Efeito da cobertura do solo e óleo de neen no crescimento e

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ODRIGUES, L.C.S.; PELACANI, C.R.; BARROSO, N.S.; FONSECA, J.S.T. Efeito da cobertura do solo e óleo de neen no crescimento
e produção biomassa de Physalis angulata. In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza.
Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 126).
Efeito da cobertura do solo e óleo de neen no crescimento e produção biomassa de
Physalis angulata
Laura Carolina da Silva Rodrigues1; Claudinéia Regina Pelacani2; Natália dos Santos Barroso3;
Josandra Souza Teles Fonseca1
1
Bolsista PIBIC/FAPESB, Graduando em Agronomia, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
[email protected]; [email protected]. 2Docente, Departamento de Biologia, Universidade
Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected]; 3Doutoranda em Recursos Genéticos Vegetais,
Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected].
Palavras-chave: Azadirachta indica; insetos-praga; matéria seca; serragem.
Introdução
Physalis angulata L., conhecida popularmente como camapú, é uma espécie de ocorrência natural no Norte
e Nordeste brasileiro e extensivamente utilizada na medicina popular para diversos fins. Devido à presença dos
seco-esteróides (fisalinas) isolados de caules e folhas tem sido amplamente investigada quanto ao potencial
farmacológico. No Brasil o plantio ainda é recente se desenvolve principalmente no sul do país, porém durante o
cultivo as plantas sofrem danos causados por insetos os quais são controlados utilizando inseticidas sintéticos
(Rufato et al., 2008). Amostras de tecido vegetal destinadas para estudos fitoquímicos não podem ser tratadas
com inseticidas químicos convencionais, uma vez que existe o risco das análises sofrerem algum tipo de
interferência negativa. Uma das alternativas aos inseticidas sintéticos é a utilização Azadirachta indica, conhecida
como neen, pois as substâncias ativas, principalmente a azadiractina, possuem significativa toxicidade a insetos
pragae persistência bastante curta no ambiente, não apresentando os efeitos negativos à saúde humana
(Martinez, 2002).
Outro fator restritivo ao crescimento das plantas e, consequentemente, ao rendimento de matéria seca
destinada a estudos, é o ambiente de cultivo. Em regiões de climas quentes ocorrem uma série de intempéries
climáticas que podem prejudicartanto a germinação das sementes como o desenvolvimento da planta e qualidade
das raízes (Resende et al., 2005). Entre as técnicas que visam aumentar a produção e melhorar a qualidade das
plantas produzidas em ambientes quentes e secos destaca-se a cobertura morta do solo, pois proporciona
redução da evaporação da água na superfície e diminui as oscilações de temperatura do solo (Machado et al.,
2008).
Nesse contexto, esse estudo teve como objetivo avaliar o efeito da cobertura morta (serragem) e o
controle das pragas que afetam a cultura com uso óleo de neen, em diferentes concentrações, no crescimento e
produção de massa de matéria seca em Physalis angulata nas condições climáticas de Feira de Santana- BA.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Unidade Experimental da Universidade Estadual de Feira de Santana
(UEFS). Para obtenção das plantas de P. angulata, sementes foram semeadas em vasos de polietileno com
capacidade para 5kg, e as plantas submetidas a duas condições: com e sem serragem. Aos 20 dias após a
semeadura, as plantas foram submetidas aos seguintes tratamentos para o controle de de insetos: Solução de
óleo de neen comercial a 0,5%, solução de neen a 1% e plantas mantidas sem a adição do produto (controle). A
aplicação foi realizada quatro vezes com intervalos de dez dias entre as mesmas. Aos 35 e 55 dias após a
semeadura verificou-se a porcentagem folhas com dados através da contagem do número total de folhas da
planta e o número de folhas com algum tipo de dano. Cinco plantas de cada tratamento foram sorteadas,
identificadas e avaliadas quanto ao crescimento, altura, diâmetro do caule, número de folhas, aos 35, 55 e 75 dias
após a semeadura. Ao fim do experimento, aos 75 DAS, foi realizada a avaliação destrutiva, a fim de obter os
índices fisiológicos, área foliar e razão de massa foliar.
Resultados e Discussão
De acordo com os resultados descritos na tabela 1, a cobertura do solo (com serragem) exerce influência
positiva sobre a porcentagem de danos de folhas de Physalis. Os menores valores de porcentagens de danos
foram encontrados em plantas cultivadas com o solo coberto em todos os estádios de desenvolvimento,
independente da aplicação ou não da solução de neen. As maiores reduções de ataques nas folhas ocorreram
nos estádios mais avançados de desenvolvimento das plantas, no caso daquelas do tratamento controle, com
valores <13% quando se fez uso de soluções de neen. Vale ressaltar que nas plantas que receberam
regularmente a aplicação de neen preparada a 1% não foi encontrado nenhum dano ou presença de inseto nas
folhas, evidenciando a eficiência da solução no controle dos insetos.
