FUN NDAÇÃO UN NIVERSIDA ADE FE EDERAL DE E RONDÔNIIA NÚCL LEO DE SA AÚDE EPARTAM MENTO DE E MEDICIN NA DE P PROGRAM MA DE PÓS-GRADU UAÇÃO ME ESTRADO E DOUTO ORADO EM M BIOLOGIIA EXPERIIMENTAL L DET RUS EM AMOSTRA TECÇÃO DE D LEISHM MANIAVÍR A AS DE PAC CIENTES COM C LEIISHMANIOSE TEGU UMENTAR R AMERIC CANA ATE ENDIDOS NO CENT TRO DE MEDICINA M A TROPIC CAL DE RO ONDÔNIA A- CEMETR RON ALU UNA: LILIA AN MOTT TA CANTA ANHÊDE ORIIENTADOR R: RICARD DO DE GO ODOI MAT TTOS FER RREIRA PO ORTO VELHO/RO 2013 3 LILIAN MOTTA CANTANHÊDE DETECÇÃO DE LEISHMANIAVÍRUS EM AMOSTRAS DE PACIENTES COM LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA ATENDIDOS NO CENTRO DE MEDICINA TROPICAL DE RONDÔNIA- CEMETRON Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Experimental Stricto senso da Universidade Federal de Rondônia, para obtenção do título de Mestre em Biologia Experimental. Aluna: Lilian Motta Cantanhêde Orientador: Dr. Ricardo de Godoi Mattos Ferreira Reitora: Prof. Dra. Maria Berenice Alho da Costa Tourinho Diretora do Núcleo de Saúde: Prof. Dra. Ivete de Aquino Freire Coordenador do Programa de Biologia Experimental: Prof. Dr. Alexandre de Almeida e Silva FICHA CATALOGRÁFICA BIBLIOTECA CENTRAL PROF. ROBERTO DUARTE PIRES Cantanhêde, Lilian Motta. C229d Detecção de leishmaniavírus em amostras de paciente com leishmaniose tegumentar americana atendidos no Centro de Medicina Tropical de Rondônia - CEMETRON. / Lilian Motta Cantanhêde. Porto Velho, Rondônia, 2013. 63f.: il. Dissertação (Mestrado em Biologia Experimental) – Núcleo de Saúde (NUSAU), Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2013. Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Godoi Mattos Ferreira. 1. Leishmania. 2. Leishmaniavírus. 3. Leishmaniose Cutânea e Mucosa. I. Título. CDU: 616.993.161 Bibliotecária Responsável: Eliane Gemaque / CRB 11-549 DETECÇÃO DE LEISHMANIAVÍRUS EM AMOSTRAS DE PACIENTES COM LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA ATENDIDOS NO CENTRO DE MEDICINA TROPICAL DE RONDÔNIA- CEMETRON Banca Examinadora: _________________________________________ Dr. Ricardo de Godoi Mattos Ferreira (Pesquisador - Fiocruz Rondônia) _________________________________________ Dr. Luís Marcelo Aranha Camargo (Professor – Universidade de São Paulo) _________________________________________ Dr. Roberto Nicolete (Pesquisador - Fiocruz Rondônia) Suplentes: _________________________________________ Dra. Carla Celedônio Fernandes (Pesquisadora - Fiocruz Rondônia) _________________________________________ Dr. Andreimar Martins Soares (Pesquisador - Fiocruz Rondônia) A todos os pacientes que colaboraram com a realização deste trabalho e proporcionaram a mim, muito além do conhecimento descrito nas próximas páginas. O que que eremos? Mudanças no Mundo! Com mo queremos? ? Que elaas comecem peloss outros! AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, pela oportunidade, apoio e conhecimentos compartilhados durante esses dois anos. Aos médicos, Dr. Cipriano Ferreira e Dr. Marcos Ito por colaborarem com o estudo. Aos diretores do Hospital CEMETRON, Dr. Sérgio Basano e Dra. Stella Zimmerli e a equipe técnica do hospital que foram fundamentais para a execução do trabalho. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Biologia Experimental, Carla, Tony, Mauro, Rubiani, Manuela, Rodrigo, Fernando, Najla, Deusilene, Alexandre e Juliana pela contribuição na minha formação acadêmica. Aos colegas da turma de mestrado de 2011 da qual tenho orgulho de ter feito parte, Andrea, Giseli, Roniele, Rafaela, Carina, Onássis, Marla, Nidiane, Renata, Daniele e Josiane, boa sorte para todos nós! Aos colegas do laboratório Iasmin, Paulo, Márlon, Nidi, Soraya, Micheles, Marcos e Gabi pela convivência e auxílio. Aos laboratórios da Fiocruz Rondônia que, sempre quando precisei, prestaram apoio ao desenvolvimento deste trabalho. À Fiocruz Rondônia por proporcionar e financiar parte da execução deste trabalho. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Descrição dos primers utilizados para detecção de DNA de Leishmania _ 26 Tabela 2 – Protocolo utilizado nas reações de PCR - ITS1 _____________________ 27 Tabela 3 – Protocolo utilizado nas reações de RFLP - ITS1 ____________________ 28 Tabela 4 – Protocolo utilizado nas reações de PCR – hsp70 ____________________ 30 Tabela 5 – Protocolo utilizado para RFLP - hsp70 ___________________________ 31 Tabela 6 – Protocolo utilizado nas reações de PCR - kDNA ____________________ 33 Tabela 7 – Reagentes utilizados para a síntese de cDNA_______________________ 35 Tabela 8 – Distribuição geral dos resultados obtidos no trabalho, classificados pela ausência ou presença do Leishmaniavírus, pelo tipo de lesão e pela espécie _______ 39 Tabela 9 – Frequência das espécies de Leishmania __________________________ 40 Tabela 10 – Distribuição das formas observadas da doença ____________________ 40 Tabela 11 – Detecção do Leishmaniavírus em amostras positivas para Leishmania sp. por tipo de lesão ______________________________________________________ 41 Tabela 12 – Distribuição das frequências de LRV1 em pacientes incluídos conforme critérios estabelecidos como “Estratégia 1” _________________________________ 42 Tabela 13 – Distribuição das frequências de LRV1 em pacientes incluídos conforme critérios estabelecidos como “Estratégia 2” _________________________________ 43 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura dos Totivírus do tipo I e do tipo II ________________________ 20 Figura 2 - Estrutura dos vírus da Família Totiviridae _________________________ 21 Figura 3 - Escova cervical utilizada na coleta e foto de paciente com LTA ________ 25 Figura 4 - Região amplificada utilizando primers para o ITS1 __________________ 27 Figura 5 - Gel de agarose para ITS1 _______________________________________ 28 Figura 6 - Espécies identificadas e tamanho dos fragmentos de ITS1 após digestão com HaeIII ______________________________________________________________ 29 Figura 7 - PCR RFLP para identificação de espécies de Leishmania por ITS1 ______ 30 Figura 8 - Gel de agarose para hsp70 ______________________________________ 31 Figura 9 - PCR RFLP para identificação de espécies de Leishmania por hsp70 _____ 32 Figura 10 - Gel de agarose para kDNA ____________________________________ 34 Figura 11 - Protocolo de síntese de cDNA __________________________________ 35 Figura 12 - Região amplificada para detecção do LRV e sequências dos primers utilizados____________________________________________________________ 36 Figura 13 - Gel de agarose para LRV ______________________________________ 36 Figura 14 - Alinhamento múltiplo das sequências de LRV _____________________ 38 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil por Região no período de 2000 a 2010 ________________________________________________ 15 Gráfico 2 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana na Região Norte no período de 2000 a 2010 _______________________________________________________ 15 Gráfico 3 - Casos de Leishmaniose Tegumentar Americana notificados no Estado de Rondônia durante o período de 1990 a 2010 ________________________________ 16 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BsuRI enzima de restrição Bacillus subtilis R CCL5 quimiocina CCL5 CXCL10 quimiocina C X C 10 dNTP desoxirribonucleotídeos trifosfatados dsRNA RNA dupla fita HaeIII enzima de restrição Haemophilus aegyptius hsp70 Proteína do choque térmico 70 IC95% Intervalo de confiança de 95% IL Interleucina IFN-γ Interferon gama ITS1 Espaçado Interno Transcrito 1 kDNA DNA do cinetoplasto LC Leishmaniose Cutânea LCD Leishmaniose cutâneo-difusa LgM+ Cepa de L. guyanensis metastática LM Leishmaniose Mucosa LRV1 Leishmaniavírus tipo 1 LTA Leishmaniose Tegumentar Americana ORF Open Reading Frame RFLP Restriction Fragment Length Polymorphism RPDR RNA Polimerase Dependente de RNA R.R. Risco Relativo SNP Single Nucleotide Polymorphism TCD4+ Células T do Tipo 4 ativadas Th Células T auxiliares TNF-α Fator de Necrose Tumoral Alfa V Volts SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ____________________________________________________ 12 1.1 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - LTA ______________________ 12 1.2 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE _________________________ 14 1.3 EVOLUÇÃO DA DOENÇA ______________________________________________ 17 1.4 LRV: UM MEMBRO DA FAMÍLIA TOTIVIRIDAE __________________________ 19 1.5 RELAÇÃO LRV1 E HOSPEDEIRO HUMANO ______________________________ 23 2 OBJETIVOS ______________________________________________________ 24 2.1 GERAL ______________________________________________________________ 24 2.2 ESPECÍFICOS _________________________________________________________ 24 3 METODOLOGIA __________________________________________________ 24 3.1 CASUÍSTICA _________________________________________________________ 24 3.2 COLETA DA AMOSTRA _______________________________________________ 25 3.3 EXTRAÇÃO DE DNA __________________________________________________ 25 3.4 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE PARA DETECÇÃO DE DNA DE Leishmania _______________________________________________________________ 26 3.4.1 Espaçador Interno Trancrito 1 – ITS1 ___________________________________ 27 3.4.2 Heat-Shock Protein – hsp70 ___________________________________________ 30 3.4.3 DNA do Cinetoplasto – kDNA _________________________________________ 32 3.5 EXTRAÇÃO DE RNA __________________________________________________ 34 3.6 SÍNTESE DE cDNA ____________________________________________________ 34 3.7 REAÇÃO DE AMPLIFICAÇÃO DO LEISHMANIAVÍRUS ____________________ 36 3.8 ANÁLISES DOS DADOS _______________________________________________ 37 4 RESULTADOS ____________________________________________________ 37 5 DISCUSSÃO ______________________________________________________ 43 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS _________________________________________ 47 REFERÊNCIAS _____________________________________________________ 48 RESUMO A Leishmaniose Tegumentar Americana-LTA é uma infecção causada pelo parasita Leishmania e pode apresentar desde um envolvimento cutâneo (LC) até uma destruição das mucosas (LM) sendo esta forma, considerada uma evolução da doença. Cerca de 10% dos pacientes assintomáticos ou com lesões cutâneas recuperadas, evoluem para a forma mucosa e apresentam um quadro imunológico diferenciado com produção exacerbada de citocinas inflamatórias. Os fatores que predispõem essa evolução estão relacionados com a virulência do parasita, a resposta imune do hospedeiro e fatores genéticos. Recentemente, a presença de um vírus denominado Leishmaniavírus 1 (LRV1) no interior do parasita da Leishmania vem sendo relacionado com a variação da manifestação da doença. O objetivo do presente trabalho foi determinar se o LRV1 ocorre em pacientes com leishmaniose cutânea e mucosa do estado de Rondônia atendidos no ambulatório do Centro de Medicina Tropical – CEMETRON, utilizando técnicas de biologia molecular. Para coleta da amostra foi utilizado uma escova cervical estéril em contato direto com a lesão, sendo o material coletado, acondicionado em RNALater™ (Ambion®) para conservação dos ácidos nucléicos até o momento das extrações de DNA e RNA utilizando-se kits comerciais. Para detecção de DNA de Leishmania foram utilizados três pares de iniciadores (ITS1, kDNA e hsp70). Para verificação da presença do LRV1 foi utilizado um par de iniciadores que amplificam uma pequena região da ORF1. Foram analisados um total de 137 amostras, sendo 121 positivas para Leishmania sp.. A espécie mais frequente foi a L. braziliensis com 73 casos (60,3% - I.C.95% 51,4%...68,6%), seguida de L. guyanensis com 33 casos (27,3% - I.C.95% 20,1%...35,8%). Foram identificados 4 casos de infecção mista, 3 causados por L. braziliensis e L. guyanensis e 1 por L. guyanensis e L. amazonensis. Também foram observados 2 casos de L. shawi e não foi possível determinar a espécie em 8 pacientes. O LRV1 foi detectado em 53 amostras (43,8% - IC95% 35,0%...52,6%), sendo significativamente mais frequente em lesões mucosas do que em lesões cutâneas (teste exato de Fisher, p=0,001; R.R.