XVII Encontro de Iniciação Científica XIII Mostra de Pós-graduação VII Seminário de Extensão IV Seminário de Docência Universitária 16 a 20 de outubro de 2012 INCLUSÃO VERDE: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável MCH1237 AS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE INFLUÊNCIA SOCIAL E SUAS ABORDAGENS HISTÓRICO-CONCEITUAIS SIMONE GUIMARÃES BRAZ ROSANGELA GOULART MEIRE VANA PAVANI [email protected] MESTRADO - DESENVOLVIMENTO HUMANO UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ ORIENTADOR(A) EDNA MARIA QUERIDO DE OLIVEIRA CHAMON UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ AS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE INFLUÊNCIA SOCIAL E SUAS ABORDAGENS HISTÓRICO-CONCEITUAIS1 Simone GuimarãesBraz2 Rosangela Goulart3 Meire Vana Pavani4 Edna Maria Querido de Oliveira Chamon5 RESUMO Após a Segunda Guerra Mundial os estudos na área da Psicologia Social foram intensificados, principalmente nos Estados Unidos onde se iniciara um estudo científico e sistematizado. Neste momento histórico há a preocupação e uma necessidade de compreender e de buscar respostas às crises sociais que emergiam no mundo, além de se ter uma melhor leitura da realidade, necessidade premente na atualidade. O objetivo do artigo pautou-se em contextualizar histórico-conceitualmente o fenômeno da influência social através de estudo bibliográfico, e através do levantamento do estado da arte, no sentido de observarmos o que as produções acadêmicas nos dizem sobre a Influência Social e os aspectos relevantes que se refere à aplicabilidade dessa teoria no processo da avaliação dos resultados da nossa pesquisa. Palavras-chave: Psicologia Social. Influência Social. Comportamento. THE ACADEMIC PRODUCTIONS ON SOCIAL INFLUENCE AND ITS BOARDINGS HISTÓRICO-CONCEITUAIS ABSTRACT After World War II the studies in the area of Social Psychology had been intensified, mainly in the United States where if it initiates a scientific and systemize study. At this historical moment it has the concern and a necessity to understand and to search answers to the social crises that emerged in the world, beyond if having one better reading of the reality, pressing necessity in the present time. The objective of the article was pautou in contextualizar description-conceptual the phenomenon of the social influence through bibliographical study, and the survey of the state of the art, in the direction to observe what the academic productions in say on the Social Influence and the excellent aspects to them that if it relates to the applicability of this theory in the process of the evaluation of the results of our research. Keywords: Social Psychology. Social Influence. Behavior. 1 INTRODUÇÃO 1 XIII MPG – Mostra de Pós Graduação - Unitau. Autor 1 - Mestranda em Desenvolvimento Humano: Formação Política e Práticas Sociais - Unitau [email protected] 3 Autor 2 - Mestranda em Desenvolvimento Humano: Formação Política e Práticas Sociais – Unitau [email protected] 4 Autor 3 - Mestranda em Desenvolvimento Humano: Formação Política e Práticas Sociais - Unitau – [email protected] 5 Orientadora - Coordenadora do Mestrado em Desenvolvimento Humano: Formação Política e Práticas Sociais – Unitau - [email protected] 2 Após a Segunda Guerra Mundial os estudos na área da Psicologia Social foram intensificados, principalmente nos Estados Unidos onde se iniciara um estudo científico e sistematizado. Neste momento histórico há a preocupação e uma necessidade de compreender e de buscar respostas às crises sociais que emergiam no mundo, além de se ter uma melhor leitura da realidade. Estudos de fenômenos, como os de liderança, comunicação, conflitos, relações grupais entre outros, a fim de estabelecerem uma forma de promover o ajustamento do comportamento dos indivíduos no contexto social do pós-guerra. O indivíduo vive em sociedade de forma integrada, em grupos, quais seja família, escola, religioso, entre outros, que estabelecem a rede de relações que regulam a vida grupal, além de promover a aprendizagem e a socialização, na qual há estabelecimento de normas, valores e atitudes influenciando comportamentos. São processos sutis que ocorrem nos grupos e na sociedade, de modo geral, e, dão origem às crenças e valores através das experiências individuais e coletivas. Isso foi constatado no levantamento do Estado da Arte realizado para a elaboração deste artigo. Utilizando o descritor “influência social”, em bases de referência acadêmico-científica. Scielo, BvSalud, Iesb, Metodista, Sbponline e UnB, serviram como referencial para a pesquisa literária, que teve como recorte temporal o período de 2003 a 2012, contando com relevante material de pesquisa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Contexto histórico A retomada histórica do período da Revolução Industrial apresentou-se fundamental na busca da compreensão do fenômeno da Influência Social. Tal movimento, segundo Gouveia (2011), teve sua origem nessa época em que as elites sociais, na intenção da manutenção de seus interesses, reconheceram a importância da cooperação das massas. Foi neste contexto, que decorreu o surgimento das ciências sociais e a temática da influência social. O autor, pautado nas ideias hegelianas e marxistas, ressalta a noção de sujeito histórico, que Hegel considera como capacidade do homem em superar as incoerências do ambiente histórico através das ideias e da reflexividade para a formação de normas necessárias à uma igualdade subsistencial. No entanto, Marx afirma que as condições históricas que geram contradições socioeconômicas, são superadas por ações efetivas e não somente pela reflexão. 2.1.1 A Revolução Industrial A Revolução Industrial, segundo Decca e Meneguello (2003), consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido em meados do século XVIII expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era da agricultura foi superada, a máquina foi superando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa entre outros eventos. Para Decca e Meneguello (2003) essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente. Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo. Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. Segundo Decca e Meneguello (2003), esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. De acordo com a teoria de Karl Max, a Revolução Industrial, iniciada na GrãBretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do antigo regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa. A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Europa, contextualizam Decca e Meneguello (2003), devido a três fatores: 1) os comerciantes e os mercadores europeus eram vistos como os principais manufaturadores e comerciantes do mundo, detendo ainda a confiança e reciprocidade dos governantes quanto à manutenção da economia em seus estados; 2) a existência de um mercado em expansão para seus produtos, tendo a Índia, a África, a América do Norte e a América do Sul sido integradas ao esquema da expansão econômica européia; e 3) o contínuo crescimento de sua população, que oferecia um mercado sempre crescente de bens manufaturados, além de uma reserva adequada (e posteriormente excedente) de mão-de-obra. 2.1.2 O Liberalismo As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776), citado por Decca e Meneguello (2003) é considerado uma das obras fundadoras da ciência econômica. Ele dizia que o individualismo é útil para a sociedade. Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade é beneficiada. Portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus lucros. Mas, para lucrar, têm que vender produtos bons e baratos. O que, no fim, é ótimo para a sociedade. 2.2 Movimentos Sociais 2.2.1 A classe trabalhadora A produção manual que antecede à Revolução Industrial conheceu duas etapas bem definidas, asseveram Decca e Meneguello (2003), dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo: O artesanato foi a forma de produção industrial característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios de produção (era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja, não havia divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela utilização das ferramentas. A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna e na Antiguidade Clássica, resultou da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um único produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América. Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção. Na esfera social, segundo Decca e Meneguello (2003), o principal desdobramento da Revolução Industrial foi a transformação nas condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época, havendo uma mudança progressiva das necessidades de consumo da população, à medida que novas mercadorias foram sendo produzidas. A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, criando enormes concentrações urbanas. No início da Revolução Industrial, os operários viviam em péssimas condições de vida e trabalho. O ambiente das fábricas era insalubre, assim como os cortiços onde muitos trabalhadores viviam. A jornada de trabalho chegava a 80 horas semanais, e os salários variavam em torno de 2,5 vezes o nível de subsistência. Para mulheres e crianças, submetidos ao mesmo número de horas e às mesmas condições de trabalho, os salários eram ainda mais baixos. A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior. Segundo Decca e Meneguello (2003), como a produtividade do trabalho aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses aumentaram em mais de 300% entre 1800 até 1870. Devido ao progresso ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais (10 horas diárias em cinco dias de trabalho por semana). Segundo a teoria marxista, o salário corresponde ao custo de reprodução da força de trabalho, ou seja, ao valor mínimo necessário para que o trabalhador sobreviva. Esse nível (mínimo de subsistência varia historicamente). 2.2.2 Movimento Ludista (1811-1812) Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão-de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento, explicam Decca e Meneguello (2003). Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até a força. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas". Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical. 2.2.3 Movimento Cartista (1837-1848) O "movimento cartista" foi organizado pela Associação dos Operários, exigindo melhores condições de trabalho, incluindo: a limitação de oito horas para a jornada de trabalho a regulamentação do trabalho feminino a extinção do trabalho infantil a folga semanal o salário mínimo Este movimento lutou ainda pela instituição de novos direitos políticos, como o estabelecimento do sufrágio universal (nesta época, o voto era um direito dos homens, apenas), a extinção da exigência de ter propriedades para que se pudesse ser eleito para o parlamento e o fim do voto censitário. Esse movimento asseveram Decca e Meneguello (2003), se destacou por sua organização e por sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores. 2.3 Os sindicatos Os empregados das fábricas formaram associações e sindicatos, a princípio proibidos e duramente reprimidos, durante a Primeira Revolução Industrial. Na segunda metade do século XIX, contextualizam Decca e Meneguello (2003), a organização dos trabalhadores assume um considerável nível de ideologia. O sindicalismo na virada do século XX é caracterizado por veleidades revolucionárias e de independência em relação aos partidos políticos. Após a Primeira Guerra Mundial, uma parte dos sindicatos se alinha ao ideário socialista e comunista, enquanto outra parte se inclina para o reformismo ou para a tradição cristã. Em 1864 é criada em Londres a Associação Internacional de Trabalhadores, a Internacional, primeira central sindical mundial da classe trabalhadora. No mesmo ano, na França, segundo Decca e Meneguello (2003), é reconhecido o direito de greve. Em 1919 é criada a Organização Internacional do Trabalho, um dos mais antigos organismos internacionais, com direção tripartite, composta por representantes dos governos, dos trabalhadores e dos empregadores. 