Santo Agostinho 871,3 KB

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Caracterização Cronológica
Filosofia Medieval Século V ao XV
Ano 0 (zero)
Nascimento
do Cristo
Plotino
(204-270)
Neoplatônicos
Patrística:
Os grandes
padres da
igreja
Santo
Agostinho
( 354-430)
Escolástica:
novas
questões
entre fé e
razão.
Tomás de
Aquino
(1221-1274)
As origens da Filosofia Cristã
• A religião cristã originária do judaísmo surge
e se desenvolve no contexto do helenismo.
• A cultura ocidental da qual somos herdeiros
até hoje é a síntese entre o judaísmo, o
cristianismo e a cultura grega.
• Como justificar essa relação?
• O helenismo permitiu a aproximação entre a
cultura judaica e a filosofia grega que tornará
possível mais tarde, o surgimento de uma
filosofia cristã.
• Em Alexandria essas culturas convivem e se
integram e se fala várias línguas.
• Nessa época encontra-se uma aproximação
entre a cosmologia platônica e a narrativa
da criação do mundo.
Caracterização histórica
• Inicialmente o cristianismo não se distinguia claramente
do judaísmo e era visto como uma seita reformista dentro da
religião e da cultura judaica.
• São Paulo defende a concepção de uma religião universal
(esta é uma diferença básica em relação ao judaísmo e as
demais religiões da época).
• Podemos dizer que a cultura de língua grega hegemônica
permitiu a concepção de uma religião universal e que
corresponde no plano espiritual e religioso a concepção
de império no plano político e militar.
• Consolidou-se com o imperador Constantino batizado em 337
e sua institucionalização como religião oficial.
• Entretanto não havia ainda uma unidade no
cristianismo, mas a filosofia grega terá uma importância
fundamental nesse processo, quando as discussões
levaram a formulação de uma unidade doutrinária
hegemônica, ortodoxa.
• Os primeiros representantes pertencem a escola
neoplatônica cristã de Alexandria.
• Uma questão que acompanhará todo o pensamento
medieval é um foco permanente de tensão que ficou
conhecido como o conflito entre razão e fé.
• Os Concílios fixaram a doutrina considerada legítima e
condenaram os que não aceitavam esses dogmas
expulsando-os da Igreja.
• Podemos dizer que a filosofia grega é incorporada de
maneira definitiva à tradição cristã. Exemplos:
1- A lógica e a retórica fornecem meios de argumentação.
2- A metafísica de Platão e de Aristóteles fornecem
conceitos chaves (substâncias, essências e etc.), em função
dos quais questões teológicas serão discutidas.
Filosofia Patrística (séc. I ao VII)
• Inicia-se com as Epístolas de São
Paulo e o Evangelho de São João.
• Foi obra não só desses dois apóstolos
, mas também dos Padres da Igreja –
primeiros dirigentes espirituais e
políticos do Cristianismo.
• Tem como tarefa religiosa a
evangelização e a defesa da religião
contra os ataques teóricos e morais
que recebia dos antigos.
Ideias introduzidas pela Patrística
• Criação do mundo a
partir do nada;
• Pecado original do
homem;
• Deus como Trindade
Uma;
• Encarnação e morte de
Deus;
• Juízo Final ou de fim dos
tempos;
• Ressurreição dos mortos.
Exemplo de questão enfrentada pela Patrística
• Como o mal pode existir no
mundo já que foi criado por Deus,
que é pura perfeição e bondade?
• Santo
Agostinho
e
Boécio
introduziram a ideia de “homem
interior”, isto é, da consciência
moral e do livre-arbítrio da
vontade (ou o poder da vontade
para escolher entre alternativas
opostas igualmente possíveis),
pelo qual o homem, por ser
dotado
de
liberdade
para
escolher entre o bem e o mal, é o
responsável pela existência do
mal no mundo.
• Para impor as ideias cristãs,
os Padres da Igreja criaram os
dogmas (verdades reveladas
por Deus).
• Com isto, surge a distinção
entre verdades reveladas ou
da fé e verdades da razão ou
humanas.
• Isto
é,
entre
verdades
sobrenaturais
(o
conhecimento é recebido por
uma graça divina, superior ao
simples
conhecimento
racional) e verdades naturais
(elaboradas pela razão).
Santo Agostinho e o Platonismo Cristão
• Sua influência filosófica e teológica
estendeu-se até o período moderno.
