Com Ciência - SBPC/Labjor Página 1 de 3 REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO CIENTÍFICO Dossiê Anteriores Dossiê Editorial Neurociências: ensino e divulgação científica - Carlos Vogt Reportagens A luta contra o AVC no Brasil De pai para filho: fatores genéticos e ambientais podem desencadear a doença Qualidade de vida pósAVC Janelas de tempo: a eficácia do atendimento de emergência AVC na infância? Quando o médico vira paciente Falta divulgação de AVC em animais de estimação Artigos Decifra-me ou devorote... Li Li Min Epidemiologia e impacto da doença cerebrovascular no Brasil e no mundo Norberto Luiz Cabral Acidente vascular cerebral e prontosocorro Lucas Vilas Bôas Magalhães A divulgação do AVC por dois meios de comunicação de massa Ricardo Afonso Teixeira, Li Li Min e Vera Regina Toledo Neuroimagem dos infartos e hemorragias Augusto Celso S. Amato Filho O doppler transcraniano como método complementar diagnóstico e terapêutico Viviane Flumignan Zétola e Marcos C. Lange Notícias HumorComCiência Cartas Quem Somos Fale conosco Artigo Diagnóstico por imagem da trombose venosa cerebral Por Fádua Hedjazi Ribeiro Trombose venosa cerebral é o termo utilizado para definir um tipo de acidente vascular no cérebro. Dois sistemas compõem a vascularização intracraniana: o sistema arterial e o sistema venoso. O cérebro, então, depende desses sistemas para ser adequadamente suprido de glicose e oxigênio, sendo o sistema venoso responsável pela drenagem sanguínea, favorecendo a entrada de mais sangue pelas artérias e prevenindo que o cérebro fique congesto. A trombose venosa cerebral corresponde a menos de 1%–2% dos casos de acidentes vasculares encefálicos, a maioria correspondendo a acidentes do território arterial. As veias do encéfalo *, de maneira geral, não acompanham as artérias, são maiores e mais calibrosas e drenam o sangue para veias de maior diâmetro, ainda chamadas de seios da dura-máter, de onde o sangue converge para as veias jugulares internas, responsáveis pela drenagem da maior parte do sangue dos seios venosos do crânio. Trombo representa material anormal dentro de um vaso, causando oclusão parcial ou total do fluxo sangüíneo que deveria passar livremente dentro do vaso. A maior parte das oclusões vasculares no cérebro acontece no sistema arterial, evento conhecido popularmente como derrame. No entanto, derrame significa infarto, que ocorre quando há parada de suprimento sanguíneo em um órgão, podendo causar morte das células do tecido envolvido, de origem arterial ou venosa, e podendo ocorrer em qualquer órgão (cérebro, coração, rim, e outros). A trombose venosa cerebral e, portanto, a interrupção parcial ou total do fluxo sanguíneo de uma veia por conteúdo anormal pode acontecer ou ser facilitada por diversas causas como doenças reumatológicas ou sanguíneas relacionadas à coagulação, traumatismos, tumores, gravidez ou pós-parto, infecções (como sinusite ou otite), estado de desidratação e outras. A causa, entretanto, não é encontrada em cerca de 25% dos casos, segundo alguns estudos. O grande problema desta doença é que a pessoa acometida, em geral, apresenta sinais e sintomas que variam muito e são inespecíficos, como dor de cabeça, alteração de comportamento, náuseas e vômitos, febre, alteração do nível de consciência e até crise convulsiva, retardando o diagnóstico rápido que é crucial para o início do tratamento e para haver chance de reversão do processo de trombose, reduzindo complicações e sequelas, já que a doença pode causar danos irreversíveis no cérebro. Estudos recentes têm mostrado taxa de mortalidade de 5%–15% O diagnóstico é obtido por exames de imagem. Cabe ao médico a suspeita de trombose venosa cerebral e a solicitação de exames de imagem para a avaliação cerebral e de seu sistema vascular. Na maior parte das vezes, o médico radiologista, profissional especializado em diagnóstico por imagem, será o responsável por tal avaliação e alguns exames fazem parte do aparato médico para o diagnóstico de trombose do seio venoso cerebral. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética são métodos de imagem que podem avaliar tanto o sistema vascular encefálico como as outras estruturas intracranianas e detectar, por exemplo, se há lesão cerebral no momento do diagnóstico. O estudo dos vasos é realizado com técnicas específicas para tal objetivo. A tomografia computadorizada usa uma substância contrastante, à base de iodo, que é injetada em uma veia periférica do corpo do paciente, geralmente do membro superior. O trombo dentro do vaso pode ser visto antes do uso do contraste e confirmada sua http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=47&id=573 10/6/2009 Com Ciência - SBPC/Labjor Diagnóstico por imagem da trombose venosa cerebral Fádua Hedjazi Ribeiro Técnicas de processamento de imagens de tomografia computadorizada Gabriela Castellano, Márcia Silva de Oliveira e Li Li Min Diagnóstico e tratamento dos fatores de risco Wilson Nadruz Junior Página 2 de 3 presença depois da injeção