2.4 As consequências da Revolução Industrial Segundo Decca e Meneguello (2003), é a partir da Revolução Industrial o volume de produção aumentou extraordinariamente: a produção de bens deixou de ser artesanal e passou a ser maquino faturada; as populações passaram a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho. As fábricas passaram a concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em troca de um salário. Outra das consequências da Revolução Industrial, conforme os estudos de Decca e Meneguello (2003), foi o rápido crescimento econômico. A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações dos países que se industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se tornaram cada vez maiores e mais importantes. Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e desconfortáveis, com condições horríveis de higiene e salubridade, se comparadas com as habitações dos países industrializados hoje em dia. Mas representavam uma grande melhoria se comparadas às condições de vida dos camponeses, asseveram Decca e Meneguello (2003), que viviam em choupanas de palha. O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monótonas e repetitivas. A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. A cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas. 2.5 Influência Social: estudos conceituais De acordo com Gouveia (2011) os estudos acerca da conceituação da influência social são decorrentes das grandes mudanças históricas ocorridas na segunda metade do século XIX. Surgiu da necessidade de articulação do contexto sociopolítico com as teorias e métodos científicos da época, em compreender a influência social sendo um fenômeno em que alguns indivíduos com características de liderança desencadeavam dependências nas massas. Esse poder desenvolvido sobre as massas resultava em posicionamentos e atos que, à época, não eram controladas pelos próprios indivíduos considerados influenciados. O autor ressalta que neste período a influência social era entendida como um fenômeno em que os indivíduos das massas anulavam-se perante uma dependência para com indivíduos detidos de certo poder de liderança. Alguns pesquisadores buscaram no campo da psicologia social explicar o fenômeno da influência social. Garcia-Marques (2000, p. 228) explica que tais estudos ampliaram-se para definições sobre “o conformismo, a inovação, a polarização do grupo, a obediência, etc.”. O autor destaca que nesta área, os estudos experimentais de Sherif e Asch são duas grandes linhas de investigação, porém que contém investigações não somente acerca da definição do fenômeno, mas investigações sobre os problemas oriundos dos métodos experimentais utilizados. Gouveia (2011) traça um panorama dos estudos conceituais apresentando as ideias de Tarde, Le Bon, Allport, Sherif e Asch. Segundo este autor, nos pressupostos de Tarde, a imitação e a identificação são fenômenos causadores de dependências das massas perante líderes nas interações sociais às quais participavam. Defendia o chamado unidade mental das massas, sustentando que a consciência coletiva não apresenta-se independente dos indivíduos. Afirmava que os processos sociais teriam explicações numa combinatória entre interação mental e inovação de ideias. Le Bon compartilha com ideias semelhantes e afirma que o comportamento uniforme das massas possui fatores motivacionais considerados irracionais de imitação mútua, uma aceitação sem processos de reflexão. Para Allport, a conduta social tornou-se o foco de estudo, definindo-a como reações e estímulos surgidos entre os mesmos indivíduos (indivíduos e seu meio social). O caráter sugestivo é evidenciado em seus estudos ao tratar do estímulo social em dada situação. Ele afirma que a consciência coletiva não ocorre em situações em que há uma conduta uniforme entre indivíduos submetidos aos mesmos estímulos. Em seus estudos experimentais, demonstrou que os indivíduos apresentam tendências de julgamentos de caráter mais conservador do que extremista perante uma situação junto a outros indivíduos, do que em situação isolada (GOUVEIA, 2011). 2.2.1 Os estudos experimentais de Muzafer Sherif Conforme Gouveia (2011) e Garcia-Marques (2000), as ideias difundidas pelos experimentos de Sherif, nos anos 1936 e1937, partiram de um conceito pré-existente na psicologia sobre o “quadro de referência”. Este é entendido como contextos, experiências, vivências e estruturas às quais há a tendência generalizada em que os indivíduos estabelecem relações perante os estímulos sociais. Ou seja, o indivíduo cria unidades funcionais ao organizar os estímulos internos e externos e que proporcionam a limitação e a significação daquilo que é experimentado. Garcia-Marques (2000) evidencia que Sherif tinha interesse em relevar a atividade subjetiva de cada sujeito na criação de tais quadros de referência, e que as atitudes e crenças interrelacionavam-se com as normas de grupo e da cultura (referências individuais e referências sociais). Gouveia (2011) acrescenta nesta perspectiva que a hipótese de Sherif era o resgate às próprias crenças, valores e atitudes do indivíduo, ou seja, aspectos intraindividuais da influência social, e que na falta de um quadro de referência em uma situação grupal, o comportamento de outrem se tornaria padrão organizador do próprio comportamento. Em seus experimentos, Sherif proporcionou que os indivíduos primeiro realizassem sozinhos, depois junto a um colega e na sequência, novamente sozinhos, repetindo o experimento várias vezes. A gênese do experimento estava em os indivíduos, em uma sala escura, observarem uma luz em movimento e estimar a extensão do movimento da luz. O dispositivo experimental foi sempre o mesmo, porém o pesquisador abordou diferentes variáveis: as estimativas do indivíduo em situação isolada; em grupo; em grupo e após vivenciar a experiência sozinho; individualmente após ser deixado pelo grupo e após esta vivência coletiva; em situações em que o grupo era orientado pelo pesquisador para determinadas respostas em situação de desconhecimento do indivíduo; e situações em que o experimentador indicava correções às estimativas. Garcia-Marques (2000) aponta duas hipóteses levantadas pelo experimentador para as situações: a primeira era a de que o indivíduo diante da situação totalmente desconhecida em que não