução ............................................................................................................................................................33
3.1.1
Breve histórico...................................................................................................................................33
3.1.2
Utilidade total e utilidade marginal .....................................................................................34
3.2 Demanda de mercado ..................................................................................................................................34
3.2.1
Conceito................................................................................................................................................34
3.2.2
Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral
da demanda .......................................................................................................................................35
3.2.3
Outras variáveis que afetam a demanda de um bem ..............................................37
3.2.4
Distinção entre demanda e quantidade demandada..............................................37
3.3 Oferta de mercado ..........................................................................................................................................39
3.3.1
Oferta e quantidade ofertada..................................................................................................40
3.4 Equilíbrio de mercado ...................................................................................................................................41
3.4.1
A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio................................................41
3.4.2
Deslocamento das curvas de demanda e oferta ........................................................43
3.5 Interferência do governo no equilíbrio de mercado .................................................................43
3.5.1
Estabelecimento de impostos ................................................................................................44
3.5.2
Política de preços mínimos na agricultura ......................................................................45
3.5.3
Tabelamento ......................................................................................................................................46
3.6 Conceito de elasticidade .............................................................................................................................46
Questões para revisão ..............................................................................................................................................47
VIII
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Capítulo 4 – Estruturas de Mercado ................................................................................... 49
4.1 Introdução ............................................................................................................................................................49
4.2 Concorrência pura ou perfeita .................................................................................................................50
4.3 Monopólio ............................................................................................................................................................51
4.4 Oligopólio .............................................................................................................................................................53
4.5 Concorrência monopolística .....................................................................................................................54
4.6 Estruturas do mercado de fatores de produção ...........................................................................55
4.6.1
Concorrência perfeita no mercado de fatores ..............................................................56
4.6.2
Monopólio no mercado de fatores ......................................................................................56
4.6.3
Oligopólio no mercado de fatores .......................................................................................56
4.6.4
Monopsônio (monopólio na compra de insumos) ...................................................56
4.6.5
Oligopsônio (oligopólio na compra de insumos).......................................................56
4.6.6
Monopólio bilateral .......................................................................................................................56
4.7 Grau de concentração econômica no Brasil ...................................................................................57
4.8 A ação governamental e os abusos do poder econômico nos mercados...................57
Questões para revisão ..............................................................................................................................................59
Capítulo 5 – Introdução à Macroeconomia .....................................................................61
5.1 Introdução ............................................................................................................................................................61
5.2 Objetivos de política macroeconômica .............................................................................................62
5.2.1
Alto nível de emprego .................................................................................................................63
5.2.2
Estabilidade de preços .................................................................................................................63
5.2.3
Distribuição eqüitativa de renda ...........................................................................................64
5.2.4
Crescimento econômico ............................................................................................................65
5.2.5
Dilemas de política econômica: inter-relações e conflitos de objetivos ......65
5.3 Instrumentos de política macroeconômica ....................................................................................66
5.3.1
Política fiscal .......................................................................................................................................66
5.3.2
Política monetária ...........................................................................................................................67
5.3.3
Políticas cambial e comercial ...................................................................................................68
5.3.4
Política de rendas ............................................................................................................................68
5.4 Estrutura de análise macroeconômica................................................................................................68
5.4.1
Mercado de bens e serviços .....................................................................................................69
5.4.2
Mercado de trabalho ....................................................................................................................70
5.4.3
Mercado monetário .......................................................................................................................70
5.4.4
Mercado de títulos .........................................................................................................................71
5.4.5
Mercado de divisas.........................................................................................................................71
Questões para revisão ..............................................................................................................................................72
IX
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Capítulo 6 – Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Mercado de
Bens e Serviços ................................................................................................. 73
6.1 Introdução ............................................................................................................................................................73
6.2 Hipóteses do modelo básico ....................................................................................................................74
6.2.1
Economia com desemprego de recursos (subemprego) ......................................74
6.2.2
Nível geral de preços constante ............................................................................................75
6.2.3
