AVALIAÇÃO DO USO DO FÁRMACO VICTOZA® NA MORFOLOGIA DO FÍGADO DE RATOS OBESOS OBTIDOS POR DIETA DE CAFETERIA. Jessica Amanda Marcondes (PIBIC/Fundação Araucária/UEPG), Dionizia Xavier Scomparin, e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Ponta Grossa/ Setor de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Biologia Geral. Fisiologia de órgãos e sistema, Fisiologia endócrina. Palavras-chave: Obesidade; Victoza®; Síndrome Metabólica. Resumo: O presente estudo tem como objetivo avaliar o uso do fármaco Victoza® na morfologia do fígado de ratos obesos obtidos por dieta de cafeteria. Foram utilizados 62 ratos Wistar machos, os animais foram divididos em quatro grupos: controle, controle com GLP-1, dieta e dieta com GLP-1. Comparando o grupo controle com os grupos dieta e controle GLP-1 observamos que houve aumento do peso corporal de 16,07% e 33,85% respectivamente, e uma diminuição de 18,70% do grupo controle GLP-1 comparando com o grupo dieta GLP-1. O peso dos fígados aumentaram 21,44% e 26,49% dos grupos dieta e controle GLP-1 respectivamente, comparando-os com o grupo controle. Os triglicerídeos aumentaram em 50,54% do grupo dieta comparando com o grupo controle, e uma diminuição de 44,08% do grupo controle GLP-1 e de 33,33% do grupo dieta GLP-1, comparando-os com o grupo dieta. O tratamento com GLP-1 não provocou alteração no peso do fígado, mas uma dieta hipercalórica provoca aumento no peso desses fígados como também aumento no peso corporal. Houve uma diminuição nos níveis de triglicerídeos e glicemia com o tratamento do GLP-1. Dessa forma o tratamento com GLP-1 provoca melhoras no quadro de síndrome metabólica. Introdução A obesidade é uma grande preocupação para saúde da população. E é o resultado de um excesso de alimentos e uma diminuição da atividade física. A obesidade está associada a distúrbios metabólicos como resistência à insulina, inatividade física e hipertensão (MOURA 2012; CESARETTI 2006). Há vários fármacos utilizados no tratamento da diabetes tipo 2 mais especificamente no tratamento para resistência á insulina, um deles é a Victoza® cujo principio ativo é a Liraglutina, um análogo do hormônio incretina o GLP-1 (glucagon-like peptídeo 1) que estimula as células β a produzirem insulina. (SOUZA, 2012). Outra relação com a resistência à insulina é que essa causa hiperinsulinemia compensatória o que impede a metabolização adequada de ácidos graxos e esses em excesso são convertidos em triglicerídeos que acabam se acumulando no fígado podendo levar ao quadro de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) sendo sua forma clinica inicial á estenose hepática (FERREIRA, 2013; MOURA, 2012) O presente estudo tem como objetivo avaliar o uso do fármaco Victoza® na morfologia do fígado de ratos obesos obtidos por dieta de cafeteria. Materiais e métodos Os animais foram obtidos com 21 dias de vida e sacrificados com 90 dias. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética na Experimentação Animal da UEPG, Protocolo n° 5330/2014. Foram divididos em quadro grupos, sendo que cada grupo conteve três animais por caixa: Grupo controle, dieta, controle com GLP-1 e dieta com GLP-1. Os grupos controle receberam ração comercial e água a vontade, já os grupos dietas receberam ração comercial e água a vontade, uma dieta especial chamada dieta de cafeteria, rica em carboidratos e lipídios e refrigerante cola. A dieta hipercalórica se inicia com 30 dias de vida do animal. O GLP-1 foi administrado durante dez dias dos 80 dias aos 90 dias. A dose administrada nos ratos foi estabelecida como sendo a dose proporcional ao peso deles referente à dose máxima