• Destacamos três aspectos
fundamentais de sua contribuição ao
desenvolvimento da filosofia:
1- Sua formulação das relações entre
teologia e filosofia, entre a razão e a fé.
2- Sua teoria do conhecimento com
ênfase na questão da subjetividade e na
noção de interioridade.
3- Sua teoria da história elaborada na
monumental cidade de Deus.
• 1º Anterioridade do amor.
(Antes de amar a Deus eu
amor a criação).
• 2º Por que o cristão é mais
livre que o pagão? (Ser
livre não é fazer o que
quer, mas estar livre do
seu querer).
• 3º “A medida para amar a
Deus e amá-lo sem
medida” (Regras , 34, 4,
7).
• Anedota da criança e o
mar.
(Santíssima
Trindade).
Santo Agostinho
• Considerado
o
primeiro
pensador a desenvolver uma
noção de uma interioridade que
prenuncia
o
conceito
de
subjetividade do pensamento
moderno.
• Encontramos em seu pensamento
a oposição interior/exterior e a
concepção de que a interioridade
é o lugar da verdade.
• É olhando para a sua
interioridade que o homem
descobre a verdade pela
iluminação divina.
• A teoria da iluminação divina
vem substituir a teoria platônica,
explicando o ponto de partida do
processo do conhecimento e
abrindo o caminho para a fé.
• Essa concepção terá uma grande
influência no desenvolvimento da
noção ocidental de tempo
histórico, raiz da visão
hegeliana.
• Santo Agostinho mostra que os
eventos históricos devem ser
interpretados à luz da revelação,
que a cidade divina
prevalecerá, já que a história
tem uma direção.
O CONHECIMENTO COMO ATO DE
ILUMINAÇÃO DIVINA
• Em "De Magistro", Agostinho afirma a
existência de uma luz interior que é a
verdadeira fonte da verdade, e os objetos
sensíveis, bem como as palavras, são
ocasiões para que se manifeste tal
iluminação. Isso significa que a verdade,
enquanto forma de perfeição, deriva da
própria PERFEIÇÃO DE DEUS – embora
possa se manifestar pela via das coisas
imperfeitas.
ILUMINAÇÃO DIVINA
• As verdades eternas, imutáveis e universais estão
presentes e impressas no coração (alma) de
todos os homens, mas não como uma espécie de
reminiscência, ou recordação (como pensava
Platão), as sim por iluminação divina ou como
uma participação.
• A alma conhece as verdades eternas porque teve
uma iluminação divina, mediante uma luz
interior, a verdadeira luz, pela qual a razão
humana toma a consciência da ordem que está
presente no mundo.
A ILUMINAÇÃO DIVINA
• Agostinho vê, agora, de onde essa Verdade vem.
Ela não poderia vir dos sentidos externos.
Também não poderia dizer que a Verdade estava
na razão, já esta é um meio para alcançá-la.
• A razão é mediadora entre o nosso sentido
interior e a Verdade que é eterna, imutável e
universal.
• A Verdade então, não estaria nem fora, nem no
interior do homem, mas sim, acima do homem, e
ele a receberia por iluminação divina.
O TEMPO EM SANTO AGOSTINHO
• Tempo está intimamente ligado a questão da existência. A
eternidade é um pressuposto e um atributo de Deus, apenas
Ele pode ser concebido como eterno, sendo infinito, incriado,
anterior ao tempo.
• Neste sentido, nossa alma, enquanto criação mais próxima de
Deus (que não é sujeito ao tempo) consegue perceber a
partir da criação do universo e do homem que o tempo se
apresenta para além de seu aspecto objetivo e cronológico,
sendo antes de tudo um bloco de existência único.
• Antes de criar o mundo não existia o tempo, pois ele é uma
criação divina. Mas por que Deus criou o mundo? Por um ato
livre do amor de Deus.
• Visão linear do tempo: tudo caminha ao retorno à cidade de
Deus.
O BEM E O MAL
• Agostinho tinha de enfrentar alguns paradoxos:
se Deus não criou o mal, então não podia mais
ser o criador de todas as coisas, pois o mal não
seria criação d’Ele. Por outro lado, outra forma,
afirmarmos que Deus é criador de todas as
coisas, então o mal também estaria entre as
suas criações; mas como pode Deus ter criado o
mal, se depois do episódio da criação Ele viu
que tudo era bom?