Curto prazo .........................................................................................................................................75
6.2.4
Oferta agregada potencial fixada a curto prazo ..........................................................75
6.2.5
Princípio da demanda efetiva..................................................................................................76
6.3 O equilíbrio macroeconômico .................................................................................................................77
6.3.1
Análise gráfica ...................................................................................................................................77
6.4 Comportamento dos agregados macroeconômicos no mercado de
bens e serviços ..............................................................................................................................................79
6.4.1
Consumo agregado.......................................................................................................................80
6.4.2
Poupança agregada.......................................................................................................................81
6.4.3
Investimento agregado ...............................................................................................................81
6.5 Vazamentos e Injeções de Renda Nacional .....................................................................................82
6.6 O multiplicador keynesiano de gastos................................................................................................83
6.7 Política fiscal, inflação e desemprego ..................................................................................................85
6.7.1
Economia com desemprego de recursos ........................................................................85
6.7.2
Economia com inflação...............................................................................................................86
Questões para revisão ..............................................................................................................................................87
Capítulo 7 – Determinação da Renda e do Produto Nacional:
O Lado Monetário ............................................................................................89
7.1 Conceito de moeda ........................................................................................................................................89
7.2 Funções e tipos de moeda .........................................................................................................................91
7.2.1
Tipos de moeda ...............................................................................................................................91
7.3 Oferta de moeda ..............................................................................................................................................91
7.3.1
Conceito de meios de pagamento ......................................................................................92
7.3.2
Oferta de moeda pelo Banco Central.................................................................................94
7.3.3
Oferta de moeda pelos bancos comerciais. O multiplicador monetário .....96
7.4 Demanda de moeda ......................................................................................................................................99
7.5 O papel das taxas de juros .......................................................................................................................100
Questões para revisão ...........................................................................................................................................101
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Capítulo 8 – O Setor Externo ..............................................................................................103
8.1 Introdução .........................................................................................................................................................103
8.2 Fundamentos do comércio internacional: a teoria das vantagens
comparativas ...............................................................................................................................................103
8.3 Determinação da taxa de câmbio.......................................................................................................106
8.3.1
Conceito.............................................................................................................................................106
8.3.2
Taxa de câmbio e inflação ......................................................................................................107
8.4 Políticas externas ...........................................................................................................................................109
8.4.1
Política cambial..............................................................................................................................109
8.4.2
Política comercial .........................................................................................................................111
8.5 Fatores determinantes do comportamento das exportações e importações........112
8.5.1
Exportações .....................................................................................................................................112
8.5.2
Importações ....................................................................................................................................113
Questões para revisão ...........................................................................................................................................114
Capítulo 9 – Crescimento e Desenvolvimento Econômico .....................................115
9.1 Crescimento e desenvolvimento ........................................................................................................115
9.2 Fontes de crescimento...............................................................................................................................116
9.2.1
Capital humano.............................................................................................................................116
9.2.2
Capital físico.....................................................................................................................................117
9.3 Financiamento do desenvolvimento econômico ....................................................................118
9.4 Um modelo de crescimento econômico .......................................................................................119
9.5 Estágios de desenvolvimento................................................................................................................120
9.6 A internacionalização da economia: o processo de globalização ..................................121
Questões para revisão ...........................................................................................................................................123
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Introdução
Professor Diego Figueiredo Dias
Caros acadêmicos, muitos de vocês devem se perguntar o porquê de estudarmos Economia e Sociedade neste curso. A resposta é simples: porque a Economia busca ensinar-nos a administrar os recursos (mão de obra, matérias-primas,
terra, dentre outros) que uma sociedade possui, portanto torna-se interessante a
todos. Quantas vezes você ouviu termos como inflação, desemprego, crescimento ou crise econômica, vulnerabilidade externa, valorização ou desvalorização
das taxas de câmbio, aumento ou diminuição das taxas de juros? Todas essas
questões estão inseridas na discussão de âmbito econômico e as trabalharemos
ao longo desta disciplina para que, ao final do curso, você saiba como lidar com
todos esses assuntos. Para que o estudo se torne mais compreensível, contaremos a história de um gestor de uma empresa brasileira que em seu cotidiano
lida com diversas questões econômicas.
Augusto é um renomado gestor de uma empresa do ramo frigorífico, exportadora de carne bovina. Em seu dia a dia teve de aprender a tomar decisões com
base no comportamento da economia para, assim, alcançar sempre os melhores
resultados para a empresa. A história de Augusto nessa empresa não se iniciou
agora, mas há 26 anos, portanto ele já passou por quase todas as situações possíveis até o momento. Vamos, então, analisar, passo a passo, tudo o que vive esse
homem e sua empresa.