=2,810- IC95% 1,419...5,561). Não foi observada diferença significativa estatisticamente entre a forma da lesão e a espécie causadora da doença. Palavras-chaves: Leishmania, Leishmaniavírus, Leishmaniose cutânea e mucosa. ABSTRACT The American tegumentary leishmaniasis (ATL) is a infectious caused by an parasite of Leishmania genus. Clinical manifestation may range from a cutaneous form (CL) to the destruction of the mucosal tissues. (ML), being the second considered a clinical evolution of the disease. About 10% of asymptomatic or recovered CL patients develops the ML form and presents a particular immunological response, with exacerbated production of pro-inflammatory cytokines. The mechanisms that lead to disease evolution might be related with parasite, host genetic factors and immune response. More recently the presence a virus infecting the pathogen, named Leishmaniavirus 1 (LRV1), has also been implicated in the development of ML. The aim of the present study was to evaluate the occurrence of Leishmaniavirus among patients with CL and ML attended at the Centro de Medicina Tropical – CEMETRON Hospital using molecular biology methods. Sample collection was done using sterile swabs directly from lesions, followed by immediate immersion of biological material in RNATalerTM solution (Ambion ®) for nucleic acid preservation until DNA and RNA extraction using commercially available kits. Leishmania detection were done using three PCR primers (ITS1, kDNA e hsp70). LRV1 were detected using PCR primers that hybridizes with the virus ORF1. Sample from 137 patients were analyzed. 121 were positive for Leishmania sp.. The most frequent specie were L. braziliensis with 73 cases (60.3% - 95%CI 51.4%...68.6%), followed by L. guyanensis with 33 cases (27.3% 95%CI 20.1%...35.8%). Also, 4 cases of mixed infections, 3 caused by L. braziliensis and L. guyanensis and 1 by L. guyanensis and L. amazonensis. The LRV1 were detected in 53 samples (43.8% - 95%CI 35.0%...52.6%), been significantly more frequent in ML than CL (Fisher’s exact test p=.,001; R.R.=2.810- 95%CI 1.419...5.561). No statistically significant association between disease form and species were found. Key words: Leishmaniasis. Leishmania, Leishmaniavirus, Cutaneous and Mucocutaneous 12 1 INTRODUÇÃO A leishmaniose é uma infecção de manifestação cutânea (Leishmaniose Tegumentar Americana – LTA) ou visceral (Leishmaniose Visceral – LV) que é endêmica em 98 países (KAYE; SCOTT, 2011; ALVAR et al., 2012) . É causada por um parasita intracelular obrigatório do gênero Leishmania e transmitido ao hospedeiro mamífero pela picada de um flebotomíneo infectado (VERGEL et al. 2006). É considerado pela Organização Mundial de Saúde um importante problema de saúde pública mundial e classificada como uma doença negligenciada (WHO, 2011). 1.1 LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA - LTA A principal característica da LTA é a sua diversidade de aspectos clínicos, as quais permitem classificá-la em: leishmaniose cutânea (LC) e leishmaniose mucosa (LM). A LC é caracterizada por lesões ulceradas que podem apresentar-se de forma: localizada, a mais frequente, caracterizada por uma única lesão; disseminada, com presença de várias lesões distribuídas em diversas regiões do corpo; e a forma difusa, a mais grave, onde as lesões se apresentam de forma nodular, também chamada de forma anérgica da doença, com evolução crônica (REY, 2001). A LM é a forma clínica mais avançada da LC e ocorre meses ou anos após a cura espontânea ou terapêutica da lesão cutânea, produzindo lesões que podem levar à destruição extensa das membranas mucosas das cavidades do nariz, boca e garganta. (MARSDEN, 1986). Vinte e duas espécies de Leishmania foram relatadas por causar infecções em humanos. Estes protozoários são amplamente distribuídos em países situados em regiões tropicais, subtropicais e de clima temperado (WHO, 1990; LAINSON, 1998; CUPOLILLO, 2000). Segundo a Organização Mundial de Saúde, de 1,5 a 2 milhões de novos casos ocorrem anualmente, embora apenas 600 mil sejam oficialmente registrados. Aproximadamente 12 milhões de pessoas estão atualmente infectadas com leishmaniose e 350 milhões de pessoas estão em risco de adquirir a infecção. A maior parte dos países endêmicos está localizada na América Latina e são países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento (WHO, 2011). O parasita Leishmania pertence ao Reino Protozoa; filo Mastigophora; ordem Kinetoplastida; família Trypanosomatidae e gênero Leishmania. O gênero Leishmania é dividido em dois subgêneros, Leishmania (Leishmania) e Leishmania (Viannia), de acordo 13 com o local de desenvolvimento das formas promastigotas no intestino do vetor (LAINSON; SHAW, 1988). No Novo Mundo (Américas) são conhecidas onze espécies de Leishmania causadoras de infecção em humanos e outras oito espécies já descritas somente em animais. No Brasil, as três principais espécies de Leishmania responsáveis pela LTA são: Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania (Viannia) guyanensis e Leishmania (Leishmania) amazonensis (MEDEIROS; ROSELINO, 1999; BRASIL, 2010). Na Região Amazônica, sete espécies de Leishmania são responsáveis pelos casos de LTA, sendo o subgênero Leishmania (Viannia) braziliensis a que apresenta o maior potencial patogênico ao homem e está relacionada não só com a infecção cutânea, mas também, com a forma clínica mais grave, de longa evolução, com lesões mucosas destrutivas (LAINSON, 2000; SILVEIRA, 2002; VERGEL, 2006). Devido à complexa interação entre as espécies de Leishmania que atuam como agentes etiológicos na região amazônica, a diversidade de vetores e as diferentes manifestações clínicas da doença no hospedeiro tornam o entendimento da patogenia da LTA nessa região um desafio. De uma forma geral algumas características clínicas têm sido associadas às espécies de Leishmania descritas no Brasil, a saber: Leishmania (Leishmania) amazonensis: leishmaniose cutânea anérgica difusa (LCAD), uma das formas mais graves da LTA associada ao polo imunológico hiporreativo com fraca hipersensibilidade celular (SILVEIRA, 2008). Leishmania (Viannia) braziliensis: o curso da infecção geralmente é irregular e crônico. É caracterizada por sua associação com a leishmaniose mucosa, sendo de grande interesse médico (LAINSON; SHAW, 1998). Leishmania (Viannia) guyanensis: frequentemente produzem infecções múltiplas na pele, comprometendo o sistema linfático, porém os casos de lesões mucosas parecem ser bem raros (LAINSON; SHAW, 1998). Leishmania (Viannia) naiffi: O parasita causa pequenas lesões cutâneas simples e ulceradas, muitas vezes apresentando cura espontânea. Nenhum caso de lesões mucosas foi atribuído a este parasita (LAINSON et al., 1990; DARIE et al., 1995). Leishmania (Viannia) shawi: geralmente, causam lesões cutâneas simples, mas foram observados também casos de múltiplas lesões ulceradas e nodulares. Não foi observada associação com casos de lesões mucosas (LAINSON; SHAW, 1998). 14 Leishmania (Viannia) lainsoni: causam lesões cutâneas simples sem registro de envolvimento das mucosas. Sua baixa prevalência, possivelmente, está associada ao fato do seu vetor ser de baixa antropofilia (SILVEIRA et al., 1987; MARTINEZ et al., 2001;). Leishmania (Viannia) lindenbergi: causam lesões cutâneas simples e também não foi atribuída associação com casos de lesões mucosas, a apresentação da infecção é bastante similar a L. (V.) naiffi (SILVEIRA et al., 2002). Durante o seu ciclo biológico, a Leishmania apresenta as formas promastigota e amastigota. A forma promastigota caracteriza-se por ser flagelada, móvel e alongada, desenvolvendo-se no tubo digestivo de flebótomos. A amastigota é a forma intracelular obrigatória dos vertebrados, imóvel, ovalada ou arredondada (HOARE; WALLACE, 1966). A infecção humana tem seu início logo após a inoculação das formas promastigotas do parasito na pele, o que acontece durante a hematofagia pelas espécies de flebótomos vetores (SILVEIRA et al., 2004) Os insetos vetores são pequenos dípteros (2 a 3 mm de tamanho) pertencentes à família Psychodidade e a diversos gêneros: Phlebotomus no Velho Mundo (Europa, Ásia e África), Lutzomyia e, mais raramente Psychodopygus no Novo Mundo. Ainda que grande parte das formas de transmissão da Leishmania seja zoonótica, as mudanças ambientais causadas pela aproximação do homem com as florestas por meio de desenvolvimento agrícola ou habitacional estão alterando esse quadro (MEDEIROS; ROSELINO, 1999; CUNNINGHAM, 2002). 1.2 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DA LTA Ao analisar a evolução da LTA no Brasil, observa-se uma expansão geográfica, sendo que, no início da década de 80, foram registrados casos autóctones em 19 unidades federadas e, no ano de 2003, foi confirmada autoctonia em todas as unidades federadas do país. Atualmente a LTA é endêmica em todos os estados do Brasil, conforme mostrado no gráfico abaixo (gráfico 1). (BRASIL, 2010). 15 Gráfico 1 - Casos notificados de LTA no Brasil 16.000 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro‐Oeste Número de casos notificados 14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Anos Número de casos de LTA notificados no Brasil por Região no período de 2000 a 2010. Fonte: Sinan/SVS/MS. A Região Norte vem contribuindo com o maior número de casos (36,4% do total de casos registrados, no período de 2000 a 2010) conforme demonstrado no gráfico 2, e com os coeficientes médios mais elevados (80,0 casos por 100.000 habitantes), seguida das regiões Centro-oeste (36,5 casos por 100.000 habitantes) e Nordeste (19,9 casos por 100.000 habitantes) (BRASIL, 2010). Gráfico 2 - Casos notificados de LTA na região Norte 6.000 Rondônia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins Número de casos notificados 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Anos Casos de LTA na Região Norte por estado no período de 2000 a 2010. Fonte: Sinan/SVS/MS. 16 Em 2004, casos de LTA eram registrados em todos os municípios do estado de Rondônia, e o número total de casos registrados foram 2131 com incidência anual de 144 casos/100.000 habitantes, a terceira mais alta entre os estados brasileiros (ANON, 2006). No estado de Rondônia, a incidência da LTA tem se mantido elevada, em parte da década de 90 eram registrados cerca de 2500 casos por ano, entre os anos de 1996 a 2002 as notificações registram aproximadamente 1500 casos anualmente, e após um surto no ano de 2004, as notificações têm se mantido em cerca de 1000 novos casos por ano (Gráfico 3). Gráfico 3 - Casos de LTA notificados no Estado de Rondônia Número de casos notificados 3000 Rondônia 2500 2000 1500 1000 500 0 Anos Casos de LTA notificados no Estado de Rondônia durante o período de 1990 a 2010. Fonte: Sinan/SVS/MS. Apesar da incidência relativamente elevada de LTA em Rondônia, pouco se sabe sobre a patogenia dessa infecção, como fatores que predispõem a diversidade de características clínicas e as espécies de parasitos que ocorrem nessa região. Alguns parasitos foram isolados no meio da década de 1980, quando o desmatamento estava apenas começando no estado (ARIAS et al., 1985). Três cepas de parasitos de pacientes que contraíram LTA em Rondônia foram identificadas como L. guyanensis (CUPOLLILO 1994). Em 2003, Shaw e colaboradores identificaram 12 cepas de isolados de pacientes, sendo 7 da espécie L. braziliensis, 3 da espécie L. lainsoni e 1 isolado como L. guyanensis. 