dele, sendo que o local do trombo não é preenchido por ele e como o contraste apresenta coloração branca na tomografia, a presença do trombo faz com que o contraste passe ao redor dele e o trombo aparece como área escura no meio da área contrastada. A ressonância magnética nuclear é um exame que estuda o encéfalo com riqueza de detalhes e também possui técnicas de estudo dos vasos. Os princípios na detecção de trombos são os mesmos da tomografia computadorizada, podendo haver detecção de trombose sem ou com uso de contraste. O trombo ocupa espaço no interior do vaso, então não há fluxo sanguíneo no local em que ele está instalado. A substância contrastante utilizada na ressonância magnética é um material com propriedade paramagnética. Hipertensão arterial e AVC Rubens José Gagliardi Atividade física e acidente vascular cerebral Alexandre Duarte Baldin Abordagem do tabagismo: estratégia para redução de fator de risco modificável para AVC Renata Cruz Soares de Azevedo Síndrome metabólica e obesidade: é melhor prevenir desde a infância Lília D'Souza-Li Medicina tradicional chinesa e acupuntura Li Shih Min Tempo é cérebro Wagner Mauad Avelar Orientações fonoaudiológicas Lucia Figueiredo Mourão e Elenir Fedosse O papel da fisioterapia no acidente vascular cerebral Luiz Carlos Boaventura Terapia ocupacional no tratamento do AVC Daniel Marinho Cezar da Cruz e Cristina Yoshie Toyoda Aspectos psicossociais do AVC Paula Teixeira Fernandes Neuroestimulação e reabilitação motora no acidente vascular cerebral Adriana Bastos Conforto e Josione Rêgo Ferreira Genética e doença cerebrovascular Marcondes C. França Jr. Tomografia contrastada computadorizada mostrando de crânio vasos Reconstrução 3D magnética venosa de angiorressonância intracranianos (veias) Na maioria das vezes apenas um desses exames é necessário para que o diagnóstico seja realizado, assim como avaliada a extensão dos danos, tanto vascular como cerebral, a fim da instituição do tratamento adequado. Um benefício na realização desses exames é a avaliação concomitante do cérebro, detectando-se alterações nele, causadores da doença ou secundárias à trombose. No entanto, mesmo que haja danos cerebrais já no momento do diagnóstico, muitos deles podem ser reversíveis com o tratamento. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear podem, ainda, ser utilizadas no acompanhamento dos pacientes após instituição do tratamento. A angiografia cerebral é mais um exame que pode detectar trombose venosa cerebral, obtendo radiografias seriadas da cabeça durante e após injeção de substância com contraste, sendo possível visibilizar o fluxo sanguíneo nos vasos. Nesse tipo de exame, uma veia trombosada aparece como um canal vazio sem contraste. No entanto, esse método não é atualmente utilizado nestes casos por alguns fatores: há exposição de grande quantidade de radiação, o exame possui caráter mais invasivo (um catéter para infusão de contraste é inserido em uma artéria da coxa e levado até outra artéria próxima do coração), não pode avaliar o cérebro, apenas os vasos. A trombose venosa cerebral, então, é uma entidade não muito comum, cujo diagnóstico rápido e acurado deve ser instituído, a fim de realização do tratamento apropriado, reversão e controle de danos no cérebro e redução de complicações como sequelas a longo prazo. Os exames de imagem, então, possuem um papel essencial na detecção dessa doença, avaliação de algumas causas, de sua extensão e consequências, e no acompanhamento dos pacientes tratados. Fádua Hedjazi Ribeiro é médica especializada em radiologia e diagnóstico por imagem e aluna de pós-graduação da Unicamp. * Encéfalo: cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Referências Bibliográficas http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=47&id=573 10/6/2009 Com Ciência - SBPC/Labjor Página 3 de 3 Modelos animais no estudo de AVC Marcelo Ananias Teocchi 1. Leach J. L.; Fortuna R. B.; et al. “Imaging of cerebral venous thrombosis: current techniques, spectrum of findings, and diagnostic pitfalls”. Radiographics, 2006; 26: S19-S41. Isquemia e hemorragia cerebral na infância Maria Augusta Montenegro e Carlos Eduardo Baccin 2. Bianchi D.; Maeder P.; et al. “Diagnosis of cerebral\venous thrombosis with routine magnetic resonance: an update”. Eur Neurol 1998; 40:179-190. 3. Anne G. “Osborn, diagnostic neuroradiology”. Mosby Inc., 1994. Onde a enxaqueca se encontra com o derrame cerebral Ricardo Afonso Teixeira Dissecção arterial: causa pouco conhecida de AVC em jovens Cynthia R. C. Herrera Pororoca cerebral Li Li Min e Paula T. Fernandes Gravidez sem acidente Marcelo Luís Nomura, Liu Dong Yang e Li Li Min Saúde bucal e aterosclerose da carótida Nayene Leocádia Manzutti Eid A vivência dos familiares de pacientes no processo de adoecer e morrer Marcos Antonio Barg Resenha Corpo, doença e liberdade Por Juliano Sanches Entrevista Sheila Cristina Ouriques Martins Poema Plano de rota Carlos Vogt http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=47&id=573 10/6/2009