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1.1 O mercado: oferta versus demanda
Mercado é todo ambiente onde ocorrem trocas, ou seja, onde uma empresa oferta bens e/ou serviços e um consumidor procura por bens e/ou serviços.
Portanto, no caso do mercado frigorífico, existem os consumidores de carnes
que demandam tais produtos e o próprio frigorífico, que é o responsável pela
oferta. A interação entre esses dois agentes, o demandante e o ofertante, é que
vai determinar o preço de mercado da carne bovina.
A demanda do consumidor reage de forma inversa ao preço, ou seja, se o
preço da carne sobe, a demanda tende a diminuir. O frigorífico reage ao contrário, pois estará disposto a ofertar mais quando o preço estiver mais alto. É claro
que essas situações são simplificações do que realmente ocorre no mercado, pois
existem outros diversos fatores que também influenciam na oferta e na demanda, e é o que veremos a seguir.
1.1.1 Fatores que influenciam a demanda
Existem diversos fatores além do preço que interferem na procura por bens
e/ou serviços. Para a maioria dos produtos, inclusive carne bovina, a renda dos
consumidores, o preço de produtos substitutos ou complementares e a preferência (gosto) dos consumidores influenciam na demanda.
Se a renda dos consumidores estiver aumentando, esperamos que ocorra um
aumento na demanda, ou seja, consumidor com mais dinheiro consome mais.
Mas o Augusto percebeu que quando a renda da população estava aumentando,
a demanda reagia diferente para os diferentes produtos que o frigorífico comercializava. Ele percebeu que o consumo de carne “de segunda” diminuía enquanto o consumo da carne “de primeira” aumentava quando a população estava com
a renda mais elevada. Nesse caso, estamos nos referindo aos bens normais (carne de primeira), que são mais consumidos quando a renda se eleva, e aos bens
inferiores (carne de segunda), que, nesse caso, são menos consumidos. Augusto
percebeu que diante de tal situação deveria dar um tom de maior nobreza aos
produtos que sofriam queda no consumo quando a população estava ganhando
mais. Por isso, hoje em dia é comum vermos embalagens mais valorizadas, carnes com recheios, cortes que há alguns anos não eram comuns.
Outro fator que influi na demanda é a existência de substitutos, e nesse caso,
os substitutos da carne bovina são todas as outras carnes, por exemplo, a carne de
frango, de porco etc. Se acaso houver uma redução, por qualquer que seja o motivo, no preço da carne de frango, haverá provável redução na demanda por carne de
vaca, isto é, com o preço do frango em baixa, os consumidores vão preferir trocar,
em determinada quantidade, o consumo de carne bovina por carne de frango.
2
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O contrário também pode ocorrer: se o frango, por algum motivo, encarecer, os
consumidores irão preferir o consumo da carne bovina.
Vimos aqui os fatores que influenciam na demanda, porém existem fatores
que também influenciam na oferta, ou seja, que fazem o frigorífico colocar muita ou pouca carne à disposição do mercado.
1.1.2 Fatores que influenciam a oferta
Além do preço que a carne encontra no mercado, outros fatores também
interferem na quantidade ofertada no mercado, como os custos de produção
(matéria-prima, salários, aluguéis), o nível tecnológico e o número de empresas
existentes no mercado.
O custo de produção em alta faz com que Augusto recue sua produção, pois
sabe que com o custo alto, o preço se eleva e o consumidor diminui o consumo.
A tecnologia é diretamente proporcional à oferta, já que, com dadas melhorias,
a produtividade se eleva. E, por fim, Augusto precisa se ater aos concorrentes,
pois quanto mais empresas houver no mercado, maior será a oferta de produtos,
o que pode causar impacto em seus resultados.
1.2 A estrutura do mercado
Existe um fator importantíssimo na análise de mercado que não pode ser negligenciado: a estrutura em que a empresa se encontra é importantíssima para determinar as possibilidades de atuação e as estratégias. Mas, o que é estrutura de mercado?