teria um quadro de referência, organizaria a resposta a partir de seu próprio comportamento nas situações isoladas, porém, nas de grupo a tendência seria a adaptação do comportamento dos outros como seus próprios. Sherif chegou a concluir que o indivíduo possui certa tendência a tornar para si a influência dos outros, mesmo em situações nas quais os outros não estivessem presentes. Conforme Gouveia (2011), Sherif considerava a norma coletiva não como uma submissão, mas internalização, aceitas como suas as ideias de outrem. Isto referese à permanência das normas coletivas em situações de isolamento do indivíduo. Garcia-Marques (2000) descreve tais experimentos de Sherif esclarecendo alguns pontos mais detalhados dos resultados obtidos nas experiências individuais: No experimento em que o indivíduo estava sozinho, ele tentava resgatar algum método próprio para a resolução do problema, sendo a tarefa julgada difícil por não haver quadros de referência acerca da experimentação; Na situação em que o indivíduo encontrava-se em grupo e vivenciavam a atividade por tempo mais frequente, a tendência era a manutenção dos resultados. Nas vivências em que o experimentador participava com posicionamentos acerca das respostas, os indivíduos alteravam seu quadro de referência perante os questionamentos/posicionamentos do experimentador. A respeito das experiências em grupo, as estruturas determinadas por Sherif diferenciam-se entre si na utilização de diversos sujeitos em grupos de dois ou de três, simultaneamente. Instruções para que os sujeitos alterassem a ordem em que respondiam e algumas perguntas aos sujeitos acrescidas após o questionário experimental sobre à consciência da existência de um quadro de referência e da influência dos outros no seu estabelecimento, foram algumas modificações do processo experimental de Sherif (GARCIA-MARQUES, 2000). Nesta primeira série experimental, em que os sujeitos a vivenciavam em grupo e em três sessões de cem estimativas em dias diferentes, na quarta sessão ocorrida individualmente, pretendia-se verificar que a influência dos indivíduos uns nos outros até que ponto se estendia nas situações do indivíduo isolado. Na segunda série de experimentos, Sherif buscava verificar até que ponto padrões individuais considerados estáveis, mantém-se perante as situações grupais. Para tal objetivo, cada indivíduo vivenciava uma situação individual e três sessões em grupo posteriormente. Garcia-Marques (2000) evidencia que os resultados obtidos de tais experimentos foi a verificação de que os padrões considerados pontos médios dos indivíduos variam mais em sessões individuais do que em grupo; a redução das variações reduz-se nas sessões grupais; há convergências dependente da ordem da experiência primeira, ou seja, se o indivíduo já a realizou a sessão individualmente primeiro, a convergência no grupo diminui; os padrões individuais variam na contribuição para o padrão do grupo e, não generaliza-se que o padrão do grupo apresente-se como padrão de apenas um de seus membros, mas de todos os indivíduos que o compõe. Na terceira série de experimentos de Sherif, “[...] a importância do prestígio na assimetria da convergência individual para o padrão grupal” (GARCIA-MARQUES, 2000, p. 234) foi o foco do estudo experimental. O grupo era formado por dois indivíduos, sendo um comparsa do experimentador e alguém de prestígio que anunciava as estimativas segundo acordos prévios com o experimentador. O outro indivíduo desconhecia tais preceitos e não tinha posição prestigiosa. De tais experimentos, Sherif concluiu que a figura do comparsa teve grande importância no estabelecimento de padrões individuais e sua influência foi maior nas sessões individuais, pois os sujeitos afirmavam seguir as estimativas do comparsa. Houve o reconhecimento de tal influência. Acerca dos experimentos de Sherif e sua contribuição, Garcia-Marques (2000) expõe as principais conclusões do experimentador: Há uma organização do indivíduo em sua experiência mesmo que esta não apresente fundamentos para tal; A auto-organização é pautada no próprio comportamento seja de isolamento ou dos outros; A referência ao comportamento dos outros é bastante decisiva; Os outros possuem grande importância na elaboração de quadros de referência individuais; Verificou-se que as atitudes baseiam-se tanto em experiências individuais quanto nas interações com outros, e que a interação proporciona construções espontâneas de normas reguladoras de seus comportamentos. Muitas críticas são realizadas aos estudos de Sherif, nos referenciais de Gouveia (2011), a capacidade de generalização das situações experimentais para as situações da vida social deixam dúvidas no que se refere às analogias entre padrão pessoal quanto ao padrão grupal, outro fator elencado seriam respostas irrefletidas devido ao caráter monótono do experimento. Garcia-Marques (2000) coloca que seria necessário para tais experimentos e conclusões uma explicação psicossocial do comportamento humano. 2.2.2 Os estudos de Solomon Asch sobre o sonambulismo social Os fenômenos da influência social foram também objeto de estudo de Asch devido à sua insatisfação com o conhecimento acumulado até então. Ele denominou como sonambulismo social as teorias em que se supunha a submissão inerente à atividade do humano (GOUVEIA, 2011); GARCIA-MARQUES, 2000). Garcia-Marques (2000) enumera três principais características do sonambulismo social: a conceitualização de realidade social como relativa e noções de certo e errado como convenções; os processos de imitação como basilares no funcionamento da sociedade; e a imitação do comportamento dos membros dos grupos ao qual pertencem, especialmente de seus líderes, devido à experiência de associações entre imitação e recompensa. De acordo com Gouveia (2011, p.254), Asch “sustentou que essa ideia menospreza fenômenos como a atividade interpretativa das pessoas e sua capacidade de processar as informações, considerando que a influência não ocorre em um único sentido, uma vez que é um processo de concessões recíprocas”. A insatisfação de Asch acerca da sonolência é elencada por Garcia-Marques (2000) como ignorar