17 Relatos da literatura indicam que várias espécies de Leishmania estão associadas à LTA na região e, aparentemente, L. braziliensis, L. guyanensis e L. amazonensis são as mais frequentes, embora outros parasitas também tenham sido identificados. No entanto, os dados não permitem o esclarecimento da frequência destas espécies com relação aos casos de LTA diagnosticados devido ao pouco número de casos isolados. 1.3 EVOLUÇÃO DA DOENÇA Normalmente, a espécie de Leishmania responsável pela infecção é que determina a forma clínica da doença, porém algumas espécies podem levar a um agravamento da infecção, como nos casos de infecção por L. (V) braziliensis, que pode causar a leishmaniose de forma cutânea ou mucosa (GARCIA, 2001). A LC apresenta-se de forma limitada a uma ou poucas úlceras na pele, comumente nas áreas descobertas do corpo. O quadro imunológico é caracterizado por uma resposta imune do tipo Th1 moderada e bem regulada contra a Leishmania (SILVEIRA, 2002). As lesões cutâneas não se resolvem de forma rápida e muitas vezes podem disseminar para outros locais. Na América do Sul, um pequeno número de pessoas desenvolve uma das formas mais agressivas da doença (LM) após a resolução de uma lesão primária (BARRAL, 1995). O conjunto de pacientes que evoluem para a LM apresenta um quadro imunológico diferenciado, sendo a resposta do hospedeiro aos antígenos do parasito caracterizados pela produção exacerbada de citocinas inflamatórias, Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α) e Interferon-gama (IFN-γ) (SILVEIRA, 2004; AXELROD, 1994). A clínica da LM envolve a disseminação parasitária à nasofaringe e áreas da face, levando a lesões secundárias e resposta imune exacerbada (MARTINEZ, 1992; WEIGLE, 1996). Cerca de 10% dos indivíduos assintomáticos, com lesões de LC recuperadas ou tratadas de forma inadequadas podem desenvolver LM (GAZE, 2006; AVERALO, 2007; AMATO, 2008;). Os determinantes que estão associados com a progressão da doença, além dos fatores de virulência do parasita são a resposta imune do hospedeiro e fatores genéticos, como polimorfismo de TNF- α e interleucina-6 (IL-6) (BLACKWELL; CASTELLUCCI, 2006). No entanto, outro fator tem sido relacionado com essa evolução, a presença de Leishmaniavírus (LRV1) no interior do parasita Leishmania 18 pode exercer um importante papel na variação da manifestação da doença (STUART, 1992; CADD, 1993). Uma característica comum aos casos de infecções mucosas que levam a metástase é o aparecimento de uma inflamação destrutiva e resposta imunológica que se caracteriza por um grande número de células do sistema imune ativadas, levando a um inchaço e a destruição tecidual local (MARSDEN et al., 1986; RONET et al., 2010) Esta reação é mais agravada, provavelmente por um fator do parasita. O Leishmaniavírus foi relatado primeiramente há cerca de duas décadas, mas somente em 2011 foi evidenciado como um fator intrínseco de L. guyanensis que agrava a inflamação e pode vir a ser um importante fator em parasitas do gênero Leishmania que contribuem para o desenvolvimento de lesões mucosas (IVES et al., 2011; RONET et al., 2011). Assim, o LRV1 pode ter uma contribuição variável para este fenótipo, isoladamente ou em conjunto com outros fatores, tais como características genéticas do hospedeiro e/ou fatores de virulência espécie-específicos do parasita. A resposta imunológica por parte do hospedeiro em decorrência da infecção por Leishmania é caracterizada pelo aumento de células T CD4+ que podem apresentar um perfil de citocinas Th1 ou Th2 (HOLZMULLER et al., 2006; REIS et al., 2006). Em humanos, a resposta imune à infecção por Leishmania não é tão bem caracterizada como em camundongos devido a sua complexidade (REIS et al., 2006). Em todas as formas clínicas da LTA, a resposta imune é dependente de células T. e, classicamente, se aceita que a diferença entre resistência e susceptibilidade à infecção também está relacionada com o nível de expansão de células Th1 e Th2 (BACELLAR et al., 2002). Em caso de resposta Th1, são produzidas citocinas que ativam os macrófagos (IL-2, IFN-γ, TNF-α e IL-12) levando a destruição dos parasitos. Se a resposta for do tipo Th2 serão produzidos IL-4 e IL-10 que inibem a ativação dos macrófagos levando a susceptibilidade à infecção. A Leishmania é capaz de direcionar a diferenciação de células T para uma resposta do tipo Th2, caracterizada pela persistência da infecção (REIS et al., 2006) Enquanto o papel dos fatores do hospedeiro ainda não está esclarecido, a espécie do parasita ainda é considerada uma ferramenta para prever o fenótipo clínico da doença. No entanto, apesar da considerável diferença clínica da leishmaniose, análises 19 filogenéticas e genômicas mostram que apenas cerca de 200 genes, de um total aproximado de 8.300, apresentam distribuição diferencial entre as espécies de L. major, L. Infantum e L. braziliensis e que a espécie com maior diferenciação é a L. braziliensis (IVENS et al., 2005; SMITH et al., 2007). A ausência ou a baixa taxa de recombinação genética não é um obstáculo para a identificação das espécies. A identificação de alterações mutacionais se torna uma metodologia eficiente de determinação das espécies em Leishmania (CUPOLLILO, 1997). A espécie L. braziliensis tem um número elevado de polimorfismos de nucleotídeos simples (SNPs) e em conjunto com a perda de alguns genes, podem ser fatores que contribuem para o seu tropismo à disseminação para as mucosas e a virulência aumentada em relação às outras espécies (ROGERS et al., 2011). De particular interesse são as diferenças genéticas envolvidas no controle do estresse oxidativo. Sendo esta uma infecção intracelular, a destruição oxidativa nos fagolisossomos é um dos principais mecanismos de eliminação do parasita. Evitar esta morte pode ser uma forma de desenvolver a latência e mais tarde a metástase. L. braziliensis é conhecido por conter um maior número de cópias de uma enzima (NADPH fumarato redutase) que degrada metabólitos oxidativos produzidos pelos macrófagos e está ausente no hospedeiro mamífero, embora ainda não seja conhecido se essa enzima pode influenciar na sensibilidade de L. braziliensis ao estresse oxidativo (HARTLEY et al., 2012). O sequenciamento do genoma de outras espécies de Leishmania como L. guyanensis vão adicionar informações valiosas dos determinantes genéticos para a resistência oxidativa e sua contribuição para a virulência à metástase. No entanto, estas diferenças genéticas ainda não são suficientemente preditivas ou explicativas para a diversidade da patologia. Além disso, a diversidade clínica poderia estar relacionada com a expressão diferencial de proteínas por alterações na regulação dos genes, o número de cópias ou a presença de pseudo genes (LYNN; MCMASTER, 2008; ROGERS et al., 2011). 1.4 LRV: UM MEMBRO DA FAMÍLIA TOTIVIRIDAE Em 1974, partículas semelhantes a vírus foram descritas em Leishmania hertigi (MOLYNEUX, 1974), mas somente na década seguinte foi publicada a primeira descrição molecular de vírus de RNA em duas cepas de Leishmania guyanensis (TARR 20 et al.., 1988; WIL LDMER et al., 1989; S STUART ett al., 1992;)) e em seguiida em umaa cepa de L.. braziliensiis (SALINA AS et al., 19996). Os víruus de Leeishmania foram cllassificados na famíília Totiviiridae (PAT TTERSON, 1990; WE EEKS et all., 1992) que q englobaam vírus nnão envelop pados, form mados por paartículas ico osaédricas e estão pressentes em outros o protoozoários com mo T. vaginnalis e G. laamblia (WA ANG; WAN NG, 1991). Vírus daa família To otiviridae sãão formados por partícculas de 40nnm e genom ma de RNA A dupla fita (dsRNA) não n segmenntados com tamanho en ntre 4 e 8 kkb que codificam uma proteína doo capsídeo viral e um ma RNA pollimerase deependente dde RNA (RD DRP) p a repliicação dos vírus de RN NA dupla fita f e está ffusionada com c a que é essecial para proteeína do capssídeo viral (STUART, ( 1992). O LRV parece seg guir a connformação dos d demaiss Totivírus descrita acima, a emboora haja um ma variação no arranjo das sequên ncias dos geenes entre oos tipos LR RV1 e LRV V2 (Figura 1). Figura 1 - Estrutura dos Totivírrus do tipo I e do tipo II L LRV1 Proteínaa do Capsíd deo RNA R Polim merase Local de enttrada do Ribosssomo Início da trradução utilizand do a maquinaria de tradução do hosp pedeiro L LRV2 Proteína do Capsídeeo RNA Pollimerase Fonte: adap ptado de Hartley, 2012. c em m um vírus dde RNA du upla fita (dsRNA) e poossui um genoma O LRV consiste de aaproximadam mente 5,3 kb (TARR R, 1988). Já foi detectado em culturas de d L. braziiliensis, L. guyanensis g e um únicoo relato em uma cepa do d velho muundo de L. major m (WID DMER, 19995; SCHEFF FTER et al. , 1995). Analisanndo as sequeencias dos vvírus, foram m identificad das diferençças significaativas entree os Leishm maniavírus descritos, e por essse motivo, foram divvididos em duas categgorias: LRV V1 para cepas do Novoo Mundo e LRV2 L para a cepa do V Velho Mundo. A 21 compparação doss dois genom mas dos priimeiros LR RVs isoladoss de cepas ddo Novo Mundo M demoonstrou umaa similaridaade de 76% da sequênccia de 5283 nucleotídeo n os (SCHEFF FTER et al., 1994), seendo cada vírus v classifficado em duas d espécies diferentees, LRV1-1 1 para um iisolado e LRV L 1-4 paara o outro isolado. Devido a esssas diferençças, o LRV V1 foi posteeriormente subdividido em 13 espécies, classificadas c s de LRV11-1 a LRV V1-13 (STU UART, 1992; SCHEFF FTER, 19944; 1995). O LRV isolaado de umaa cepa do Velho V Munndo foi classsificado com mo LRV2-1 . Estudos de filogenia mostraram m que a disstância genéética entre L LRV1 e LR RV2 é semeelhante às encontradas e s entre as eespécies do o parasita e que esta similaridad de foi agruppada de acoordo com a origem geeográfica do parasita (SCHEFFT ( TER et al., 1995; WILDMER; DO OOLEY, 19 995). Assim m, a presença dos vírus nos parasittas Leishma ania é anterrior à diverggência entree as espécie s do Novo e Velho Mu undo e pareccem ter evo oluído juntoo com seu hospedeiro h (SCHEFFT TER et al., 1995; WIL LDMER; D DOOLEY, 1995). 1 Ao ccontrário doo LRV1 em m Leishmaniia (Viannia) a), a relação o LRV2/L. m major ainda não foi explorada e não se sabee se esta deesenvolve allgum papel na gravidaade da doen nça ou prom move alteraçção do fenóttipo clinico.. Do mesm mo modo qu ue outros Tootivírus, o LRV1 L é um RNA duplaa fita envoltto por um ccapsídeo e têm t o mRN NA que sinttetiza a cad deia polipeptídica viral (WEEKS et e al., 19922) (Figura 2)). Figura 2 - Estrutura dos vírus da d Família Totiviridaee Fon nte: Swiss Insstitute of Bioinformatics, 2008. 2 d 82 kDa (750 aa) e uma Seu genoma codifica a proteíína do capssído viral de sequêência conseervada de 99 9 kDa (8877 aa) conten ndo uma região que coodifica a RPDR R do L Leishmaniavvírus (STUA ART, 1992;; SCHEFFT TER, 1994; 1995). As partículas virais detecctadas em L. L guyanenssis demonstrraram ter attividade de RNA polim merase, esseencial 22 para a replicação dos vírus de RNA (WILDER et al., 1990). De forma geral, o LRV possui três regiões codificantes (ORF - Open Reading Frames), designadas de ORF1, ORF2 e ORF3, sendo que as duas últimas codificam a proteína do capsídeo viral e a RDRP respectivamente. A ORF 1 ainda não possui tradução e função conhecidos, e é considerada uma proteína deduzida. As sequências das proteínas previstas nas ORFs, até o momento, não mostraram nenhuma homologia significativa com outras proteínas conhecidas (STUART et al., 1992; SCHEFFTER et al, 1994). Similar a outros Totivírus, a RDRP forma-se como uma proteína de fusão por um “frameshift” ribossomal (MAGA et al., 1995). No caso do LRV2, o sítio de codificação da RDPR não é sobreposto ao capsídeo e é separado por um único códon e, por isso pode ser codificado de forma independente (Figura 1) (SCHEFFTER et al., 1995). A replicação do LRV1 é similar a de outros vírus de RNA dupla-fita, por esse motivo foi classificado na família Totiviridae (CADD, 1994). Móleculas dsRNA não são produzidas por hospedeiros eucarióticos, que possuem vários mecanismos de detecção e inativação de moléculas dsRNA. Os vírus dsRNA são replicados dentro do capsídeo, assim, o genoma do dsRNA nunca é exposto no citoplasma, sendo este um importante mecanismo de evasão da ativação do estado anti-viral da célula hospedeira em resposta ao dsRNA. A transcrição do genoma do dsRNA pela RPDR ocorre no interior do virion. A fita positiva atua como mRNA, dando origem a novas partículas virais, enquanto a fita negativa serve de molde para a transcrição em mRNA. A tradução dos vírus da família Totiviridae ocorre no citoplasma do hospedeiro, produzindo um capsídeo que muitas vezes pode estar fusionado com a RDRP. Motivos de aminoácidos importantes para a função da polimerase são conservados entre as sequências de RDRP de diferentes membros da família Totiviridae sugerindo que os vírus possuem mecanismos semelhantes para a trancrição. As partículas virais maduras são transmitidas a novas células pela divisão celular (MAGA et al., 1995). 