Estrutura de mercado é a forma como as empresas de determinado segmento se encontram organizadas e depende, fundamentalmente, de três fatores: o
número de empresas que compõem o mercado, o tipo de produto comercializado e se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas ao mercado.
Mas, no que isso influencia na atuação da empresa?
Quanto ao número de empresas que compõem o mercado, quanto mais concorrentes existirem, menor será a margem de manobra do empresário e maior
será o poder do consumidor nas negociações. O contrário também é verdadeiro:
se o número de consumidores for grande e o número de empresas reduzido,
estas exercem um poder soberano no mercado, determinando preços e quantidades ofertadas. Quanto a isso Augusto não pode reclamar, pois existem cerca
de 180 milhões de consumidores no Brasil, sem contar os do exterior, para um
número pequeno de frigoríficos que dominam o mercado.
3
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Em relação ao tipo de produto, significa que existem produtos que se diferenciam pela marca, pela qualidade. Pensem no melhor refrigerante que existe:
com certeza, o consumo dele, muitas vezes, independe do preço, pois sua marca
está consolidada. Apesar de ser apenas refrigerante, existem diferenças entre
diferentes marcas, o que dá poder pra algumas empresas atuarem independentes
no mercado, com mais autonomia sobre preços e quantidades ofertadas. Neste
caso, Augusto percebeu recentemente que pode fazer com que a carne do frigorífico no qual que trabalha seja reconhecida pela marca. Isso é algo novo para
esse mercado, mas, segundo especialistas, em breve estará em vigor. Imaginem
chegar ao açougue e pedir três quilos de costela Bertin, duas picanhas Minerva,
uma maminha Friboi e um cupim Independência. Daria um ótimo churrasco,
mas tal situação ainda não é corriqueira. Uma empresa que impõe sua marca
tem sempre mais autonomia no mercado.
Se existem barreiras ou não ao acesso de novas empresas ao mercado, é um
fator de imensa importância para o comportamento do empresário. Se um determinado setor é de fácil acesso, ou seja, se para abrirmos um empreendimento
não é requerido tanto esforço de tecnologia ou capital, significa que o empresário tem pequena margem de manobra dentro desse segmento, pois existem
concorrentes em potencial. Vamos supor que fosse esse o caso de nosso amigo
Augusto, se ele subisse o preço da carne, poderia estar atraindo novos concorrentes que se sentiriam tentados a iniciar tais empreendimentos movidos por
altos preços e possibilidades de lucros.
Mas não é só do lado da venda que Augusto fica atento à estruturação do
mercado. Ao comprar fatores de produção (boi vivo, mão de obra etc.) também
existe influência das estruturas. Por exemplo, se há muita mão de obra disponível, o preço será mais baixo – e o contrário é verdadeiro. Se há muitos bois para
comprar, o preço também tende a ser menor. Augusto enfrenta essa dificuldade
quando quer abrir novos frigoríficos pelo Brasil, pois existem regiões que têm
muita mão de obra disponível, mas pouca matéria-prima (boi vivo) e outras
que apresentam a situação contrária, com muita matéria-prima e pouca mão
de obra. A escassez de mão de obra, às vezes, ocorre não apenas pela falta de
pessoas para trabalhar, mas também pela falta de especialização da população de
determinadas regiões, o que encarece o custo de produção do bem.
Vimos até aqui a parte que diz respeito à interação do consumidor com a
empresa, chamada de microeconomia ou teoria de formação de preços. A seguir,
abordaremos o comportamento da economia como um todo, ou seja, a macroeconomia, que analisa a interferência causada por variáveis globais, como inflação, nível de desemprego, taxas de câmbio e taxas de juros. Como essas variáveis
influenciam o andamento da empresa de Augusto?
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1.3 A macroeconomia e o papel do governo
A macroeconomia é a parte da economia que se preocupa com as variáveis
globais, como já foi explicado na seção anterior. O governo é o principal agente de
política econômica, ou seja, é ele que busca equacionar os problemas inflacionários,
determinar a taxa básica de juros da economia, diminuir o desemprego etc. Para
que o governo consiga cumprir essas funções, ele utiliza diferentes políticas econômicas, que repercutem de diferentes maneiras, dependendo do setor em questão.