O BEM E O MAL
• Agostinho, em seu livro Livre-Arbítrio, escrito em
forma de diálogo, começa com uma pergunta
feita por Evódio (bispo de antioquia): “Peço-te
que me digas, será Deus o autor do mal? ” Ao
longo de todo esse diálogo, Agostinho argumenta
que Deus não é o autor do mal, pois, de sua
natureza boa, só poderia vir o bem. O mal é
totalmente afastado de Deus, eximindo d’Ele
toda a culpa da existência do mesmo e
reconhecendo o mal como pecado.
O BEM E O MAL EM SANTO
AGOSTINHO
• O mal, portanto, não pode estar em Deus, que é
o Sumo Bem, mas somente em suas criaturas,
pois o mal é privação ou perversão da vontade
que se volta para as criaturas e não para o
criador, o que em Deus não ocorre 12, e a essa
perversão Agostinho chama de mal moral ou
pecado, como anteriormente descrito. Se o mal é
uma defecção, um nada ou uma não-substância,
sua origem não está no cosmo ou em Deus, mas
sim no homem, onde se situa a raiz do mal moral,
ou pecado, origem e fonte de todo o mal no
mundo.
O LIVRE-ARBÍTRIO
• A principal afirmação de Agostinho é que o livrearbítrio é um bem concedido por Deus.
• No Livro I do O livre-arbítrio, Agostinho e Evódio
chegam à conclusão que o homem possui o livrearbítrio (a vontade livre). Porém, diante da afirmação
de Agostinho de que o livre-arbítrio é um bem dado
por Deus, Evódio levanta um problema ao afirmar que
é por tal liberdade que o homem peca: “O quanto me
parece ter compreendido no livro anterior, é que nós
só possuímos o livre-arbítrio da vontade, mas acontece
ainda que é unicamente por ele que pecamos”
(Agostinho, 1995, p. 73).
O LIVRE ARBÍTRIO
• O livre-arbítrio é um bem porque por ele o homem
tem a capacidade de tornar seu espírito mais pleno e
próximo de Deus livremente. No entanto, mesmo
sendo o livre-arbítrio um bem dado por Deus, é por ele
que o homem tem a possibilidade de pecar.
• Agostinho afirma que o pecado está na errada
utilização da vontade livre. O homem tem duas
grandes escolhas centrais: fazer ou não fazer o bem.
Quando o homem escolhe não fazer o bem, peca. Mas,
ainda que isso possa acontecer em nada diminui que o
livre-arbítrio é um bem.
LIVRE ARBÍTRIO
• Agostinho exemplifica: “Com efeito, vês que grande
privação é para o corpo não ter as mãos, e, contudo
acontece que há quem use mal das próprias mãos.
Realizam com elas ações cruéis e vergonhosas” (Livrearbítrio, p.136).
• Em outras palavras, a mão é um bem, mas também
pode ser utilizada para o mal. No entanto, o fato do
homem utilizá-la de forma errônea não neutraliza nem
contradiz o fato dela ser um bem, pois, na sua
ausência, o homem é prejudicado, porque perde parte
da sua agilidade e autonomia natural.
ANALISANDO O PENSAMENTO...
• "No que diz respeito a todas as coisas que
compreendemos, não consultamos a voz de quem fala,
a qual soa por fora, mas a verdade que dentro de nós
preside à própria mente, incitados talvez pelas palavras
a consultá-la.“ (Santo Agostinho, Confissões, XI)
•
" Vemos o homem, criado a Vossa imagem e
semelhança, constituído em dignidade acimade todos os
viventes irracionais, por causa de vossa mesma imagem
e semelhança, isto é, por virtude da razão e da
inteligência“ (Santo Agostinho, Confissões, XIII )
• "(...) coisas que percebemos pela mente, isto é, através
do intelecto e da razão, estamos falando ainda em
coisas que vemos como presentes naquela luz interior
de verdade, pela qual é iluminado e de que frui o
homem interior (...).“ (Santo Agostinho, De Magistro, XII)
PLATÃO E AGOSTINHO
• Santo Agostinho retomou a dicotomia de Platão,
mundo sensível e mundo das ideias (mundo
perfeito), mas substitui o mundo das ideias pelo
mundo divino, e para se alcançar o mundo
divino (o mundo perfeito), era preciso seguir o
caminho da fé.
• Para ele a alma humana é superior ao corpo e,
por ser superior, deve reinar e dirigi-lo à prática
do bem.
• A verdadeira liberdade estaria na submissão do
corpo ao espírito, as ações humanas à vontade
de Deus.
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