23 1.5 RELAÇÃO LRV1 E HOSPEDEIRO HUMANO Já foi demonstrado que existe uma relação entre o vírus dsRNA de Leishmania e o hospedeiro humano, com consequências importantes sobre a manifestação clínica da leishmaniose. LRVs foram detectados em lesões ativas, curadas e cicatrizadas, confirmando a presença do LRV em diferentes isolados (CADD et al., 1993; SALINAS et al, 1996; SAIZ et al., 1998), entretanto, a sua prevalência e o significado clínico ainda não são conhecidos. Em Leishmania, o papel do LRV1 no metabolismo do parasita e na expressão de genes não foi estudado em detalhes e não há informações sobre por que algumas cepas de Leishmania são capazes de manter a infecção de LRV1 e outras não (HARTLEY et al., 2012). Embora estudos moleculares sobre o LRV1 tenham mantido uma continuidade desde a sua primeira descrição, o interesse no seu papel funcional e clínico permaneceu desconhecido. Vários grupos especularam a influência da presença do LRV1 na virulência do parasita e anos passaram sem grandes estudos sobre o impacto biológico do LVR1 em parasitas Leishmania (HARTLEY et al., 2012). O interesse no LRV1 como um determinante para a virulência do parasita ressurgiu em 2011 através de um estudo realizado por Ives e colaboradores em 2011 com o uso de clones de L. guyanensis isolados de pacientes. As amostras foram previamente classificadas devido a sua tendência a metástase, variando de altamente metastásico (M+) para não metastásico (M-) utilizando como modelo hamsters infectados. O resultado mostrou que L. guyanensis (L.g.M+) que resultavam em lesões mucosas, apresentavam o vírus LRV1 e aumentavam a resposta imune endógena de forma não regulada, pois promoviam o aumento de citocinas inflamatórias. Quando inoculados em camundongos, esses clones resultaram em um fenótipo de grave destruição da mucosa nasofaríngea, apesar da efetiva redução do número de parasitas. Os macrófagos infectados com o vírus apresentaram um fenótipo semelhante ao de macrófagos infectados com parasitas que levaram a metástase, com aumento da expressão de quimiocinas CXCL10, CCL5, Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF- α) e interleucina 6 (IL-6) demonstrando também que o LRV1 isoladamente, induz a amplificação da resposta inflamatória aos antígenos da Leishmania (IVES, 2011). Não se sabe como o LRV1 é mantido e transmitido em parasitas Leishmania. A transmissão extracelular de Totivírus é rara, embora já foi documentada para vírus que infectam G. lamblia (RO et al., 1997). Na família Totiviridae, a propagação viral é 24 vertical (de mãe para filha) ou horizontal (pela fusão de células) (DALZOTO et al., 2006). A infecção de vírus livre de Leishmania falhou ou durou apenas transitoriamente em estudo realizado por Armstrong em 1993, fato este descrito em outros trabalhos com Totivírus. Assim, a transferência extracelular do vírus dsRNA provavelmente não ocorre em Leishmania. 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Determinar se o Leishmaniavírus ocorre em pacientes atendidos no ambulatório do Centro de Medicina Tropical de Rondônia – CEMETRON, e averiguar se existe uma possível relação entre a presença do vírus e a progressão para a forma mucosa da doença. 2.2 ESPECÍFICOS - Verificar se a presença do Leishmaniavírus está relacionada com o tipo de lesão observada, cutânea ou mucosa; - Determinar a frequência relativa das espécies de Leishmania em relação aos casos de LTA atendidos no serviço de referência do estado de Rondônia; - Verificar a relação entre as espécies identificadas e a presença/ausência do Leishmaniavírus; 3 METODOLOGIA O projeto foi aprovado no CEP/CEPEM no dia 28 de novembro de 2011 com o número 0020.0.046.000-11 (Anexo I). 3.1 CASUÍSTICA Foram analisadas 137 amostras de pacientes com suspeita clínica de leishmaniose que foram atendidos no Centro de Medicina Tropical de Rondônia – CEMETRON, localizado em Porto Velho. Todos os pacientes foram informados sobre a pesquisa e sua participação formalizada com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE (Apêndice A). O início da coleta das amostras foi em 30 de março de 2012 e se estabeleceu periodicamente até o dia 20 de dezembro de 2012. Além do TCLE os pacientes eram submetidos a um questionário que tinha por finalidade investigar o possível local de 25 infeccção, anteceedentes ao aparecimennto da lesãão, dados socioeconôm micos e pesssoais (Apêêndice B). LETA DA AMOSTRA A 3.2 COL Para coleeta do materrial foram uutilizadas du uas estratégias de coletta: 1- Para as lesões cutâneas, c fooram utilizaadas escovaas cervicaiss (Figura 3) que eram m colocadas em contato direto com m as bordas das d lesões. m a coleta foi feita por um u médico especialistta em 2- Para as lesões mucosas, otorrrinolaringologia que ap pós realizaçção da bióp psia para o exame hisstopatológicco de rotinna, colocavaa a escova cervical em m contato com c a lesão o e por vezzes enviavaa uma biópssia da mucoosa para exaame molecuular. Todas ass coletas eraam realizaddas em duplicatas, send do uma desttinada à exttração de D DNA e outraa à extração o de RNA. O materiall coletado era e estocadoo imediatam mente em ssolução de RNALater® R ® (Ambion) para preserrvar os ácid dos nucleicoos e mantidas à 20º C até o mom mento das an nálises moleeculares. Figura 3 - A: Escov va cervical utilizada na n coleta, B: B Paciente com LTA A A B B Fonte: A: im magem googlee; B: Pacientee com LTA, arquivo a pessoal do Dr Ciprriano Ferreirra. As amostras coletaadas foram m estudadass somente para os prrocedimento os da pesquuisa e obedeceram aos critérios daa Resolução o CNS 441/2 2011. TRAÇÃO DE DNA 3.3 EXT Para exttração de DNA D total ffoi utilizado o o kit PureeLink Genoomic DNA Mini Kit™ ™ (Invitroggen®), seg guindo as recomend dações do fabricante com alg gumas adeqquações paraa o tipo de amostra. a 26 Protocolo de extração de DNA de amostras coletadas com escova cervical: Transferir a escova para um tubo de 1,5 mL e adicionar Digestion Buffer até o recobrimento total da escova (~250µL) e 20 µL de Proteinase K. Vortexar por 15 segundos e colocar no banho maria à 55ºC por 20 minutos vortexando a cada 5 minutos. Descartar a escova cervical, adicionar 200µL de Lysis Buffer e vortexar. Adicionar 200µL de Etanol 100%, vortexar e passar todo o líquido para a coluna. Centrifugar a 10.000 x g por 1 minuto. Descartar o filtrado e proceder com as lavagens com os tampões disponíveis no kit. A eluição do DNA foi realizada duas vezes com volume de 70µL de tampão de eluição para o máximo aproveitamento do DNA. Após eluição, as amostras foram estocadas em freezer -20ºC até o momento das análises. 3.4 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE - PCR - PARA DETECÇÃO DE DNA DE Leishmania Utilizando-se o DNA extraído de lesões de Leishmania, a PCR é capaz de detectar a presença do DNA do parasita mesmo quando não são observadas as formas amastigotas no exame microscópico de rotina (ROTUREAU et al, 2006; CAVALCANTI et al, 2009). Para detecção de DNA de Leishmania foram utilizados três pares de primers para diferentes alvos, conforme descrito na Tabela 1 e somente após a confirmação do diagnóstico para Leishmania, as amostras foram submetidas aos passos seguintes para identificação do vírus. Tabela 1 - Descrição dos primers utilizados para detecção de DNA de Leishmania. Primer Alvo Molecular Referência LITSR 5’-CTGGATCATTTTCCGATG-3’ L5.8S 5’- TGATACCACTTATCGCACTT-3’ Espaçador Interno Transcrito 1 (ITS1) El Tail et al., 2000 kDNA F 5'-GAACGGGGTTTCTGTATGC-3' kDNA R 5'-TACTCCCCGACATGCCTCTG-3' Minicírculo do DNA do cinetoplasto (kDNA) Degrave et al., 1994 Hsp70cF 5-GGACGAGATCGAGCGCATGGT 3’ Hsp70cR 5´-TCCTTCGACGCCTCCTGGTTG-3’ Proteína de choque térmico 70 (hsp70) da Graça et al., 2012 27 Em todas as reaçõess de PCR, fo foram utilizaados como controles c poositivos cep pas de Leishhmania a amazonensi is (PH8--IFLA/BR/6 67/PH8), Leishmaniia guyan nensis (MH HOM/BR/755/M4147) e Leishman ia brazilien nsis (MHO OM/BR/75/M M2903), ceedidos pelo laboratório de Biotecn nologia Apliicada à Saud de da Fiocru uz Rondôniia. 3.4.1 Esppaçador Inteerno Trancrrito 1 – ITS1 O par dee primers LITSR e L5..8S amplificcam um fraagmento de 300 a 350 pares de bases (Figurra 4) que pertencem p aao Espaçad dor Interno Transcrito 1 – ITS1, uma regiãão não codifficante pressente na subbunidade menor do ribossomo, esttão presentees em multiiplas cópiass e são bem m conservadoos para o gêênero em esstudo. Os geenes ribosso omais são aaltamente reepetidos no genoma de Leishmania a (cerca de 100 cópias)) e consistem m em segm mentos consservados sep parados porr sequênciaas espaçado oras variáveeis, ITS1 e ITS2 (LON NG; DAWIID, 1980). Isso se tornna uma vantagem para a identificaação taxonô ômica deviddo às sequêências conseervadas e ass variações dos espaçaadores. Assiim, primerss para essa região vêm m sendo um ma ferramennta útil paraa identificação ao níveel de espéccie de Leishhmania. Figu ura 4 - Reg gião amplifficada utilizzando primers para o ITS1 Fon nte: Adaptado o de Manual Molecular Prroducers, LeiishEpiNetSA A, 2009. dos os segu uintes reaggentes com suas Para a reação de PCR foraam utilizad respeectivas conccentrações conforme c deescrito na taabela 2. Tabeela 2 – Protoocolo utilizaado nas reaçções de PCR R - ITS1 Componentte Co ncentração Quantidade/1 Q reação Primer ITS11 2µM M 1 µL de cada pr primer dNTP Mix 10m mM 1 µL Tampão 10xx 10X X 5 µL MgCl2 25m mM 1,5 µL Taq Polimerrase 5U/ U/ µL 0,25 µL DNA -- 6 µL H 2O -- Qsp Q p/ 50µL 28 As condiições do PC CR estão desscritas no essquema abaaixo: 94º C por 2 min Desn naturação Iniicial 94º C por 30 seg 55º C por 15 seg 30 ciclos 72º C por 30 seg 72º C por 10 min Extensão Final me final da reação r foi dde 50µL. Os produtos de PCR forram visualisados O volum em ggel de agaarose 1,5% corado coom GelRed d™ (Ambio on®) (Figuura 5) e ap pós a confi firmação da infecção, uma u alíquotta do produ uto de PCR R foi utilizadda para dig gestão com a enzima dee restrição (Tabela ( 3). Fiigura 5 - G el de agaro ose para IT TS1 M 1 2 3 5 4 6 3550pb 1000pb 5 50pb M: marcador m de p peso molecula ar de 50 pb; 1 a 4: amostraas posiitivas para Leeishmania sp; 5 e 6: controles positivo.. LP - ITS1 Tabeela 3 - Protoocolo utilizaado nas reaçções de RFL Compon nente Produto de PCR Tampão da enzima HaeIII H 2O Conceentração Qua antidade/1 reaação -- 15 µL 10X 2 µL 5U/ µL 1 µL -- µL Qsp p/ 20 µ A reaçãoo foi colocaada em banhho-maria po or no mínim mo duas horras a temperratura de 337º C. Quaando necesssário, após o tempo mínimo paara digestãoo, a enzim ma era inativvada colocaando a amosstra no term mociclador por p 20 minu utos a 80ºC. Após a reação de PCR utilizzando os in niciadores descritos d accima, é possível identtificar 12 espécies de Leishmaniaa pela técniica de Polim morfismo ddo Fragmen nto de Restrrição (RFLP P) com a en nzima HaeIIII (Figura 6)). 