o fato de que a influência não é uma via de um só sentido, mas como um processo de concessões recíprocas e que os estudos experimentais de Sherif puderam contribuir. Outro fator é que o sonambulismo não permite analogias acerca do consenso social, uma análise funcional. Outro fator é que considera-se no sonambulismo somente as qualidades dos emissores de influência, desconsiderando o conteúdo do julgamento e as circunstâncias em que ocorre, ou seja, os fatores situacionais. Nos escritos de Gouveia (2011), esclarece-se os objetivos dos estudos experimentais de Asch em estudar as condições que conduziam as pessoas a permanecerem independentes ou a se submeterem às pressões do grupo. A quês tão hipotética levantada por Asch, era que os indivíduos teriam capacidade de resistência às sugestões consideradas irracionais e à pressão social desde que dispusessem de informações objetivas. Garcia-Marques (2000) esclarece que Asch queria demonstrar a incapacidade do sonambulismo. A experiência de Asch consistia em julgamentos a partir de estímulos de comparação entre linhas negras e uma linha padrão. Tais julgamentos ocorriam com os participantes sentados envolta a uma mesa, que distanciavam-se a cinco metros do estímulo. Sete participantes integravam o experimento sendo que somente um não era comparsa do experimentador, o denominado sujeito crítico. As respostas dos comparsas seguiam as orientações do experimentador e de forma que o sujeito crítico fosse o penúltimo a opinar. Complementar a esta situação, outro momento incluía uma entrevista sobre as impressões do experimento. (GARCIA-MARQUES, 2000). Os resultados de tal experimento de Asch podem ser resumidos como: As respostas do grupo não são ignoradas; Há esforços para o estabelecimento de equilíbrio, podendo despertar a dúvida quanto ao entendimento da consigna; Em caso de divergência de opinião, atribui-se a razão da divergência a si próprio, não como divergência do grupo em relação a si; Há o desenvolvimento de esforços para alcançar uma solução, obter uma explicação ao ocorrido; O objeto de julgamento obtém total atenção; É presente um crescente posicionamento de dúvida sobre si próprio. Segundo Gouveia (2011) os experimentos de Asch constatou as diferenças individuais, seja na submissão integral do indivíduo ou seja na independência completa. As situações de dúvidas quanto a si próprio foram evidenciadas na entrevista pósexperimento, instituindo a atração em seguir a opinião da maioria para fugir da situação conflituosa a que vivenciava. Na busca da consonância, muitos cederam ás pressões do grupo. Outro ponto do estudo de Asch está nas informações e seu valor e também sua veiculação, a resistência às sugestões irracionais, ou seja, às respostas consideradas erradas pelo sujeito e às pressões sociais, relacionavam-se às informações objetivas. Isto contrapõe o sonambulismo social. Garcia-Marques (2000) esclarece acerca da análise dos erros no experimento de Asch que na condição experimental é visível a influência da maioria, no entanto a influência da maioria não apresenta-se como absoluto, as respostas mesmo que irracionais diferem entre os indivíduos. A partir de tais experimentos, Asch criou uma tipologia aos sujeitos: os que denominou independentes e os que chamou de conformistas. De acordo com o autor supracitado, para Asch, os sujeitos independentes, verdadeiramente, mostravam-se inabaláveis em suas convicções, não entravam em situações de conflito diante a influência da maioria. Já os falsos independentes admitiam o erro perante o acerto do grupo, porém justificavam a atitude diante a instrução recebida. Os conformistas foram subdivididos em três sub-categorias: conformistas a nível perceptivo; a nível de julgamento e a nível comportamental. Pelo primeiro, entende-se àqueles que não identificam estranheza na situação, responderam conforme o que viram; pelo segundo, aqueles que reconheciam o desacordo das respostas, porém justificandose que seus julgamentos poderiam estar equivocados; e pelo último, indicavam estarem certos perante a maioria, mas assumiam a posição de não sobressaírem no grupo. Acerca dos estudos sobre a influência social de Asch, Garcia-Marques (2000) aponta os resultados conclusivos de que os sujeitos entram num conflito entre conformismo e independência, embora a independência tenha se evidenciado nos seus casos experimentais, a influência da maioria é indiscutível. Os sujeitos críticos não apresentaram passivos e buscaram explicações para as situações de conflito. Outro fator, é que diante do erro dos sujeitos críticos não atribuiu-se ao posicionamento da maioria. Tais estudos contribuíram para a compreensão dos limites da influência social além dos avanços e acumulação de novos conhecimentos. 2.2.3 Os estudos de Stanley Milgram: obediência à autoridade Gouveia (2011) apresenta os estudos desenvolvidos em 1963 por um pesquisador da Universidade de Yale (EUA), Stanley Milgram, acerca da obediência, no qual intencionava-se conhecer os motivos que levavam um indivíduo a obedecer a outro, mesmo que isto decorresse sofrimento a um terceiro indivíduo que não lhe oferecia ameaças. No estudo experimental, evidenciava-se o caráter inédito do experimento a um grupo de quarenta pessoas entre vinte e cinqüenta anos, provindos de classes e profissões diversificadas. O participante era sempre o instrutor em que sua tarefa consistia a partir dos erros de um aprendiz ao memorizar palavras ditadas pelo instrutor, em liberar choques elétricos que causavam dor, porém não causariam danos aos tecidos epidérmicos. No entanto, era desconhecido do instrutor que o choque e as reações do aprendiz eram compactuados com o experimentador. A intensidade do choque era controlada pelo instrutor e elevava-se na medida em que os erros aumentavam. Em nome da ciência, os instrutores seguiam as orientações, mesmo cientes do sofrimento causado nos companheiros e sentindo-se desconfortáveis diante da situação. (GOUVEIA, 2011). Os estudos de Milgram evidenciaram o papel da autoridade legítima, na qual mesmo que provoque sofrimento, prejuízos a outrem as pessoas a seguem sem entraves na consciência. Gouveia (2011) afirma que os estudos de Milgram não podem ser encarados de forma generalizada do ser humano à obediência, mas que as pessoas escolhem a defesa de suas convicções mesmo com um mínimo de apoio social. 