para um adulto de peso padrão (70 kg). Aos 90 dias os animais foram sacrificados tomados o comprimento nasoanal para posterior cálculo do índice de Lee, foi retirado sangue para dosagens bioquímicas, retirado às gorduras para a estimativa da obesidade, fígados para a análise histológica. O fígado foi retirado para analise histológica com intuito de avaliar a morfologia do mesmo no uso do fármaco Victoza® analisando suas modificações. Os resultados obtidos foram representados por analise estatística utilizando media e a comparação entre eles realizada por analise de variância (ANOVA) de uma via, com pos-teste de Bonferroni. Foi considerado o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). Resultados e Discussão Os dados mostram que a dieta provocou aumento no peso corporal (16,07%) quando comparado aos animais controle que receberam ração comercial, esses dados estão de acordo com White et al 2013. Já a relação entre o grupo controle e controle GLP-1 houve um aumento de 33,85%, resultados contraditórios foram encontrados nesses animais do grupo controle GLP-1, estes apresentaram um aumento significativo no peso corporal quando comparados tanto ao grupo controle quanto ao grupo diet GLP-1, esses dados estão controversos a tudo que se tem na literatura. Mecanismos da capacitação da glicose indicam que esta permite a entrada de glicose no tecido adiposo e consequentemente contribui para o aumento da massa adiposa corporal (PAULI, 2007). Sugerimos que esses animais possam ter aumentado à massa muscular já que o GLP-1 é conhecido por melhorar a liberação de insulina e consequentemente a capacitação da glicose. Se compararmos os grupos com GLP-1 àqueles animais obesos tiveram uma diminuição no seu peso corporal, o que pode indicar que o tratamento com victoza® diminui o peso do animal (Figura 01). Peso figado Peso corporal ad a a 200 10 5 0 0 Co nt Co nt Figura 01- Efeito do tratamento com victoza no peso corporal de animais obesos obtidos por dieta de cafeteria. Os dados são a média EPM. As letras sobre as barras indicam diferenças significativas de p<0.05 entre os grupos: a: cont; b: diet; c cont GLP-1 e d: diet GLP-1. GL P1 -1 Di et Co nt G G LP LP Di et -1 100 Co nt a bc -1 gramas (g) 300 15 GL P c bc Di et 400 20 Di et 500 Figura 02- Efeito do tratamento com victoza no figado de animais obesos obtidos por dieta de cafeteria. Os dados são a média EMP. As letras sobre as barras indicam diferenças significativas de p<0.05 entre os grupos: a: controle; b diet; c: cont GLP-1; d: diet GLP-1. Analisando o peso dos fígados observou um aumento de 21,44% e 26,49% dos grupos dieta e dieta GLP-1 respectivamente se compararmos com o grupo controle, conforme mostra a figura 02. O aumento do peso dos fígados de ratos obesos é sugestivo a estenose hepática que é o acumulo de gordura no fígado. Como houve problemas durante o corte das laminas dos fígados, não foi possível confirmar esse fato se tornando uma possível explicação pelo aumento do peso final do fígado dos animais obesos. Podemos observar também que há uma diferença entre os grupos com GLP-1 o que podemos induzir que a victoza® pode ter um efeito protetor. Em relação aos triglicerídeos se compararmos o grupo controle com o grupo dieta observou que houve um aumento de 50,54% e a relação entre o grupo dieta com o grupo controle GLP-1 e dieta GLP-1 se teve uma diminuição nesses parâmetros de 44,08% e 33,33% respectivamente. Mostrando que o tratamento com o victoza® age nesses parâmetros os diminuindo (Figura 03). Com o aumento dos triglicerídeos do grupo dieta e aumento do peso do fígado a relação entre os dois é sugestiva que o fígado