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Portuguese summary
portuguese summary
A inteligência é um atributo utilizado para descrever uma pessoa. Esse atributo é
baseado nas suposições de que toda pessoa tem uma gama de diferentes capacidades
mentais e que essas capacidades podem ser avaliadas e comparadas. Inteligência é
um das características humanas mais estudadas e tem sido foco de investigação há
mais de um século. A inteligência está associada a vários fatores importantes para a
vida, como o sucesso escolar e profissional, a mobilidade social, a saúde, a doença
e mesmo sobrevivência. Mutações em genes envolvidos no desenvolvimento das
habilidades cognitivas estão associados com a deficiência mental leve. Além disso, a
disfunção cognitiva é uma característica proeminente dos vários distúrbios mentais,
incluindo demência, autismo e esquizofrenia. Estudar as causas das diferenças
individuais em inteligência é, portanto, de grande importância para a compreensão
das causas da disfunção cognitiva, e conseqüentemente de interesse clínico e social
amplo.
Nos últimos 150 anos, grandes esforços foram realizados no intuito de
compreender as diferenças individuais em inteligência. Esse campo de pesquisa
começou com a observação de Sir Francis Galton, na segunda metade do século
19. Galton relatou que membros da mesma família se assemelhavam mais do que
indivíduos não aparentados em relação as suas capacidades intelectuais. Mais
tarde, na segunda metade do século 20, estudos com gêmeos demonstraram que a
semelhança familiar em inteligência e diferenças entre indivíduos não aparentados
são sobretudo devido a fatores hereditários. Diversos estudos realizados do
genoma humano, no início do século 21, encontraram evidências de que regiões
dos cromossomos 2 e 6, e dezenas de genes localizados em diferentes regiões do
genoma humano, contribuem com a herança genética humana. No entanto, nenhum
desses achados foi até hoje consistentemente reproduzidos.
Além da dificuldade de confirmar achados anteriores, acredita-se que o número
de genes envolvidos em inteligência é muito maior do que até agora foi revelado. A
herança genética intelectual varia por volta de 30% em crianças mais jovens a mais de
80% na idade adulta, e atualmente assume-se que a inteligência é influenciada por
muitos genes de pequeno efeito que por sua vez podem interagir uns com os outros
e com o meio ambiente. A maior proporção da variação em inteligência explicada até
hoje, por qualquer dos achados genéticos, está entre 1-2%, indicando que grande
parte da herança genética ainda não foi encontrada. Dada a sua natureza poligênica
e o pequeno efeito genético, detecção de genes putativos associados à inteligência
se revela uma tarefa difícil.
Os estudos incluídos nesta tese têm como objetivo auxiliar na melhor
compreensão da inteligência e seus fatores genéticos. Com esse intuito, eu adotei
diferentes abordagens. No capítulo 2 desta tese, explorei regiões do genoma
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humano que foram previamente associadas com a inteligência humana e testei a
variação genética dessas regiões em indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção
com Hiperatividade (TDAH). De todos os variantes genéticos testados, dois genes
[ATXN1 (ataxin 1) e TRIM31 (tripartite motif containing 31)] foram significativamente
associados à inteligência de indivíduos com TDAH. No capítulo 3, eu investiguei
as variantes genéticas dos percussores dos ácidos graxos, que são conhecidos por
desempenharem um importante papel na função cognitiva. Eu encontrei fortes
evidências de que as variantes genéticas dos genes FADS1 (fatty acid desaturase 1)
e FADS2 (fatty acid desaturase 2) estão correlacionados com a expressão de FADS1
no cérebro e que, muito provavelmente, esta expressão é afetada por um efeito
combinado de múltiplas variantes genéticas. Sugerindo que a variação genética em
combinação com alimentos/leite materno podem alterar a composição dos ácidos
graxos no cérebro, assim, possivelmente afetando o processo cognitivo. No Capítulo
4, eu coloquei a hipótese do “gene generalista” a teste e descobri que o gene SNAP25
(synaptosomal-associated protein), que antes era associado com a inteligência,
também está relacionado com a forma mais atenuada de retardo mental. No
capítulo 5, eu combinei duas estratégias de análise para encontrar genes envolvidos
no sucesso educacional, que está altamente correlacionada com o QI. Nesse estudo
eu identifiquei dois novos genes associados ao sucesso escolar [AQP4 (aquaporin
4) e GPX2 (glutathione peroxidase 2 (gastrointestinal))] e confirmei a evidência de
associação do gene DYNLL2 (dynein light chain LC8-type 2) com educação. Além disso,
eu mostrei que a variação genética dos genes ALDH5A1 (aldehyde dehydrogenase
5 family, member A1) e DRD2 (dopamine receptor D2), antes relacionados com a
inteligência, também estão associados com o sucesso educacional. Em resumo, eu
confirmei com os meus estudos que: 1- A inteligência é altamente hereditária, 2Influenciada por várias variantes genéticas localizadas em diferentes cromossomos,
3- A maior parte da variação genética tem um efeito aditivo sobre a inteligência.
Além disso, os meus estudos sugerem que genes associados com inteligência são
funcionalmente interligados e que estudos futuros deveriam focar sua atenção não
só para as variantes genéticas, mas também para os aspectos funcionais como as vias
metabólicas, função celular e expressão genética.
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