3 MÉTODOS/PROCEDIMENTOS Para atingir a finalidade proposta neste artigo, a coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa exploratória, que tem o objetivo de proporcionar visão geral, que possibilitará descrever os estudos que vêm sendo realizado na Psicologia Social, com foco na “influência social e atitude”, baseado na pesquisa literária. A realização do estado da arte tem como objetivo dar a conhecer a quem o realiza um panorama de produções científicas publicadas, contemplando forma, conteúdo, metodologia e resultados já obtidos. Esse levantamento possibilita ao pesquisador, variáveis do tema que o auxilia a avançar em direções ainda não trilhadas ou confirmando o que foi publicado. O levantamento do estado da arte pautou-se em critérios iniciais que possibilitaram o contato com a produção acadêmica que vários pesquisadores vêm realizando atualmente sobre o tema proposto nesta pesquisa “influência social”. O primeiro critério foi quanto ao descritor “influência social”, só foram selecionados artigos ou dissertações que traziam na palavra chave o citado descritor, porém o artigo “A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais” desenvolvido pela pesquisadora Maria Cristina Ferreira foi considerado para compor o estado da arte, apesar de não conter o descritor “influência social” na palavra chave, devido à relevância ao estudo. O período de realização do levantamento das pesquisas ficou estabelecido que fossem retroativos até 2003, devido à dificuldade em encontrar artigos com os descritores definidos. Muitos dos artigos encontrados tratavam de aplicativos das teorias e fenômenos dos estudos da Psicologia Social e o objetivo era o levantamento de pesquisas que tratassem das teorias e conceitos. Definiu-se por realizar a busca em artigos e dissertação nas bases de referência acadêmica – científica: Scielo, BvSalud, Iesb, Metodista, Sbponline e UnB, considerando a credibilidade das mesmas. Para a elaboração deste artigo foi imprescindível a leitura dos resumos e introdução dos artigos e dissertação. Por vezes, o aprofundamento na leitura, para que pudesse ser selecionado e organizado as informações e possibilitando a identificação das pesquisas que pudessem trazer alguma contribuição, aproximando-se dos estudos que se pretende realizar. A leitura das pesquisas selecionadas propiciou o maior conhecimento do tema pesquisado, além da apropriação de conceitos já construídos por outros pesquisadores, possibilitando que a presente pesquisa possa trazer uma contribuição significativa quando concluída. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os estudos do processo de influência social remontam o período pós-guerra e a eclosão dos movimentos populares dos trabalhadores descontentes com o poder centralizado nas mãos da elite capitalista. Desde então, pesquisadores sociais têm observado o homem e teorias comportamentais têm sido formuladas. Dentre as já realizadas aqui se apresenta um pequeno panorama de estudos, tendo como foco a “influência social” descrito numericamente na tabela 1 e detalhada na sequência. Tabela 1. Quadro de Fundamentação Número total de publicações sobre “influência social” dividido por temática Tema Unb Sbponline Atitude Aprendizagem Influência do poder Consumo Controle de estímulo Cognição Social 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 Metodist a 0 1 0 0 0 0 Iesb Scielo BvSalud Total 0 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 2 1 1 2 1 Total geral 8 Fonte: dados levantados pelos autores. De acordo com a tabela 1, sete artigos e uma dissertação compõem o estado da arte, tendo como temas principais: atitude, aprendizagem, influência do poder, consumo, controle de estímulo e cognição social, que são na sequência detalhados. DeSouza, Neto e Menezes (2011) pesquisaram 168 sujeitos, divididos em homens e mulheres igualitariamente, todos com nível superior completo, na cidade de Aracajú. Analisaram a atitude dos sujeitos perante a apresentação de músicas atribuídas a cantores conhecidos nacional, regionalmente e desconhecido. Os sujeitos avaliaram se gostaram da letra, quanto à qualidade e se tinham o desejo de ouví-las. Os resultados apontados inferem que as letras atribuídas a cantores conhecidos nacionalmente despertavam nos sujeitos atitude mais favorável do que as atribuídas aos conhecidos regionalmente ou desconhecidos. Os resultados apresentados não sofreram alterações considerando o gênero do sujeito, mas aponta que os homens demonstraram maior interesse na melodia, enquanto as mulheres demonstraram maior interesse na letra da música e por ouvir sua execução. Para DeSouza, Neto e Menezes (2011) o fato de serem informados que as letras pertenciam ao repertório de cantores de renome influenciava na avaliação final, seja na qualidade da letra como no sentimento aflorado. Este estudo evidencia que o sujeito demonstra atitude mais favorável quando influenciado pelo conhecimento prévio dos cantores famosos e conhecidos nacionalmente, em relação aos demais. Fundamentando a pesquisa no que se referem ao estudo da atitude, os pesquisadores utilizaram os escritos de Paludi, Bauer e Colley. Resende (2010) contribui com os estudos da Psicologia Social trazendo considerações a partir da perspectiva etológica, a abordagem da Percepção/Ação, buscando discutir a influência social na aprendizagem, pautada na Teoria da Mente, da etologia e os neurônios – espelhos nos estudos da aprendizagem social. Para tratar sobre a abordagem da Percepção/Ação, Resende (2010) fundamentase nos estudos de Lockman, que defende que o ambiente oferece essencial influência sobre a forma de agir de uma pessoa (RESENDE, 2010). Considera os estudos de Piaget sobre o desenvolvimento da imitação vinculada a fase de que a criança passa para a construção da capacidade simbólica, importante para o processo cognitivo. Na tentativa de entender o processo de imitação no processo social, Resende (2010) fundamenta seu estudo na Teoria