desses animais possa estar com acumulo de gordura uma vez que o acumulo de ácidos graxos no organismo, devido à alta concentração de tecido adiposo, em excesso pode ser sintetizados em triglicerídeos e depositados no fígado dando inicio a doença hepática gordurosa ou estenose hepática (MOURA 2012). Triglicerideos 250 acd b b b b mg/dL mg/dL 150 Glicemia acd 150 200 100 50 b b 100 50 Di et GL P1 P1 GL Di et Co nt Figura 03- Efeito do tratamento com victoza no triglicerideos de animais obesos obtidos por dieta de cafeteria. Os dados são a média EMP. As letras sobre as barras indicam difernças significativas de p<0.05 etrre os grupos: a: controle; b: diet; c:cont GLP-1; d: diet GLP-1. 0 Co nt Di et GL P1 P1 GL Co nt Di et Co nt 0 Figura 04- Efeito do tratamento com victoza na glicemia de animais obesos obtidos por dieta de cafeteria. Os dados são a média EPM. As letras sobre as barras indicam difereças significativas de p<0.05 entre os grupos: a: cont; b: diet; c: cont GLP-1; d: diet GLP-1. Já em relação à glicemia houve um aumento de 24,81% do grupo dieta com relação ao grupo controle. Comparando o grupo dieta com o controle GLP1 e dieta GLP-1 houve uma diminuição nos seus valores (Figura 04). Algumas das funções do GLP-1 são estimular a secreção de insulina, desacelerar o esvaziamento gástrico que consequentemente reduz o consumo de alimentos, melhora a sensibilidade da insulina, além de suprimir a secreção do glucagon (CHACRA, 2006). Estudos similares demonstram que a utilização do GLP-1 diminui os valores glicêmicos indicando que este ajuda no tratamento da diabetes mellitus tipo 2 (FORTI 2006). Conclusões O tratamento com GLP-1 não provocou alteração no peso do fígado, mas uma dieta hipercalórica provoca aumento no peso desses fígados como também aumento no peso corporal final, bem como diminuição nos níveis de triglicerídeos e glicemia. Dessa forma o tratamento com GLP-1 provoca melhoras no quadro de síndrome metabólica por melhorar os índices de triglicerídeos. Agradecimentos Agradeço ao PIBIC e Fundação Auraucaria, pela oportunidade de aprendizagem. Referências CESARETTI, Mario Luís Ribeiro; KOBLMANN JUNIOR, Osvaldo. Modelos Experimentais de Resistência á Insulina e Obesidade: Lições Aprendidas. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 50, n. 2, p.190-197, abr. 2006 CHACRA, Antonio R.. Efeito Fisiológico das Incretinas. Johns Hopkins Advanced Studies In Medicine, São Paulo, v. 6, n. 7, p.613-617, jul. 2006. FERREIRA, Isabela Montefusco Cavalcante; JORCELINO, Samarah Paula Nascente; CABRAL, José Maria. Tratamento da diabetes mellitus tipo 2 e comorbidades hepáticas. Relato de caso e revisão da literatura. Rev Bras Clin Med, São Paulo, v. 11, n. 2, p.93-183, abr. 2013. Trimestral FORTI, Adriana Costa e. Estratégias Terapêuticas Baseadas nas vias do GLP1. Johns Hopkins Advanced Studies In Medicine, Fortaleza, v. 6, n. 7, p.618626, jul. 2006. MOURA, Leandro Pereira de; DALIA, Rodrigo Augusto; ARAÚJO, Michel Barbosa de. Alterações bioquímicas e hepáticas em ratos submetidos á uma dieta hiperlipídica/hiperenergética. Rev. Nutr, Campinas, v. 6, n. 25, p.685-693, nov/dez 2012. PAULI, José Rodrigo; CINTRA, Dennys Esper; ROPELLE, Eduardo Rochete. Mecanismos moleculares de indução de obesidade e resistência à insulina em animais destreinados submetidos a uma dieta rica em lipídes. Motriz, Rio Claro, v. 13, n. 2, p.19-28, maio 2007. Trimestral. WHITE, Pollyanna A. S. et al. Modelo de obesidade induzida por dieta hiperlipídica e associada à resistência à ação da insulina e intolerância à glicose. Arq Bras Endocrinol Metab, São Cristóvão, v. 5, n. 57, p.239-345, jan. 2013.