29 Figgura 6 - Esp pécies identtificadas e tamanho dos d fragmen ntos de ITSS1 após dig gestão com HaeIIII Digestão com c HaeIII I Espéciess Tamanhho dos fragmentoos após digestãoo com HaeIIII Fonte: Man nual Molecular Producerss. Esse sisttema tem a vantagem de ser altaamente específico e iddentificar as três princcipais espéccies de Leisshmania quue ocorrem m na região (Figura 6,, destaque azul), porém m a diferennça no perfil de bandass das espéciies L. braziliensis e L. guyanensiss é de apennas 6 paress de base (Figura ( 6, destaque vermelho) v o que dificcultou e caausou confu fusão na leeitura dos géis g (Figurra 7). Além m disso, co omo não sse sabe o perfil epideemiológico da leishmaaniose em Rondônia, se fez necessário a uutilização de d um sistem ma que idenntificasse as demais esspécies já descritas na Região Norrte, além dee uma maioor diferenciação na ideentificação das mesmaas evitando o possíveis erros. Paraa este fim, foi utilizadoo o sistema hsp70. 30 Figgura 7 - PCR R RFLP paara identifiicação de espécies de L Leishmania a por IT TS1 M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 200 pb 150 pb 100 pb 50 pb Geel de poliacrrilamida 12% % corado com m prata. PCR-RFLP ITSS1 digerido coom HaeIII. M: M marcadorr de peso mo olecular 50 pb; p 1: infecçãão mista L. am mazonensis e L. guyanens is; 2 e 5: L. guyanensis; g 3: 3 L. amazoneensis; 4 e 6: neegativo; 7: co ontrole negati tivo; 8 e 9: co ontroles posittivos L. braziiliensis e L. gu uyanensis respectivamentee. 3.4.2 Heat-Shock Prrotein – hspp70 O ensaioo de PCR--RFLP paraa a proteín na do choqu ue térmico 70 (hsp70 0) foi recenntemente deescrita como o uma ferraamenta simp ples e universal para a iidentificaçãão das espéccies de Leisshmania do Novo e Veelho Mundo (MONTAL LVO et al., 2010). Estee alvo já foii utilizado com c sucesso o para distinnguir espéciies de Leish hmania circuulantes no Brasil B (da S SILVA et all., 2010), po orém a sua sensibilidaade era com mprometida ppelo tamanh ho do fragm mento ampllificado (14 400 pb). Em m 2012, da Graça e co olaboradoress desenvolv veram um ssistema que amplifica uma u região m g hsp70 (hsp70c) ( dee Leishmaniia sp., menor do gene que ffoi utilizadoo neste trabaalho. Os fraagmentos am mplificadoss variam de 243 a 384 pb de compprimento e estes foram m digeridoss com a enzima de restrição BsuR uRI que posssui o mesm mo sítio de restrição r daa enzima HaaeIII. Para as reações r de PCR P foram uutilizados os o reagentess descritos nna tabela 4. Tabeela 4 – Protoocolo utilizaado nas reaçções de PCR R – hsp70 Componentte Con ncentração Qua antidade/1 reeação Priimer hsp70 2µM 1 µL de cadaa primer dN NTP Mix 10mM 1 µLL Taampão 10x 10X 5 µLL MgCl2 25mM 1,5 µLL Taqq Platinum® 5U/ µL 0,5 µLL DNA -- 8 µLL H 2O -- Qsp p/ 500 µL 31 As condiições do PC CR estão desscritas no essquema abaaixo: 94º C por 4 min Desn naturação Iniicial 94º C por 15 seg 58º C por 30 seg 33 ciclos 72º C por 30 seg 72º C por 6 min Extensão Final me final da reação r foi dde 50µL. Os produtos de PCR forram visualisados O volum em ggel de agaroose 2% corrado com G GelRed™ que q foram submetidos s a eletroforrese a 200V V por 20 minutos (Figu ura 8). Fig gura 8 - Geel de agarosse para hsp p70 M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 2500 pb 1000 pb 50 pb M: marccador de peso o molecular 550 pb; 1, 3, 4,, 6 7 8: amosttras positivass para Leishm mania sp.; 2: am mostra positiva para Leiishmania com m espécie nã ão identificadda por RFLP; 5: amostra negativa n para Leishmaniaa; 9: controlee positivo pa ara L. guyaneensis; 10: con ntrole negativo. Uma alííquota do produto p am mplificado foi f utilizadaa para a reeação de RFLP, R confo forme descriito na tabelaa 4. Tabeela 5 – Protoocolo utilizaado para RF FLP - hsp70 0 Componeente Conccentração Qu uantidade/1 reação Produto de d PCR -- 10 µL Tampão da d enzima 10X 2 µL µ BsuRI µL 5U/ µ 1 µL µ H2O -- 16 µL 32 As amosstras foram colocadas c eem banho-m maria por du uas horas a 337º C e aplicadas em ggel de poliaccrilamida a 12% a 100V V por 1 hora (Figura 9)). Figura 9 - PCR RF FLP para id dentificação o de espéciees de Leishhmania porr hsp70 M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 200pb 150pb 100pb 50pb Gel de poliacrila amida 12% ccorado com prata. p PCR-R RFLP hsp70 digerido com m BsuR RI. M: marca ador de peso molecular dee 50 pb; Linh ha 1: branco; Linhas 2, 5, 6 e 7: L. braziliensiis; Linhas 3 e 4: L. shawii; 3 e 8: L. sh hawi; 8: contrrole negativo o; Linh has 9, 10 e 11: Controlees positivos L. aamazoneensis, L. braaziliensis e L. L guya anensis respectivamente. 3.4.3 DN NA do Cinettoplasto – kkDNA O DNA de cinetop plasto (kDN NA) de Leisshmania tem m sido utiliizado como o uma ferraamenta de diagnóstico o pela PCR R, devido a capacid dade de deetectar pequ uenas quanntidades de DNA do paarasito em m materiais biológicos. b Representa R de 20 a 25% do DNA A do parassita e consiste em um ma rede dee moléculaas circularees, divididaas em maxiixírculos e minicírculo os. Os maxxixírculos são s molécu ulas grandees com cercca de 20.0000 a 35.0000 pares de bases, que conttêm genes que codi ficam protteínas mitoccondriais e o RNA rib bossomal ((rRNA). São extremam mente homoogêneas enttre os diferrentes grupoos que comp põe a ordem m Kinetoplasstida, e estãão presentess em cerca de d 2050 cóópias por cinetoplasto.. Os minicíírculos são moléculas menores, m appresentam-sse em grandde quantidaade (10.000 0 unidades por cinetop plasto) e co om sequênccias heterog gênias entree os gruposs. Dessa maneira, m sãoo amplameente utilizad dos para seeparar classes e gêneros e poucoo utilizados para separaar espécies (TELLERIA ( A et al., 20006). Cada minicírculo dee Leishmannia é compo osto de umaa molécula dde DNA cirrcular de 5000 a 1000 pares de baases de com mprimento. Apresenta uma regiãoo conservad da de aproxximadamennte 200pb contendo trêês blocos de sequênciaas conservaadas em tod das as espéccies de Leeishmania. O restantee da moléécula apresenta sequêências altam mente 33 variáveis, contendo um grande número de nucleotídeos A e T. Portanto, nessa região, podem-se encontrar sequências específicas para os diferentes grupos de Leishmania (DEGRAVE et al., 1994). Os primers descritos na tabela 1 amplificam um fragmento de 90 pares de bases dos minicírculos do cinetoplasto. A escolha desse alvo surgiu da necessidade de detectar os parasitas Leishmania em lesões mucosas, onde é sabido que a parasitemia é baixa e a coleta poderia apresentar baixa sensibilidade, porém não permite a identificação da espécie. Tabela 6 – Protocolo utilizado nas reações de PCR - kDNA Componente Concentração Quantidade/1 reação Primer kDNA 2µM 0,5 µL de cada primer dNTP Mix 10mM 1 µL Tampão 10x 10X 5 µL MgCl2 25mM 1,5 µL Taq DNA Polimerase® 5U/ µL 0,25 µL H 2O -- 7,75µL DNA -- 4 µL O volume final da reação era de 20 µL. As condições da PCR estão descritas no esquema abaixo: 94º C por 2 min Desnaturação Inicial 94º C por 15 seg 57º C por 15 seg 25 ciclos 72º C por 15 seg As amostras amplificadas eram visualizadas em gel de agarose a 2% coradas com GelRed™ (Figura 10). 34 Figura 10 - Geel de agaro ose para kD DNA M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100 pb 50 pb M: marccador de peso o molecular d de 50pb; Linh has 1 a 7: amo ostras positivvas para kDN NA; 8: con ntrole positivoo de Leishma ania; 9: controle negativo. Após a detecção d e identificaçã i ão da espéciie de Leishm mania, era ddado o segm mento de annálise do LR RV. 3.5 EXT TRAÇÃO DE RNA A extraçção do RNA A foi utilizaado o Kit de d extração o de RNA ttotal PureLink™ RNA A Mini Kit, Ambion®, A com algum mas adequaçõ ões ao tipo de amostra.. Protocolo de extraçãão de RNA de Escova Cervical: Transferrir a escova cervical paara um micrrotubo de 1,5 ml e adiccionar 500µ µL do tamppão de lisee. Homogen neizar no vórtex até que as células pareecessem lissadas. Centtrifugar o hoomogeneizaado a 10.0000 x g por 2 minutos. Adicionar 5500µL de etanol e 70%. Vortexar por 15 segu undos e obbservar a formação de precipitadoos. Transferrir até µL da amosstra para a coluna c com m o microtub bo de coleta. Centrifuggar a 12.000 x g 700µ por 15 segundoos a temperatura ambbiente (23º C). Descarrtar o filtraado e reinseerir a colunna no microotubo de coleta. Efetuaar as lavageens com os tampões t dee lavagem (II e II) centrrifugando a 12.000 x g por 15 ssegundos. Centrifugar C a coluna ppor 2 minu utos a 12,0000 x g paraa secagem da membraana. Descarrtar o microtubo de ccoleta e inserir a mem mbrana no microtubo m dee eluição. A Adicionar 30 0µL de águ ua livre de R RNAse no centro c da cooluna, incubbar por 1 miinuto a tempperatura am mbiente e ceentrifugar a 12.000 x g por 2 minuutos. Estocaar o RNA em m freezer -220ºC. 3.6 SÍNT TESE DE cD DNA Para a sííntese de cD DNA foi utillizado o kit SuperScrip ptIII™, Inviitrogen® (T Tabela 6). 35 Tabeela 7 – Reaggentes utilizzados para a síntese de cDNA Compon nente Concentrração Quantiddade 2µM M 1 µLL dNTP Mix 10mM M 1 µLL Tampão RT 10X X 2 µLL 25mM M 4 µLL UT™ RNaseOU 40 U/ µL µ 1 µLL SuperScrript III™ 200 U/ µL 1 µLL 2 U/ µL µ 1 µLL 0,1 M 2 µLL EPC Água DE -- 3 µLL RNA Tottal 5µL -- 5 µLL Primer LRV L Forward MgCl2 RNase H™ H DTT A reação foi realizzada de accordo com o protocollo descrito pelo fabriicante (Figuura 10) com m a substituiição do Ranndom primeer fornecido o no kit peloo primer forrward especcífico para amplicação a do LRV1 ((Figura 11).. ura 11 - Prootocolo de síntese s de cDNA Figu 36 AÇÃO DE AMPLIFICA A AÇÃO DO LEISHMANIAVÍRUSS 3.7 REA Ao final da síntese de cDNA, uuma alíquotta de 5 µL foi f retirada para a reaçção de PCR R. Para a deetecção do LRV1, L foram m desenhad dos primers que amplifficam a regiião da ORF F1 do genom ma do vírus (Figura 12)). Figurra 12 - Região amplifiicada para detecção do d LRV e seequências dos d primers uttilizados mento amplifficado foi dde 245 parees de base. Os produtoos de PCR foram f O fragm subm metidos a um ma eletrofo orese por 200 minutos a 200V em gel de agaarose 2% co orado com GelRed™ (Ambion®) ( ) diluído connforme espeecificações do fabricannte (Figura 13). Fig gura 13 - G Gel de agaro ose para LR RV M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 112 13 250 pb 50 pb Gel de agarose a 2% co orado com G GelRed™. M: marcador dee peso molecuular 50 pb; 1 a 11: amostras positivas para LR RV1; 12: controle negativo; 13: controole positivo. 37 O controle positivo utilizado em todas as reações para detecção do LRV1 foi uma cepa de L. guyanensis infectada com LRV1-4 (MHOM/BR/1975/M4147), cedido pela Coleção de Leishmania do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro – CLIOC. A cepa do controle positivo foi mantida em meio de cultura Schneider suplementado com 10% de soro fetal bovino, 2% de urina humana filtrada e antibióticos até sua estabilização e após, mantida em freezer -80 C. 3.8 ANÁLISES DOS DADOS A análise dos dados foi realizada utilizando o programa SPSS versão 19. Foi realizada análise descritiva das frequências absolutas observadas bem como foram calculadas as frequências relativas e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Para avaliação de hipóteses de associação foi utilizado o teste exato de Fisher, considerando 0,05 a probabilidade máxima para rejeição da hipótese nula (α = 0,05). Foi utilizada a probabilidade unicaudal, considerando que e hipótese nula (H0) é a de que não há relação entre a presença de LRV1 e o tipo de lesão e a hipótese alternativa (Ha) é de que o LRV1 tem sua frequência aumentada em pacientes com lesão mucosa. Em algumas tabelas foram calculados o risco relativo bem como os intervalos de confiança de 95% da presença do LRV1 em pacientes com lesão mucosa. O risco relativo é definido pela razão da probabilidade da presença do LRV1 em lesões mucosas sobre a probabilidade da ausência do LRV1 em lesões mucosas: (LRV1 + &Mucosa) TotalLRV1 + Riscorelativo = (LRV1 − &Mucosa) TotalLRV1 − 4 RESULTADOS Após a identificação das duas primeiras amostras positivas para o LRV1, as bandas foram purificadas do gel de agarose e juntamente com o controle positivo utilizado nas reações, enviadas para sequenciamento para a confirmação da detecção do vírus. O sequenciamento foi realizado pela Plataforma de Sequenciamento do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fiocruz-BA (RPT01B) que utiliza a metodologia de sequenciamento descrita por Sanger, 1977. 