da Mente de Premack e Woodruff (1978) que tratam do processo cognitivo humano e Kanakogi e Itakura (2010) e Pearce (2008) para entender o processo espelho, que permite explicar como um sujeito reconhece e copia o comportamento de outro. Resende (2010) compartilha no artigo que descreve os estudos de Ottoni et. al (2005) realizado no Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, quando observa a ação de macacos prego utilizando pedras para quebrar cocos e faz o relato de que poucas espécies não humanas utiliza-se de ferramentas de forma não estereotipadas. Finaliza considerando que há grande interesse nos estudos da Psicologia Social, na tentativa de entender o processo de transmissão social de informações e de processo de imitação humana. Os estudos de Rodrigues e Assmar (2003) foram pautados na réplica de estudos anteriores realizados por Rodrigues (1995, 2001) que demonstraram que comportamento antinormativo, a partir de influência exercida por recompensa, informação e referência, é considerado como interno e controlável e quem o pratica é considerado mais responsável do que aquele que tem uma ação pautada em influência do poder do conhecimento, legitimidade ou coerção. Para fundamentar a pesquisa, Rodrigues e Assmar (2003), citam os estudos de Raven (1965) sobre bases do poder, Milgran (1963) sobre obediência à autoridade e Weiner (1995) quanto à teoria da conduta social. Fundamentado na teoria de Weiner (1995), Rodrigues (1995, 2001), constatou que o comportamento de transgressão as regras percebido de fundo interno e controlável, foi considerado de maior responsabilidade de quem o praticou e, da parte daquele que o analisa, suscita um julgamento mais rigoroso, carregado de raiva. O objetivo do estudo de Rodrigues e Assmar (2003) é reproduzir o experimento e constatar se o resultado se mantém ou se sofrem alterações. A pesquisa foi realizada com universitários cariocas de uma universidade particular, sendo que 83% do sexo feminino às quais foram apresentados questionários contendo frases com formas de influência com desfechos positivos e desfechos negativos, contendo valores escalares propostos pelos estudos de Thurstone e Chaves (1929). Realizada a réplica do experimento, Rodrigues e Assmar (2003) não observaram mudança no resultado anteriormente encontrado por Rodrigues (1995, 2001), evidenciaram o fato de o experimento ser realizado em situação hipotética e não real, pautando-se na ética que envolveria a criação de situações reais expondo seres humanos em situação que transgressão influenciada. Porém, consideram a crítica de Zimbardo (1999) quanto a restrições éticas na condução de experimentos psicológicos. Gomes (2009), em sua tese de mestrado, utilizou da Teoria do Comportamento Planejado (TCP) para realizar um estudo exploratório sobre o comportamento de compra de produtos de vestuário e moda. Diferente do realizado por Ajzen (1980, 2001 e 2005), Gomes propõe que seja considerado o comportamento passado de compra, ao invés da intenção de compra. A pesquisa foi realizada no Distrito Federal com duzentas e nove consumidoras de produtos de moda, além do comportamento passado de compra, o survey respondido considerou uma medida de percepção de vitrine e as escalas do TCP. Um dos estudos considerou dois agrupamentos de sujeito, as que compravam sozinhas e as que compravam acompanhadas por membros do grupo de referência e o outro a verificação quanto à percepção da vitrine, análise da atitude durante a compra, a influência social das normas subjetivas e referentes de normas, o controle percebido e a correlação com o modelo teórico. Gomes (2009) aponta como resultado a pertinência teórica ao objeto observado em diferentes contextos e cultura e que as observações podem servir de referência a planos de marketing. Neste estudo os autores mais citado foi Ajzen (1991, 2002 e 2005) e Fishbein (1974, 1975) tratando dos conceitos base da influência e psicologia social, Bardin (1977) orientando a análise de conteúdo e Gomes (2003 e 2006) com estudos sobre leitura imagética e gestalt. Moreira e Coelho (2009) traduzem o artigo original de Wearthely, Miller e McDonald (1999) que traz importante contribuição para o estado da arte sobre influência social, que um dos muitos fenômenos estudados dentro da Psicologia Social, define como controle de estímulos entre membros de uma mesma espécie. Este estudo, segundo Wearthely, Miller e McDonald (1999), objetivou demonstrar que fenômenos estudados na influência social, em Psicologia Social, podem ser considerados como controle de estímulo. Asseveram que, se o fator ambiental for considerado como causa do comportamento e não em fatores internos como já foram estudados, novos estudos do ambiente pode levar a sugerir o controle do comportamento social, expandindo a análise do comportamento social. Nos arrazoados conceituais de influência social consideram os pesquisadores Zimbardo & Leippe (1991) que a definem como mudança de comportamento de um sujeito afetado por outro, como referencia para o estudo. Teóricos clássicos da Psicologia Social na área da influência social são citados como Asch (1951, 1955, 1956) e Milgran (1963, 1974), entre os mais recentes, vale ressaltar Moscovici (1985), renomado psicólogo social a quem é atribuído os vastos estudos sobre Representação Social. Da pesquisa realizada, Wearthely, Miller e McDonald (1999), concluíram que influência social pode ser entendida como instância de controle, nos estudos realizados constatou que os sujeitos comportavam-se de maneira diferente na presença ou ausência de outros membros da mesma espécie. Essa afirmação continua nas considerações, não pode ser universalizada, pois dependerá se sujeitos diferentes têm histórias de reforçamento similares na presença de membros da mesma espécie. Generalizando os resultados, Wearthely, Miller e McDonald (1999), exemplificam que, atualmente muitas empresas retiram os funcionários do isolamento de suas salas, abrindo paredes, colocando-os próximos fisicamente, tornando mais sistemático o controle de estímulos. Afirmam que esse controle pode ou não oferecer benefícios coletivos. Machado e Moreira (2011) reaplicaram