As políticas são a fiscal, a monetária, a cambial, a comercial e a de renda.
Quando o governo executa a política fiscal, quer dizer que ele está alterando
a tributação ou os gastos. Ou seja, política fiscal diz respeito às receitas e despesas do governo. Mas, em que isso influencia a empresa de Augusto?
Quando o governo opta por uma política fiscal restritiva (aumento dos tributos ou diminuição dos gastos públicos), ele tem o objetivo principal de conter a
inflação, pois essas políticas levam a uma redução do consumo e, com o mercado
desaquecido, os preços tendem a se manter constantes ou a reduzir. Esse tipo de
política não afeta somente a empresa frigorífica de Augusto e sim toda a economia, pois o consumo em queda causa problemas para as empresas, que deixam
de vender e, por isso, correm o risco até de falência. Quando o governo opta por
política fiscal expansionista (aumento nos gastos públicos ou diminuição dos
tributos), ele visa, principalmente, fomentar a atividade econômica, expandindo
o emprego e a renda. Esse tipo de política faz com que haja um aquecimento na
economia, com isso, as empresas aproveitam o bom momento e expandem suas
vendas. Essa expansão leva à contratação de novos funcionários, o que promove
a expansão na renda gerada na economia. Imaginem uma determinada região
onde o governo resolva fazer uma obra e por isso contratar empreiteiras para
executar o serviço e/ou até mesmo trabalhadores locais. São postos de combustíveis vendendo mais, hotéis e pousadas com as vagas ocupadas, restaurantes
servindo mais refeições e, portanto, comprando mais no mercado da cidade. Vemos, assim, a importância do papel do governo na geração de emprego e renda,
seja de maneira direta ou indireta.
A política monetária, bem como a fiscal, pode ser restritiva ou expansionista. Quando o governo faz política monetária restritiva (principalmente
aumento dos juros), o maior objetivo é reduzir a quantidade de dinheiro em
circulação para que haja um desaquecimento da atividade econômica, e não
se abra espaço para inflação. A política expansionista (diminuição dos juros)
é justamente a situação contrária, em que o governo objetiva a expansão da
atividade econômica, ou seja, do emprego e da renda. Augusto espera sempre
os momentos de baixa nas taxas de juros para recorrer a créditos e expandir as
compras e contratações no frigorífico.
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Mais adiante, no item 1.4, veremos o motivo pelo qual essa tal inflação é a preocupação central do governo e acaba por barrar a expansão da atividade econômica.
Falando ainda de políticas econômicas, a que mais anda preocupando Augusto é a política cambial. Sabemos que o principal foco dos grandes frigoríficos brasileiros nos últimos tempos tem sido o mercado externo, ou seja, as
exportações. Existem diversos fatores determinantes da exportação, como renda
internacional, preço do bem no mercado interno, preço no mercado externo e a
taxa de câmbio (objeto da política cambial).
A renda internacional é importante, pois é ela que determina a existência de
recursos disponíveis para a compra da carne brasileira e, como vimos recentemente, em tempo de crise as exportações diminuem muito. O preço do bem no
mercado externo é importante, pois se o preço lá estiver em queda, o produtor
vai preferir negociar seu produto internamente. O preço do bem no mercado
interno, se elevado, incentiva o produtor também a vender no mercado interno
e o contrário é verdadeiro.
Falando em taxa de câmbio, tratamos do objeto da política cambial do governo, que pode executá-la retirando ou colocando moeda estrangeira no mercado. Taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira em reais e determina
quanto o exportador vai receber ao trocar os dólares originados da exportação
por reais no mercado interno. Se a taxa de câmbio estiver baixa (ou valorizada),
significa que necessitamos de poucos reais para comprar dólares, mas, se pelo
contrário, estiver alta, necessitamos de mais reais por dólar. Para o exportador,
a última situação é a ideal, pois, ao vender para o exterior, ele recebe em dólar
e, ao trocar no banco, recebe uma quantia grande em reais. Entreteanto, para
o governo essa situação é uma faca de dois gumes. Existe uma grande pressão
por parte dos setores importadores, que sofrem quando a taxa de câmbio está
desvalorizada, pois as importações ficam caras,encarecem os produtos finais e
causam inflação.