38 Foi reallizado um alinhamennto múltip plo com as a sequênccias obtidaas no sequeenciamentoo (Figura 14), onde obbservamos alta similaaridade entrre as sequêências compparadas. Fiigura 14 - Alinhament A to múltiplo o das sequên ncias de LR RV Seq quências obtidas no sequenciamento doo fragmento amplificado a do d controle ppositivo e de duas d am mostras posittivas para Leeishmaniavíru us. bém foram m comparadas com as sequênciass depositadaas no As sequuências tamb banco de dados,, onde obserrvamos quee: 1- A sequência do d controle positivo confirma c qu ue a cepa utilizada estava e infecctada com o LRV1-44 (Apêndicce F), conforme foi informado pela Coleeção de Leeishmania ddo Instituto o Oswaldo Cruz do R Rio de Jan neiro– CLIOC; 2- A seequência daa primeira aamostra possitiva para o vírus connfirma a infe fecção virall e apresentta maior sim milaridade com c o subtiipo do LRV V1-13 (Apêêndice F) enquanto qu ue a sequênccia da segu unda amostrra indica maaior similarridade com m o subtipo LRV1-10 L (A Apêndice F)). 39 Os resultados observados podem ser resumidos na Tabela 8. Foram analisados um total de 137 amostras de pacientes com suspeita clínica de leishmaniose tegumentar americana, destas, 121 amostras foram positivas em pelo menos um dos alvos moleculares testados (kDNA, Hsp70 e ITS1) e 16 foram negativas para os três testes (Tabela 8). Devido a maior diferença no perfil de bandas visualizadas no gel de poliacrilamida após a digestão enzimática, o sistema hsp70 foi o utilizado para determinar a frequência das espécies de Leishmania descritas na tabela 9. O sistema ITS1 não foi utilizado para identificação das espécies, pois a diferença no perfil de bandas entre L. braziliensis e L. guyanensis é de apenas 6 pares de bases, conforme demostrado na figura 7, o que poderia prejudicar e causar erros nas determinações das espécies. Três pacientes com lesão cutânea e LRV-; um paciente com lesão mucosa e LRV- e um paciente com lesão cutânea e LRV+ apresentaram PCRs negativos considerando apenas o sistema hsp70, porém positivos em um dos outros dois sistemas. Para efeito de estimativas realizadas, esses pacientes foram tratados da mesma forma que os pacientes classificados como “não identificados” para espécie. Tabela 8 - Distribuição geral dos resultados obtidos no trabalho, classificados pela ausência ou presença do Leishmaniavírus, pelo tipo de lesão e pela espécie conforme detectado usando o sistema hsp70. LRV1LRV1+ Espécie (hsp70) /Tipo de lesão LC LM LC e LM LC LM LC e LM LCD Total - - - - - - 1 1 L. braziliensis L. braziliensis e L. guyanensis L. guyanensis 27 8 3 17 17 1 - 73 1 1 - - 1 - - 3 16 5 - 9 3 - - 33 L. guyanensis e L. amazonensis - - - - 1 - - 1 L. shawi 2 - - - - - - 2 sp. não identificada 4 1 - 2 1 - - 8 Negativo 13 3 - - - - - 16 59 18 3 32 23 1 1 137 L. amazonensis Total LRV1+: Leishmaniavírus positivo; LRV1-: Leishmaniavírus negativo; LC: Leishmaniose cutânea; LM: Leishmaniose mucosa; LCD: Leishmaniose cutâneo-difusa. Foram identificadas quatro espécies de Leishmania no total de amostras analisadas, L. braziliensis, L. guyanensis, L. amazonensis e L. shawi (Tabela 8). As 40 espécies mais frequentes foram L. braziliensis (60,3%) e L. guyanensis (27,3%). Foram identificadas quatro infecções mistas, três causadas por L. braziliensis e L. guyanensis e uma causada por L. guyanensis e L. amazonensis (Tabela 9). Tabela 9 - Frequência das espécies de Leishmania encontradas utilizando hsp70 Espécie % IC95% L. amazonensis 0,8% 2,4% 1 L. braziliensis 60,3% 51,6% 69,0% 73 L. braziliensis e L. guyanensis 2,5% 5,2% 3 L. guyanensis 27,3% 19,3% 35,2% 33 L. guyanensis e L. amazonensis 0,8% 0,0% 2,4% 1 L. shawi 1,7% 0,0% 3,9% 2 Não identificado 6,6% 2,2% 11,0% 8 Total 0,0% Frequência 0,0% 121 Do total de 121 (88,3%) amostras positivas no PCR para detecção do parasita Leishmania, 78 (64,5%) eram de lesões cutâneas e 38 (31,4%) eram de lesões mucosas (Tabela 10). Tabela 10 - Distribuição das formas observadas da doença. Resultado PCRs Tipo de Lesão Positivo IC95% Frequência 88,3% 82,9% 93,7% 121 Cutânea 64,5% 55,9% 73,0% 78 Cutânea e mucosa 3,3% 0,1% 6,5% 4 Difusa 0,8% 0,0% 2,4% 1 Mucosa 31,4% 11,7% 23,1% 6,3% 39,7% 17,1% 38 16 Cutânea 81,3% 62,1% 100,0% 13 Mucosa 18,8% 0,0% 37,9% 3 Negativo Total % Observada 137 O LRV1 foi detectado em 43,8% das amostras analisadas (Tabela 11), sendo relativamente mais frequente em lesões mucosas do que em lesões cutâneas. Em relação ao tipo de espécie, o LRV1 teve uma frequência maior em L. braziliensis (Tabelas 12 e 13). 41 Tabela 11 - Detecção do Leishmaniavírus em amostras positivas para Leishmania sp. por tipo de lesão. LRV Tipo de Lesão % Observada IC95% 43,8% 35,0% 52,6% 53 Cutânea 52,8% 39,4% 66,3% 28 Cutânea e mucosa 1,9% 0,0% 5,5% 1 Difusa 1,9% 0,0% 5,5% 1 Mucosa 43,4% 30,1% 56,7% 23 56,2% 47,4% 65,0% 68 Cutânea 73,5% 63,0% 84,0% 50 Cutânea e mucosa 4,4% 0,0% 9,3% 3 Mucosa 22,1% 12,2% 31,9% 15 Positivo Negativo Frequência Total 121 Visando evitar a influência de possíveis fatores de confusão, foram adotadas duas estratégias de análise da associação entre a presença do LRV e a forma da lesão. Em ambas as estratégias foram realizadas análises sem discriminação de espécie e considerando apenas pacientes que apresentaram a doença causada por L. guyanensis e L. braziliensis. A primeira estratégia (Tabela 12), mais restritiva, foi realizada utilizando dados de pacientes (N= 108) que atendem aos seguintes critérios: a) Apenas pacientes com lesões mucosas ou cutâneas (excluídos forma difusa ou mista); b) Apenas amostras obtidas de pacientes com lesão mucosa coletadas utilizando biópsia; c) Apenas amostras obtidas de pacientes com lesão cutânea coletadas utilizando escova cervical; O resultado obtido nas análises utilizando a “estratégia 1” foi estatisticamente significativo (p= 0,001) e mostram que o LRV1 têm associação com o tipo de lesão mucosa quando não é considerada a espécie em que o vírus foi detectado, com risco relativo igual a 2,810 (IC95% 1,419...5,561). Em relação a L. guyanensis, não foi possível detectar associação estatisticamente significante do LRV com a forma mucosa (p= 0,237), entretanto, o risco relativo (1,875 - IC95% 0,607... 5,790) da presença do vírus em lesão mucosa causada por L. guyanensis seguiu a mesma tendência do observado na análise conjunta. Este resultado pode estar relacionado com o pequeno número amostral observado (35 pacientes), que influencia diretamente no poder do teste de associação. 42 Já a relação do vírus com a L. braziliensis em lesões mucosas, mostra associação significativa (p=0,007), e risco relativo igual a 2,747 (IC95% 1,226...6,156). Tabela 12 – Distribuição das frequências de LRV1 em função do tipo de lesão, agrupados e separados pelas espécies mais frequentes no estudo, com pacientes incluídos conforme critérios estabelecidos como “Estratégia 1”. Sem separação de espécie LM N % LC IC95% N % IC95% LRV1+ 21 42,9% 35,8% 49,9% 28 57,1% 50,1% 64,2% LRV19 15,3% 10,6% 19,9% 50 84,7% 80,1% 89,4% Total p=0,001; R.R.=2,810 (IC95% 1,419...5,561) L. guyanensis LM N % LC IC95% N % IC95% LRV1+ 5 35,7% 22,9% 48,5% 9 64,3% 51,5% 77,1% LRV14 19,0% 10,5% 27,6% 17 81,0% 72,4% 89,5% Total p=0,237; R.R.=1,875 (IC95% 0,607...5,790) L. braziliensis LRV1+ LRV1Total LM N % LC IC95% N % IC95% 16 48,5% 39,8% 57,2% 17 51,5% 42,8% 60,2% 6 17,6% 11,1% 24,2% 28 82,4% 75,8% 88,9% Total 49 59 108 Total 14 21 35 Total 33 34 67 p=0,007; R.R.=2,747 (IC95% 1,226...6,156) * Teste exato de Fisher considerando distribuição unicaudal; R.R. – risco relativo; LC – lesão cutânea; LM – lesão mucosa; IC95% - intervalo de confiança de 95%. A segunda estratégia de análise (Tabela 13) foi realizada utilizando dados de pacientes (N= 116) que tinham lesões mucosas ou cutâneas (excluídos aqueles com lesão difusa ou mista). Nesta estratégia, foram incluídos os pacientes com leishmaniose mucosa sem lesão, coletados com escova cervical. Nesta análise, observamos um resultado significativo, porém, menos significativo (p=0,010) ao compararmos com a “estratégia 1”. Isso ocorreu pela inclusão de 8 pacientes que tinham lesão mucosa e que não foram analisados na tabela 12 por não obedecerem os critérios de inclusão. Desses 8 pacientes, somente 2 foram positivos para o LRV1, enquanto que nos pacientes que foram coletados biópsias ou escova cervical após a biópsia, foi observada maior frequência do LRV1 em lesões de mucosa. Por esse motivo, levamos em consideração que o tipo de coleta para as lesões de 43 mucosa pode ter influenciado no resultado dos testes moleculares, pois não foi sensível para detecção do vírus. Tabela 13 - Distribuição das frequências de LRV1 em função do tipo de lesão, agrupados e separados pelas espécies mais frequentes no estudo, com pacientes incluídos conforme critérios estabelecidos como “Estratégia 2”. Sem separação de espécie LM N % LC IC95% N % IC95% LRV1+ 23 45,1% 38,1% 52,1% 28 54,9% 47,9% 61,9% LRV115 23,1% 17,9% 28,3% 50 76,9% 71,7% 82,1% Total p=0,010; R.R.=1,954 (IC95% 1,142...3,344) L. guyanensis LM N % LC IC95% N % IC95% LRV1+ 5 35,7% 22,9% 48,5% 9 64,3% 51,5% 77,1% LRV16 26,1% 16,9% 35,2% 17 73,9% 64,8% 83,1% Total p=0,397; R.R.=1,369 (IC95% 0,512...3,660) L. braziliensis LRV1+ LRV1Total LM N % LC IC95% N % IC95% 18 51,4% 45,0% 57,8% 17 28,0% 21,6% 34,4% 9 25,7% 18,3% 33,1% 26 74,3% 66,9% 81,7% Total 51 65 116 Total 14 23 37 Total 35 35 70 p=0,016; R.R. = 2,114 (IC95% 1,100...4.063) * Teste exato de Fisher, considerando distribuição unicaudal. R.R. – risco relativo, LC – lesão cutânea, LM – lesão mucosa, IC95% - intervalo de confiança de 95%. 