esse experimento realizado por Wearthely, Miller e McDonald sobre a influência social e o controle de estímulos. Participando desse experimento estiveram 40 universitários entre 17 e 30 anos, no Brasil. O experimento foi reproduzido, porém não ocorreram diferenciações significativas entre as respostas dadas, como originalmente ocorreu com o experimento feito por Wearthely, Miller e McDonald. Na tentativa de constatar se há influência na atribuição de causalidade (disposicional, situacional ou de propósito) dos participantes diante a presença ao não de uma pessoa no ambiente durante a tarefa. Segundo Machado e Moreira (2011), não houve influência constatada na presença de uma pessoa entre a atribuição situacional e a atribuição disposicional. Para os pesquisadores há considerações possíveis para justificar o fato de não terem chegado aos resultados encontrados no experimento original, que é a diferença cultural, uma vez que o experimento original foi realizado nos EUA. Outro ponto de verificação apresentado pautava-se na produção do material, que diferente do material original, pode não ter oferecido a ambigüidade necessária para o teste. A formação do grupo para o teste não considerou parcelas distintas entre estudantes de vários cursos, sendo que cada etapa foi aplicada em grupos distintos de cursos distintos, levando Machado e Moreira (2011) considerarem que as características pessoais dos estudantes de cursos diferentes deveriam ter sido mescladas aleatoriamente, além do número de participantes terem sido diferente do experimento original. Neste artigo os autores citados foram Wearthely, Miller e McDonald (2009) por terem seu experimento reproduzido. Mazzotti (2012) chama o psicólogo social Moscovici (1994) para abordar na Psicologia Social os estudos sobre influência social, como contexto traz o espaço escolar e os sujeitos os professores, afirmando que estes exercem influência social sobre seus alunos e esperam que sua reputação ultrapasse os limites do muro escolar. Afirma o pesquisador em seu artigo, que os estudos sobre influências sociais deveriam recuperar os estudos sobre as técnicas da retórica, que poderiam ser utilizados para analisar os discursos colhidos entre os sujeitos entrevistados. Na entrevista foram levantadas questões sobre a reputação do professor, que para Mazzotti (2012), é construída na relação dele com os pais, com os alunos e entre os demais atores sociais escolares. Segundo assegura, o desconhecimento desse processo seria um dos fatores do sentido de menor valia do professor. Ferreira (2010) fazer um balanço em seu artigo do estado atual da Psicologia Social, no plano nacional e internacional, realizando um panorama histórico dos estudos sobre Psicologia Social e as micro-teorias que compõem a Cognição Social. Propõe uma revisão das principais tendências de pesquisa que marcaram a Psicologia Social na América do Norte, na Europa e América Latina e análise da recente produção no Brasil. Ferreira (2010) apresenta um breve histórico do caminho que a Psicologia Social percorreu e a renovação do interesse em pesquisar a influência social e processos grupais sob a liderança. Como os estudos de Asch (1952) que insatisfeito com as teorias de sonambulismo social e a idéia de que a submissão seria um traço inerente à natureza humana, realiza estudos que o levam a concluir que uma norma contrária aos fatos provoca tensão, incerteza e dúvidas no sujeito e, esse desconforto, gera dissonância. Bem como os estudos de Festenger (1954) sobre mudança de atitude. Para ele, uma mudança de atitude vai ocorrer pela necessidade básica de consonância cognitiva. O desconforto gera a motivação para mudar um dos argumentos e diminuir a dissonância. Como o comportamento já passado não é possível mudar, o sujeito muda sua atitude em relação ao objeto para repor, equilibrar a dissonância, levando-o a mudar de atitude. Os estudos de Allport (1924, 1954) tinham como objetivo explicar como os pensamentos, sentimentos e comportamentos do indivíduo era influenciado pelo grupo, seu objeto de estudo: a conduta social. Ferreira (2010) continua apontando os principais teóricos da Psicologia Social com Sherif (1936) que buscou compreender o processo de formação das normas sociais enquanto compartilhamento que oferece ordem, estabilidade e coerência ao meio social. Para Ferreira (2010) na revisão de literatura realizada não foi possível abordar todos os teóricos que contribuíram com o desenvolvimento da Psicologia Social e que há desafios futuros que se colocam à produção nacional na área da Psicologia Social, principalmente no impacto no cenário acadêmico internacional. 5 CONCLUSÃO A revisão de literatura realizada evidencia o avanço dos estudos na área da Psicologia Social com ênfase após o período pós-guerra e em evolução na atualidade. Os fenômenos sociais estudados desde então já consideraram as características de liderança, o poder da influenciação e de imitação que desencadeavam dependências nas massas, perante líderes nas interações sociais. No estado da arte realizado pode-se inferir quanto à inquietação de pesquisadores mediante o conformismo social, o comportamento determinado pela chamada unidade mental das massas, supondo que o ser humano é naturalmente submisso. Esse artigo pretendeu apresentar uma breve revisão literária sobre um dos fenômenos da Psicologia Social, compondo apenas um recorte desta área tão ampla de conhecimento, tendo em outros fenômenos a possibilidade de novos levantamentos, uma vez que é reconhecida a importância do tema para o desenvolvimento humano. REFERÊNCIA DECCA, E. S.; MENEGUELLO, C. Fábrica e Homens - A Revolução Industrial. 4 ed. São Paulo: Atual, 2003. DESOUZA, D.A.; NETO, O.C.M.; MENEZES, R.C.R. De quem é essa música? Influência social nas atitudes perante avaliações artísticas. Temas em Psicologia. Ribeirão Preto – SP. v. 19, n. 2, p. 427 – 441, 2011. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v19n2/v19n2a07.pdf> Acesso em 11 set 2012. FERREIRA, M.C. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília. D. F. v. 26, n. especial, p. 51 – 64, 2010. 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