A média de altura, diâmetro e número de folhas foi superior em plantas cultivadas sem serragem e não
houve diferença significativa de médias com uso de solução de neen. Porém os maiores valores foram obtidos
com aplicação de solução de neen a 1% (tabela 1). Com relação à área foliar obtida de plantas com 75 dias após
a semeadura, os valores encontrados para as plantas cultivadas com cobertura vegetal morta (com serragem) e
sem aplicação da solução de neen foi de 7,96. Com aplicação da solução na concentração de 0,5% foi de 8,60;
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
Valorização e Uso das Plantas da Caatinga
e, com a aplicação de solução a 1% foi de 8,35. As médias de área foliar verificadas para as plantas cultivadas
sem serragem foi superior às obtidas no cultivo com serragem, sendo 8,88 para o controle, 9,65 para a solução a
0,5% e 10,94 para a solução a 1%. Verificou-se também que o uso do repelente em baixas concentrações
foieficaz em aumentar a razão de área foliar, tanto no tratamento sem serragem, sendo de 0,24 para o controle,
0,27 para a solução a 0,5% e 0,25 aplicando solução a 1%; quanto com serragem, 0,33 para o controle, 0,53 na
solução a 0,5% e 0,28 para a solução a 1%. Para a massa de materia seca total os valores da concentração a
0,5% em ambas condições, apresentaram valores de média menores que os demais tratamentos, sendo os
valores sem serragem 9,06 (controle), 4,46 (0,5%) e 9,90 (1%), superiores aos obtidos para as plantas
submetidas ao tratamento com serragem, tanto no controle como para as diferentes concentrações das soluções
de neem, respenctivamente 5,06, 4,35 e 7,36.
Os resultados mostram que o uso de neen como repelente apresenta eficiência e parece colaborar para o
aumento da área foliar da plantas, beneficiado não só pelo número de folhas, mas pela manutenção de folhas
maiores e vigorosas. Já o uso de cobertura do solo durante a fase de desenvolvimento das plantas mostrou
resultados pouco conclusivos ou com tendência de redução de valores. conforme observado na tabela 1,
diferente do observado em outros trabalhos nos quais a cobertura com material vegetal proporcionou benefícios à
planta (Resende et al., 2005; Monteiro Neto et al., 2014). Isto pode estar relacionado à composição química da
madeira da qual se utilizou a serragem, pois a lignina de madeiras ricas em lignina pode ser incorporada ao solo e
induzir a imobilização do nitrogênio (Khatounian, 2001.
Tabela 1: Altura, Diâmetro, Número de folhas e Porcentagem de danos (%) em Physalis angulata aos 35, 55
e 75 dias após a semeadura, utilizando diferentes concentrações de solução de neen, com e sem serragem.
SEM SERRAGEM
55 DAS
35 DAS
Altura
30,20 ± 2,86
71,20 ± 12,98
75 DAS
Controle
72,00 ± 9,19
Diâmetro
9,48 ± 1,67
13,29 ± 1,59
13,21 ± 2,20
35 DAS
27,20 ± 5,84
5,36 ± 2,09
COM SERRAGEM
55 DAS
75 DAS
47,40 ± 7,02
46,60 ± 6,50
6,86 ± 1,73
6,83 ± 1,63
75 ± 25,67
22,03
81 ± 26,24
-
60,40 ± 6,18
10,28 ± 1,62
108 ± 12,93
12,94
57,00 ± 6,18
10,32 ± 0,93
83 ± 26,36
-
64,60 ± 10,94
11,71 ± 1,61
157±106,86
0
57,60 ± 12,46
11,91 ± 1,82
99 ± 40,73
-
28 ±16,72
Nº folhas
% danos
65 ± 17,04
17,82
174 ± 117,52
51,96
Altura
Diâmetro
Nº folhas
% danos
35,00 ± 3,53
8,67 ± 0,98
66 ± 11,77
0
55,20 ± 8,22
10,92 ±1,54
110 ± 22,68
36,12
Altura
Diâmetro
Nº folhas
% danos
43,00±4,47
11,83±1,02
83±12,21
0
70,00±4,69
13,91±1,08
128±10,46
0
158 ± 105,78
18,67
Solução de neen a 0,5%
55,4±10,18
36,00 ±2,54
9,61±0,72
10,19 ±1,12
90±48,17
77 ± 4,65
0
Solução de neen a 1%
65,6±5,59
35,60±1,81
13,00±1,63
9,70±1,20
92 ±11,42
74±35,81
0
Médias seguidas do desvio-padrão.
Conclusões
Repelentes naturais e comerciais à base de óleo de neen, em concentração de 0,5%, são eficazes no
controle de pragas e insetos da cultura de Physalis angulata.
Cobertura morta vegetal na área de plantio interfere negativamente no crescimento de plantas de
Physalis angulata.
Referências
KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura;. - Botucatu: Agroecológica, 348p. 2001.
MACHADO A.Q.; PESQUALOTTI M.E.; FERRONATO A.; CAVENAGHI A.L. Efeito da cobertura morta sobre a produção
de alface crespa, cultivar Cinderela, Várzea Grande-MT. Horticultura Brasileira, v. 26, n. 2, p.1029-1033, 2008.
MARTINEZ, S.S. O nim - Azadirachta indica - Natureza, usos mútiplos, produção. Londrina, 142 p. 2002
MONTEIRO NETO, J. L. L.; SILVA, A. C. D.; SAKAZAKI, R. T.; TRASSATO, L. B.; ARAÚJO, W. F. Tipos de cobertura
de solo no cultivo de alface (Lactuca sativa L.) sob as condições climáticas de Boa Vista, Roraima. Bol. Mus. Int. de
Roraima, v.8, n. 2, p. 47-52, 2014.
RESENDE, F. V.; SOUZA, L. S.; OLIVEIRA P. S. R.; GUALBERTO R. Uso de Cobertura Morta Vegetal no Controle da
Umidade Temperatura do Solo, na Incidência de Plantas Invasoras e na Produção da Cenoura em Cultivo de Verão.
Ciênc. agrotec., v. 29, n. 1, p.100-105, 2005.
RUFATO, L.; RUFATO, A.R.; SCHELEMPER, C.; LIMA, C.S.M.; KRETZSCHMAR, A. A.A. Aspectos técnicos da cultura
da Physalis. Lages: CAV/UDESC; Pelotas: UFPEL, 100p. 2008.
II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015
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