5 DISCUSSÃO Das sete espécies descritas na região amazônica como agentes etiológicos da LTA, quatro foram identificadas neste trabalho. As espécies mais frequêntes foram Leishmania braziliensis e Leishmania guyanensis, que também são as espécies mais frequêntes no Brasil (SHAW, 1994), sendo a primeira de ampla distribuição em todo o país e, a segunda, mais relatada na região Norte (LAINSON, 1994). As infecções causadas por L. braziliensis ou L. guyanensis possuem diferentes características clínicas como tamanho e localização das lesões cutâneas e envolvimento linfático (ROMERO et al., 2001b). Também já foi demonstrado que os pacientes infectados com uma dessas espécies apresentam uma baixa taxa de cura terapêutica (ROMERO et al., 2001a). As características clínicas das lesões, bem como os fatores relacionados ao tratamento e sua eficácia não foram foco desse trabalho. O hospital 44 CEMETRON, onde foi realizado o estudo, é um centro de referência em doenças tropicais, onde idealmente os casos atendidos são os de maior complexidade. Essa característica pode ter influênciado nos resultados obtidos, como a frequência das espécies e o tipo de lesão. Porém, sabe-se que no estado, existem poucos locais onde o atendimento para pacientes com leishmaniose é realizado, e por vezes utilizam o CEMETRON para suprir a demanda de atendimentos. Nesse trabalho, a espécie mais frequênte foi Leishmania (Viannia) braziliensis (60,3%). Na região Norte de forma geral, com excessão do Amazonas, esse é o principal agente etiológico da LTA e é considerada a espécie com o maior potencial patogênico ao homem, uma vez que tem ampla associação com a leishmaniose mucosa. Bacha em 2009, no município de Santarém no Pará identificou o parasito L. braziliensis em 57% das amostras. Em Rondônia, a epidemiologia das espécies foi pouco estudada. Shaw e colaboradores em 2007 identificaram a espécie de Leishmania de 12 pacientes no municípo de Monte Negro, e destas, 7 foram identificadas como L. braziliensis. Em relação ao tipo de lesão das infecções causadas por L. braziliensis, nossos resultados confirmam que esta espécie é a principal responsável pelos casos de leishmaniose mucosa na região, onde do total de 38 lesões mucosas, 25 eram causadas por L. braziliensis. Em lesões cutâneas (n=78), 44 eram causadas por L. braziliensis. A segunda espécie mais frequente foi a L. guyanensis (27,3%). Esta espécie possui alta frequência na região amazônica, Ela é predominante ao norte do Rio Amazonas, incluindo os estados do Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará (GRIMALDI et al., 1989). Em algumas regiões da Amazônia, esta espécie é mais frequente que a L. braziliensis. Naiff e colaboradores em 1999 relatam que, das espécies de Leishmania identificadas de 65 pacientes com LTA na região amazônica, a L. guyanensis foi encontrada em 83% dos casos, e destes, 91% apresentavam lesão cutânea. Os casos de envolvimento mucoso causado por essa espécie eram considerados raros (SANTRICH et al., 1990), porém, nos últimos anos essa espécie vêm sendo associada com a forma de destrutiva da doença (GUERRA et al., 2011). Cinco isolados de leishmaniose mucosa de Rondônia foram descritos por Guerra e colaboradores em 2011, sendo 4 classificadas como L. braziliensis e 1 como L. guyanensis, os demais isolados da região Norte relatados por Guerra, mostraram uma alta frequência de lesões 45 mucosas causadas por L. guyanensis (16 casos), sendo este o primeiro relato de leishmaniose mucosa causado por L. guyanensis em Rondônia. Os nossos resultados mostraram que além da L. braziliensis, a L. guyanensis também está associada aos casos de leishmaniose mucosa em Rondônia. De um total de 33 L. guyanensis, 8 foram detectadas em lesões mucosas. Guerra em 2011 relatou que em 41 lesões mucoas, 26 eram causadas por L. braziliensis e 8 por L. guyanensis, o que muito se assemelha aos nossos resultados. L. braziliensis possui elevada diversidade genética e isolados da região amazônica apresentam uma maior variabilidade que os isolados de outras regiões do Brasil (CUPOLILLO et al., 2003) e supõe-se que há uma relação entre a variação genética do parasito e a forma clínica apresentada pelo paciente (SCHRIEFER et al., 2009) sendo esta a principal espécie relacionada com a forma mucosa. No presente trabalho, observamos que a espécie de L. guyanensis teve uma frequência elevada em lesões mucosas, sugerindo que esta espécie também pode estar relacionada com a evolução da doença. Um dos pontos interessantes que foi observado foram os casos de infecção mista (n=4). Três pacientes apresentavam lesão mucosa, dois causados por L. braziliensis e L. guyanensis e um por L. guyanensis e L. amazonensis, e um apresentava lesão cutânea única causada por L. braziliensis e L. guyanensis. Nos casos de leishmaniose mucosa, podemos sugerir que os pacientes, por residirem em área endêmica e já possuírem uma lesão cutânea anterior ao desenvolvimento da lesão mucosa, foram infectados duas vezes por diferentes parasitos, porém, o paciente com lesão cutânea única sugere também que a infecção ocorreu simultaneamente pelos dois diferentes parasitos. Um estudo para avaliar a infecção de flebotomíneos dessas áreas seria interessante a fim de esclarecer as infecções mistas. As Leishmanias do subgênero (Viannia) parecem não possuir um único fator para o risco de desenvolvimento de metástase e/ou lesões complicadas e de difícil tratamento. Fatores secundários como fatores intrínsecos do parasita e o tipo de resposta imune desenvolvida pelo hospedeiro parecem contribuir de forma conjunta para a evolução da doença. A frequência do vírus em relação ao tipo de lesão foi superior em lesões mucosas quando comparamos a sua frequência em lesões cutâneas. Em 78 lesões 46 cutâneas, o vírus foi detectado em 28 amostras, e em 38 lesões mucosas, 23 foram positivas para o LRV1. Esse resultado sugere que o vírus pode ser um dos fatores envolvidos na evolução da leishmaniose cutânea para a mucosa. Os trabalhos que buscam estudar a epidemiologia do LRV1 são escassos e até o momento se restrigem apenas a alguns países da América do Sul. O primeiro relato do LRV1 em culturas de isolados clínicos foi descrito por Saiz em 1998, onde dois pacientes (18%) de um total de 11 foram positivos para o LRV1. Em 2003, Ogg e colaboradores detectaram o vírus em 12 amostras (25,5%) de 47 positivas para Leishmania na cidade de Caratinga, Minas Gerais, porém, destas, somente uma era de lesão mucosa, obtendo resultados inconclusivos da relação do vírus com a evolução da doença. Este trabalho é o segundo realizado com amostras clínicas do Brasil para detectar o LRV1 e com o maior número de casos investigados até o momento. Os resultados obtidos mostram que o vírus foi positivo em 53 (43,8%) de um total de 121 amostras positivas para Leishmania sp.. Outro aspecto interessante do presente trabalho é de que a detecção do LRV foi feita em amostras obtidas diretamente dos pacientes, sem que fosse realizada a cultura. É possível que no processo de estabelecimento de cultura haja algum fator que dificulte a obtenção de linhagens positivas. O LRV1 já foi relatado em cepas de Leishmania guyanensis, Leishmania braziliensis e Leishmania major (TARR et al., 1988; STUART et al., 1992; WILDMER et al., 1989; SALINAS et al., 1996; SCHEFFTER et al., 1995). Este é o primeiro relato do LRV1 em parasita da espécie L. amazonensis, bem como o trabalho que investigou a presença do vírus no maior número de casos (n=137) de acordo com as fontes depositadas em bancos de dados. Os trabalhos citados que pesquisaram a presença do vírus em amostras clínicas, não relacionaram a espécie do parasita com a presença do vírus. Nas nossas análises, o vírus foi mais frequênte em L. braziliensis, de 73 parasitas dessa espécie, 34 foram positivos para o vírus. Em L. guyanensis (n=33), o vírus foi detectado em 12 amostras. A relação do vírus com a espécie do parasita deve ser avaliada com um maior número de casos de L. guyanensis. A metodologia utilizada no trabalho demostra também que para fins de identificação da espécie do parasita, a coleta realizada nas lesões cutâneas foi eficiente, 47 sensível e não invasiva, podendo ser realizada por técnicos que já realizam os exames de rotina para detecção do parasita (exame parasitológico para pesquisa de Leishmania). Em casos de lesão mucosa, onde a parasitemia normalmente é baixa, a coleta com a escova cervical, sem lesão, não demostrou tanta sensibilidade se comparado às lesões cutâneas. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A identificação das espécies de Leishmania que circulam em determinado foco de transmissão, particularmente em regiões onde as diferentes formas clínicas ocorrem simultaneamente, é muito importante para o conhecimento da epidemiologia das leishmanioses e planejamento de estratégias de controle. No estado de Rondônia, este foi o estudo que analisou o maior número de casos, obtendo resultados significativos para as espécies circulantes na região. As espécies mais frequentes foram L. braziliensis, responsável por 60,3% dos casos identificados e L. guyanensis com 27,3%. A relação destas espécies com a evolução da leishmaniose cutânea para a mucosa justifica o fato de que na região em estudo, um maior número de pacientes evolui para a forma mucosa da doença. Em relação à presença do vírus e a espécie de Leishmania, esta relação teve associação com a Leishmania braziliensis em lesões mucosas, onde o risco relativo de quem tem LRV1 e L. braziliensis ter a lesão mucosa foi de 2,747 (IC95% 1,226...6,156). Podemos observar que a evolução da doença para a forma mucosa, não está relacioanada somente com a presença do LRV1, uma vez que existem lesões mucosas sem o vírus, e também que a virulência do parasita faz parte do arranjo de fatores que favorecem o agravamento da infecção. Embora o LRV provavelmente não seja o único fator envolvido, a sua presença pode explicar as diferenças nos resultados clínicos observados entre as espécies de Leishmania e tem um grande potencial como novo alvo para estratégias de tratamento. Há a possibilidade terapêutica tendo como alvo o próprio LRV. A possibilidade de que o desenvolvimento para a LM é influênciado por uma resposta imune contra o patógeno viral pode ser utilizado como prognóstico para o desenvolvimento do risco de lesão mucosa com a identificação do vírus nas lesões primáriase e a perspectiva de um novo tratamento que evite a evolução da doença. 48 REFERÊNCIAS ALVAR, J; VELEZ, ID; BERN, C; HERRERO, M; DESJEUX, P; CANO, J; JANNIN, J; DEN BOER, M. Leishmaniasis worldwide and global estimates of its incidence. PloSONE v. 7, e. 35671. 2012. AMATO, VS; TUON, FF; BACHA, HA; NETO, VA; NICODEMO, AC. Mucosal leishmaniasis: Current scenario and prospects for treatment. Acta Tropica; v. 105, p. 1-9. 2008 ANON. 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Nucleic Acids Research; v. 23, p. 2300–2304. 1995. 55 APÊ ÊNDICE A – TERMO O DE CONS SENTIMEN NTO LIVR RE E ESCL LARECIDO O NÚ ÚMERO DO PA ACIENTE: RMO DE CONSENTIIMENTO LIVRE L E ESCLAREC CIDO TER VOC CÊ ESTÁ SENDO CONVID DADO (A)) COMO VOLUNT TÁRIO (A A) A PAR RTICIPAR DA PESQUISA: VE ERIFICAÇÃ ÃO DA PRE ESENÇA D DE LEISHM MANIAVÍR RUS EM AM MOSTRAS DE PACIEN NTES COM M LEISHMA ANIOSE CU UTÂNEA E MUCOCU UTÂNEA ATENDIDOS NO CENTRO C D DE MEDICIINA TROPICAL-CEM METRON I) JU USTIFICAT TIVA: A leisshmaniose ttegumentar,, conhecida popularmeente como feeridabravaa é uma inffecção de manifestaçã m ão cutânea apresentand a do feridas inndolores naa pele e/ou mucosas (boca, ( narizz) do pacieente. É um ma doença transmitida t pela picad da do mosqquito infecttado e tem maior ocorrrência em áreas ruraiss, próximass a florestass, e é consiiderada um m problema de saúde pública mundial m pelaa Organizaçção Mundiial de Saúdde. Em todaas as regiõees brasileiraas, a leishm maniose estáá presente, sendo a Região R Nortee responsáável pela maior m partee dos caso os. Alguns pacientes que trataraam a leishhmaniose cuutânea, anoss após cura aparente daas feridas, apresentam a uma formaa mais gravee da doençaa que atingee as mucosaas. Os motivos que lev vam ao aparrecimento dessas d lesõees não são totalmente esclarecidoos. Um estu udo recentee sugere quue um vírus que infeccta a Leishm mania, conh hecido comoo Leishman niavirus (LR RV1) pode eestar relacio onado com esse agravoo. Até o momento, nãão existem dados d do Leishmaniavvirus na Am mérica do Suul. Um núm mero maior de casos deeve ser pesq quisado paraa avaliar a hhipótese de que a preseença do víruus está asso ociada com m o desenvolvimento su ubseqüente de leishmaaniose mucoosa, e se coonfirmada a hipótese, os pacienttes infectad dos com o Leishmaniaavirus podeerão ser trratados de forma esspecífica paara preven nir o desennvolvimentto da leishhmaniose muucosa. II) O OBJETIVO O: Determin nar se o Leishmaniaavirus (LR RV1) ocorree em paciientes atenddidos no am mbulatório do d Centro dde Medicin na Tropical (CEMETRO RON) e averriguar se exxiste uma possível p relaação entre a presença do vírus e a progresssão para a forma f mucoocutânea daa doença. III) P PROCEDIM MENTOS: Após A o aceeite do volu untário em participar dda pesquisaa, este recebberá o TCL LE e os escclarecimentoos sobre a pesquisa. Serão S coletaados biópsiias de teciddo do local da d lesão e 5 ml de sanggue perifériico sob condições de aassepsia de rotina r hospitalar. A biópsia será coletada c poor um profisssional com mpetente parra tal funçãão. As lesõees que apreesentarem perfil p caractterístico parra o estudo o, poderão sser fotograffadas, podeendo o volunntário limitaar-se a forneecer somente as amostrras. Existte um descconforto, e será de levve sensação o dolorosa no momennto da coleeta de sanguue por punçção justificaada para quee se possa reealizar o pro ocedimentoo. GAR RANTIA DE ESC CLARECIM MENTO, LIBERDA ADE DE RECUSA A E GAR RANTIA DE D SIGILO O: Vocêê será esclarrecido(a) so obre a pesquuisa em quaalquer aspeccto que deseejar. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seeu consentim mento ou in nterromper a participaação a 56 qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. O(s) pesquisador (es) irá (ao) tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados dos testes que serão realizados dentro de laboratório de pesquisa serão guardados e enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar desse estudo. Uma cópia deste consentimento informado será arquivada na Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ RO e outra será fornecida a você. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃ O POR EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma compensação financeira adicional. DECLARAÇÃO DO (A) PARTICIPANTE (A) OU DO SEU RESPONSÁVEL: Eu, __________________________________________, fui informada(o) dos objetivos da pesquisa acima, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e motivar minha decisão se assim o desejar. O Professor Orientador Ricardo de Godoi Mattos Ferreira certificoume de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais. Também sei que caso existam gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dúvidas poderei chamar a estudante Lilian Motta Cantanhêde e/ou o professor Orientador Ricardo de Godoi Mattos Ferreira, nos telefones (69) 3219 6008, (69) 32196003 ou nos e-mails [email protected] e [email protected] Declaro que recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. _________________________________, ________ de _____________de _____ ___________________________________________________________________ Assinatura do Voluntário ______________________________________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável Pesquisador Responsável: Dr. Ricardo de Godoi Mattos Ferreira Vice-diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional Fiocruz Rondônia BR 364, Km 3,5, Lagoa - Porto Velho – RO 57 APÊ ÊNDICE B – FICHA DE D ENTRE EVISTA NÚM MERO DO PAC CIENTE: FICH HA DE EN NTREVISTA DADO OS DA COL LETA LOC CAL: ( ) CE EMETRON N ( ) OUT TRO: DAT TA: / / HORA: : min. TIPO O DE AMO OSTRA: ( ) SWAB ( ) BIÓPSIA OBS S.: ( ) OUTRO:: DA ADOS PES SSOAIS DO O PACIENT TE NOM ME: SEX XO: ( ) F ( ) M IDADE: END DEREÇO AT TUAL: Ruaa Nº Bairro: Estaddo: NAC CIONALIDA ADE: NA ATURALID DADE: OBS S.: DADOS D SÓ ÓCIO – ECO ONÔMICOS S OCU UPAÇÃO PR RINCIPAL L: GRA AU DE INST TRUÇÃO: TIPO O DE CONS STRUÇÃO (MORADIIA): ABA ASTECIME ENTO DE ÁGUA/ENE Á ERGIA: ( )SIM ) ( )N NÃO OBS S.: ANT TECEDENT TES TIPO O DE LESÃ ÃO: LOC CAL DA LE ESÃO: TRA ATAMENTO O: ( )SIM ( )NÃO JÁ T TEVE LEISH HMANIOS SE ANTES?? SIM ( ) NÃO ( ) RESP PONSÁVE EL: LILIAN N MOTTA C CANTANH HÊDE 2012 Cid dade: 58 APÊNDICE C – RESUMO APRESENTADO NO XVIII INTERNATIONAL CONGRESS FOR TROPICAL MEDICINE AND MALARIA, SETEMBRO DE 2012 DETECTION OF THE LEISHMANIAVIRUS IN PATIENTS WITH CUTANEOUS AND MUCOCUTANEOUS LEISHMANIASIS IN RONDONIA, WESTERN AMAZONIAN REGION. Cantanhede, LM1,2; Silva-Júnior, CF1; Ito, MM1; Custódio, MGF2, Alves, PH2, AragãoMacedo, SR1,2; Nicolete, R2; Salcedo, JMV1,2; Garrido, LM3; Pescarini, JM3; Krieger, H3; Ferreira, RGM1,2. 1 Universidade Federal de Rondônia, UNIR 2 FIOCRUZ Rondônia, Porto Velho, RO, Brazil 2 Universidade de São Paulo, USP Leishmaniavírus (LRV) is a dsRNA virus that infects the protozoa Leishmania and has been detected in L. braziliensis and L. guyanensis. The presence of virus in the parasites was recently associated with mucosal form of infection. The authors proposed that the virus modifies the host immune response to the parasite and induce to destruction of the mucous membranes. The largest number of cases of cutaneous leishmaniasis in Brazil occurs at the Amazon region, caused by seven species of the parasite. The mechanisms that lead to disease progression in mucosal form in about 10% of patients treated or under treatment remain unclear, which led us to investigate whether the virus occurred in the region. We collect swabs from lesions of 31 patients with clinical suspicion of leishmaniasis and two patients with mucosal leishmaniasis. All samples were subjected to PCR amplification and species identification by RFLP, resulting in 27 patients positive for leishmaniasis. RNA was extracted from the positive samples and cDNA synthesized for PCR amplification using primers specific for the virus genome, where nine patients were positive, including 2 patients with mucosal lesions. Two samples from subjects infected by L. guyanensis were found to be positive for LRV infection, confirmed by capillary DNA sequencing. Other seven samples, two from subjects infected by L. amazonensis, three infected by L. guyanensis and two infected by non-identified Leishmania specie. To the authors’ knowledge, this is the first report of L. amazonensis infected by LRV and also the study with the greatest number of subjects. 59 APÊNDICE D – RESUMO BRASILEIRO DE GENÉTICA APRESENTADO NO 58º CONGRESSO LEISHMANIA SPECIES IDENTIFICATION ON CLINICAL SAMPLES FROM CUTANEOUS AND MUCOCUTANEOUS LEISHMANIASIS PATIENTS IN RONDÔNIA, WESTERN AMAZONIAN REGION. Cantanhede, LM1; Silva-Júnior, CF2; Ito, MM2; Custódio, MGF1, Alves, PH1, Pimentel, IF1; Ferreira, RGM1. 1 2 Fundação Oswaldo Cruz, Rondônia Secretaria de Saúde do Estado de Rondônia, SESAU [email protected] Keywords: leishmania species, cutaneous and mucocutaneous leishmaniasis. The Cutaneous Leishmaniasis is endemic throughout the Amazon region and the state of Rondonia is the third Brazilian state in number of reported cases, with an average of 1000 new cases per year. In Amazonia, seven different species of Leishmania, the etiologic agent of human Cutaneous Leishmaniasis, have been described. The objective of the present study was to identify the Leishmania species causing ACL in Rondonia, Brazilian western Amazonian region. Until now, 38 samples were collected from patients attended at the Centro de Medicina Tropical de Rondonia (CEMETRON) with clinical suspicion of leishmaniasis, and 3 patients diagnosed with mucocutaneous leishmaniasis. Samples were collected on cytology brush cotton swabs that were passed over the scar/lesion, stored immediately in 1 ml of RNALater for conservation of material, kept in temperature of the fridge until analysis. DNA was extracted by DNA kit MagMAx Multi-Sample (Ambion ®) following the manufacturer's instructions. Polymerase chain reaction (PCR) was performed using Leishmania-specific ribosomal internal transcribed spacer 1 (ITS1-PCR) and the amplicons were digested with HaeIII for subsequent restriction fragment length polymorphism (RFLP) species identification. The PCR, performed on samples of 38 patients, was positive in 28 individuals, but in 8 samples it was not possible to characterize the species. Of the 20 species identified, 12 cases were caused by L. (V.) guyanensis, 5 cases by L. (V.) braziliensis and 2 cases by L. (L) amazonensis. Only one of the 3 patients diagnosed with mucocutaneous leishmaniasis was found to be infected by L. (V) guyanensis, the other two species were not identified. The results found are different from the previous ones related on the area, were the most frequent etiologic agent of the Cutaneous Leishmaniasis is L. (V) braziliensis. Further sequencing analyses will be conducted to evaluate the present results. Financial Support: Capes and Fiocruz. 60 APÊNDICE E – RESUMO ACEITO PARA APRESENTAÇÃO NO FIFTH WORLD CONGRESS OF LEISHMANIASIS LEISHMANIA SPECIES IDENTIFICATION AND LEISHMANIAVIRUS DETECTION ON CLINICAL SAMPLES FROM CUTANEOUS AND MUCOCUTANEOUS LEISHMANIASIS PATIENTS IN RONDÔNIA, WESTERN AMAZONIAN REGION. LILIAN MOTTA CANTANHEDE1; CIPRIANO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR2; MARCOS MASSAYUKI ITO3; MÁRLON GRÉGORI FLORES CUSTÓDIO4; PAULO HENRIQUE ALVES5; ROBERTO NICOLETE6; JUAN MIGUEL VILALOBOS SALCEDO7; LEANDRO MAZZA GARRIDO8; JÚLIA MOREIRA PESCARINI9; HENRIQUE KRIEGER10; RICARDO DE GODOI MATTOS FERREIRA11. 1,4,5,6,7,11.FIOCRUZ RONDÔNIA, PORTO VELHO - RO - BRASIL; 2,3.UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, PORTO VELHO - RO - BRASIL; 8,9,10.UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO SP - BRASIL. Keywords: leishmania species; leishmaniavirus; cutaneous and mucocutaneous leishmaniasis. The American tegumentary leishmaniasis (ATL) is endemic throughout the Amazon region and the state of Rondonia is the third Brazilian state in number of reported cases, with an average of 1000 new cases per year. In Amazonia, seven different species of Leishmania have been described. Clinical manifestation may range from a cutaneous form to the destruction of the mucosal tissues. The mechanisms that lead to disease progression to the mucosal form in about 10% of patients treated or under treatment remain unclear and might be related with parasite and host genetic factors, immune response and more recently the presence a virus infecting the pathogen, named Leishmaniavirus (LRV). The objective of the present study was to identify the Leishmania species causing ACL in Rondonia, Brazilian western Amazonian region, as well as verify if the LRV could be detected among studied patients and its possible association with the presented clinical form. Cytology brush cotton swabs were collected from lesions of 137 patients with clinical suspicion of leishmaniasis and stored immediately in 1 ml of RNALater®. All samples were subjected to PCR amplification and species identification by RFLP with primers to the internal transcribed spacer 1 (ITS1), to the heat shock protein (HSP70) as well as kinetoplastide DNA (kDNA) – only for leishmaniasis diagnosis. 121 patients presented positive results for at least one of the molecular tests applied. The most frequent species found using HSP70 was Leishmania braziliensis 73 (60.3%), followed by Leishmnia guyanensis 33 (27.3%), Leishmania shawi 2 (1.7%), Leishmania amazonensis 1 (0.8%) and mixed infection was L. guyanensis and L. braziliensis 3 (2.5%), L. guyanensis and L. amazonensis 1 (0.8%). Species from 8 (4.2%) patients were not identified. The cutaneous form was found on 78 patients, mucous form on 38, both forms on 4, and 1 patient presented the diffuse form. For LRV detection, RNA was extracted from the positive samples and cDNA synthesized for PCR amplification using primers specific for the virus genome. The virus was detected in 57 patients (47.1% - 95%CI 38.1%...56.0%). A border line association (p = 0.074, Fisher’s exact test) was found between the presence of LRV and the form of the lesion (excluding the diffuse and mixed forms patients). Overall, the risk of been positive for LRV among cutaneous form patients was 0.772 (95%CI 0,591…1.007) and among mucous for patients was 1,702 (95%CI 0.992…2.915) 61 APÊ ÊNDICE F – SEQ QUENCIAM MENTO. BLAST DAS SEQUÊNC S CIAS OB BTIDAS NO Resultado da busca utillizando o BLA AST da sequência obtida no o sequenciame mento do fragm mento de PCR R do controlle positivo parra LRV. Resultado da busca utillizando o BLA AST da sequêência obtida no sequenciam mento do fragm mento de PCR R de uma am mostra positivaa para LRV. 62 Resultado da busca utiliizando o BLA AST da sequên ncia obtida no sequenciameento do fragmeento de PCR mostra positivaa para LRV. de uma am 63 AN NEXO I – PARECE ER DO C OMITÊ DE ÉTICA A PARA APROVA AÇÃO DO PR ROJETO