Por que a inflação é tão preocupante e acaba sendo determinante nas políticas
do governo? No próximo item veremos o que é a inflação, quais são suas causas e
as formas de combatê-la.
1.4 A inflação e o mercado
A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens e serviços da economia. As causas costumam ser diferentes em função das condições
de cada país.
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a) Tipo de estrutura de mercado do país: se existem poucas empresas dominando o mercado, ou seja, se há pouca concorrência, a
tendência para elevações nos preços será grande. No caso de um
país onde a concorrência é mais acirrada, os empresários ficam
com capacidade reduzida de ajustar preços.
b) Grau de abertura da economia: quanto mais voltada ao comércio
exterior, maior será a concorrência e, portanto, menor será a possibilidade de abusos nos preços por parte dos empresários.
c) Estrutura das organizações trabalhistas: quanto mais organizados
forem os sindicatos, maior será o poder de barganha dos trabalhadores, que, com salários sempre reajustados, forçarão aumento
nos preços dos bens devido ao aumento nos custos de produção.
A inflação de um país pode ser de três tipos diferentes e cada caso merece
atenção e cuidados diferentes: inflação de demanda (quando há excesso de procura por bens e/ou serviços), inflação de custos (quando os custos se elevam,
seja por problemas estruturais ou conjunturais) e inflação inercial (causada por
mecanismos de indexação de preços, como era comum na década de 1980).
A inflação atormentou os governos e a população brasileira durante muitos
anos e até hoje é foco das políticas, pois o mede seu retorno ainda é muito grande.
Mas por que ela assusta? A inflação corroe a renda da população, causando incertezas quanto ao consumo e aos investimentos, travando, assim, a economia.
Quem se lembra das dificuldades de comprar a prazo na época de altas inflações
dos anos 1980? As grandes redes varejistas, que hoje possibilitam o consumo
das classes baixa e média parcelando as compras em até 24 meses ou mais, só
emergiram após a estabilização econômica vinda com o Plano Real, em 1994.
Existem formas diferentes para combater cada um dos três tipos de inflação:
•
Inflação de demanda: para combater esse processo de inflação, a
política econômica deve basear-se em instrumentos que provoquem a redução da demanda por produtos da economia. Essas são
as políticas chamadas restritivas, ou seja, aumento de tributos e
diminuição dos gastos públicos.
•
Inflação de custos: o governo, primeiramente, deve saber quais os
custos que estão causando inflação. Por exemplo, a desvalorização
cambial pode causar esse fenômeno. Com o dólar caro, o produtor
que necessita de matéria-prima importada enfrentará aumento nos
custos de produção, o que fará com que o produto final fique mais caro.
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Para resolver esse problema, o governo pode adotar a política de
câmbio fixo, na qual o dólar não varia de acordo com o mercado,
ou tentar uma maior regulação no mercado de divisas para evitar a
volatilidade da moeda estrangeira.
•
Inflação inercial: nesse caso, o governo apenas deve deixar de utilizar mecanismos de indexação para que haja uma quebra no ciclo
inflacionário.
Por que Augusto deve se preocupar com a inflação? Pelos mesmos motivos
que qualquer outro gestor de qualquer outra empresa do país.
•
O risco do retorno de altas taxas de inflação faz com que o governo
penalize todos os setores produtivos, pois as políticas de prevenção
são restritivas e acabam por desaquecer o mercado.
•
Porque se a inflação retornar, a renda da população será corroída,
reduzindo, assim, o consumo por parte dos brasileiros.
•
Inflação causa distorção nos preços relativos do Brasil com o exterior, fazendo com que nossos produtos percam atratividade aos
olhos de nossos parceiros comerciais, pois se tornam caros com o
efeito inflacionário.
1.5 A importância da economia na gestão empresarial
Como vimos, Augusto passa por inúmeras situações que são inerentes a diversas atividades no Brasil e no mundo: a estruturação do mercado de bens e
serviços; a estruturação do mercado de fatores de produção; fatores que determinam a demanda ou a oferta; políticas do governo que podem beneficiar ou
não sua atividade; e a inflação, que é um tormento para todos os empresários.
Todos esses assuntos, esboçados objetivamente neste primeiro capítulo, serão
retomados e aprofundados nos capítulos seguintes.
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